O documento discute como o ensino da língua portuguesa e o desenvolvimento de competências de compreensão da leitura podem contribuir para promover o perfil dos alunos para o século XXI, proposto pelo Ministério da Educação português. O perfil enfatiza princípios como promover uma sociedade democrática e sustentável e um saber holístico. As práticas pedagógicas inovadoras deveriam incluir projetos, abordagens transversais de conteúdo e trabalho colaborativo. A língua
Leitura, Educação em Português e perfil do cidadão para o séc. XXI
1. VII SIELP
Leitura, Educação em Português e
perfil do cidadão para o séc. XXI
Cristina Manuela Sá
cristina@ua.pt
16 de julho de 2018
2. PLANO
• Introdução
• O Perfil dos alunos para o séc. XXI
• Características das práticas pedagógico-didáticas inovadoras
• Contributo da Educação em Português
e do desenvolvimento de competências em compreensão na leitura
para a sua promoção
• Referências bibliográficas
3. INTRODUÇÃO
• Reflexões suscitadas pela leitura atenta e crítica de um documento de
trabalho do Ministério da Educação (Gomes et al., 2017) relativo ao perfil
que os alunos portugueses deverão apresentar à saída da escolaridade
obrigatória (cf. Sá, 2017a).
• Reflexões nossas sobre o contributo que o ensino e aprendizagem da língua
portuguesa como língua materna poderão dar para este esforço (cf. Sá,
2017b, 2018).
• Particular incidência nos aspetos relacionados com a compreensão na
leitura (dado o tema central do encontro).
4. O PERFIL DOS ALUNOS
PARA O SÉC. XXI
Linhas orientadoras associadas a princípios fundamentais:
• A promoção de uma sociedade democrática, justa e inclusiva, logo sustentável
Incluir como requisito de educação e Contribuir para o desenvolvimento
sustentável (cf. Gomes et al., 2017, p. 8),
• A defesa de um saber holístico gerador de soluções para problemas sociais
Promoção de um perfil de base humanista, caracterizado pela vontade de
valorizar o saber (cf. Gomes et al., 2017, pp. 8-9).
• A adoção de uma abordagem transversal do processo educativo, focada no
desenvolvimento de competências-chave e na aprendizagem ao longo da vida
para uma permanente adaptação a uma sociedade em constante mutação
Educar ensinando para a consecução efetiva das aprendizagens, Educar
ensinando com coerência e flexibilidade e Garantir a estabilidade (cf. Gomes et al.,
2017, p. 8).
5. CARACTERÍSTICAS DAS PRÁTICAS
PEDAGÓGICO-DIDÁTICAS
INOVADORAS
O projeto de educação que deverá conduzir ao desenvolvimento do perfil do aluno
para o séc. XXI (Gomes et al., 2017) requer práticas pedagógico-didáticas centradas
em vivências democráticas, assentes:
• Na realização de projetos
Intra ou extraescolares, concretizados através de atividades realizadas “de modo
sistemático e intencional, na sala de aula e fora dela” (cf. Gomes et al., 2017, p. 18)
Promovendo a colaboração, que gera “a integração e troca de saberes, a
tomada de consciência de si, dos outros e do meio” (Gomes et al., 2017, p. 18).
Implicando a tomada de decisões, a escolha de opções e o confronto de pontos
de vista devidamente fundamentados e visando a resolução de problemas,
Criando, em contexto escolar, “espaços e tempos para que os alunos intervenham
livre e responsavelmente” (Gomes et al., 2017, p. 18);
6. • Na valorização de um saber holístico gerador de soluções para problemas
sociais, promovido através
Da abordagem dos conteúdos de todas as áreas curriculares “associando-
os a situações e problemas presentes no quotidiano da vida do aluno ou
presentes no meio sociocultural e geográfico em que se insere, recorrendo
a materiais e recursos diversificados” (Gomes et al., 2017, p. 18),
De um ensino baseado na “observação, questionamento da realidade e
integração de saberes” (Gomes et al., 2017, p. 18), feitos de forma
intencional, em contexto escolar e extraescolar,
Do recurso a formas de trabalho, técnicas e materiais diversificados (cf.
Gomes et al., 2017, p. 18).
7. CONTRIBUTO DA EDUCAÇÃO EM
PORTUGUÊS
E DO DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIAS EM COMPREENSÃO NA
LEITURA
PARA A SUA PROMOÇÃO
Desenvolvimento de competências-chave – transversais – com ele
relacionadas apresentadas através de descritores operativos:
8. • Linguagens e textos, correspondendo à “Utilização eficaz dos códigos para
exprimir e representar conhecimento em diversas áreas do saber
conduzindo a produtos linguísticos, […] artísticos […]” (Gomes et al., 2017, p.
13)
Usar linguagens verbais para significar e comunicar, construir
conhecimento, compartilhar sentidos nas diferentes áreas do saber e
exprimir mundivivências e Reconhecer e usar linguagens simbólicas como
elementos representativos do real e do imaginário, essenciais aos processos
de compreensão e expressão em diversos contextos (cf. Gomes et al., 2017,
p. 19).
Dominar os códigos que capacitam para a leitura e a escrita (da língua materna)
(cf. Gomes et al., 2017, p. 19).
Um dos objetivos do ensino e aprendizagem da língua materna desde os primeiros
anos de escolaridade.
9. • Informação e comunicação, descrita como “Seleção, análise, produção e divulgação
de produtos, experiências e conhecimentos em diferentes formatos” (Gomes et al.,
2017, p. 13).
Organizar a informação recolhida de acordo com um plano, para elaborar e
apresentar um novo produto ou experiência, Desenvolver estes procedimentos de
forma crítica e autónoma e Apresentar/explicar/expor conceitos/pesquisas/projetos
concretizados em produtos discursivos/textuais/audiovisuais/multimédia perante
diferentes públicos presencialmente/a distância (cf. Gomes et al., 2017, p. 20).
Pesquisar sobre temas do seu interesse, Recorrer à informação disponível
em fontes físicas e digitais e Avaliar e validar a informação, cruzando
diferentes fontes para testar a sua credibilidade (cf. Gomes et al., 2017, p.
20).
A contemplar em atividades ligadas à pré-leitura, à leitura e à pós-leitura.
10. • Raciocínio, visto como “Processo lógico que permite aceder à informação,
interpretar experiências e produzir conhecimento [que é necessário
expressar e divulgar]” (Gomes et al., 2017, p. 14).
Estabelecer estratégias adequadas para responder às questões, Analisar
criticamente as conclusões e Reformular as estratégias adotadas, o que
pode implicar interação verbal oral/escrita/multimodal (cf. Gomes et al.,
2017, p. 20).
Formular/analisar/responder a questões e Distinguir o que se sabe do que
se pretende descobrir (cf. Gomes et al., 2017, p. 20).
Uma atividade clássica da aula de Português e um critério a ter em conta
em atividades de leitura viradas para a pesquisa de informação.
11. • Resolução de problemas, perspetivada como “Capacidade de encontrar
respostas para uma nova situação mobilizando o raciocínio com vista à
tomada de decisão e à eventual formulação de novas questões” (Gomes et
al., 2017, p. 14).
Testar e Usar modelos para diversas finalidades e Avaliar produtos a partir
de critérios, recorrendo eventualmente à interação verbal
oral/escrita/multimodal (cf. Gomes et al., 2017, p. 20).
Generalizar conclusões de uma pesquisa (cf. Gomes et al., 2017, p. 20).
Mais diretamente ligado à expressão/produção (oral e escrita), mas
passível de implicar também a compreensão na leitura.
12. • Pensamento crítico, descrito como a capacidade de “Observar, identificar,
analisar, dar sentido às experiências e às ideias e argumentar a partir de
diferentes premissas e variáveis” (Gomes et al., 2017, p. 14).
Usar critérios para apreciar e Construir argumentos para ancorar posições,
o que pode implicar interação verbal oral/escrita/multimodal (cf. Gomes et
al., 2017, p. 21).
Observar/analisar/discutir ideias/processos/produtos a partir de
evidências (cf. Gomes et al., 2017, p. 21).
Pode ser associado à análise de textos escritos (evitando cair na rotineira
interpretação de textos que não tem em conta a sua especificidade), mas
também orais.
13. • Pensamento criativo, apresentado como a capacidade de “Gerar e aplicar
novas ideias em contextos específicos, abordando as situações de
diferentes perspetivas, identificando soluções alternativas e estabelecendo
novos cenários [a que a simbologia característica da linguagem verbal oral
e escrita se presta facilmente]” (Gomes et al., 2017, p. 14).
Concetualizar/testar cenários para aplicação de ideias pessoais (cf.
Gomes et al., 2017, p. 21).
Apreciar a exequibilidade de ideias, que pode implicar interação verbal
oral/escrita/multimodal (cf. Gomes et al., 2017, p. 21).
A contemplar em atividades ligadas à pré-leitura, à leitura e à pós-leitura, que
podem ser concretizadas através da interação oral (diálogo/debate).
14. • Relacionamento interpessoal, descrito como “Interação em diversos contextos
sociais e emocionais” (Gomes et al., 2017, p. 15).
• Envolver-se em conversas formais e informais, Relacionar-se em grupos
presencialmente/a distância, Desenvolver/manter relações positivas com
família/escola/comunidade, Interagir em contextos de
cooperação/colaboração/interajuda e Resolver problemas de natureza relacional
de forma pacífica/empática/com sentido crítico (cf. Gomes et al., 2017, p. 21).
Considerar diversas perspetivas e Criar consensos (cf. Gomes et al., 2017, p. 21).
Associado à exploração de textos de diversos tipos/géneros – logo com variadas
finalidades – apresentando várias perspetivas sobre a mesma questão
15. • Sensibilidade estética e artística, definida como “Fruição das diferentes
realidades culturais e desenvolvimento da expressividade individual”
(Gomes et al., 2017, p. 16).
Mobilizar processos de reflexão/comparação/argumentação em relação
a produções artísticas/científicas/tecnológicas tendo em conta variáveis
históricas/geográficas/políticas/sociais (cf. Gomes et al., 2017, p. 23).
[É necessário ter em conta o facto de que a leitura se aplica às
manifestações artísticas que derivam da expressão/produção
escrita trabalhadas na Educação Literária].
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Gomes, C. S., Brocardo, J. L., Pedroso, J. V. et al. (2017). Perfil dos alunos
para o séc. XXI. Lisboa: Ministério da Educação.
• Sá, C. M. (2017a). Parecer sobre o “Perfil dos alunos para o séc. XXI”. Aveiro:
Universidade de Aveiro/Departamento de Educação e Psicologia.
• Sá, C. M. (2017b). Projetos em Educação em Português e desenvolvimento
de competências-chave para a sociedade do séc. XXI. Investigar em
Educação, 8(2) [no prelo].
• Sá, C. M. (2018). Ensino/aprendizagem da língua materna e perfil do aluno
para o séc. XXI. Indagatio Didactica, 10(2) [no prelo].