1. COMO OS TEXTOS SE CONVOCAM UNS AOS
OUTROS: INTERTEXTUALIDADE E PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Indira Machado Gujral
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Projecto de Relatório de Estágio de Mestrado
Em Ensino do Português e de Língua Estrangeira nos Ensinos
Básico e Secundário - Português/Espanhol
DEZEMBRO, 2010
2. ÍNDICE
I. Introdução
1. Apresentação e argumentação do tema
II. Enquadramento Institucional
1. Caracterização da Escola Cooperante
1.1. Espaço Físico
1.2. Oferta Educativa
1.3. Pontos Fortes e Debilidades
III. Prática de Ensino Supervisionada
1 . Observação das Aulas de Português e de Espanhol
1.1. Caracterização da Turma de Português 12ºAno
1.2. Observação das Aulas de Português 12ºAno
1.3. Caracterização da Turma de Espanhol 7º Ano
1.4. Observação da Turma de Espanhol 7º Ano
2 . Leccionação das Aulas de Português e de Espanhol
2.1. Como os textos se convocam uns aos outros: intertextualidade e prática pedagógica
2.2. Métodos de Trabalho
2.3. Os Materiais
IV. Reflexão Crítica sobre a Prática de Ensino Supervisionada
V. Conclusão
VI. Bibliografia
VII. Anexos
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3. I. Introdução
1. Tema
Como os textos se convocam uns aos outros: intertextualidade e prática pedagógica
2. Argumentação do Tema
A competência na leitura e na produção textual não depende apenas do conhecimento
do código linguístico. Para ler e escrever com proficiência é imprescindível conhecer
outros textos, estar imerso nas relações intertextuais, pois um texto dialoga inevitavelmente
com outros textos e para eles reenvia. Os textos não se encerram em si mesmos, mas
abrem-se a novos horizontes, ao “conversarem” com outros textos. Portanto, nesta
perspectiva, o trabalho do professor é, entre outros, o de desenvolver no aluno a
capacidade de identificar um intertexto e permitir que o diálogo entre os textos flua. A
intertextualidade é “um fenómeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre
textos expressos por diferentes linguagens” (Silva, 2002: 3). O professor deve, então,
investir na ideia de que todo texto traz em si ecos de outros textos, aos quais, de alguma
forma, responde. Por isso, é imprescindível que o professor leve o aluno a perceber isso
(Barcellos, s.d.) constituindo-se assim como falante e leitor crítico. Desta forma, o recurso
pedagógico à intertextualidade deve servir não só para o professor consciencializar os
alunos da sua produtividade, mas também dar azo a um modo mais criativo de verificar a
capacidade dos alunos de relacionarem textos e estarem cientes da multiplicidade de
leituras por ele suscitadas.
Neste sentido, parece-me pertinente, partindo nomeadamente da última obra do
programa de Português de 12º ano, Memorial do Convento, de José Saramago, encontrar
textos que, dialogando com este, possam ser trazidos para as aulas de Português, visando o
seu enriquecimento. Pretendo, assim, investigar e reunir textos pertinentes, literários e não
literários, para o estudo da obra em questão e ilustrar as modalidades de inclusão desses
mesmos textos na minha prática pedagógica, avaliando também os resultados dessa mesma
estratégia. Ao optar pela intertextualidade como recurso pedagógico, neste contexto
particular, pretendo facilitar a compreensão da obra, aprofundando o conhecimento dos
alunos e levando-os, simultaneamente, ao reconhecimento da riqueza proveniente do
diálogo intertextual.
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4. No que diz respeito à disciplina de Espanhol, pretendo, uma vez mais através do
recurso à intertextualidade (textos literários e não literários), tratar determinados conteúdos
programáticos ao nível do 7.º ano de escolaridade. A abordagem das relações intertextuais
terá, em qualquer dos casos, como objectivo alargar o horizonte de conhecimento dos
alunos e levá-los a perceber que os textos não se encerram em si mesmos, que dialogam
com outros textos e que são um veículo para melhorar a sua capacidade de interpretar e de
construir sentidos. Prevê-se, assim, que tal estratégia permita a formulação de conclusões
validamente argumentadas e a eventual apresentação de algumas sugestões/recomendações
que vão no sentido do aperfeiçoamento da aprendizagem dos alunos.
No ponto II, Enquadramento Institucional, descreverei mais detalhadamente o
que apresento a seguir. A Escola Secundária da Quinta do Marquês, onde me encontro a
fazer o estágio, situa-se no concelho de Oeiras, na fronteira com o concelho de Cascais. A
Escola integra cerca de 1000 alunos, 500 em cada um dos ciclos e tem 40 turmas,
igualmente repartidas pelo 3.º ciclo do ensino básico e pelo ensino secundário (regime
diurno). Os alunos, na sua larga maioria, provêm da classe média (há um número
significativo de pais com qualificações académicas a nível do ensino superior). É importante
referir que nesta escola apenas uma pequena percentagem de alunos tem apoio social escolar
(7,99%) e que a taxa de retenção da escola em 2008 foi de apenas 1%.
Nos cinco domínios de avaliação que constam do Relatório da Avaliação Externa
de 2006, foi atribuído o nível Bom ao domínio resultados, Muito Bom ao domínio
prestação do serviço educativo, Bom à organização e Gestão Escolar, Muito Bom ao
domínio liderança e Muito Bom na capacidade de auto-regulação e progresso da escola.
A escola onde estou inserida é constituída por alunos que apresentam resultados acima da
média e que apresenta condições propícias à obtenção de bons resultados.
No subponto 1 do ponto III, Prática de Ensino Supervisionada, farei a
caracterização das turmas com as quais trabalharei, seguida da observação das aulas, a
evolução dessa mesma observação e a sua importância para a minha Prática de Ensino
Supervisionada. Referirei, igualmente, os obstáculos que encontrei na área da observação e a
forma que encontrei para os superar.
No subponto 2 do ponto III, intitulado Leccionação das Aulas de Português e de
Espanhol, pretendo descrever o trabalho realizado com a turma de 12.º Ano de Português,
bem como com a de 7.º Ano de Espanhol: de que forma trabalhei com os alunos, as
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5. actividades que desenvolvi e a justificação para a eleição das mesmas. Na disciplina de
Português, darei relevo à obra Memorial do Convento, de José Saramago, com o objectivo de
facultar aos alunos uma aprendizagem mais completa dos conteúdos tratados. No Espanhol,
focarei a diferença entre o Pretérito Indefinido e o Pretérito Perfecto, entre outros conteúdos
linguístico-comunicacionais que se encontram ainda em fase de eleição. Descreverei o modo
como trabalhei, nas aulas de Português e de Espanhol, visando o tema da intertextualidade,
descrevendo os resultados obtidos a nível da prática pedagógica, sem deixar de referir também
outros aspectos relevantes dessa mesma prática.
No ponto IV, Reflexão Crítica sobre a Prática de Ensino Supervisionada, e como é
sugerido, reflectirei criticamente sobre o trabalho levado a cabo desde o início do ano lectivo.
No ponto V, apresentarei as minhas conclusões e sugestões. Seguir-se-ão a bibliografia e os
anexos considerados importantes e representativos do trabalho desnvolvido.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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