O documento discute a importância da filosofia para o desenvolvimento da ciência e da psiquiatria. A filosofia forneceu a base para a atividade científica através de disciplinas como ontologia, gnosiologia e metodologia. No entanto, muitos métodos científicos atuais parecem ter esquecido essa contribuição filosófica fundamental. A filosofia continua a influenciar o pensamento científico através de tendências como o racionalismo, empirismo e positivismo.
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Vigilância filosófica
1. Vigilância Filosófica
Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr,
A Filosofia sempre forneceu a infraestrutura da atividade científica embora isto
pareça ter sido esquecido pelos autores de incontáveis procedimento científicos
atuais, especialmente no campo da Psiquiatria, que oscila entre o fenomenismo
positivista e o construcionismo.
As disciplinas filosóficas forneceram importante contribuição ao
desenvolvimento da atividade científica. Ontologia, Gnosiologia, Metodologia,
Lógica e Ética, cada disciplina filosófica tem sua história de contribuição
importante para a ciência e para cada disciplina científica em particular. O que
inclui a Psiquiatria. O entendimento de cada ciência não pode ser completo sem
que se conheça quais os conhecimentos filosóficos subjacentes a elas e qual sua
contribuição para ela. Pois, caso falte algum, pode-se duvidar de sua
cientificidade.
Definição atual da Filosofia: disciplina científica formal que estuda os conceitos e
as hipóteses mais gerais da existência e da cognoscibilidade humana.
O Conhecimento pode ser definido como a apropriação pelo sujeito cognoscente
de propriedades de um objeto material ou conceitual (este também pode ser
chamado um construto).
Primeiro, existiu o conhecimento comum ou espontâneo. Depois, surgiu a
filosofia e esta gerou todas as ciências fáticas (naturais, do homem e da
sociedade) e as formais (matemática, lógica).
Desde então existe profunda interação entre a Filosofia (alicerce de todos os
conhecimentos válidos e confiáveis) e a(s) Ciência(s) (superestrutura do
conhecimento superior).
Preliminares Ideológicas que influem nas Ciências por meio da Filosofia.
Como se vê, antes de pensar em qualquer doutrina filosófica, é necessário decidir
sobre essas questões preliminares que induzirão filosofias distintas.
Muitas tendências filosóficas (visões particulares do mundo, escolas do
pensamento filosófico, ideologias e opiniões muito difundidas explícita ou
implicitamente) se mostram capazes de exercer influência nos procedimentos de
aquisição e aplicação de qualquer conhecimento científico. Destas, algumas
reduzem o conhecimento a uma de suas fontes (sensações, raciocínios, intuição)
e, por isto são denominadas reducionismos, porque reduzem a totalidade de um
objeto a uma de suas partes.
Avaliação Ontológica
O primeiro problema fundamental da Filosofia a ser considerado aqui é
ontológico e opõe o Monismo (materialista ou idealista) e o Dualismo
Idealismo - tendência filosófica monista que sustenta a supremacia do ideal
(espíritos, ideias, palavras, intuições), o monismo idealista pretende apenas a
existência do ideal, negando todas as manifestações da matéria como ilusórias (o
idealismo monista ou solipcismo).
2. * O intuicionismo (pretende que o conhecimento provém só da intuição
(independente da sensibilidade e da razão.
O monismo materialista defende que tudo o que existe na realidade tem
substância material.
Materialismo é a filosofia monista que vê na matéria (que inclui a energia) como
expressão de tudo que existe no universo. (Marx sustenta o materialismo
dialético e Bunge, o materialismo emergentista). Os materialismos sintetizam as
anteriores (razão e sensações, raciocínio e experiência, intelecto e intuição,
análise e síntese, influências internas e externas, objetividade e subjetividade,
cognição e emoção, indução e dedução, natureza e cultura).
Avaliação Gnosiológica
O segundo problema fundamental da Filosofia a ser considerado aqui é
gnosiológico, como se conhece, e opõe o Realismo, o Racionalismo, o Empirismo,
o Nominalismo e o Fenomenismo.
O Realismo pretende que é possível conhecer as coisas que existem no mundo
real (fora da consciência) empregando os sentidos e a razão, além dos recuros
técnicos auxiliares para conhecer.
Empirismo (ou empiricismo) doutrina filosófica que pretende a experiência
representada pelos sentidos como única fonte de conhecimento; reduz o
conhecimento à sensibilidade (como em Locke, Hume, Condilac, Stuart-Mill) e, de
certa forma, inclui a Fenomenologia (Husserl, Heidegger, Jaspers), o Positivismo
(Comte) e o Neopositivismo (Carnap, Ryle, Austin, Wittgenstein, Feigl), pois
todas estas tendências filosóficas conservam o denominador comum de natureza
empiricista. Fenomenismo - tendência filosófica que tem o conhecimento como
sempre incompleto porque se resume à aparência sempre muito limitada das
coisas.
Racionalismo - Os adeptos do Racionalismo (Platão, Spinoza, Leibnitz, Kant)
pretendem que só é possível conhecer o mundo real usando a razão.
Avaliação Metodológica
O terceiros problema fundamental da Filosofia a ser ponderado aqui é
metodológico que opõe o Racionalismo ao Positivismo e este aos Antipositivistas
(psicológicos, como os psicoanalistas, e sociais) e a todos estes, os
Integracionistas (que empregam ecleticamente os anteriores, na medida da
necessidade e sem qualquer preconceito).
A Metodologia filosófica está dividida em 3 grandes grupos de tendências
doutrinárias:
√ os positivismos,
√ os antipositivismos e
√ os ecletismos
3. Os positivismos caracterizam-se por:
a) objetivismo;
b) negam influência à subjetividade no Conhecimento;
c) o conhecimento é reduz à descrição generalizadora dos fatos;
d) empregam apenas a investigação quantitativa (na observação e no
experimento) enquanto recusam qualquer método qualitativo;
e) expressam posição cientificista (centrada no método científico quantificado),
são agnósticos ou idealistas subjetivos; e
f) recusam qualquer explicação para os fatos.
Há três modalidades de antipositivismo:
Antipositivismo Psicológico,
Antipositivismo Sociológico e
Antipositivismos Eclético e Sincrético.
Os antipositivismos psicológico e sociológico se caracterizam por:
1) recusa da objetividade;
2) têm o Conhecimento como fruto da interpretação dos fatos pelos sujeitos
cognocentes;
3) negam o Conhecimento como reflexo ou cópia da realidade objetiva, mas uma
construção subjetiva que chamam representação;
4) pretendem que só a elaboraçao teórica ou interpretação dos fatos pelo sujeito
ou sujeitos cognoscente(s) lhes dá sentido;
4) preferem a investigação qualitativa, mas alguns combinam-na com a
quantitativa (sobretudo os ecléticos);
5) os antipositivistas psicológicos e sociológicos expressam as posições do
humanismo idealista ou verbalista, centrados na problemática subjetiva ou social
do ser humano (geralmente, da pessoa cognoscente).
6) nas ciências humanas são principalmente os construtivistas (sobretudo
foucautianos) e
7) na psicologia, são os psicoanalistas, principalmente os lacanianos.
Os antipositivistas integracionistas (ecléticos ou sincréticos) elementos
positivistas e antipositivistas. (como a quantidade e a qualidade, a descrição e a
explicação, a objetividade e a subjetividade) nas investigações e nas
intervenções.
4. Quando se trata de estuar classificações e medicina e em psiquiatria destacam-se
os sufixos GRAFEIN e LOGOS quando acoplados ao radical.
Regis de Morais destaca que a palavra grega logos tem dois sentidos em
português, pode significar razão e inteligibilidade, que corresponde a suas duas
dimensões conceituais: a lógica e a metodológica, a explicação racional e o
entendimento.
Regis de Morais, J.F., Ciência e Tecnologia, Ed. Cortez & Moraes, S.Paulo, 1976, p.
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