Este documento discute como ensinar a língua materna pode desenvolver competências transversais. Apresenta uma investigação feita em Portugal sobre como o ensino da língua portuguesa contribui para o desenvolvimento de habilidades como comunicação, interação e colaboração. Analisa estudos sobre representações, instrumentos, práticas de ensino e formação de professores, mostrando como abordagens transversais podem integrar a língua com outras disciplinas. Também discute desafios como falta de colaboração e formação inadequada.
Ensinar a língua materna para desenvolver competências transversais: investigação feita em Portugal.
1. Congresso Língua e Cultura Portuguesas:
Memória, inovação e diversidade
Universidade Lusófona – Lisboa
18 e 19 de novembro de 2016
Cristina Manuela Sá
cristina@ua.pt
2. ENSINAR A LÍNGUA MATERNA
PARA DESENVOLVER
COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS:
INVESTIGAÇÃO FEITA EM
PORTUGAL
3. Transversalidade da língua materna
A educação moderna sublinha a importância de desenvolver
competências essenciais à vida numa sociedade em constante
mutação, definidas por:
- Investigadores de renome na área da Educação
Philippe Perrenoud
- Organizações internacionais (nomeadamente no âmbito da União
Europeia)
Comunidades Europeias, 2007
4. Algumas dessas competências transversais:
- Estão ligadas ao domínio da língua materna (comunicação oral e
escrita)
- Figuram nos vários textos reguladores do sistema educativo
português ligados ao ensino/aprendizagem da LP
Orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar (Silva et
al., 2016)
Metas curriculares e programas de Português para o Ensino
Básico (Buescu et al., 2012, 2015)
5. Ensinar a língua materna para desenvolver
competências transversais
Ensinar a língua materna contribui para desenvolver competências
transversais (interação oralidade-leitura-escrita) ser professor
de Português (Valadares, 2003; Sá, 2009).
Mas o ensino de outras áreas curriculares também pode contribuir
para um melhor domínio da língua materna, porque toda a
interação verbal se processa em língua portuguesa ser
professor em Português (Sá, 2012, 2016).
6. Análise de investigação feita em Portugal
sobre esta temática
Estudos:
- Subordinados a uma questão de investigação de largo espetro
(Como pode o ensino da língua materna contribuir para o
desenvolvimento de competências transversais?);
- Contemplando várias vertentes
Representações,
Instrumentos,
Práticas,
Formação (nomeadamente para a promoção da LP).
7. As representações
ou a importância dos atores educativos
- Abrangendo vários atores do processo educativo (cf. Sá &
Martins, 2008; Sá, 2013a)
Professores
Alunos
Responsáveis educativos
Supervisores
8. Os instrumentos
ou o sustentáculo do ensino/aprendizagem
Abrangendo (Sá & Martins, 2008; Sá, 2013a):
Os produzidos pelos professores para adaptar o currículo aos
seus alunos e conceber, implementar e avaliar atividades
Projetos Curriculares de Turma (Bartolomeu & Sá, 2008; Bizarro
& Sá, 2011) e planos de aula (Cunha, 2008)
Os produzidos para professores, alunos e até encarregados de
educação
Manuais escolares (Martins & Sá, 2011; Sá & Lima, 2015)
9. As práticas
ou o ensino/aprendizagem como projeto
Dizendo respeito (cf. Sá, 2014a):
Exclusivamente ao Português como língua materna (Almeida,
2013; Cravo, 2015; Cruz, 2016; Domingues, 2016; Lopes, 2015;
Machado, 2015; Magalhães, 2015; Miranda, 2016; Sá & Luna,
2016; Sousa, 2016)
10. Ao Português combinado com outras áreas curriculares
Formação Pessoal e Social/Educação Cívica (Capela, 2012;
Carvalho, 2012; Pinheiro, 2012)
Ciências (Amaral, 2012; Osório, 2012; Pepolim, 2013)
Matemática (Teixeira, 2013)
Expressões (Silva, 2012)
11. A formação de professores
ou a preparação para o desenvolvimento de
competências
Contemplando:
A importância da avaliação formativa
Numa UC de um primeiro ciclo de Bolonha (cf. Sá, 2013b)
Cruzando o desempenho dos estudantes (notas no final do
semestre) e as suas representações (espelhadas em reflexões
escritas individuais apresentadas no final do semestre)
12. Os efeitos da inovação na metodologia de ensino (cf. Sá, 2014b)
Numa UC de um segundo ciclo de Bolonha
Cruzando o desempenho dos estudantes (notas no final do
semestre) e as suas representações (espelhadas em reflexões
escritas individuais apresentadas no final do semestre)
13. A promoção da colaboração (cf. Macário, Sá & Moreira, 2013,
2014)
Na mesma UC de um segundo ciclo de Bolonha, mas no âmbito
de um projeto de doutoramento
Cruzando as representações dos estudantes (espelhadas em
respostas a um questionário e reflexões escritas individuais
apresentadas no final do semestre) e o seu desempenho
(participação num fórum de discussão online e trabalho prático
de planificação de atividades) (cf. Macário & Sá, 2010)
14. Considerações finais
Em geral:
Plena consciência da importância da língua materna para o
desenvolvimento de competências transversais
Nomeadamente ligadas à comunicação oral e escrita
Valorização de uma abordagem transversal do
ensino/aprendizagem da língua portuguesa
Rentabilizando a sua articulação com outras áreas curriculares
15. Obstáculos à sua operacionalização
Para as três primeiras vertentes:
Dificuldade em identificar competências verdadeiramente
transversais a desenvolver nos alunos
Dificuldade em analisar os textos reguladores de uma forma
crítica e construtiva
Perspetiva demasiado disciplinar do ensino
Falta de colaboração nas escolas
Falhas na formação dos professores (inicial, pós-graduada e
contínua)
16. Relativas à formação (inicial) de profissionais da Educação:
Confusão entre avaliação e classificação
Desvalorização do feedback do docente ligado ao lado
formativo da avaliação
Tendência para cooperar e não colaborar
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