O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
Biblioterapia_Módulo 2
1. “Mire veja: o mais importante e bonito,
do mundo, é isto: que as pessoas não
estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas - mas que elas vão sempre
mudando”.
Guimarães Rosa
Módulo 2
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS
DA BIBLIOTERAPIA
3. O que é fenomenologia?
• Fenomenologia: um retorno às coisas
mesmas, o estudo das essências, sendo, em
primeira instância, descritiva, buscando
clarificar temas despojados de conceitos
preconcebidos, tal como aparecem;
• Volta-se para as essências vividas, as quais são
totalidades de sentido temporalmente
constituídas;
4. O que é fenomenologia?
Para Husserl, a consciência não é uma substância
(alma), mas uma atividade constituída por atos
(percepção, imaginação, volição, paixão etc.) com
os quais se visa a algo. Husserl chama a esses atos
de noesis. Aquilo que é visado pelos atos é
nomeado por Husserl de noema.
Cabe à fenomenologia revelar o que há de essencial
nestes atos. O traço essencial da consciência é a
intencionalidade: toda consciência “é consciência
de algo”, diz Husserl.
5. O que é fenomenologia?
Husserl propõe o conceito de redução fenomenológica, que
passa a ser central na fenomenologia: a estrutura e os
conteúdos da consciência são profundamente distorcidos
pela maneira que nos engajarmos na vida cotidiana. No
sentido de se assegurar contra teorizações, Husserl propôs
a epoché fenomenológica, ou suspensão da atitude
natural.
A redução é a operação pela qual a existência efetiva do
mundo exterior é “posta entre parênteses” para que a
investigação se ocupe apenas com as operações realizadas
pela consciência, sem se perguntar se as coisas visadas por
ela realmente existem ou não. Através da redução, Husserl
pretende “suspender” a tese do mundo natural.
6. O que é fenomenologia?
Fenomenologia: é uma descrição do vivido, é uma
narrativa das experiências da consciência no decorrer da
história; preocupa-se com a descrição do fenômeno, o
questionamento do conhecimento das ciências, a
valorização do conhecimento intuitivo das vivências, a
intencionalidade da consciência, a interpretação do
mundo, a intersubjetividade e o contexto cultural dos
sujeitos; estuda os sentimentos, os pensamentos e as
ações.
Trata-se de uma narrativa transcendental, o que significa
dizer que leva em conta o modo, ou forma temporal
segundo a qual o ser humano se constitui na natureza e
na cultura (CALDIN, p.2).
7. O que é fenomenologia?
• Investigar a leitura como função terapêutica
perpassa pela investigação sobre a linguagem,
haja vista que somente por meio desta pode-se
descrever, sistematizar e comunicar os
significados dos fenômenos, pois tudo começa
na e pela linguagem (CALDIN, p.2).
8. O que é existencialismo?
Existencialismo é uma corrente de
pensamento, cujo objeto de reflexão
filosófica é o homem, o ser-no-mundo,
construtor de seu próprio destino, mas
submetido a limitações concretas.
9. Existencialismo
Efeito das Guerras
O movimento existencialista se expande e se fortalece
justamente a partir de 1920, em vista do sofrimento,
desespero e angústia do entre guerras.
Atingiu seu auge na Europa com o desencantamento que
se seguiu da II Guerra Mundial. Depois dessa II Guerra
este movimento veio a se expandir fora do contexto
europeu, especialmente na década de 1950.
Depois de duas Guerras Mundiais, a civilização ocidental
experimentou uma falência moral. Os existencialistas
vieram responder aos temas que os homens viveram a
partir daquela época.
10. Existencialismo
• O Existencialismo é entendido como uma
doutrina filosófica sobre o homem.
• Esse pensamento se volta para a existência
concreta com a pergunta: “Quem é o homem?”
(MENDONÇA, 2013)
11. Existencialismo
• a existência é anterior à essência
O nosso jeito de ser, assim como as nossas ideias, ou as
essências, não são anteriores às coisas, pois não se acham
previamente contidas nem na inteligência de Deus nem na
inteligência do homem.
As nossas ideias e o nosso modo de existir (nossa essência)
são contemporâneos das coisas
• (as ideias não vêm antes do mundo!)
• No contato com as coisas vamos dando um sentido a elas
(intencionalidade). Elas são consideradas de um determinado
ponto de vista, universal ou particular .E quanto ao indivíduo,
ele vai se fazendo a si mesmo nas suas escolhas, no decorrer
da sua existência .
Assim, a existência humana é anterior à essência tanto
epistemológica como Ontologicamente. (MENDONÇA, 2013)
12. Existencialismo
Perspectiva antropológica do Existencialismo: temas ou problemas
característicos do ser do homem. Temas principais de que se tem ocupado o
Existencialismo:
a finitude
a contingência e a fragilidade da existência humana;
o desamparo
a alienação
a solidão
a comunicação
o segredo (o ocultamento ou elamento)
o nada
o tédio
a náusea
a angústia e o desespero
a preocupação e o projeto
o engajamento e o risco.
13. Existencialismo
• A angústia e o desespero deixam de ser sintomas
mórbidos. E assim, deixam de ser objetos da
psicopatologia, para se tornarem categorias
ontológicas que propiciam acesso á essência da
condição humana e do próprio ser.
Sartre:
“A existência precede a essência".
Frase fundamental do Existencialismo. O homem é
o único que se projeta no futuro (que pode alterar
seu jeito de ser segundo seu projeto).
14. Existencialismo
Essa responsabilidade é que gera a angústia pois
cada indivíduo está pronto a escolher tanto a si
como a humanidade, não escapa a essa situação!
Ele é livre e responsável pela sua liberdade. Somos
livres para dar sentido a qualquer coisa, mas temos
que dar sentido a alguma coisa.
Não há natureza, mas condição humana.
A necessidade de escolha sempre se impõe, ou seja,
deve sempre estar dentro dos seus projetos.
15. Existencialismo
Angústia:
É a liberdade, movendo-se, através das possibilidades,
que poderá criar ao homem um conteúdo.
Eis o que o homem, ao experimentar essa liberdade, ao
sentir-se como um vazio, experimenta a angústia da
escolha.
A liberdade da decisão inclui a liberdade de fazer o mal.
Muitas pessoas não suportam essa angústia, fogem dela
aninhando-se na má fé .
A má fé: mentir para si mesmo
16. Existencialismo
Má-fé é uma defesa contra a angústia e o
desalento, mas uma defesa equivocada.
Pela má-fé renunciamos à nossa própria liberdade
fazendo escolhas que nos afastam do nosso
projeto fundamental, atribuindo confortadamente
estas escolhas a fatores externos, ao destino, a
Deus, aos astros, a um plano universal.
Para Sartre, a má-fé é uma defesa contra a
angústia e o desalento, mas uma defesa
equivocada.
17. Existencialismo
Ao deixar de fazer uso da má fé, o individuo sente a
angústia porque ele não mente mais para si e toma
consciência de que tudo que ocorre de bom ou mal
em sua vida é responsabilidade dele, portanto, não
há ninguém responsável pelos acontecimentos de
sua vida, quer sejam eles bons ou ruins.
Toma posse da liberdade de ser!
Esta passagem do estado de má-fé para a angústia
é extremamente importante para que o sujeito
possa ser livre e tenha poder de autoria da sua vida.
19. Existencialismo
Em sua obra O ser e o tempo (1927), Heidegger supera o
conceito de consciência e propõe o conceito de Dasein. O
termo Dasein refere-se ao existir humano que se dá como
um acontecer (sein) que se realiza aí (Da), no mundo,
sendo o próprio existir que constituí o aí em que se dá a
existência.
Nesse sentido, tendo-se em vista a “finitude” humana, a
temporalidade e a historicidade serão fundamentais na
análise heideggeriana do Dasein, já que que toda
possibilidade de compreensão do existir humano
dependerá justamente da temporalidade enquanto
historicidade e finitude .
20. Existencialismo
Em Ser e Tempo, Heidegger (1989) distingue dois
planos: o ôntico e o ontológico. O ôntico é o plano
relacionado à elucidação da existência do Dasein;
ontológico é o plano da apresentação das
estruturas existenciais do ser.
As estruturas existenciais – denominadas de
Existenciais fundamentais constituintes do Dasein
são: a temporalidade, a espacialidade, o ser-com-o-outro,
a disposição, a compreensão, o cuidado
(Sorge), a queda e o ser-para-morte.
21. Existencialismo
Existenciais: São os traços fundamentais
característicos do ser humano.
• Ser-no-mundo: O homem é sempre um ser-no-mundo,
ou seja, um ser-em-situação;
• Temporalidade: Temporal significa o transitório. A
situação existencial é inseparável da
temporalidade . O tempo é o que torna possível a
unidade da existência, constituindo assim a
totalidade das estruturas do homem. No tempo,
pode superar ou transcender a si mesmo;
22. Existencialismo
• Morte: é a última possibilidade que o homem
realiza; enquanto ela não chega, falta ao
homem alguma coisa, algo que ainda será.
• Vir-a-ser ou Tornar-se: O homem é antes de
mais nada um ser de projeto. Jamais acabado!
Ele se angustia ante a liberdade de escolha e
se dá conta da sua responsabilidade por seu
destino.
23. Existencialismo
Não há uma verdade absoluta, que dê
garantias ao homem. O que existe são
possibilidades, que podem ser
concretizadas ou não, em situações
particulares. Somos colocados diante de
possibilidades para fazermos escolhas, o
que exige de nós grande responsabilidade
para assumir os riscos das consequências
de nossa decisão.
24. Existencialismo
• Angústia Existencial: Ao perceber que sua
escolha envolve não apenas a si mesmo, mas
toda a humanidade e que a responsabilidade
dessa escolha é inteiramente sua, o homem se
sentirá angustiado (os angustiados são os mais
conscientes).
• A angústia reforça o sentimento da existência,
pois é no sofrimento, mais do que na alegria, que
o homem percebe-se como consciência de si. É
através do sentimento de angústia que se
desperta no homem a “nostalgia” da libertação.
25. Existencialismo
• Existência Autêntica e Inautêntica:
A autenticidade é a própria busca por si mesmo, a
busca por tudo aquilo que nos aproxima mais e
mais de nossa condição de humano A condição
humana, diferente dos demais seres viventes, é
liberdade de decisão e a busca de sentido.
O homem passa uma parte enorme de sua
existência em busca de um sentido para sua vida. E
o encontra na vida autêntica, em que assume o seu
Ser Próprio.
26. Existencialismo
Do sentido que o homem dá à sua ação, decorre
a autenticidade e inautenticidade da sua vida. O
homem inautêntico é o que vive em função de
normas e regras pré-estabelecidas, que é
incapaz de ser original, e, portanto, está
mergulhado no anonimato. Ao contrário, o
homem autêntico é aquele que se projeta no
tempo, sempre em direção de seus projetos,
visando atingir objetivos decorrentes das suas
mais variadas necessidades.
27. Existencialismo
O ser humano, quando tem coragem para enfrentar a
angústia da insegurança e faz escolhas, agindo para
concretizá-las, pode obter êxito (vivenciando um clima de
bem-estar e tranquilidade) ou pode, também, se ver
fracassado diante de seus empreendimentos. Quando
ocorre o fracasso, o homem sente dificuldade para
encontrar um significado para sua experiência frustrada e
se auto-superar. Na medida que o homem consegue
superar tais dificuldades, ele adquiri uma compreensão
mais dinâmica de sua existência e se conscientiza, não
apenas de suas potencialidades mas, também, de seus
limites, o que o deixa mais esclarecido e amadurecido em
relação a sua condição de ser-no-mundo.
28. “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim:
esquenta e esfria, aperta, daí afrouxa, sossega e
depois desinquieta. O que ela quer da gente é
coragem”.
João Guimarães Rosa
31. Referências Bibliográficas
CALDIN, Clarice Fortkamp. A teoria merleau-pontyna da linguagem e a biblioterapia.
Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v.8, n. 2, p. 23-
40, jan./jun. 2011. Disponível
em:http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/rbci/article/view/480. Acesso em
10 out. 2013.
FRAZÃO, Francisco José de Rezende. A perspectiva Antropológica do Existencialismo.
Metanoia, São João del-Rei, n. 1, p. 65-68, 1998/1999. Disponível em:<
http://www.odialetico.xpg.com.br/revistas/Metanoia/frazao7.pdf>. Acesso em 10
jul.2014.
MENDONÇA, Marisete Malaguth. Existencialismo e gestalt-terapia. Instituto de
treinamento e pesquisa em gestalt -terapia de Goiânia-ITGT . Disponível em:
http://itgt.com.br/wp-content/
uploads/2013/01/Existencialismo_Gestalt_Terapia_Prof_Marisete.pdf. Acesso
em 02 jul. 2014.
MOREIRA, Virginia. Possíveis contribuições de Husserl e Heidegger para a clínica
Fenomenológica. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 4, p. 723-731, out./dez.
2010. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/pe/v15n4/v15n4a07>. Acesso em 05
jul. 2014.