INOVAÇÕES DA ESCULTURA GREGA
FACE À DA ARTE PRÉ-CLÁSSICA
Naturalismo das formas
Regras de representação do corpo humano
Rigor anatómico
Cânone
Quebra da Lei da Frontalidade
Contraposto
Sorriso
Nú
Idealização da figura humana (carácter heróico)
NATURALISMO E REALISMO
Naturalismo é a representação
de formas da natureza, com
base na observação do corpo:
um braço é um braço, um
músculo é um músculo.
Os
escultores
gregos
estudavam o corpo humano e
praticavam o desenho. A
escultura
grega
está
relacionada com a evolução da
ciência e da medicina da
época.
Quebra da lei da frontalidade
A quebra da lei da
frontalidade
vem
romper com a tradição
egípcia que dispunha os
braços e cabeça de
perfil e o tronco e um
olho de frente: os
gregos fazem avançar
um braço e uma perna
nas figuras, sugerindo
movimento
Outras características gerais
da escultura grega
Dimensão
humanista da
escultura
“O Homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras)
A escultura glorifica os seus atletas, heróis e deuses, estes
últimos criados à sua imagem
Outras características gerais
da escultura grega
A escultura grega tinha funções religiosas, políticas, honoríficas,
funerárias e ornamentais (estreitamente ligada à arquitetura)
O PERÍODO ARCAICO
(séculos VIII-VI a.c.)
O relevo estava sujeito
às formas e dimensões
dos espaços
arquitetónicos a ele
destinados
O PERÍODO ARCAICO
(séculos VIII-VI a.c.)
Escultura nos tímpanos: colocação de
diversas figuras, em variadas posições,
de acordo com o espaço a ocupar; a
dimensão e a posição das figuras tinha a
ver com a sua importância
Nas métopas colocavam-se
cenas míticas com 2 ou 3
personagens, com histórias de
heróis, gigantes, centauros, …
O friso jónico
No friso jónico o artista tinha maior liberdade criativa,
desenvolvendo uma ação sequenciada, numa sucessão
narrativa sem interrupção. Os temas mais utilizados eram
as procissões, os desfiles, as corridas de cavalos, …
Kouros
Kouros = singular de kouroi
simboliza o deus da juventude e da
plenitude (Apolo ou Hermes)
+
Há também quem considere que
pode representar o jovem Zeus ou
atletas-heróis, sendo, portanto,
representações heróicas.
Kouros
Representações heróicas de jovens:
-Vitórias nas competições atléticas
-Morte em batalhas na defesa da pólis
Os Irmãos Cleobis e Biton, de Polímedes de
Argos, Santuário de Apolo, Delfos, séc. VI a.c.
Koré
Korai = plural de koré
jovens virgens, graciosas e
encantadoras, com longas túnicas
pregueadas, que eram pintadas de
cores vivas, luminosas e cintilantes.
+
Os seus rostos simétricos, com “meiossorrisos” e cabelos longos , ondulados
e por vezes entraçados , são de uma
imobilidade serena.
+
utilizadas como ex-votos, estátuas
colocadas em túmulos ou templos em
cumprimento de uma promessa
Características da estatuária
figuras rígidas, de ombros hirtos
- ombros largos e anca estreita
- braços esticados ao longo do corpo
- perna esquerda adiantada e punhos cerrados
- barba e cabelo simplificados e convencionais
- Rosto esquemático, com sorriso enigmático
-
Sorriso e nu
Sorriso
relação mais transparente e
destemida entre homens e
deuses. As estátuas votivas
mostram desde o período arcaico
este sorriso.
Sorriso e nu
Exibição do corpo humano nu
inexistência de tabus a este
respeito, certas práticas como o
deporto e o respeito pelos
valores físicos do homem
Evolução do estilo arcaico
Guerreiro do Templo de Afaia, frontão oeste, c. 505-500 a.C.
Gliptoteca de Munique.
Exemplo precursor do estilo Severo
Período severo (500-450 a.c.)
Período de transição entre o estilo arcaico e o estilo clássico.
O Auriga de
Delfos, 474 a.c.
Poseídon (460 a.c.)
Período severo (500-450 a.c.)
Período de transição entre o estilo arcaico e o estilo clássico.
Caracteriza-se pela:
severidade e sobriedade
no tratamento dos corpos
e rostos (congelamento da
-
ação em um momento )
abandono da rigidez e
atitude estática do corpo
(maior naturalismo e um
-
estudo bem mais detalhado
da anatomia)
Período severo (500-450 a.c.)
- detalhes decorativos são reduzidos a
um mínimo
- o ênfase recai nos traços anatómicos
principais
- o interesse pela caracterização das
emoções e pelo seu potencial
narrativo conduz a uma exploração de
suas repercussões sobre a dinâmica
corporal.
Kritios: Efebo, c. 480 a.C.,
Período severo (500-450 a.c.)
O par de guerreiros de Riaci, fundidos em torno
de 450 a.C. (um jovem e um homem maduro).
Período severo (500-450 a.c.)
- Expressão sóbria, séria e
contemplativa
- Movimento imobilizado
no tempo
- Maior naturalismo na
anatomia e nas
proporções
O par de guerreiros de Riaci, fundidos em torno
de 450 a.C. (um jovem e um homem maduro).
Período severo (500-450 a.c.)
O par de guerreiros de Riaci, fundidos em torno
de 450 a.C., um jovem e um homem maduro. Os
seus traços de avançado naturalismo indicam
serem obras transicionais para o Classicismo,
mas diversas incongruências anatómicas traem a
influência Severa.
Conclusão: o estilo Severo trouxe
uma série de importantes inovações
formais, técnicas e ideológicas para
a escultura.
O PERÍODO CLÁSSICO
(século V a.c.)
O Discóbolo de Míron foi a
primeira obra deste período a
atingir maior expressão devido
à introdução de movimento
eminente.
As caraterísticas deste período
são:
Realismo idealizado
Naturalismo
Equilíbrio
serenidade
FÍDIAS (século V a.c.)
Réplica de Atena Parteno,
relevos e estátuas de
frisos, métopas e frontões
do Partenon
-
Perfeição anatómica
-
Robustez e serenidade
-
Força e majestade
caráter idealista e divinizado
Rigor anatómico e cânone
1
Com base no conhecimento
científico do corpo humano,
surgem representações com
maior rigor anatómico de
formas, músculos, posições,
tensões, etc.
As proporções também são
estudadas: no séc. V a.C.
Policleto determina o cânone:
o corpo é 7 x o tamanho da
cabeça
2
3
4
5
6
7
Doriforo, de Policleto
Cânone de beleza
- HARMONIA DAS
PARTES ANATÓMICAS
- LIGEIRO MOVIMENTO
DE OMBROS E ANCA
- ALTURA DO CORPO
IGUAL A 7 VEZES A
CABEÇA
Doriforo, de Policleto
Cânone de beleza
Policleto criou padrões
de beleza e equilíbrio
através do tamanho das
estátuas que deveriam
ter
sete
vezes
o
tamanho da cabeça.
POLICLETO, Doríforo
(século V a.c.)
O contraposto é
uma característica
já
do
período
clássico: os corpos
dispõem-se a ¾,
levemente torcidos,
com o peso assente
numa das pernas e
a outra semi-flectida
ACENTUADO
CONTRAPPOSTO
O cânone de Lisipo
No séc. IV a.C. – Lisipo: passa a 8 x. Isto traduz-se no alongamento e sinuosidade
da figura humana. Neste período pós-clássico, as figuras são mais torcidas e
precisam de apoio (coluna, tronco de árvore, etc.)
LISIPO, APOXIOMENO (séc. IV a.c.)
-corpo mais esbelto
-vulto redondo
-elevado naturalismo
-rompe com a
frontalidade ao
projectar os braços
no espaço
-cabeça menor que
a do Doríforo, mas
mais expressiva
PRAXÍTELES (séc.IV a.c.)
criou
a
curva
praxitiliana (contrapostto
mais acentuado)
jovem em posição
indolente: os músculos
não são acentuados
-
-
-
sorriso malicioso
-
Hermes e Dionísio
tronco fletido
Introduz o nu feminino
Afrodite de Cnido
ESCOPAS (século IV a.c.)
- Introdução do patético
na arte (expressividade
dramática comovente)
- valorização do pathos
(exteriorização
das
emoções)
Estela funerária
Ménade
Mausoléu de Halicarnasso
(século IV a.c.)
É um monumento funerário
dedicado a Mausolo, um
sátrapa
(governador)
do
Império Persa, considerado por
Plínio como uma das 7
maravilhas. Na sua construção
participaram vários mestres
gregos, como Leócares.
Período helenístico
(século III a I a.c.)
- pathos muito pronunciado
- composição desequilibrada,
para valorizar o dramatismo
- expressão de dor física
expressa no rosto e na
tensão muscular
- grupo escultórico
Realismo
expressivo,
dramático de efeito teatral
-
abandono do “realismo
idealista” e da serenidade
-
LAOCOONTE, século I a.c.
ALTAR DE ZEUS
(Pérgamo, século II a.c.)
O maior altar da Antiguidade, repleto de
efeitos
teatrais
dramáticos,
sendo
considerado um “barroco helenístico”.
Representa a luta dos deuses e dos
gigantes num estilo agitado, violento e
convulsivo
VITORIA DE SAMOTRACIA (século II
a.c.)
Representa uma deusa alada. É
considerada uma das obras primas
deste período. Capta o momento
em que a deusa poisa na proa do
navio, de asas abertas, num
perfeito equilíbrio ente o movimento
do corpo e a força do vento que se
lhe opõe
A atitude e os drapeados
esvoaçantes, colados ao corpo,
transmitem dinamismo. Repare-se
no tratamento plástico e expressivo
dado às pregas fluidas do tecido
transparente, o que contribui para
uma sublimação que vai para além
da estética.
VENUS DE MILO
(século II a.c.)
A figura ergue-se sobre a perna
direita,
pousando
o
pé
esquerdo numa espécie de
degrau. Nas mãos supõe-se
que segurava as pregas do
manto que lhe cobre as pernas
O Gaulês moribundo (século III a.c.)
Esta obra comemora
a vitória dos gregos
contra os gauleses.
No
entanto,
o
adversário é tratado
com dignidade e
compaixão
através
da atitude curvada e
exausta do guerreiro.
Transmite
um
realismo capaz de
traduzir
emoções
fortes.
Conclusões:
A evolução da escultura grega antiga compreende três
grandes períodos: arcaico, clássico e helenístico.
No início as formas são mais rudes e pouco naturais;
vão evoluindo para um tipo heróico de representação
do homem, sempre jovem belo e modelar; no fim, o
naturalismo dá lugar ao realismo, com a
representação da várias idades do homem e de
modelos menos “regulares” e patéticos, como
bêbados, moribundos, figuras dolorosas, anões, etc.
Conclusões:
A escultura grega assume um conjunto alargado de
inovações estéticas e formais que a distinguem da
plástica pré-clássica
Essas inovações prendem-se com as características
da cultura grega, nomeadamente a religião aberta e
humanista, os valores filosóficos e estéticos e o
desenvolvimento da vida pública e cívica
As inovações são: naturalismo das formas mas com
idealização geral da figura humana; regras de
representação dos corpos (rigor anatómico e cânone),
quebra da lei da frontalidade e surgimento do sorriso e
do nu