2. Caso Clínico
IDENTIFICAÇÃO: Mulher, 65 anos, branca, natural e
procedente de Porto Alegre. Consulta por dor em
joelhos. Refere que os sintomas iniciaram há dois anos,
(inicialmente no joelho esquerdo) principalmente
quando descia escadas ou ao final de caminhadas. Hoje
tem dificuldade de caminhar mais de 30 minutos. Há 3
meses o joelho esquerdo inchou, foi a uma clínica de
urgências onde retiraram 10 ml de líquido amarelo
claro e infiltraram.
05/09/13
3. Caso Clínico
REVISÃO DE SISTEMA: Hipertensa (diurético e Beta
bloqueador) sem outros problemas.
HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Refere que avó
paterna teve reumatismo e dificuldade de caminhar aos
75 anos.
05/09/13
4. Caso Clínico
Ao exame está em bom estado geral, corada,
hidratada. Apresenta pequenos nódulos endurecidos e
com leve dor a palpação em interfalangeanas distais
(Fig 1) crepitação à movimentação do polegar direito
em sua base. Tem leve diminuição de amplitude de
movimentos do quadril direito, sem dor. Tem geno varo
bilateral (fig 2), pequeno derrame no joelho direito,
crepitação em joelhos. Diminuição de flexão em ambos
os joelhos.
05/09/13
8. 1- Hipótese diagnóstica
Artrose:
05/09/13
Dor ou rigidez das mãos (na maioria dos dias do último mês) e 3 ou mais dos seguintes critérios:
Alargamento de tecido duro articular em duas ou mais de 10 articulações selecionadas
Alargamento de tecido duro de duas ou mais articulações interfalângicas distais
Edema em três ou menos metacarpofalângicas
Deformidades de pelo menos uma de dez articulações selecionadas
As dez articulações selecionadas são a segunda e terceira interfalângicas distais, a segunda e terceira
interfalângicas proximais e a primeira carpometacarpal, em ambas as mãos. Este método de classificação
tem sensibilidade de 94% e especificidade de 87%
Tabela 2: Critérios para classificação de osteoartrose de mãos
9. Critérios para classificação de osteoartrite
idiopática dos joelhos
05/09/13
Clínico Clínico e laboratorial Clínico e radiográfico
Dor no joelho* mais pelo
menos 3 dos 6 critérios
Dor no joelho* mais pelo
menos 5 dos 9 critérios
Dor no joelho* mais pelo
menos 1 dos 3 critérios
Idade > 50 anos
Rigidez matinal < 30
minutos
Crepitações articulares ao
movimento
Sensibilidade à
compressão óssea
Alargamento ósseo
Ausência de calor local
Idade > 50 anos
Rigidez matinal < 30 min
Crepitações articulares ao
movimento
Sensibilidade à
compressão óssea
Alargamento ósseo
Ausência de calor local
Hemossedimentação < 40
mm/h
Fator reumatoide < 1:40
Líquido sinovial sugestivo
de artrose (límpido,
viscoso, contagem
leucocitária < 2.000/mm3)
Idade > 50 anos
Rigidez matinal < 30 min
Crepitações articulares ao
movimento
Osteófitos
Sensibilidade: 95%
Especificidade: 69%
Sensibilidade: 92%
Especificidade: 75%
Sensibilidade: 91%
Especificidade: 86%
10. 2- Diagnóstico diferencial
Padrão de dor: mecânico na
osteoartrose versus inflamatório nas
doenças inflamatórias
Presença de manifestações sistêmicasPresença de manifestações sistêmicas:
normalmente ausentes na osteoartrose
Sinais inflamatórios exuberantes aoSinais inflamatórios exuberantes ao
exame físicoexame físico: geralmente não
verificados na osteoartrose
05/09/13
11. 2- Diagnóstico diferencial
Alterações laboratoriaisAlterações laboratoriais: elevação importante
das provas de atividade inflamatória e
presença de autoanticorpos não fazem parte
do quadro clínico habitual da osteoartrose
Alterações radiográficas: embora sejam
inespecíficas, a sua presença, junto com o
quadro clínico, aponta para o diagnóstico.
Outras doenças podem apresentar achados
radiográficos diferenciais
05/09/13
12. 2- Diagnóstico diferencial
Padrão de acometimento articular: o
acometimento de articulações
atípicas para a osteoartrose
primária, como metacarpofalângicas,
punhos, cotovelos, ombros ou
tornozelos deve levar à suspeita e
investigação de causas secundárias.
05/09/13
14. Exames Laboratoriais
Hemograma e BioquímicaHemograma e Bioquímica :São habitualmente
normais .
Provas de Atividade Inflamatória:Provas de Atividade Inflamatória: AsAs provas de
atividade inflamatória estão geralmente normais ou
pouco elevadas na osteoartrose.
Autoanticorpos: A osteoartrose não está associada per
si à presença de autoanticorpos.
05/09/13
15. Exames Laboratoriais
Marcadores do Metabolismo Ósseo eMarcadores do Metabolismo Ósseo e
CartilaginosoCartilaginoso: Uma das áreas de pesquisa
recente em termos de diagnóstico de
osteoartrose é a mensuração dos níveis
séricos, urinários ou sinoviais de marcadores
bioquímicos do metabolismo ósseo e
cartilaginoso. A concentração destas
moléculas parece se correlacionar com os
níveis de formação e degradação da matriz
cartilaginosa.
05/09/13
16. Exames Laboratoriais
SinovianáliseSinovianálise: A análise do líquido sinovial
mostra habitualmente uma contagem
leucocitária inferior a 2.000 células/mm3, sem
outras anormalidades. Eventualmente, pode
haver características inflamatórias, com
contagens celulares mais altas e elevação dos
níveis de proteína. Valores muito altos devem
levar à suspeita de doença microcristalina ou
artrite séptica.
05/09/13
17. Exames Radiográficos
No início da doença não se observam
anormalidades. Com seu
desenvolvimento, observam-se:
1-Diminuição do espaço intra-articular
2-Esclerose subcondral (eburnação)
3-Osteófitos;
4-Erosão e anquilose óssea
(pseudocistos ósseos).
05/09/13
21. Ultrassonografia
A ultrassonografia permite a
avaliação da cartilagem e das
estruturas periarticulares. É pouco
utilizada por ser um método cuja
sensibilidade depende da perícia do
operador e por não ser amplamente
padronizado ou validado para uso
diagnóstico na osteoartrose.
05/09/13
22. Tomografia Computadorizada
A tomografia computadorizada permite uma
identificação mais precoce da osteoartrose em
relação à radiografia convencional. A
utilização de contraste intra-articular
(artrotomografia computadorizada) permite
uma definição bastante precisa da topografia
das lesões.
A utilização de grandes quantidades de
radiação ionizante limita parcialmente sua
utilização na prática clínica.
05/09/13
24. Ressonância Magnética
A ressonância magnética vem sendo cada vez mais
utilizada para aprimorar o diagnóstico por imagem da
osteoartrose. Além de não utilizar radiação ionizante, é
um método mais sensível que a radiografia convencional
na identificação de osteófitos, perda cartilaginosa e cistos
subcondrais, além de detectar anormalidades de meniscos
e ligamentos.
Apesar das vantagens, trata-se de um método caro e
ainda pouco disponível, o que limita sua utilização mais
rotineira.
05/09/13
26. 4- Abordagem terapêutica
Os objetivos a atingir com o
tratamento são:
1.Aliviar a dor
2.Manter a funcionalidade articular
3.Educar o paciente e sua família
05/09/13
28. Tratamento Físico
Diminuição de peso
Realizar programas de exercícios
para manter a força muscular, a
flexibilidade das articulações e evitar
deformidades
Terapia ocupacional
05/09/13
31. Ação lenta
Glicosamina
Condroitina
Diacereína
Extratos
insaponificados de
soja e abacate
Ácido hialurõnico
Cloroquina
Necessitam mais
estudos
Sintomáticos Modificadores de doença
32. Tratamento cirúrgicoTratamento cirúrgico
As técnicas cirúrgicas empregadas
na osteoartrite são artrodese,
artroplastias, osteotomias,
desbridamento articular, liberação de
nervos periféricos, etc.
36. DEFINIÇÃO ACRDEFINIÇÃO ACR
Um grupo heterogêneo de
condições que levam a sintomas
e sinais articulares que estão
associados a defeitos da
integridade da cartilagem
articular, além de modificações
no osso subjacente e nas
margens articulares”.
37. De modo mais simples:De modo mais simples:
“ A osteoartrose é uma insuficiência qualitativa e
quantitativa da cartilagem articular associada a
alterações típicas do osso subcondral “
38. EPIDEMIOLOGIA
Acomete 3,5% da população geral
Alta prevalência- Acima dos 60 anos
10% dos indivíduos estão
acometidos
30 a 40% das consultas por queixas
músculo-esqueléticas
39. EPIDEMIOLOGIA
As doenças osteoarticulares
correspondem a 10,6% de
incapacidade das atividades
laborativas.(3º lugar-Brasil-IBGE-) A
osteoartrite corresponde a 7,8%.
6,2% das aposentadorias por
doença- (4.a causa) (Brasil)
42. PATOGENIA
Estímulos precipitantesEstímulos precipitantes
CONDRÓCITOSCONDRÓCITOS
Fissuras e depressões na cartilagem
Alterações na posição e
tamanho das fibras de
colágeno
LIBERAÇÃO DE ENZIMAS
ALTERAÇÃO DA MATRIZ EXTRACELULAR
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS
Formação de osteófitos
OSTEOARTRITEOSTEOARTRITE
Inflamação
Resposta imunológica
Proliferação celular
Matriz celular
aumentada
43. Condrócitos produzem
Mediadores pró-catabólicos
(citocinas)IL-1 e TNF alfaativam
enzimas proteolíticas(metaloproteases)
Mediadores pró-anabólicos (fatores de
crescimento)
49. PRIMÁRIA (idiopática): Ocorre na ausência de qualquer
fator predisponente conhecido e se subdivide em duas categorias,
localizada e generalizada (inclui 3 ou mais áreas).
SECUNDÁRIA: É aquela em que se reconhece uma causa
ou um fator preexistente.
EROSIVA:Também conhecida como osteoartrose inflamatória.
Acomete as articulações IFD e IFP nas mãos, com FR (fator
reumatóide negativo)
ClassificaçãoClassificação
50. v o l t a r a v a n ç a ri n í c i o
13/9/2005
Fatores de risco-OA primária
•Idade (> 50 anos de idade)
•Estresse prolongado
(ocupacional ou desportivo)
•Fatores genéticos
•Histórico de traumatismos
articulares
•Sexo feminino
•Obesidade
•Defeitos congênitos e do
desenvolvimento
51. v o l t a r a v a n ç a ri n í c i o
13/9/2005
Kashin-Beck, MseleniEndêmicas
Necrose avascular, doença de Paget,
osteocondrite
Anormalidades ósseas
GotaDoença por depósito
de cristais
Acromegalia, diabetes mellitus,
hipotireoidismo, hipertireoidismo
Endócrinas
Doença de WilsonMetabólicas
Luxação congênita de quadril,
valgo/varo
Congênitas e
de desenvolvimento
Agudas e crônicas (ocupacional e
desportiva)
Traumáticas
SECUNDÁRIA
57. Conclusão
Osteoartrite NÃO é sinônimo de
“envelhecimento”.
Freqüentemente, o paciente com
osteoartrite procura primeiro o clínico
geral. Por isso, é importante conhecê-la.
Se houver dúvidas ou complicações,
deve-se consultar o reumatologista.