A fenomenologia é um método de conhecimento sobre a realidade, sobre as coisas e os seres, que surgiu no início do século XX, diferenciando-se da ciência positivista, que e das teorias idealistas.
Sua metodologia propõe o retorno a um estágio pré-reflexivo, que acontece antes das representações e construções conceituais, colocando em parênteses as teorias prévias que conhecemos ao observar um fenômeno.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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2. O que é Fenomenologia?
Fenomenologia deriva de duas palavras gregas: phainomai (fenômeno) que
significa aparecer ou mostrar-se, e logos, que significa estudo, explicação ou
descrição, sendo então a descrição dos fenômenos.
O interesse da fenomenologia não é entender o mundo que existe, mas o
modo como o conhecimento do mundo se dá, como ele se realiza para cada
pessoa, para captar o fenômeno tal como é experienciado pela consciência.
A fenomenologia é um método de conhecimento sobre a realidade, sobre as
coisas e os seres, que surgiu no início do século XX. Diferencia-se da ciência
positivista, que busca universalizar e categorizar saberes, e das concepções
idealistas, que buscam estabelecer conceitos, ideias ou juízos sobre as coisas.
Sua metodologia propõe o retorno a um estágio pré-reflexivo, que acontece
antes das representações e construções conceituais.
4. Pressupostos iniciais...
O termo “fenômeno” era usada pelo filósofo alemão Immanuel Kant
(1724-1804) como a realidade que se mostra para a nossa consciência. Ele
fazia uma distinção entre o fenômeno e a coisa em si.
Segundo Edmund Husserl (1859-1938), criador da Fenomenologia, não há
esta divisão. A consciência constitui os fenômenos dando sentido às coisas,
conhecer é captar o sentido ou a significação das coisas do modo como foi
produzido pela consciência. As significações dependem do sujeito do
conhecimento.
O que chamamos “realidade”, para Husserl, não é um conjunto de coisas, mas
um conjunto de significações ou de sentidos que são produzidos pela
consciência, que constitui a realidade enquanto sistemas de significações. As
significações não são pessoais, psicológicas ou sociais, mas universais e
necessárias.
A razão é sempre subjetiva, que percebe o mundo como uma racionalidade
objetiva, o mundo só tem sentido objetivo porque a consciência dá sentido.
5. O que é Fenômeno?
Fenômeno corresponde a tudo aquilo que aparece ou surge no campo da
consciência, considerando do modo como aparece, não tendo como
aparência falsa, mas como aparência captada pela consciência.
O fenômeno é considerado do modo como ele aparece em si mesmo, onde
não há somente a representação da coisa observada, nem mesmo somente a
coisa em si, mas a coisa como é revelada à consciência.
A maneira como uma situação aparece para cada pessoa, o modo como é
vivenciado por cada indivíduo, que agrega suas próprias significações e
avaliações é fenômeno.
Fenômeno não é o mesmo que fato, por exemplo, um carro bate num ônibus
(fato), o significado deste evento para cada pessoa é um fenômeno, de modo
que terá um significado para as pessoas que estavam dentro do carro, outro
para as pessoas que estavam no ônibus, e outro para as pessoas que
passavam na rua.
6. O que é Consciência?
Para a fenomenologia, a consciência é intencional, pois toda consciência é
consciência de algo, ou seja, um ato que visa um objeto, um fato, uma ideia.
Por visar algo ou um objeto específico, com a consciência não temos apenas
as coisas e os objetos materiais que aparecem, mas todas as vivências que
envolvem as coisas que aparecem à consciência. A consciência não se torna
as coisas, mas dá significação a elas, permanecendo diferente delas.
Quando olhamos para uma mesa, temos a consciência dela enquanto mesa
percebida, não há duas vivências isoladas (a ideia de mesa e a percepção
dela). As percepções acontecem na relação entre o ser e a coisa percebida, a
consciência e a coisa não são duas entidades separadas, mas acontecem em
correlação.
A fenomenologia busca resgatar o mundo das experiências pré-reflexivas,
que é o mundo da vida, onde estão as evidências originárias. Os enunciados
teóricos só fazem sentido quando se relacionam com a vida experimentada,
e não quando fechados em si mesmos, separados da vida que vivemos.
7. Críticas ao Positivismo
No final do século XIX a ciência positivista passou a preencher o espaço da
filosofia. O método positivista, que valoriza a objetividade e a
impessoalidade, realizando pesquisas em laboratório, com a psicologia
passou a avaliar os comportamentos das pessoas, estabelecendo hipóteses e
generalizações.
Um psicólogo recebe uma pessoa com queixa de tristeza, desânimo, cansaço,
indisposição, preocupação e afastamento das atividades sociais. Em sua
atitude científica, ele elabora um diagnóstico de depressão e inicia um
tratamento, sem conhecer muito sobre a história desta pessoa, suas
referências e valores, sua construção subjetiva, ou mesmo as situações que
podem ter desencadeado esses sentimentos classificados como “depressão”.
Após a classificação, passa-se a tratar a “doença” da pessoa, e não a pessoa. O
diagnóstico e o tratamento são padrões estabelecidos por meio de análise e
comparação com outras pessoas e situações. Porém, o que garante que essa
situação seja a mesma para a pessoa que se apresenta? Por mais que a
depressão possa ter sintomas parecidos, o modo como cada pessoa vivencia
esses sentimentos é singular.
8. Empirismo e Racionalismo
A Fenomenologia critica o empirismo positivista e tenta resolver a
contradição entre corpo-mente e sujeito-objeto que se manteve desde o
filósofo racionalista francês, René Descartes (1596-1650).
O empirismo diz que o conhecimento se dá por meio da apreensão sensível
das coisas, enquanto que o racionalismo acredita que o conhecimento se dá
por meio da razão, da reflexão sobre as coisas percebidas.
Contrariando a filosofia racionalista, diz que não há pura consciência de algo
separada deste algo, porque toda consciência é consciência de alguma coisa.
E contra os empiristas, coloca que não há coisa em si, pois toda coisa é
sempre para um sujeito que lhe dá significados.
A visão positivista do século XIX é muito dependente da visão de mundo
embasada no conhecimento científico, neutro e objetivo. Já a fenomenologia
não crê na possibilidade de uma realidade em si, separada do sujeito que
conhece, a fenomenologia é uma filosofia de vivência.
11. Wilhelm Dilthey
Segundo o filósofo alemão, Wilhelm Dilthey, não podemos explicar a vida
psíquica, mas somente compreendê-la. A vida psíquica é uma totalidade
onde temos compreensão imediata.
O método compreensivo é, segundo ele, o único adequado às investigações
das ciências humanas. Compreender é a visão intuitiva de algo de dentro.
Deste modo, centra-se no fenômeno em suas próprias relações, de modo a
compreender a estrutura que envolve sua relação.
O explicar, pelo contrário, é o conhecimento por meio da causalidade desde
fora, é a explicação científica que relaciona o percebido com as leis antes
estudadas ou dividindo o que é percebido em partes que são consideradas
mais “palpáveis”.
Dilthey deixou de lado o princípio de causalidade da ciência natural e
compreendeu a vida psicológica desde o interno, segundo ele o que é
intimamente experimentado é propriamente humano. Seu intuito era tentar
captar as ligações das vivências com os significados na vida de cada um.
12. ““A natureza se explica, a vida da
alma se compreende.”
(Wilhelm Dilthey)
14. Franz Brentano foi um dos principais teóricos da psicologia no início da
psicologia científica. Ele acreditava que há profundas diferenças entre os
eventos físicos e os fenômenos psíquicos. Segundo ele, há intencionalidade
nos fenômenos psíquicos, um modo de percepção original e imediato.
Segundo ele, a consciência fenomenológica não é simplesmente a
consciência do objeto, por parte do sujeito. A consciência fenomenológica é
uma consciência da ação, pré-reflexiva. E dá-se no modo de ser anterior à
constituição das dicotomias objetivas entre sujeito e objeto.
Deste modo, propõe o retorno às experiências vividas e a descrição
autêntica delas, livre de qualquer pressuposto genético ou metafísico,
acreditando que o ato mental era mais importante do que o objeto em si.
Franz Brentano
16. Edmund Husserl
Edmund Husserl questionou sobre como se dá o conhecimento. Para ele, a
coisa em si não existe, as coisas dependem sempre de um olhar. São as
pessoas que percebem as coisas e nada existe sem a interpretação de uma
pessoa sobre algo.
Seu interesse não era buscar os ideais de coisas ou suposições sobre elas,
mas perceber como se mostra, colocando em parênteses os julgamentos e
concepções prévias sobre o que era observado. Segundo ele, não nos
encontramos primeiramente com os dados para depois perceber as coisas,
mas nos encontramos com os fenômenos, tal como eles se apresentam a nós.
Não existe a coisa em si sem a consciência que temos dela. A consciência é
sempre intencional, está constantemente voltada para um objeto, enquanto
este objeto é sempre objeto para uma consciência. Como qualquer coisa é
sempre coisa para uma consciência, nunca algo será uma “coisa em si”, mas
coisa percebida, sentida, interpretada e significada por alguém. Para Husserl,
a filosofia deveria permanecer com liberdade de pensamento e se focar nos
problemas fundamentais do ser humano.
17. ““A meta ideal da Filosofia continua
sendo puramente a concepção do
mundo, que precisamente, em
virtude de sua essência, não é
ciência. A ciência não é nada mais
do que um valor entre outros.”
(Edmund Husserl)
19. Martin Heidegger
Heidegger foi um filósofo que teve como busca elaborar uma análise da
existência do ser humano, onde existência e essência estão em relação.
Sua análise sobre a existência recebe o nome de Dasein, que significa “ser aí”,
no alemão. Neste sentido, o ser não é algo que possui uma consciência
isolada do mundo, mas um ser que está no mundo que estabelece valores e
significados por meio de sua relação com o mundo que habita.
É por meio da na analítica do Dasein que Heidegger propõe compreender o
ser através de sua existência no cotidiano. Segundo ele, a fenomenologia
tem como propósito deixar e fazer ver por si mesmo aquilo que se mostra, tal
como se mostra a partir de si mesmo.
A fenomenologia não lida com a realidade objetiva ou comum dos fatos
gerais, mas procura o entendimento do próprio fenômeno, em seu modo
mais peculiar de se mostrar nos seus contextos de mundo. Heidegger dizia
que o modo de acesso aos fenômenos é o método da fenomenologia, que não
é menos rigoroso que o das ciências físicas ou naturais, mas mais condizente
com o ente que estuda.
20. ““Dou uma pequena pista para quem
quer escutar: não se trata de ouvir
uma série de frases que enumeram
algo; o que importa é acompanhar a
marcha de um mostrar.”
(Martin Heidegger)
22. Fenomenologia
Apesar das críticas à ciência positivista, a Fenomenologia não tem como
intuito rejeitar sua contribuição, porém busca ampliar o olhar sobre a
pessoa, de modo a buscar não somente os dados científicos, mas
compreender o modos de ser, de sentir, os valores e significados próprios.
A proposta da fenomenologia sugere três níveis de mundo entre os homens:
o mundo com significados evidentes para todos; o mundo com significados
comuns que abrange um grande número de pessoas, e o mundo com
significados singulares, ou seja, únicos, exclusivos de cada pessoa. Em todos
os atos intencionais da consciência de cada pessoa, estão presentes esses
três níveis de mundo.
A intencionalidade é o que nos liga às coisas de forma experiencial, onde
atribuímos sentido e o mundo se constitui em uma trama de significados que
dizem à cada pessoa de maneira particular.
23. A redução fenomenológica
A redução é o recurso para chegar ao fenômeno como essência.
Em nossa vida cotidiana, acreditamos que o mundo e que as coisas existem
por si mesmas, independentemente de nossa presença. Essa atitude ignora a
existência da consciência como “doadora” de sentido de tudo o que a nós se
apresenta.
Para observar o fenômeno como ele se mostra, é preciso suspender ou
colocar de fora todas as nossas concepções prévias e teorias sobre a
natureza. Deste modo poderemos então acessar as essências das vivências.
A Fenomenologia é uma ciência descritiva das vivências, por meio da
descrição ingênua dos fenômenos tais como aparecem na consciência, antes
de qualquer reflexão ou conhecimento, ou de qualquer tentativa de análise
sobre eles.
24. Voltar “às coisas mesmas”
A necessidade de voltar às coisas mesmas vai no sentido de se deixar ver o
que aparece na experiência. Voltar “às coisas mesmas", segundo Husserl, é
uma busca pela aparição imediata das coisas que se mostram, sem recorrer à
teorias previamente estabelecidas sobre elas.
Neste sentido, sua intenção não é partir das coisas objetivas como procede a
ciência, mas deixar de lado qualquer teoria anterior sobre as coisas, para que
se possa permitir ver as coisas como nos aparecem em seu pleno sentido.
O retorno às coisas mesmas constitui a volta as vivências mesmas, por serem
elas o fundamento tanto das coisas objetivas e das subjetivas.
A fenomenologia tem o intuito de chegar "às coisas mesmas", no sentido dos
significados delas constituídos na subjetividade.
25. Experiência pessoal
Cada pessoa se relaciona com os fatos por meio de sua experiência e
vivências, que se funde com uma série de lembranças e sentimentos que
compõem sua história pessoal. Deste modo, cada um atribui diferentes
significados para as suas vivências.
Os significados não são estáticos, estão em transformação, podemos
desenvolver novos olhares para um fato que nos aconteceu. Com novos
olhares, é possível uma percepção mais ampla, que olha para os fenômenos e
não para os fatos.
O fenomenólogo possibilita a pessoa colocar as coisas de seu modo
experienciado, não buscando elaborar um diagnóstico, mas para
compreender os sentidos de cada um, o modo como cada situação ou fato
significa para cada pessoa. Por meio do sentido, é possível compreender o
modo de ser de cada pessoa.
O indivíduo, é um ser em constante construção e transformação, não sendo
determinado somente por sua condição física e material, mas por diversas
possibilidades e modos de ser, existir e de se pronunciar no mundo.
26. A compreensão
Cada pessoa vivencia os fatos de diferentes maneiras. Para compreender a
pessoa, não basta somente olhar para os fatos, mas compreender como cada
fato foi vivenciado para essa pessoa, quais significados que ela atribuiu para
cada situação experimentada. Compreender os fenômenos tal como se
mostram a cada pessoa demanda um olhar aberto e atento para os
significados de cada um.
O procedimento fenomenológico, busca um envolvimento existencial, um
aprofundamento na vivência descrita, deixando entre parênteses qualquer
concepção prévia sobre ela. Depois realiza um distanciamento, para refletir
sobre a vivência, sem perder de vista a própria vivência.
Trata-se de uma aproximação e um distanciamento, na busca de um
compreender mais amplo, investigando os atos intencionais da consciência
para captar o sentido dos fenômenos. Olhar fenomenologicamente é
perceber o presente, o que está acontecendo e se mostrando neste exato
momento, deixando de lado os caminhos já conhecidos da tradição, estando
aberto aos riscos do desconhecidos, a novas e possíveis percepções para
compreender o que se mostra.
28. Sensação e percepção
Para a Fenomenologia, não há diferença entre sensação e percepção, pois
nunca temos sensações parciais, separadas de cada qualidade, que depois o
espírito juntaria e organizaria como percepção de um único objeto.
Sentimos e percebemos totalidades estruturadas, com significação. Quando
olhamos para uma mesa, percebemos de uma só vez sua cor (ou cores), seu
formato, suas partes, seus pés, seu tamanho, sua textura, seu material, seu
estilo. A mesa percebida não é um bloco de qualidades separadas nem um
objeto indeterminado que espera uma relação intelectual para nomear, mas
uma mesa percebida em sua totalidade, tal como se mostra à consciência.
Não temos sensações parciais, mas percepções globais de uma forma ou de
uma estrutura. Mesmo quando percebemos formas incompletas, nossa
percepção tenta unificar e dar sentido para o que percebemos. A percepção
não é causada somente pelos objetos sobre nós, nem somente pelo nosso
olhar sobre as coisas, mas por meio da relação entre eles e nós e nós e eles. A
consciência não depende da presença da coisa, podemos ter consciência de
algo que vimos ou de algo que imaginamos, sem a presença física deste algo.
29. Loucura e razão
Alguns séculos atrás, na antiguidade grega, um louco era visto como um ser
tomado pelo divino, um mensageiro dos deuses que merecia respeito e
crédito. Hoje, contrariamente, um louco é visto como um problemático, um
doente mental, alguém que não merece crédito nem respeito. Estas
concepções afetam a interpretação pública e as interações entre as pessoas.
A sociedade moderna, desde a conceituação da loucura como doença e
problema, na Idade Média, institucionalizou seu tratamento e impulsionou
todo um estudo sistemático sobre ela, elaborando teorias sobre as doenças,
criando laboratórios, centros especializados de estudo, formação de
profissionais, desenvolvimento medicamentos, aparelhagens e hospícios,
para controlar e conter o que passou a ser tido como “problema”.
O modo como vemos a loucura associado a doença, atualmente, tem como
base uma concepção de razão. A loucura é proibida porque não se encaixa
numa forma de ser sob um modelo racional, ela não faz parte da razão que foi
supervalorizada, corresponde a outros modos de ser.
30. Fenomenologia e Psicologia
Historicamente, a psicologia foi representada por uma concepção dualista,
onde a mente abarca um ser racional e o corpo representa o desvio ou a
loucura. Neste sentido a mente seria ordenada para controlar o corpo.
Seguindo neste caminho, a psicologia foi deixando de lado o estudo do ser
humano em sua condição histórica, social e cultural, para observar somente
os fenômenos orgânicos, é isso o que propõe a psicologia científica.
Por meio da fenomenologia se procura compreender o fenômeno humano de
uma maneira diferenciada. Para compreender a pessoa, não basta conhecer
os fatos e sua situação fisiológica, mas compreender os significados do
mundo dessa pessoa e seus modos de ser, para que possa lidar com sua
situação psicológica.
Sua busca não é validar a objetividade dos fatos, mas compreender a
subjetividade de cada indivíduo.
31. Emoções e afetividade
Não há uma separação entre as emoções e o entendimento que temos das
coisas, nosso entendimento é sempre emocionado. É por meio dos estados
de ânimo que percebemos como as coisas nos afetam.
Tudo o que vemos, é visto com um estado de ânimo, e eles abrem para nós
significados existenciais e não meramente lógicos das coisas e situações. As
emoções falam de coisas diferentes e, às vezes, até contraditórias em relação
àquelas que pensamos, elas revelam o nosso efetivo envolvimento e de nossa
situação no mundo. As emoções não atrapalham nossa informação a respeito
do mundo, pelo contrário, as coisas são o que são para nós por meio das
emoções que nos envolvemos a elas.
É por meio da afetividade que nos percebemos como seres singulares.
Através das emoções tudo o que existe ganha consistência, uma vez que elas
revelam como as coisas nos afetam, como somos tocados por elas. Não
entendemos o sentido das coisas nas explicações teóricas, em princípios
morais ou legais, mas por meio das emoções. É por meio das emoções que as
coisas aparecem como são, ganham sua mais plena consistência.
33. Karl Jaspers
Karl Jaspers abandonou o método tradicional pelo fenomenológico,
ressaltando a importância da investigação fenomenológica da experiência
subjetiva de cada pessoa.
Para ele, as manifestações psicológicas não deveriam ser reduzidas somente
as suas causas, mas compreendidas por sua participação afetiva, que
considerou como reveladora de uma existência. A construção do mundo de
qualquer pessoa pode ser descrita como saudável ou enferma, isso só pode
ser de acordo com sua visão de mundo, não da nossa.
A diferença entre o ser saudável e o enfermo, psicologicamente, não
corresponde a um problema ou uma disfunção, mas a um diferente modo de
ser e de se projetar no mundo.
Deste modo, não se busca impor à existência uma estrutura teórica alheia,
mas deixar que ela mesma se manifeste, se faça fenômeno. Por essa ótica, o
que se mostra não são problemas ou disfunções, mas modos de ser de acordo
como cada existência se estrutura. Não se privilegia um modo (sano) sobre
outro (enfermo), mas se consideram os modos específicos de ser.
34. ““A filosofia busca tornar a existência
transparente a ela mesma.”
(Karl Jaspers)
35. Referências Bibliográficas
“Para uma História das Psicologias e Psicoterapias Fenomenológico
Existenciais”, Afonso Fonseca.
"Psicologia, uma (nova) introdução", Luís Cláudio Mendonça Figueiredo e
Pedro Luiz Ribeiro de Santi.
“Convite à Filosofia”, Marilena Chauí.
“Filosofando - Introdução à Filosofia”, Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria
Helena Pires Martins.
“Corpo e Existência”, Maria Lucrecia Rovaletti.
“Fenomenologia”, Rubem Queiroz Cobra.
“Introdução à Psicologia Fenomenológica”, Tommy Akira Goto.
"Psicologia Fenomenológica”, Yolanda Cintrão Forghieri.
36. por Bruno Carrasco
Psicoterapeuta existencial e professor. Graduado em Psicologia, licenciado
em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia e Psicologia
Existencial Humanista e Fenomenológica, possui especialização em
Psicoterapia Fenomenológico-Existencial, formação em Arteterapia,
Educação Popular e Educação Participativa.
Em seu trabalho busca valorizar cada pessoa em seu modo de ser singular,
colaborando para lidar com suas dificuldades e ampliar suas possibilidades
de escolha perante a vida. Acredita na liberdade de fazer escolhas
saudáveis e refazer os rumos de nossa vida, potencializando nossa
existência.
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37. ex-isto
Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo e pesquisa sobre o
existencialismo e suas relações com a psicologia, filosofia, psicoterapia,
fenomenologia, literatura e artes, iniciado no final de 2016. Criado e
mantido por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor.
Tem como intuito oferecer conteúdos que facilitem a compreensão sobre
os temas pesquisados, por meio de textos, vídeos, cursos ou livros, optando
por utilizar uma linguagem acessível, de modo a promover reflexões sobre
a subjetividade, a condição humana e suas possibilidades.
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