Organização e incorreções em textos argumentativos
1. Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
Objetivo:
Demonstrar que não existe texto ingênuo, pois sempre há uma
intenção e para que ela seja atingida, a construção do texto tem
que ser adequada, tendo Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
2. INTRODUÇÃO
“Somente o indivíduo capaz de instalar-se dentro da
sociedade em que vive, com discurso próprio, é que
poderá considerar-se parte dessa mesma sociedade e,
portanto, reivindicar seus direitos e lutar para que ela
realmente seja democrática.”
Maria Thereza Fraga Rocco
2PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
Professor Gedalias - UNIVAP
Tomando como exemplo a citação acima, pode-se afirmar que
o bom texto é aquele em que seu autor consegue passar a
mensagem, expor as ideias de forma adequada.
3. ORGANIZAÇÃODOTEXTOARGUMENTATIVO
Como organizar o texto argumentativo?
No caso do texto argumentativo, para organizá-lo de uma maneira
clara e objetiva, deve-se considerar uma estrutura básica, composta
por três partes:
Introdução: é o ponto de partida do texto, onde se apresenta, de
maneira clara, o assunto a ser tratado, ou seja, encaminha o Leitor
expondo qual a ideia a ser defendida.
Desenvolvimento: é a parte do texto em que ideias, conceitos e
informações são apresentados para comprovar o que foi exposto na
introdução.
Conclusão: é a parte do texto que resume o que já foi dito, expondo
claramente uma avaliação final do assunto discutido.
Portanto, existe uma forma já consagrada para a organização desse tipo
de texto. Consiste em estruturarmos o material de que dispomos em
três partes, momentos principais: a introdução, o desenvolvimento e a
conclusão. (INFANTE, 1998).
3
Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
4. EXEMPLODETEXTO–PARTEI
Leia o texto a seguir:
Não
O uso do piercing me passa a idéia do “ter que ter”, do ter que
usar “porque minha tribo está usando”. Algo como a caneta
Montblanc para os executivos.
Mesmo pensando na questão por um ângulo puramente
estético, o piercing não me agrada. Eu ainda prefiro, por exemplo,
os inúmeros aros no pescoço das africanas, ou os ossos e argolas
dos poucos índios que nos restam. Além de me parecerem mais
consistentes em sua beleza particular, tais enfeites têm significado
cultural que ultrapassa uma fase da vida. Sabemos que as nossas
tribos adolescentes não duram mais que alguns anos e que cada
indivíduo deverá se inserir em muitas outras “tribos” ao longo de
sua vida. As cicatrizes permanentes que os fetiches adolescentes dos
4
Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
5. EXEMPLODETEXTO–PARTEII
(CONTINUAÇÃO)
últimos tempos têm acarretado (tatuagens, piercings ou
cicatrizações) aumentam a responsabilidade dos adultos, no sentido
de reforçar no jovem a informação e o compromisso consciente
com suas escolhas, além do imediato e dos modismos, mesmo que
seja um simples piercing (simples mesmo?).
Tais escolhas passam também pelas questões relativas à
saúde, hoje cada vez mais entendida como um valor cultural.
Também me parece que, além de deixar uma marca indelével, o
piercing – dependendo do lugar em que for colocado – não é
propriamente higiênico.
Alguns entendem o uso de enfeites perfurando o corpo como
manifestação do antagonismo próprio do adolescente,
questionamento ou crítica à sociedade, ou tentativa de chocar. Para
5
Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
6. EXEMPLODETEXTO–PARTEIII
(CONTINUAÇÃO)
mim, isso carece de solidez: tem mais jeito de regras e normas, ou
apego exagerado ao modismo. O espírito transformador e crítico é a
colaboração mais rica que a juventude tem para dar à sociedade.
Sociedade que pede, hoje, atitudes prioritárias em relação à AIDS,
às drogas e à responsabilidade social, por parte de jovens mais
autônomos e mais conscientes.
Afinal... eu não gostaria que minhas filhas usassem piercings,
porque é um símbolo que definitivamente não me atrai. Mas como
essa é uma opinião pessoal, se alguma delas insistir em pendurá-los
pelo corpo, eu de minha parte vou continuar usando minha caneta
Bic, ou outra qualquer que estives à mão. (Pais e Teens, n° 3.).
6
Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
7. COMENTÁRIOGERAL
Depois de apresentar seu ponto de vista no 1º parágrafo, o
autor procura fundamentá-lo com argumentos, para isso cria três
parágrafos de desenvolvimentos das ideias e, em cada um, aborda
um aspecto.
No 2°, por exemplo, o autor trata do piercing relacionado à
estética, já no 3° parágrafo, muda o foco para o aspecto da saúde,
pois o autor vê dois tipos de perigo que envolvem o uso de piercing,
como falta de higiene, que gera problemas de saúde e cicatrizes
permanentes.
E, finalmente, como foi apresentado, é comum haver uma
conclusão, isto é, o fechamento das ideias do texto, que geralmente
o autor confirma seu ponto de vista, retomando alguns aspectos
desenvolvidos anteriormente. Sendo assim, observe o último
parágrafo do texto, pois o autor reafirma nele sua opinião sobre o
piercing, sendo contra o modismo.
7
Professor Gedalias - UNIVAP
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS
8. INTRODUÇÃO
1° parágrafo: Os piercings são um modismo.
DESENVOLVIMENTO
2° parágrafo: Os piercings não possuem valor estético, pois não
estão ligados aos valores de nossa cultura.
3° parágrafo: O jovem no futuro poderá querer mudar de
“tribo”; o piercing é anti-higiênico.
4° parágrafo: O uso do piercing não constitui uma forma
concreta de antagonismo ou de transformação social.
CONCLUSÃO
5° parágrafo: O autor afirma dar às filhas liberdade de escolha
para usar ou não piercings; pessoalmente, continuará evitando
modismos.
8
Professor Gedalias - UNIVAP
Resumindo, verificamos que o texto está assim organizado:
9. 1. Introdução embromatória
Texto com muitas palavras que dão voltas para chegar à ideia
central da frase. Esta incorreção leva a outras, pois com muitas
palavras desnecessárias fica mais fácil causar ambiguidade e
redundância.
9
Professor Gedalias - UNIVAP
Incorreções
Existe uma variedade de incorreções que os estudiosos da
comunicação listaram e nomearam. De modo geral, muitas dessas
falhas, frequentemente encontradas nos textos, principalmente nos
textos argumentativos, decorrem do uso incorreto de pronomes
relativos e conectivos em geral, do emprego de expressões
coloquiais, da redundância, da ambiguidade, da ausência de
organização das ideias, produzindo textos sem parágrafos
definidos.
As incorreções mais comuns são:
10. 2. Intromissão
Esta incorreção é muito comum nos trabalhos acadêmicos dos
alunos de terceiro grau, que ainda não desenvolveram critério
de escrita técnica. Aparece caracterizado pelo uso da primeira
pessoa, de expressões como “Do meu ponto de vista/eu acredito
que/ na minha opinião” e discurso de ordem pessoal [ideologia
e crença].
3. Abstração grosseira
Expressar-se com palavras deselegantes, ou de baixo calão,
fazendo com que ocorram julgamentos de valor, comparações e
mesmo diminuição do valor alheio [do conhecimento, das
crenças...].
10
Professor Gedalias - UNIVAP
Incorreções mais comuns...
11. 4. Ausência de objetividade
Esta incorreção é comum nas dissertações de alunos do terceiro
grau, principalmente quando escrevem sobre algo, cujo tema
não está sob total domínio de entendimento e saber. Fala-se
muito, sobrecarrega-se o texto com palavras e ao final a
mensagem não é transmitida.
5. Economia de palavras
Ao contrário da anterior, este é um problema que atinge boa
parte dos textos produzidos no dia-a-dia dos alunos de segundo
e terceiro graus. Escreve-se algo incompleto porque imagina-se
que o leitor vai adivinhar o que se quis dizer. Toda mensagem
deve estar completa em sua estrutura essencial.
11
Professor Gedalias - UNIVAP
Incorreções mais comuns...
12. 6. Uso de vícios de linguagem
Usar expressões como a nível de, no sentido de que, entre outras
que causem acúmulo de palavras sem nada acrescentar ao texto.
7. Uso incorreto dos pronomes relativos
Usar onde em qualquer situação em que não cabe o advérbio de
lugar e sim um pronome relativo [quase sempre]; usar o mesmo,
da mesma no lugar do pronome possessivo ou pronome relativo
cujo(a)s, o(a)s qual(is), entre outros.
12
Professor Gedalias - UNIVAP
Incorreções mais comuns...
8. Predominância de gerúndio (endorreia)
Uso frequente de verbos no gerúndio, quando se pode usar
verbos no presente, expressando de forma direta a ideia ou a
mensagem.