Este documento discute o trabalho de um estudante sobre o pregador português Padre António Vieira e sua forma revolucionária de pregar. O estudante analisa um sermão específico de Vieira e busca entender os motivos de seu sucesso como orador.
1. Disciplina: Cultura e Literatura Portuguesa
Docente: Professor Paulo Pires do Vale
Tema: A pregação de Padre António Vieira
Licenciatura: Educação Básica
- 2ºano Dia 3º Semestre
Ano Lectivo: 2016 / 2017
Trabalho Realizado por: Sofia Guadalupe Atamoros Matzinger nº3374
2. Introdução
O meu trabalho é sobre Padre António Vieira e a sua forma de pregar. Estava indecisa
entre escolher Fernando Pessoa e Padre António Vieira. Se tivesse escolhido realizar
este trabalho sobre Frenando Pessoa teria sido um grande desafio pois teria de
mentalizar-me e procurar motivos pelos quais é tão louvado, que eu não consigo
verificar, principalmente no seu pensamento. Não escolhi pois teria de analisar um
poema, tive medo de não aproveitar toda a informação que trás um poema e de realizar
um trabalho incompleto.
Escolhi então realizar o ensaio acerca de Padre António Vieira pois é-me fascinante a
sua forma de ensinar e ralhar com as pessoas de forma políticamente correta. Tem uma
fantástica oratória e escelente forma de cativar todo o tipo de classes sociais de pessoas.
Com este trabalho pretendo saber quais foram os motivos pelos quais Padre António
Vieira foi um pregador tão revoltoso. Acredito que tenha a ver com várias experiências
de vida e pela época onde viveu. É possível que tenha sido demasiado moderno para sua
época, como acontece com todos os escritores portugueses com obras-primas para
compartir. Gostaria de saber de onde prevém a capacidade da rétorica, de ensino do bem
e da sua forma de persuação.
3. Desenvolvimeto
Padre António Vieira, nasceu a 1608 em Lisboa e de jovem mudou-se para o Brasil
devido à invasão Holandesa a Portugal. Estudo num Colégio de Jesuítas para ser padre.
Viveu no século do estilo Barroco, onde se vivenciava uma supremacia Ibérica. O
Barroco é caracterizado por ter mais sensações do que razão e uma vida mais metafórica
do que realista. Ao mesmo tempo, deram-se grandes avanços no conhecimento do
mundo Físico.
António Vieira era português, jesuíta, missionário, político e um grande orador. É
conhecido por lutar contra a opressão e injustiças. Ao viajar para o Brasil, decidiu
dedicar-se aos escravos, negros e índios. Gostou de Brasil porque podia evangelizar e
converter almas em várias populações. Tornou-se contra o reinado português ao
defender os índios. Fez o seu contributo na contra-reforma católica pois não achava
correto que a população tivesse que pagar para o salvamento das almas dos familiares
falecidos. A inquisição acabou por retirar-lhe o prazer de ser pregador e esteve preso em
casa.
Como se pode verificar nos sermões de Padre António Vieira, podemos verificar que
este utiliza a argumentação como defesa do seu raciocínio e da sua maneira de pensar.
Deve-se decidir qual é a população alvo e a sua finalidade é convencer esta população:
persuadí-la e influenciá-la a mudar de opinião acerca de um determinado tema.
Aristóteles acreditava na “arte de bem falar”. Este utilizava a retórica para expor os
princípios da oratória e da arte de falar em público. Por muitos séculos, a expressão oral
era uma forma privilegiada de divulgar ideias religiosas, argumentos políticos e
judiciais.
Ao verificarmos a importância das obras de Padre António Vieira e o que faz de
conjuntos de sermões a obras-primas literárias, é a profunda ligação que este cria entre o
texto e a vida real, ou seja, com circunstâncias verdadeiras e historicamente
comprovadas. A professora catedrática da Universidade de Lisboa acredita que o
sermão de António Vieira é uma forma de criar moralidade e espiritualidade como
instrumentos fundamentais na vida política e social. Padre António Vieira consegue
desenvolve de forma simples os acontecimentos e problemas da sociedade portuguesa e
brasileira: guerra de Holanda contra portugal (Sermão da Santo António), preocupação
económica, luta em defesa dos índios, etc...
4. No Sermão da Sexagésima, Padre António Vieira usa a retótica pois pretende
ensinar como pregar um sermão que seja um discurso persuasivo, com
possibilidades de convencer e com motivos de converter os ouvintes. Explicita a
definição da ação de pregar, ou seja, quais os motivos, causas e como se deve fazer
para ser bem sucedido. Afirmou que, num sermão, apenas se deve tratar um assunto
(muitos baralham a mensagem que se pretende dar). Informa que há que marcar um
fim, um objetivo. Há que organizá-la por conceitos para que se distinga. Deve-se dar
uma razão e contra-argumentá-la e, posteriormente dar um exemplo para que esta
seja comprovada. Posteriormente deve-se explicar as causas e clarificar dúvidas que
possam surgir. No fim, como conclusão, deve-se voltar a falar do tema da
mensagem, deixar pontos chave, indicar o que devemos mudar como cidadãos, há
que convencer e concluir o sermão. Podemos ver que as regras da retórica são as
mesmas para usar qualquer orador, no entanto o que encanta de António Vieira é a
sua forma de pôr em prática, revela a sua inteligência pela forma como coloca as
palavras, de fundamentar argumentos e de explorar os temas de forma a que todo o
tipo de classe de pessoas possam receber a mensagem pretendida. Na sua escrita
verifica-se que tem uma grande vontade de ensinar qualquer coisa às pessoas, quer
deixar uma marca dele em todas as comunidades e obter uma boa consequência nas
pessoas. Nos seus sermões gostava de “criticar” o mundo para que as pessoas
mudassem os seus comportamentos e maus hábitos. Muitas vezes acabava por ser
ofensivo.
Sermão de Santo António aos Peixes:
No início do sermão, Padre António Vieira explicar as razões porque a terra –
população está corrupta. Ao colocar a frase: “Vós sois o sal da Terra” o pregador
informa que a culpa de haver corrupção é do sal – pregadores ou da Terra – ouvintes. Se
a culpa for do sal, é porque os pregadores não pregam bem o sermão. Podem estar a
dizer uma coisa e fazer outra ou podem estar a dar-se mais importância a eles mesmos
do que a Deus. Se a culpa for da Terra, é porque os ouvintes não querem receber a
mensagem, copiam os pregadores e não a sua mensagem ou porque servem os seus
pecados e não a Deus.
Após esta explicação, Padre António Vieira começa identificar os defeitos da
população em geral apenas faz de conta que está a falar para vários peixes nos mares.
5. Esta é uma táctica para que os ouvintes não se sintam ofendidos e possam entender o
que devem mudar nos seus comportamentos. No entanto, antes disso, descreve as
qualidades que os peixes têm e os seres humanos não. Tais como: ouvem mas não
falam; forma criados por Deus antes que os seres humanos, existem em maior número,
obedecem sem questionar, demosntram respeito de devoção para com Deus, não são
domesticáveis, etc.
Também fala de cada tipo de peixe e seus defeitos (dando referência que são defeitos
humanos) e dá repreensões a todos os peixes. No geral, o Padre queixa-se de que se
comem uns aos outros e se deviam ajudar e que o peixe maior come o peixe mais
pequeno (lei da sobrevivência) o que não é justo pois os peixes pequenos também têm
as suas próprias qualidades. Acerca de cada peixe na sua singularidade, Padre António
Vieira afirma que:
Os roncadores mesmo sendo pequenos, roncam bastante. Este peixe destina-se às
pessoas arrogantes.
Os pegadores, como são pequenos, colam-se aos peixes maiores. Padre fala de quem é
oportunista e quem é parasita da sociedade.
Os voadores são peixes que saltam muito altos. António Vieira critica-os pois pensam
que são aves e por esse motivo, muitas vezes caiem em cima de barcos pescadores. A
ganância mata-os, simboliza os vaidosos.
Os polvos não são feios e parece que não fazem mal a ninguém, no entanto é traiçoeiro,
mau e hipócrita acabando por atrair às suas presas com o seu encanto e devora-os sem
misericórdia.
Padre António Vieira acaba o sermão sendo familiar para que consiga estabelecer uma
proximidade entre os ouvintes e o pregador.
6. Conclusão
Com este trabalho aprendi que Padre António Vieira tinha um grande coração e que
a sua vontade de ajudar os menos favorecidos superava o seu patriotismo.
Descobri que até à data de hoje é dado na escola e é muito louvado porque tens
muitas lições e críticas à cerca do mundo e da sociedade que nos ensina valores e
formas de amar.
Posso verificar que ler um Sermão de Padre António Vieira é ler um clássico pois
dispõem dos mesmos ideias. Desejam ensinar algo ao mundo.
7. Referências Bibliográficas
Manuais escolares do ensino secundário:
- Elisa Costa Pinto, Paula Fonseca e Vera Saraiva Baptista (2014), Plural 11, Português,
Curso Científico-humanísticos, Raiz Editora
- Olga Magalhães e Fernanda Costa (2007), Entre Margens, Português 11ºano, Porto
Editora
Seus ideais:
“Em defesa dos Índios”, texto de Rosário Sá Coutinho na National Geographic (2002)
Definição de Pregar:
“O Sermão e a Árvore”, Padre António Vieira, Sermão sa Sexagésima, Pregado na
Capela Real em Lisboa (1655)
A Retórica;
“O texto argumentativo”, Guia de aprendizagem do ESRUC (1998)
Importância das obras de Padre António Vieira:
“Vieira Pregador”, Maria Lucília Gonçalves Pires, Professora catedrática da Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa
Sermão de Santo António aos Peixes:
http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/11_sermao_s_a_peixes_d.htm