Artigo publicado nos anais do IV Congresso Internacional TIC e Educação 2016: Tecnologias Digitais e a Escola do Futuro, realizado na Universidade de Lisboa, de 8 a 10 de setembro de 2016.
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS: PROJETO REALPTL
1. 768
Lei 10.436 (2002, 24 de abril). Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dá
outras providências.
Oliveira, J. S. & Silva, R. C. (2014). Equipe de tradução do curso de Letras Libras. In
Quadros, R. M. de (Ed.) Letras LIBRAS: ontem, hoje e amanhã (pp. 93-111).
Florianópolis: Ed. Da UFSC.
Quadros, R. M. de; Souza, S. X. (2008). Aspectos da tradução/encenação na Língua
de sinais Brasileira para um ambiente virtual de ensino: práticas tradutórias do
curso de Letras Libras. In QUADROS, R. M. de (Ed.). Estudos Surdos III (pp. 170-
209). Petrópolis: Arara Azul.
Santaella, L. (2005). Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal:
aplicações na hipermídia. São Paulo: Iluminuras: FAPESP.
Santaella, L. (2012). Leitura de imagens. São Paulo: Editora Melhoramentos.
Souza, S. X. (2010). A norma surda de tradução em ambientes virtuais de ensino e
aprendizagem: o caso do curso de LETRAS-LIBRAS da UFSC. Anais do 2º.
Congresso Brasileiro de Pesquisa em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais
Brasileira (pp. 1-7). Florianópolis, Santa Catarina. Disponível em:
http://www.congressotils.com.br/anais/anais2010.html
Stone, C. (2009). Toward a Deaf Translation Norm. Washington-DC, USA: Gallaudet
University Press.
Taveira, C & Rosado, L. A. S. (2013). Por uma compreensão do letramento visual e
seus suportes: articulando pesquisas sobre letramento, matrizes de linguagem e
artefatos surdos. Espaço, 39, 27-42.
Taveira, C. (2014). Por uma Didática da invenção surda: prática pedagógica nas
escolas-piloto de educação bilíngue no município do Rio de Janeiro (Tese de
doutorado). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil.
2. 769
82 - PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS EDUCACIONAIS
ABERTOS: PROJETO REALPTL
RESEARCH AND DEVELOPMENT OF OPEN EDUCATIONAL RESOURCES: REALPTL
PROJECT
Daniervelin Renata Marques Pereira1
, Joyce Vieira Fettermann2
, Danilo
Rodrigues César3
1
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Brasil, daniervelin@gmail.com
2
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Brasil, joycejacinto@hotmail.com
3
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Brasil, danilorcesar@gmail.com
Resumo: O projeto Recursos Educacionais Abertos para Leitura e
Produção de Textos nas Licenciaturas propõe o estudo e
criação de Recursos Educacionais Abertos voltados para o
letramento de licenciandos. A partir dos pressupostos da
Cultura Livre, o projeto tem como objetivo criar e
compartilhar diferentes recursos didáticos digitais, de Língua
Portuguesa e de Língua Inglesa, além de permitir que
docentes divulguem seus materiais nos ambientes criados.
Relatamos uma análise de um recurso do ambiente
Gramática Online, idealizado e desenvolvido pelo Grupo
Texto Livre, e uma proposta de alteração desse ambiente,
ampliando a sua abordagem para o ensino-aprendizagem de
leitura e escrita de línguas, no âmbito do projeto, atualmente
em desenvolvimento. Para essa reflexão, fundamentamo-nos
no conceito de recursos educacionais abertos e de
multiletramentos. Observou-se, entre os resultados, que o
Gramática Online apresenta opções para aprendizagem de
questões linguísticas pela teoria e prática, mas falta ao
ambiente recursos que contextualizem tais questões por
gêneros textuais. Nesse sentido, são apresentadas algumas
orientações para adaptação do ambiente ao projeto que se
propõe.
Palavras-chave: Recursos Educacionais Abertos, letramento, Língua Portuguesa,
Língua Inglesa.
Abstract: The project Recursos Educacionais Abertos para Leitura e Produção de
Textos nas Licenciaturas proposes the study and creation of Open
Educational Resources focused on the literacy undergraduates. From
the assumptions of Free Culture, the project aims at creating and
sharing different digital learning resources, of Portuguese and English
languages, and allows teachers to promote their materials in the
created environments. We report an analysis of a resource from the
environment Gramática Online, designed and developed by Grupo
Texto Livre, and a proposal to amend this environment, expanding its
approach to teaching and learning of reading and writing of languages
in the framework of the project, currently under development. For this
reflection, we are based on the concept of open educational resources
and multiliteracies. It was observed in the results, that Gramática Online
presents options for learning language issues by theory and practice,
but it lack the resources that contextualize these issues by genres. In
this sense, we present some guidelines for adapting the environment to
the project that is proposed.
3. 770
Keywords: Open Educational Resources, literacy, Portuguese language, English
language.
1. INTRODUÇÃO
A proposta apresentada insere-se no projeto REALPTL: Recursos Educacionais
Abertos para Leitura e Produção de Textos nas Licenciaturas, que procura pesquisar
recursos existentes e propor um espaço de compartilhamento de recursos para o
ensino-aprendizagem de línguas no ensino superior. Inicialmente, a proposta era
restrita aos materiais em língua portuguesa, mas atualmente contamos com
pesquisadores que também, colaboram para a criação e compartilhamento de
recursos em Língua Inglesa. Dessa forma, unimo-nos em torno da necessidade de
garantir o acesso aberto a recursos educacionais que, com qualidade, auxiliem no
multiletramento de estudantes, especialmente licenciandos, ou seja, futuros
professores.
A nossa proposta, que apresentaremos após analisar um recurso do ambiente
Gramática Online, é a de adaptar esse ambiente como espaço de compartilhamento
de recursos educacionais abertos para o ensino-aprendizagem de leitura e escrita em
Língua Portuguesa e em língua estrangeira, espaço esse que será alimentado
coletivamente, com contribuição de professores.
Como a produção do material didático é fator decisivo na qualidade de um curso,
acreditamos ainda, que o projeto poderá trazer uma contribuição importante para os
licenciandos e professores.
De seguida, apresentamos e analisamos o ambiente Gramática Online,
desenvolvido pelo Grupo Texto Livre, em sua atual etapa, tendo em vista que
partiremos dele para fazer ajustes necessários ao nosso projeto atual.
2. GRAMÁTICA ONLINE
Recentemente, no âmbito do Grupo Texto Livre (http://www.textolivre.org/site/) –
sediado na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no
Brasil – e com pesquisas na linha da Linguagem e Tecnologias, nasceu o projeto
Gramática Online (http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/): um espaço
de suporte pedagógico ao estudo da norma gramatical da Língua Portuguesa, numa
perspectiva individual e autônoma, de maneira que os alunos possam ser
encaminhados para o material relativo a cada problema específico, podendo estudar
sem o acompanhamento da equipe, de forma pró-ativa.
4. 771
Conforme descrito por Pereira, Leal e Matte (2015), o programa Gramática Online
surgiu na disciplina online de Leitura e Produção de Textos, que atendia a estudantes
e a funcionários de todas as unidades da UFMG. Por isso, o seu compromisso com a
capacitação de alunos, no que tange à leitura e à escrita de textos acadêmicos em
diferentes gêneros textuais, impulsionou o trabalho da equipe.
Atualmente, são feitos testes na terceira versão do ambiente
(http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/v3/), que avançou em termos de
interface e usabilidade (Ver Figura 1).
Figura 18: Ambiente de Recursos Educacionais Abertos, Gramática Online.
Fonte: http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/v3/.
Acesso em: 29 fev. 2016.
No menu “Recursos”, encontra-se como opções: “Materiais de gramática”,
“Exercícios”, “Português Livre” e “Estudo de crases”. Percebe-se que ainda falta, entre
tais opções, recursos mais específicos para as habilidades e competências de leitura e
escrita de textos. Atualmente, a abordagem gramatical é tradicional e não apresenta
gêneros textuais em que se possa praticar de forma contextualizada a gramática. É
necessário, ainda, apresentar variedades de práticas sociais, mesmo que ancoradas
como atividade didática (e não no contexto real da prática), em que esses gêneros são
explorados, de maneira a contribuir com o letramento dos usuários do ambiente.
Nesse sentido, concebe-se que as práticas de letramento devem orientar-se no
modelo ideológico, que, segundo Street (2014), devem se dar no plural, no social e
culturalmente determinadas. Tal significa dizer que as práticas de ensino mudam de
5. 772
acordo com o contexto. Uma vantagem desse modelo, segundo Kleiman (2008, p. 39),
é a compreensão de que o letramento pode ser examinado além da polaridade entre
oralidade e escrita e da correlação simplista entre as consequências cognitivas e a
aquisição da escrita. Pautamo-nos, pois, nos valores de abertura, pluralidade,
abrangência e inclusão, e no que a adesão ao modelo ideológico (do letramento) e à
cultura livre (inscrita nos REA) implica para o REALPTL.
Se tomarmos, como exemplo, o material de gramática sobre crases, do site
Gramática Online, podemos perceber que se condensa informações da gramática
tradicional sobre esse tópico linguístico. Os representantes dessa gramática estão
presentes nas classificações e exemplos: Moderna Gramática Portuguesa, de Bechara
(2001), e Gramática teoria e gramática, de Paschoalin e Spadoto (1996), citados no
final do material. Vejamos, pela Figura 2, o slide de apresentação do tópico:
Figura 19: Material sobre crases, do site Gramática Online.
Fonte:
http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/v3/recursos/materiais/apresentacao.php?i
d=1#apresentacao.
Acesso em: 29 fev. 2016.
É perceptível que, tal como é comum em gramáticas tradicionais, se apresenta, já
no início, uma definição e explicação da formação do elemento, para que seja
construído um conceito e suas condições, como: “o termo regente exige o uso da
preposição a” e “a palavra ‘leis’ admitir o uso do artigo”. Alguns estudiosos, como Dias
(2005) e Kleiman e Sepulveda (2012), acreditam que uma boa estratégia passa por
deixar que o próprio aprendiz, antes de ter o conceito, seja desafiado a fazer
definições, a abstrair elementos básicos do funcionamento da língua. Acreditamos
6. 773
também, que tal estratégia, é uma boa proposta de mudança para esse material: que
seja mais desafiador e que o aprendiz seja levado a fazer hipóteses e a resolver
problemas.
Ressaltamos alguns elementos tecnológicos importantes que se encontram no
site, como a ferramenta de avançar, recuar (nas laterais e na parte inferior), iniciar
apresentação automática e pausar um dos slides, aumentar e diminuir o tamanho dos
slides (ver ferramenta na parte inferior da Figura 2). Estas e outras estratégias de um
princípio de “gamificação” configuram-se como importantes para a acessibilidade e
usabilidade dos recursos.
Por outro lado, há uma tentativa de apresentar desafios no software livre, criado
pelo grupo e ainda em desenvolvimento. Trata-se do Crases, um programa que não dá
respostas fechadas, mas permite o aprendizado por associação. Um print da sua
página inicial pode ser visualizada na Figura 3:
Figura 20: Software livre Crases.
Fonte:
http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/v3/recursos/crases/#menu-principal.
Acesso em: 29 fev. 2016.
Como orientação disponível no site, encontramos: “digite a frase colocando crase
no lugar onde pensa que ela deveria estar”. Há uma caixa de texto, seguida do botão
“verificar”. Apresentamos, neste sentido, um teste feito, conforme Figura 4:
7. 774
Figura 21: Inserção da frase “Levei meu filho à escola” no software Crases.
Fonte: http://www.textolivre.org/aplicacoes/gramatica_online/v3/recursos/crases/#menu-
principal.
Acesso em: 29 fev. 2016.
Percebemos que o recurso educacional aberto é de natureza mais prática e
desafiadora, já que permite ao próprio usuário, o julgamento das frases que são
apresentadas na lista: “Observe as substituições abaixo. Se alguma das opções for
adequada ao sentido que você espera obter, então a crase está correta.”. Dessa
forma, como falante da língua, ele poderá entender se “levei meu filho para a escola”,
por exemplo, equivale a “levei meu filho à escola”, pelo menos para o seu objetivo de
uso.
Ainda assim, se o usuário quiser conhecer a regra que rege tal uso, precisará
recorrer ao material mais expositivo, que citámos anteriormente. Nesse caso, os
recursos podem ser complementares no auxílio ao aprendiz, deixando-lhe opções para
a apropriação do conhecimento.
Entretanto, ainda seria útil se fosse apresentado um texto em que a crase
aparecesse contextualizada e o aprendiz pudesse analisar e compreender os efeitos
de sentido que a crase traria para os usos no texto. Tal pode ser uma proposição
válida para orientação às próximas mudanças no ambiente.
8. 775
Podemos dizer que há avanços, especialmente na tentativa de desenvolver um
software livre, de caráter mais lúdico, para oferecer ao aprendiz a possibilidade de
praticar e criar hipóteses. Entretanto, ainda é necessário fazer ajustes que
potencializem os multiletramentos.
3. PROPOSTA DO REALPTL
O REALPTL pretende adaptar e dinamizar o site Gramática Online, buscando o
compartilhamento aberto de recursos educacionais. Estes poderão ser utilizados na
sua totalidade, por meio da reutilização, adaptação e recriação dos recursos pelos
licenciandos e professores, desde que a fonte seja citada. É importante lembrar que a
licença aberta é uma necessidade para os Recursos Educacionais Abertos (REA),
conforme explica Butcher (2011, p. 5):
“A definição mais simples do conceito de Recurso Educacional Aberto (REA,
ou, em inglês, OER) é qualquer recurso educacional (incluindo mapas
curriculares, materiais de cursos, livros didáticos, vídeos assistidos na Internet,
aplicativos multimídia, podcasts e quaisquer outros materiais designados para
uso no ensino e aprendizado) disponíveis abertamente para uso por
educadores e alunos, sem a necessidade de pagar direitos autorais ou taxas
de licença.”
Como afirma Santos (2013, p. 21), “isso significa que quaisquer outros materiais
educacionais disponíveis na Internet gratuitamente que não tenham uma licença
aberta não são considerados REA”.
A associação aos REA surge, portanto, como uma proposta coerente com a do
projeto Gramatica Online, por compartilharem a mesma filosofia da Cultura Livre,
baseada na liberdade de distribuir e modificar trabalhos e obras criativas livremente.
A proposta do REALPT não é, então, totalmente nova. Na verdade, segue a
tendência dos Recursos Educacionais Abertos e da Educação Aberta já em
desenvolvimento, além de retomar iniciativas anteriores em desenvolvimento por nós,
pelos projetos já citados. Destaca-se, na proposta que agora nos guia, o desejo de
que os recursos disponibilizados sejam mais diversificados e tenham foco no
letramento, ou melhor dizendo, nos multiletramentos.
Rojo (2010) explica que o conceito de multiletramentos foi criado pelo Grupo de
Nova Londres, como resposta à questão sobre as práticas letradas escolares diante
das inúmeras mudanças no cenário contemporâneo, que aumentou a diversidade
cultural e linguística nas salas de aula. Para o Grupo, segundo a autora, “multi” aponta
para duas direções: multiplicidade de linguagens e mídias nos textos contemporâneos
9. 776
e multiculturalidade e diversidade cultural. Nesse contexto, a pedagogia dos
multiletramentos vai além da linguagem verbal como modo de representação.
Segundo Rojo (2010, p. 29):
“Os multiletramentos exigem um tipo diverso de pedagogia, em que a
linguagem verbal e outros modos de significar são vistos como recursos
representacionais dinâmicos que são constantemente recriados por seus
usuários, quando atuam visando atingir variados propósitos culturais.”
Os multiletramentos, como práticas sociais de mobilização da leitura e da escrita,
são entendidos, assim, como experiências que variam no tempo e no espaço, a partir
de um olhar lançado para as práticas das comunidades linguísticas locais,
reconhecendo as várias agências de letramento presentes, em direção à produção
crítica de eventos linguísticos mais monitorados, como os gêneros acadêmicos,
literários, entre outros. Espera-se, dessa forma, que os sujeitos se tornem
competentes para transitar entre os gêneros, tipos textuais, empregando o registro
formal e/ou informal e as estratégias de acordo com as peculiaridades do contexto.
Diante dessa definição, consideramos que o Gramática Online precisa ampliar a
proposta dos recursos que tratam apenas de tópicos gramaticais, para outros em que
o texto surge em diversas linguagens e que os discursos tenham ênfase. As questões
gramaticais continuarão a ter espaço, pois são importantes para situações em que se
precisa de material confiável para esclarecer dúvidas, mas outros materiais em que a
gramática esteja presente em situações contextualizadas, terão nosso foco. Além
disso, a abertura para outras línguas se faz necessária, o que enriquece sobremaneira
a proposta.
Para o novo espaço online, foi idealizada a inclusão de abas para as línguas (por
enquanto: Português e Inglês) e, dentro delas, opções para cada tópico, Gramática
Online e Leitura e Escrita, divididos em duas partes principais: “Discussão” e
“Atividades”.
Os softwares educativos livres poderão ser acessados pelo link “Acesso”, além de
apresentarem opções para “Tutorial” e “Discussão”, em que os usuários poderão tirar
dúvidas, sugerir mudanças, se inserir na equipe de desenvolvimento, etc. O espaço de
discussão em todas as abas será de extrema importância para que o diálogo com os
usuários tenha espaço. Por meio do link “login”, o usuário poderá se cadastrar e
compartilhar o seu material sob licença Creative Commons1
, o que garantirá a
1
A licencia Creative Commons (CC) é mais flexível que a Copyright quanto à propriedade
sobre a obra. O usuário pode escolher, no site <https://creativecommons.org/>, entre as
licenças básicas listadas e também, combiná-las, de acordo com seu interesse. Por exemplo, a
10. 777
identificação e atribuição da autoria, bem como as permissões que outros usuários
terão sob o material. No link “créditos” estarão disponíveis todos os nomes dos
colaboradores e pelo link “contato”, os usuários poderão escrever para os
mantenedores do projeto, para esclarecer dúvidas, sugestões, etc. De seguida, a
proposta, que intitulamos provisoriamente de REALPTL “Língua Livre”, pode ser
melhor compreendida pelo esquema na Figura 5:
Figura 22: Fluxograma da nova proposta para o sítio do Português Livre.
Fonte própria.
Destaca-se que a reformulação do espaço do Gramática Online continuará tendo
por infraestrutura softwares livres e abertos, baseados em licenças livres e
compartilhados no modelo da educação aberta.
Além disso, consideramos relevante apropriarmo-nos de estratégias de
“gamificação” (a partir de jogos), para dar maior dinamicidade e atratividade aos
recursos, como: feedback constante, desafio motivador das atividades, estímulo à
criatividade e diversão no processo de ensino-aprendizagem.
Esse site será ainda, fundamentado nas análises que temos feito de outros
recursos educacionais existentes, como dos sites ELO e Redigir (Pereira, César,
Matte, 2015), do Só Português e do Kent State University's ESL OWL - Online Writing
Lab - (Pereira, Fettermann, 2015). Tais análises contribuirão para nos apropriarmos de
CC BY, mais aberta, permite copiar, distribuir, exibir e executar a obra; criar obras derivadas e
fazer uso comercial da mesma, desde que haja crédito ao autor. Também, todas as replicações
precisam ter os termos da licença explicados.
11. 778
pontos positivos dos recursos analisados e resolvermos problemas que, atualmente,
encontramos no ambiente Gramática Online.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise feita aos dois recursos do Gramática Online, sobre crases, mostra que é
possível complementar recursos, com ênfases mais teóricas ou mais práticas, mas
que é preciso ainda, incluir gêneros textuais diferentes, para uma contextualização dos
usos linguísticos. Defendemos que a abordagem seja mais dinâmica e diversificada,
que o aprendiz encontre desafios próprios dos multiletramentos.
Precisamos ressaltar que o desenvolvimento tecnológico do Gramática Online
também, é uma questão a ser aprofundada na adaptação e desenvolvimento do
REALPT, já que ainda apresenta interface simples e pode ganhar maior dinamicidade
com a apropriação de recursos de linguagem de programação.
Quanto à adequação ao conceito de Recursos Educacionais Abertos, podemos
dizer que o site está coerente com a proposta, podendo abrir ainda, a sua licença de
Creative Commons BY ND (atribuição sem obras derivadas), para Creative Commons
BY (atribuição), o que contribui para o ambiente adquirir os valores que buscamos: de
abertura, pluralidade, abrangência e inclusão, adaptados do modelo ideológico (do
letramento) e da cultura livre (inscrita nos REA).
Tais observações nos ajudam a identificar brechas e reforçar qualidades
necessárias para o objetivo do REALPTL “Língua Livre”, contribuindo assim, com a
oferta de propostas de qualidade, que auxiliem os estudantes do ensino superior.
5. REFERÊNCIAS
Butcher, N. (2011) Um Guia Básico sobre Recursos Educacionais Abertos (REA).
Tradução da UNESCO. Paris, França: UNESCO e COL. Disponível em:
<http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/publications/basi
c_guide_oer_pt.pdf>. Acesso em 14 fev. 2016.
Bechara. E. (2001). Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna.
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abordagem. In: Dionisio, A. P; Bezerra, M. A. (Orgs.). O livro didático de português.
Rio de Janeiro: Lucerna.
Kleiman, A. B. (2008) Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola.
In: KLEIMAN, Angela B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova
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Kleiman, A. B.; Sepulveda, C. (2012). Oficina de gramática: metalinguagem para
principiantes. 2a
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Paschoalin, M. A.; Spadoto, N. T. (1996). Gramática teoria e exercícios. Edição
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12. 779
Pereira, D. R. M.; César, D. R.; Matte, A. F. M. (2015) Recursos educacionais abertos
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prelo).
Pereira, D. R. M.; Leal, K.; Matte, A. C. F. (2015) Texto livre: práticas de ensino-
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<http://www.abed.org.br/revistacientifica/_Brazilian/2015/05_TEXTO_LIVRE_METO
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Supl.: Anais da X CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2015, p. 1853-1867.
Rojo, R. H. R. (2010) Alfabetização e letramentos múltiplos: como alfabetizar letrando?
In: Rangel, Egon de Oliveira; Rojo, R. H. R. (Coord.). Língua Portuguesa: ensino
fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, p.
15-36. (Coleção Explorando o Ensino; v. 19).
Santos, A. I dos. (2013) Recursos Educacionais Abertos: o estado da arte, desafios e
perspectivas para o desenvolvimento e inovação. [tradução DB Comunicação]. [livro
eletrônico] São Paulo: Comitê Gestor da Internet.
Street, B. V. (2014) Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no
desenvolvimento, na etnografia e na educação. Tradução de Marcos Bagno. São
Paulo: Parábola Editorial.