1. “Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura” –500 anos da reforma protestante
E-book – estudo / outubro de 2017 / Bruno Diniz
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4. “Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura” –500 anos da reforma protestante
E-book – estudo / outubro de 2017 / Bruno Diniz
Martinho Lutero, Eisleben, em 10 de novembro de 1483 —
Eisleben, 18 de fevereiro de 1546), foi um monge agostiniano e
professor de teologia germânico que tornou-se uma das figuras
centrais da Reforma Protestante. Levantou-se veementemente
contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando
sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser
adquirido pelo comércio das indulgências. Essa discordância inicial
resultou na publicação de suas famosas 95 Teses em 1517.
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Uma opinião pessoal
Martinho Lutero, para mim, um homem que teve coragem de
quebrar barreiras quando foi até a porta da Igreja do Castelo de
Wittemberg, em 31 de outubro de 1517, e lá leu o conteúdo do
pergaminho com suas 95 teses. Dentro do ato, Lutero não
encarnava a pretensão de dividir ou de desencadear uma revolta na
Igreja. Ele agia como um pastor preocupado com seu rebanho,
tinha a sensibilidade para ver que as almas e as atitudes das
pessoas estavam indo para caminhos duvidosos, desnorteados e
escandalosos, pelas práticas pecaminosas em nome da santa
igreja. A venda do perdão Divino era uma das praticas que Lutero
tanto combatia, pois o perdão era tratado como mercadoria, dado
as pessoas por meio de cartas de indulgência.
As teses de Lutero foram escritas em latim e são destinadas a
fomentar um debate, entre os acadêmicos não só da época, mas de
hoje também. Debate este, levantado para questionar a legitimidade
bíblica que circunda o mercado do perdão que era pratica comum
da igreja católica e que hoje ainda presenciamos em várias
denominações.
Ora, se Deus oferece o perdão ao pecador arrependido por graça e
sua infinita bondade, e pelo mérito de Jesus Cristo. Não seria
coerente seguir as teses de Lutero? Saibam que em nome de Deus
se faziam e se fazem abusos incríveis até hoje! O pagamento de
indulgencias podia livrar um pecador do castigo eterno, pessoas
falecidas ou agonizantes eram encomendadas, e os vivos podiam
ter seus pecados perdoados. Hoje não é diferente! Você paga pela
coluna sagrada do perdão, pela corrente do perdão e até para ser
“parceiro de Deus”. Martinho Lutero em sua época, como padre,
não podia crer que o líder maior da santa igreja pudesse ser
conivente com esta pratica tão obscura, cometendo em nome de
Deus um abuso de tamanha magnitude. Hoje os mesmo pastores,
bispos, líderes e missionários que comemoram os 500 anos da
reforma, são aos mesmos que distorcem as 95 teses de Lutero.
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dando continuidade a prática vergonhosa da negociata em nome de
Deus.
Opinião: Bruno Diniz
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Algumas das 95 teses de Lutero.
“Por amor à verdade e movido pelo zelo de elucidá-la, será
discutido em Wittemberg, sob a presidência do Rev. Padre Martinho
Lutero, mestre das Artes Livres e professor catedrático da santa
Teologia ali mesmo, o que se segue. Pede-se, que aqueles que não
puderem estar presentes para tratarem do assunto verbalmente
conosco, o façam por escrito.
Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
1. Quando nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo disse: Fazei
penitência, (Mt. 4:17), ele quis que toda a vida dos fiéis fosse uma
vida de arrependimento.
6. O papa não pode perdoar uma única culpa de pecado, senão
declarar e confirmar que a culpa já foi perdoada por Deus.
11. Esta ideia de transformar a pena canônica em penas do
purgatório, aparentemente foi semeada quando os bispos se
achavam dormindo.
27. Pregam futilidades humanas todos os que afirmam que tão logo
a moeda soar ao ser jogada na caixa, a alma se eleva do
purgatório.
32. Serão eternamente condenados, juntamente com seus mestres,
aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante
indulgências.
36. Todo e qualquer cristão verdadeiramente compungido tem pleno
perdão da pena e da culpa, o qual lhe pertence mesmo sem a
indulgência.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que quem dá aos pobres ou
empresta aos necessitados procede melhor do que quando compra
indulgências.
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45. Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê um
necessitado, e a despeito disto gasta o dinheiro com indulgência,
não recebe as indulgências do papa, mas atrai sobre si a
indignação de Deus.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse
conhecimento das ações dos pregadores de indulgência preferiria
ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada
com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
52. É vã a confiança de ser salvo mediante as indulgências mesmo
que o Comissário papal ou mesmo que o próprio papa empenhe
sua alma como garantia.
53. São inimigos da cruz de Cristo e do papa, todos que por causa
das indulgências, mandam silenciar completamente a Palavra de
Deus nas demais igrejas.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da
glória e da graça de Deus.
79. Afirmar que o símbolo, com a cruz de indulgências e adornado
com as armas do papa tem tanto valor como a própria cruz de
Cristo, é blasfêmia.
95. E assim, esperem mais entrar no Reino dos céus através de
muitas tribulações do que mediante consolações infundadas e este
comércio vil com o que é sagrado.”
Os efeitos da tese de Lutero foram revolucionarias para a igreja, os
acadêmicos desnudaram ao mundo esta tese naquela época,
traduzindo do latim para o alemão, e espalhando este conteúdo tão
correto diante dos escritos sagrados por toda a Alemanha e Europa.
O povo sentia que a tese de Lutero anunciava uma libertação do
jugo de um sistema clerical que, em vez de servir, dominava as
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almas dos crentes. E que hoje ocorre com muita frequência no novo
mercado da fé!
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As lutas travadas pelo monge de Wittemberg
Roma não iria se calar diante da tese de Lutero. Em 1518, Roma
tratou de perto do caso que envolvia o monge de Wittemberg.
Lutero foi chamado então para responder um processo em Roma
por conta de sua tese. Mas por interferência de Frederico o Sábio,
Príncipe da Saxônia na Alemanha, o papa consentiu que a questão
fosse tratada em Augsburgo, e para isto comissionou o Cardeal
Cajetano. Este exigia simplesmente que o réu declarasse nula sua
tese e fosse dele ouvida a frase “revogo tudo!”. Claro que Lutero
não o fez e nem concordava em fazer a vontade de Roma. Assim,
Lutero voltou a Saxônia.
Em 1519, Lutero foi a um debate teológico em Leipzig com João
Eck, professor da Universidade de Leipzig. Eck induziu Lutero a
admitir que papas e concílios podem errar e que nem tudo na
doutrina hussita era herético. Lutero esteve neste debate
acompanhado de 200 estudantes e de Felipe Melanchton, seu
amigo e discípulo.
Melanchton segundo Lutero:
“Eu sou áspero, violento, tempestuoso, e tudo o que seja hostil.
Preciso remover os tocos, cortar fora as cordas e espinhos, e limpar
a floresta selvagem; então o mestre Felipe vem suave e gentilmente
semeando e regando com alegria.”
Em 1520 Lutero escreveu três tratados de grande importância:
- Em “À Nobreza Cristã da Alemanha” - Lutero pede que a
Alemanha se una contra os abusos de Roma.
- Em “No Cativeiro Babilônico da Igreja” - Lutero ataca as doutrinas
não bíblicas da Igreja romana, especialmente os sacramentos
extras.
- Em “A Liberdade de um Cristão” ele enfatiza o sacerdócio de
todos os crentes.
A degradação e abusos cometidos pela Igreja era algo muito visível,
ia em sentido contrário não somente a tese de Lutero, mas contra
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as próprias Escrituras Sagradas. A igreja se afastava da pureza de
seus princípios em nome do dinheiro. O dinheiro e o lucro com o
negócio da fé eram tão grandes que a igreja estimulava
peregrinações a santuários que colecionavam relíquias sagradas na
maioria dos casos, objetos falsificados com o objetivo de manterem
os devotos contribuindo com o suposto “plano divino” comprando as
tais relíquias por onde passavam. A igreja estava decadente,
ensinava que se um fiel peregrinasse ate um dos tantos santuários
especiais espalhados pela Europa, receberia também uma especial
indulgencia perdoando-lhe os pecados. Assim, não era mais o
sangue de Jesus que tinha poder para perdoar os pecados, mas
uma multiplicidade de obras ou tarefas, (quase como os “12
trabalhos de Hercules” na mitologia grega) que o “fiel” pudesse
fazer ou comprar.
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As relíquias formaram uma espécie de colecionismo.
Como colecionador e historiador, eu não poderia deixar de lembrar
das relíquias religiosas. Elas fizeram parte da história no tempo de
Lutero. As peregrinações e caminhos percorridos pelos fieis, eram
repletas de santuários com relíquias “sagradas” de pessoas mortas
consideradas santas por parte da igreja.
Houve uma grande competição para ver quem conseguiria
colecionar as mais curiosas e importantes relíquias. Por mais
macabra que fossem, eram muito procuradas e Lutero viveu para
presenciar tudo isso. As peças eram realmente inusitadas: dentes,
ossos, objetos pessoais, tecidos de roupas manchados de sague,
cabelos e unhas. As coleções eram enormes e excêntricas, pois
quanto mais fiel, mais diversificada e numerosa a coleção. As
relíquias eram comercializadas a valores muito altos, isso atraia
peregrinos endinheirados e estimulava doações vultuosas, além do
comércio das relíquias. Existiam na época de Lutero, doze cabeças
de João Batista espalhadas por toda Europa, tidas como
verdadeiras, pedaços da cruz de Cristo suficientes para se construir
até mesmo uma ponte!
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Exurge Domine
Em Leipzig, no ano de1519, Lutero afirmaria publicamente que os
concílios da Igreja e o próprio papa poderiam se equivocar. Tal
afirmação causou uma reação de Roma. Agora, em Worms, Lutero
comparece, convocado a se humilhar e renegar tudo que havia
escrito e ensinado diante do Imperador. Quando diante de Carlos V
lhe perguntaram se ele se retrataria, ele apenas replicou:
“A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras…
não posso e não retratarei nada… Aqui eu permaneço. Eu não
posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém”.
Sentindo-se desafiado por Lutero, a resposta do papa a estas
exposições bem intencionadas foi a “Bula de Excomunhão” –
Exurge Domine -, isto é, um comunicado oficial, “passado em nome
de Deus”, de que Lutero seria excomungado da Igreja, se, dentro de
60 dias, não revogasse o que havia escrito e ensinado.
A bula mandava que todos os livros do herege Lutero fossem
queimados, o que se fez realmente em algumas cidades, como em
Colônia e Mongúncia. As afirmações de Lutero em Leipzig deram-
lhe a sua excomunhão da Igreja. Agora sua atitude em Worms deu-
lhe também o seu banimento do Império. Em todo o império todos
estavam proibidos de defendê-lo ou de ler seus escritos. Para
salvar a vida dele, Frederico o sábio, príncipe da Saxônia, raptou
Lutero a fim de protegê-lo no castelo Wartburg. Lá ele foi confinado
por quase um ano, durante o qual ele traduziu o Novo Testamento
do grego para o alemão popular, um trabalho de grande importância
para a Reforma alemã.
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Os profetas de Zwickau
Lutero retornou para Wittemberg na primavera de 1522 para
resolver os problemas criados pelos “profetas” de Zwickau, certos
irmãos fanáticos e desequilibrados que radicalizavam a Reforma e
pregavam uma revolução destrutiva contra todo tipo de autoridade.
Esse movimento de Reforma mudou a Europa e todo o Cristianismo
de modo profundo e definitivo.
A Reforma que eclodiu na Alemanha foi usada por Deus para
deflagrar uma profunda reforma na Igreja. Lutero era um homem
firme em suas ações, mas por algum motivo ou temor, não seguiu
tão profundamente em sua reforma. Ele agiu até onde pode ver a
luz (poeticamente falando).
Os conceitos de Lutero de uma Igreja Estatal, junto com o seu apoio
dado às autoridades civis para esmagar sem misericórdia os
camponeses numa rebelião na qual mais de 100.000 pessoas
perderam suas vidas quando se revoltaram contra as injustiças
sociais e econômicas do país, custou a Lutero muito da sua
popularidade entre os camponeses, dos quais um bom número veio
a se tornar anabatista.
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“Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura”
As Dietas (Assembléias) de Spira em 1526 e 1529 e por fim a “Paz
de Augstburgo” em 1555 finalmente concederam tolerância aos
protestantes. Infelizmente, tanto os luteranos quanto os católicos
uniram sua hostilidade contra os anabatistas, próxima fase da
restauração de Deus que estava destinada a emergir dentro da
cristandade.
De qualquer maneira a Reforma Protestante iniciada em 31 de
outubro de 1517 em Wittemberg na Alemanha foi um poderoso e
maravilhoso mover Soberano de Deus. As afirmações de “Sola
Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura” – Apenas a Graça, a fé e a
Escritura, começaram a levar a Igreja de volta ao cristianismo puro
e simples do primeiro século. A verdade básica de “Salvação pela
Fé” tornou-se o fundamento maior que une todas a denominações
cristãs, protestantes da terra.