O documento discute estratégias argumentativas em textos, apresentando um exemplo de texto argumentativo sobre paz social. O texto utiliza quatro estratégias principais para defender a tese de que a violência gera mais violência: 1) relacionar violência à falta de condições básicas, 2) culpar a sociedade por não garantir paz, 3) definir paz social, 4) comparar situação do Brasil a países desenvolvidos.
3. Leia o texto abaixo
Paz social
Está comprovado que a violência só gera violência. A rua serve para a criança como uma
escola preparatória. Do menino marginal, esculpe-se o adulto marginal, talhado diariamente por
uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de vida.
Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto abandonado de
hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em que todos são vítimas, em
maior ou menor escala. Vítimas de uma sociedade que não consegue garantir um mínimo de
paz social.
Paz social significa poder andar na rua sem ser incomodado por pivetes. Isso porque, num país
civilizado, não existem pivetes. Existem crianças desenvolvendo suas potencialidades. Paz é
não ter medo de sequestradores. É nunca desejar comprar uma arma para se defender ou
querer se refugiar em Miami. É não considerar normal a ideia de que o extermínio de crianças
ou adultos garanta a segurança
Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não para a
escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros
fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a
diferença entre desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
É também entender a história do Brasil, marcada pelo descaso das elites em relação aos
menos privilegiados. Esse descaso é simbolizado por uma frase que fez muito sucesso na
política brasileira: caso social é caso de polícia.
A frase surgiu como uma justificativa para o tratamento dado ao trabalhador no começo do
século XX. Em outras palavras, é a mesma postura que as pessoas assumem hoje em relação
à infância carente e aos meninos de rua.
Fonte: DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 20. ed. São Paulo: Ática,
1993.
4. COMO ESTRUTURAR O TEXTO ARGUMENTATIVO
Comunicar: informar, argumentar,
COMUNICAR
convencer, persuadir, contra-
argumentar.
“fazer saber” e “fazer crer”
Escrever é também argumentar e não
só informar.
5. Texto argumentativo
Tese
Ideia que se defende
Argumentos
A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do
latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido
primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de
"argênteo", "argúcia", "arguto".
Estratégias argumentativas
Recursos utilizados para envolver o leitor/ouvinte
Credibilidade
6. Esquema de texto
Introdução:
Enunciação clara da ideia a ser defendida
Desenvolvimento
Escolha dos argumentos e das estratégias
argumentativas
Conclusão
Ratificação dos argumentos
7. Relendo...
Paz Social
Está comprovado que a violência só gera
violência. (afirmativa da tese a ser defendida de
forma explícita) A rua serve para a criança
como uma escola preparatória. Do menino
marginal, esculpe-se o adulto marginal, talhado
diariamente por uma sociedade violenta que lhe
nega condições básicas de vida.
Por trás de um garoto abandonado existe um
adulto abandonado. (primeira estratégia
argumentativa: relação de causa)
8. E o garoto abandonado de hoje é o adulto
abandonado de amanhã. (afirmativa
baseada no óbvio, senso comum) É um
círculo vicioso, em que todos são
vítimas, em maior ou menor escala. Vítimas
de uma sociedade que não consegue
garantir um mínimo de paz social. (segunda
estratégia argumentativa: culpar a sociedade
e mencionar o que o autor acredita ser a
solução = paz social)
9. Paz social significa poder andar na rua sem
ser incomodado por pivetes. Isso porque, num
país civilizado, não existem pivetes. Existem
crianças desenvolvendo suas potencialidades.
Paz é não ter medo de sequestradores. É
nunca desejar comprar uma arma para se
defender ou querer se refugiar em Miami. É
não considerar normal a ideia de que o
extermínio de crianças ou adultos garanta a
segurança. (terceira estratégia argumentativa:
definição do que o autor considera ser paz
social)
10. Entender a infância marginal significa
entender por que um menino vai para a rua e
não para a escola. Essa é, em essência, a
diferença entre o garoto que está dentro do
carro, de vidros fechados, e aquele que se
aproxima do carro para vender chiclete ou
pedir esmola. E essa é a diferença entre
desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
(quarta estratégia argumentativa:
comparação)
11. É também entender a história do Brasil,
marcada pelo descaso das elites em relação
aos menos privilegiados. Esse descaso é
simbolizado por uma frase que fez muito
sucesso na política brasileira: caso social é
caso de polícia. (quarta estratégia
argumentativa: alusão histórica, citação
popular)
12. A frase surgiu como uma justificativa para o
tratamento dado ao trabalhador no começo do
século XX. Em outras palavras, é a mesma
postura que as pessoas assumem hoje em
relação à infância carente e aos meninos de
rua. (confirmação da tese proposta baseada
na alusão histórica: a sociedade desde
antigamente não consegue garantir a paz
social)
Fonte: DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de
papel: a infância, a adolescência e os direitos
humanos no Brasil. 20. ed. São Paulo: Ática,
1993.
13. Outro exemplo:
Tempos de falsa liberdade
O toque de recolher não protege a juventude nem a sociedade. Embora venha sendo
sucessivamente adotado em várias grandes cidades brasileiras, mostra-
se como uma medida de eficiência duvidosa que mais esconde que soluciona o
problema dos jovens e as noites urbanas do Brasil.
Os primeiros anos do século XXI vêm sendo de dura repressão. Não mais como
aquela da década de sessenta [1960], tempos de ditadura, mas é uma repressão
velada, o que é pior. Fingindo pôr um fim aos problemas de drogas, alcoolismo e
violência relacionados especialmente à juventude, governantes adotam essa lei que
apenas tira de alguns o seu principal direito: a liberdade.
E tudo isso é feito para tentar esconder a incapacidade das autoridades de resolver
essa questão. É evidente que não é necessária apenas uma esquina escura para o
uso de drogas e a prostituição juvenil. A violência continua a ocorrer em qualquer
hora do dia, mesmo nos locais em que o toque de recolher foi imposto. Assim, os
índices de criminalidade entre os menores de dezoito [18] anos permanecem altos, e
as cidades continuam inseguras.
Esse é um problema que precisa ser resolvido, mas de forma mais séria. O que é
necessário é a inserção da segurança nas ruas brasileiras em todos os momentos do
dia, além da tomada de medidas que realmente impeçam o consumo de drogas e
prostituição dos jovens, sem que seus direitos sejam feridos. Destas, a principal é a
educação.
16. Entender a violência, entre outras coisas, como fruto de nossa horrenda
desigualdade social, não nos leva a desculpar os criminosos, mas poderia
ajudar a decidir que tipo de investimentos o Estado deve fazer para
enfrentar o problema: incrementar violência por meio da repressão ou
tomar medidas para sanear alguns problemas sociais gravíssimos?
(Maria Rita Kehl. Folha de S. Paulo)
Ao expor as pessoas a constantes ataques à sua integridade física e
moral, a violência começa a gerar expectativas, a fornecer padrões de
respostas. Episódios truculentos e situações-limite passam a ser
imaginados e repetidos com o fim de legitimar a idéia de que só a força
resolve conflitos. A violência torna-se um item obrigatório na visão de
mundo que nos é transmitida. O problema, então, é entender como
chegamos a esse ponto.
Penso que a questão crucial, no momento, não é a de saber o que deu
origem ao jogo da violência, mas a de saber como parar um jogo que a
maioria, coagida ou não, começa a querer continuar jogando.
(Adaptado de Jurandir Costa. O medo social.)
17. Considerando a leitura do quadro e dos textos, redija um texto dissertativo-
argumentativo sobre o tema: A violência na sociedade brasileira: como mudar
as regras desse jogo?
Instruções:
• Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e
as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione
argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista, elaborando
propostas para a solução do problema discutido em seu texto. Suas propostas
devem demonstrar respeito aos direitos humanos.
• Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da
modalidade escrita culta da língua portuguesa.
• O texto não deve ser escrito em forma de poema (versos) ou de narrativa.
• O texto deverá ter no mínimo 15 (quinze) linhas escritas.
• A redação deverá ser apresentada a tinta e desenvolvida na folha própria.
Notas do Editor
No começo, detalhes do curso e/ou livros/materiais necessários para uma aula/projeto.
Um design de programação para períodos/objetivos opcionais.
Notas introdutórias.
Objetivos da instrução e resultados esperados e/ou habilidades desenvolvidas com o aprendizado.