O Sermão da Sexagésima, pregado por Padre Antônio Vieira em 1655, criticava os estilos de pregação de seus contemporâneos. Vieira acreditava que a culpa pela pouca conversão ao catolicismo na época era da forma como os padres pregavam, sem seguir estritamente o texto bíblico e pregando para agradar aos homens. Ele propunha um método de pregação com uma única matéria e estilo persuasivo.
1. O Sermão da Sexagésima foi um dos mais famosos, entre tantos. Foi proferido na
Capela real de Lisboa em março de 1655. Através dele, o pregador esmerou-se
na retórica, contando com sua memória prodigiosa e rara habilidade no
domínio da palavra.
As palavras de Vieira transformaram-no em um orador digno de fé e
despertavam nos ouvintes uma paixão transformadora.
O sermão é um todo de 10 pequenos capítulos e é considerado seu mais
importante sermão: uma crítica monumental ao estilo barroco, sobretudo ao
Cultismo. Como foi pregado na Capela Real, em Portugal, podemos concluir
que o auditório era particular, composto por católicos da nobreza portuguesa
da época. O autor procura se aproximar do auditório dirigindo-lhe perguntas
que ele mesmo, o autor, responde. O autor procurou no sermão a adesão do
auditório à sua tese principal de que se não havia conversões em massa ao
catolicismo na sua época era por culpa dos pregadores de então.
2. O tema do Sermão da Sexagésima é a
“Parábola do semeador”, tirada do
Evangelho segundo São Lucas: Semen est
verbum Dei (A semente é a palavra de
Deus). Neste sermão, o Padre Vieira usa
de uma metáfora: pregar é como semear.
Vieira resume e comenta a parábola: um
semeador semeou as sementes que
caíram pelo caminho, pelas pedras ou
entre os espinhos. Apenas parte delas
caiu em terra boa. Nele Vieira usa de uma
metáfora: pregar é como semear.
Traçando paralelos entre a parábola
bíblica sobre o semeador que semeou nas
pedras, nos espinhos (onde o trigo
frutificou e morreu), na estrada (onde não
frutificou) e na terra (que deu frutos),
Vieira critica o estilo de outros
pregadores contemporâneos seus (e que
muito bem caberia em políticos atuais),
que pregavam mal, sobre vários assuntos
ao mesmo tempo (o que resultava em
pregar em nenhum), ineficazmente e
agradavam aos homens ao invés de
pregar servindo a Deus. Vieira examina a
culpa do pregador, considerando sua
pessoa, sua ciência, a matéria e o estilo de
seus sermões e sua voz.
3. No Sermão, seu autor interessava
saber o motivo de a pregação
católica estar surtindo pouco efeito
entre os cristãos. Sendo a palavra de
Deus tão eficaz e tão poderosa,
pergunta ele, como vemos tão pouco
fruto da palavra de Deus? Depois de
muito argumentar, Vieira conclui
que a culpa é dos próprios
padres. Eles pregam palavras de Deus,
mas não pregam a palavra de Deus,
afirma. Dito de outra maneira, o
jesuíta reclama daqueles que torcem
o texto da Bíblia para defender
interesses mundanos. No sermão
proferido, o Padre também procura
criticar a outra facção do Barroco,
logo a utilizar o púlpito como
tribuna política.
4. Padre Antônio Vieira, um mestre da
persuasão, ensinava que “o sermão há
de ser duma só cor, há de ter um só
objeto, um só assunto, uma só matéria”.
É a regra daunidade do discurso
persuasivo.
Pe. Antonio Vieira empregava diversos
elementos de retórica no sermão
analisado e podemos afirmar que sua
palavra produziu muito fruto, visto que
sua obra se mantêm como pensamento
válido depois de 300 anos de sua morte.
O assunto básico do sermão, à primeira
vista, é a discussão de como é utilizada a
palavra de Cristo pelos pregadores. Um
olhar mais profundo mostra que o autor
vai além do objetivo da catequese,
adotando atitude crítica da codificação da
palavra. Percebe-se, também, que o
Sermão é usado como instrumento de
ataque contra a outra facção do Barroco,
representada pelos chamados cultistas ou
gongóricos.
5. Em O Sermão da Sexagésima, Vieira expôs o
método que adotava nos seus sermões:
1. Definir a matéria.
2. Reparti-la.
3. Confirmá-la com a Escritura.
4. Confirmá-la com a razão.
5. Amplificá-la, dando exemplos e
respondendo às objeções, aos
"argumentos contrários".
6. Tirar uma conclusão e persuadir,
exortar.
Fonte:http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/s/serm
ao_da_sexagesima
6. Camilo Castelo Branco é um dos maiores autores
do Romantismo em Portugal. Em 1862, produziu seu
romance mais famoso: Amor de Perdição, uma novela
passional talvez inspirada em suas desventuras e casos
amorosos complicados, e com certeza inspirada na
peça Romeu e Julieta, de Shakespeare.
O romance conta a história de Simão Botelho e Teresa de
Albuquerque, que acabam se apaixonando e vivendo um
amor escondido, pois pertencem a duas famílias que se
odeiam. Simão e Teresa são vizinhos, e mantém um namoro
através das suas janelas, que são próximas. As famílias, em
busca de impedir o relacionamento dos dois, buscando a
todo custo arranjar o casamento de Teresa com um primo, e
vendo que não conseguiam, acabam lhe internando em um
convento.
7. Simão, após brigar com os criados
da casa do primo de Teresa,
permanece na casa de um ferreiro que
devia favores a seu pai. Mariana, a
filha do ferreiro, acaba se
apaixonando por Simão, enquanto ele
mantém o contato com Teresa por
cartas. Em uma tentativa de resgatar
Teresa, Simão acaba
baleando constituindo um triângulo
amoroso. Teresa e
Simão mantêm contato por cartas.
Este, numa tentativa de resgatar
Teresa do convento, acaba por balear
o primo de Teresa, Baltasar, e
é condenado à forca. A pena, no
entanto, não é cumprida, pois as
influências de seu pais acabam
diminuindo-a para dez anos de
degredo na Índia. Na hora do
embarque, Simão vê Teresa, que
morre tuberculosa. Nove dias depois
de viajar, Simão acaba morrendo,
também doente. Na hora que o corpo
de Simão é lançado ao mar, Mariana,
filha do ferreiro, lança-se também.
8. O romance faz parte da segunda
fase do romantismo, caracterizada
por retratar o amor
que é levado às últimas
consequências, ou seja, até a própria
morte. Como toda boa novela
passional romântica, tem um tom
muito trágico, as personagens
encontram terríveis obstáculos para
conseguirem ser felizes no amor. No
caso de Amor de Perdição, o
drama é bem semelhante ao de
Romeu e Julieta, de Shakespeare,
principalmente pelo fato de haver
rivalidade entre as famílias, e de
haver uma busca dos dois amantes
para ficarem juntos, contra todas as
forças externas que tentam separá-
los.
O narrador, identificado ao final do
livro como sobrinho de Simão, é em
terceira pessoa.