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BARROCO
Síntese Gráfica
SITUAÇÃO HISTÓRICA
Na tentativa de recuperar o seu prestígio bastante abalado socialmente, a Igreja organiza a
Contra-Reforma e funda a Companhia de Jesus, objetivando a aproximação do homem ao seu criador.
Desta forma, desencadeia-se um novo processo religioso com apelo aos valores espirituais em que a
finalidade era a salvação da alma.
Por outro lado, nasce a filosofia racionalista de Descartes e Newton em contraste com o espírito
da Contra-Reforma e espalhando-se por toda a Europa.
Assim, na tentativa de conciliar o celestial e o terreno, o material e o espiritual surge o Barroco,
movimento alicerçado na dualidade existencial do momento.
O porquê do nome
O termo barroco origina-se na pintura e na arquitetura e aparece por assemelhar-se a uma pérola
de superfície irregular disforme, com várias faces. Justificam-se, a partir daí, o contraste, o conflito, a
irregularidade da arte barroca.
2
CARACTERÍSTICAS DO BARROCO
1. FUSIONISMO
Tentativa de reconciliação de coisas opostas, conflitantes (matéria X espírito; paganismo X
cristianismo; pureza X pecado; pecado X perdão). Daí a preferência pelas antíteses.
“A vós correndo vou, Braços Sagrados
Nessa Cruz Sacrossanta descobertos,
Que para receber-me estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados”.
(Versos de Gregório de Matos, nos quais se procura conciliar o pecado com o perdão, o amor com o castigo).
2. VALORIZAÇÃO DO MISTICISMO
Apesar da dúvida e do pessimismo, o homem barroco teme a Deus e, mesmo gozando os prazeres
mundanos, está com o espírito voltado para Ele.
“Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa Glória”.
(Reconhecendo-se pecador, o poeta apela para Deus, numa atitude de humildade e respeito. Observe que as letras
maiúsculas salientam ainda mais o espírito místico).
3. A TRANSITORIEDADE DA VIDA
A vida é passageira, portanto é preciso gozá-la. (Epicurismo)
“Goza, goza a flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh! não aguardes que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.
(O poeta adverte uma bela mulher, a fim de que ela goze a juventude).
4. TRANSITORIEDADE DO SENTIMENTO
Ninguém ama, nem odeia, nem se ilude, nem é bom por toda a vida. O sentimento passa como passa
a própria vida.
“Nenhum amor dura tanto que chegue a ser velho. Mas esta interpretação tem contra o exem-
plo de Jacó com Raquel, e outros grandes, ainda que poucos. Pois se há também amor que dure
muitos anos, por que no-lo pintam os sábios sempre menino? Pinta-se o amor sempre menino,
porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à Idade do uso da razão”.
(Vieira)
CARACTERÍSTICAS DE FORMA
A literatura barroca distingue-se pela abundância de ornatos, pela elaboração formal, pelo estilo
trabalhado e decorativo. Entre os recursos, destacam-se:
a) antítese d) hipérbato
b) paradoxo e) comparação
c) metáfora f) hipérbole
3
AS CORRENTES DO BARROCO
CULTISMO: (poesia)
Formalismo que se distingue pelo jogo de palavras, de construções e de imagens. Uma tentativa de
aristocratização da linguagem.
“O alegre dia entristecido
O silêncio da noite perturbado,
O resplendor do sol todo eclipsado
E o luzente da lua desmentido”.
CONCEPTISMO: (prosa)
A imagem se torna sutil pelo jogo das ideias e dos conceitos.
“Quem ama porque conhece, é amante; quem ama porque ignora, é néscio. Assim como a
ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento”.
LINHA DE TEMPO DO BARROCO LITERÁRIO BRASILEIRO: SÉCULO XVII
1601 publicação da PROSOPOPÉIA de Bento Teixeira
poesia de Gregório de Matos
prosa de Padre Vieira
MÚSICA DO PARNASO (1705) de Manoel Botelho de Oliveira
fundação da Academia Brasileira dos Esquecidos (1724)
1768 publicação de OBRAS POÉTICAS de Cláudio Manuel da Costa
AUTORES DO BARROCO
1) GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA
(Salvador, 1633 — Recife, 1696)
TRAÇOS ESTÉTICOS
• A obra poética de Gregório de Matos pode ser dividida em três partes:
1a
) poesia de circunstância: aquela que se volta para a realidade circundante, o meio social, a
cidade, o Recôncavo baiano. Nesta parte podemos incluir a sátira social (a crise econômica da sociedade
do açúcar, a debilitação das Câmaras, a ascensão do negociante português, a opressão colonial
portuguesa), a graciosa (referência a acontecimentos pitorescos, folguedos, festas, divertimentos da
Bahia), e a poesia encomiástica (caráter elogioso e de experimentação formal).
2a
) poesia amorosa: a poesia lírico-amorosa e a que se pode chamar de erótico-irônica (também
com aspectos satíricos, sempre ligados a motivos de sexualidade).
3a
) poesia religiosa: onde Gregório tematiza a culpa e o perdão, a ideia da vida como trânsito (Tema
do "carpe diem") diluindo todas as noções de estabilidade e equilíbrio.
2) Pe. ANTONIO VIEIRA
(Lisboa, 1608 — Salvador, 1697)
OBRA
Sermões; Cartas
Arte de Furtar; Quinto Império; História do Futuro; Clavis Prophetarum.
TRAÇOS ESTÉTICOS
• Sua obra revela uma perfeita conciliação entre os fundamentos de sua formação jesuítica e o
estilo de época barroco tanto nos Sermões, como nas Cartas.
4
• Virtuosidade na expressão sutil, no fraseado de intrincada estrutura lógica, carregada de
alegorias e antíteses.
• O melhor exemplo de conceptismo na literatura da língua portuguesa: imagens muito rica,
representando perfeitamente a substância das coisas, dos sentimentos e da condição humana nas suas
relações com Deus.
• Sermões que mais interessam ao leitor brasileiro: Sermão da Sexagésima (proferido na Capela
Real de Lisboa (1655), onde Vieira expõe sua arte de pregar, teorizando sobre o oratório e o orador
Sacros); Sermão do Primeiro Domingo da Quaresma (pregado no Maranhão, em 1653. O orador tenta
persuadir os colonos a libertarem os indígenas); Sermão XIV do Rosário (pregado em 1633 na Irmandade
dos Pretos de um engenho baiano, onde equipara os sofrimentos de Cristo aos dos escravos negros);
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda e Sermão de Santo Antonio aos
peixes.
• Extraordinária capacidade didática, recursando-se da criação de um diálogo fictício com os
ouvintes, referindo-se constantemente a fatos concretos, envolvendo emocionalmente os ouvintes com
descrições realistas e tocantes.
• Atenção para a cuidadosa organização de raciocínio que caracteriza os sermões de Vieira:
inicialmente propõe um problema, depois desdobra esta proposição, mostrando a interdependência de
suas partes. Em seguida, levanta uma hipótese, demonstrando-a ou justificando-a; confirmada a hipótese
esta é transformada em tese. Normalmente, Vieira ainda dá um reforço, rejustificando a tese. Assim, o
raciocínio de Vieira pode ser representado por um círculo, porque volta sempre ao ponto de partida.
• Vieira, muitas vezes, desenvolve seu raciocínio em vários círculos através de vários argumentos,
que se encadeiam, aprisionando cada vez mais o tema dentro dos limites ou perspectivas que ele pretende.
• No Sermão da Sexagésima, Vieira dá a fórmula de seus sermões:
"Há que tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para
que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o
exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias que se hão de seguir,
com os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer às dificuldades,
há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários, e depois disso há de
colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar".
• Apesar de se proclamar conceptista, atacando o cultismo, por exemplo, nestas palavras: "Este
desventurado estilo que se usa hoje, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam
chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro e negro braçal
e muito cerrado. (...)
... (...) os pregadores cultistas ficam a motivar desvelos, a acreditar empenhos, a requintar finezas, a
lisonjear precipícios, a brilhar auroras, a derreter cristais, a desmaiar jasmins, a toucar primaveras e outras
mil indignidades destas(...)", Vieira, entretanto, muitas vezes incorreu em tais vícios em seus sermões,
usando antíteses, promovendo a escavação semântica das palavras, trocadilhos ("Ah Pregadores! os de cá,
achar-vos-eis com mais Paço; os de lá, com mais passos...").
• utilização do método parenético: pensava todas as possibilidades que surgiam na cabeça dos
outros e as derrubava; pensava todas as soluções possíveis, recolhia-as e concluía, desarmando o ouvinte
(ou o leitor).
• Sermão da Sexagésima: desagravo contra os dominicanos, criticando-os através da arma da
ironia, à maneira de pregar e tornando-os suspeitos de falso zelo apostólico.
5
EXERCÍCIOS
01. “Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo. Para inteligência desta amorosa verdade,
havemos de supor outra não menos certa, e é que, no mundo e entre os homens, isto que vulgarmente
se chama amor, é ignorância. Pintaram os Antigos, ao amor menino. E a razão, dizia em o ano
passado, que era porque nenhum amor dura tanto que chegue a ser velho”.
O texto exemplifica:
01) a prosa conceptista do Padre Antônio Vieira.
02) a forma cultista do Barroco.
03) o exagero do estilo barroco, conhecido por Barroquismo.
04) a obra religiosa de Gregório de Matos.
05) o cultismo de Bento Teixeira.
02.
I
“Lembra-te Deus que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te”.
II
“A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabanas e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro”.
E considerando esses dois excertos de Gregório de Matos, pode-se afirmar:
01) No trecho I há sentimento de culpa por parte do homem.
02) No trecho I o homem busca o perdão de Deus.
03) No trecho II há predominância lírica.
04) Gregório de Matos é lírico em ambos os poemas.
03. No texto, o uso da antítese representa, perante a estética barroca:
01) o desequilíbrio formal
02) o rebuscamento formal
03) os exageros formais
04) o dualismo conflitante
05) o desleixo formal
04. Qual a característica barroca não determinada no poema?
01) transitoriedade da vida
02) dualismo
03) contradições
04) conflitos
05) gozos mundanos
05. No plano existencial, o poema questiona a vida nos seus aspectos:
01) exteriores e lógicos
02) interiores e perenes
03) efêmeros e absurdos
04) místicos e conflitantes
6
05) materialistas e temporais
TEXTO
(Gregório de Matos)
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão, em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente;
E quem um Anjo vira tão luzente;
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
06. Em que verso se dá, através de um verbo, a síntese dos dois atributos: anjo e flor - o espiritual e o
material?
01) "anjo no nome, Angélica na cara"
02) "isso é ser flor, e Anjo juntamente"
03) "ser Angélica flor e Anjo florente"
04) "em quem, senão em vós, se uniformara"
05) "sois anjo, que me tenta, e não me guarda"
07. O poema define a mulher como síntese:
01) de prazeres mundanos
02) de beleza material
03) de beleza espiritual
04) de beleza inacessível
05) de beleza espiritual e material
08. Os ouvintes de entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a ouvir sutilezas, a esperar
galanterias, a avaliar pensamentos, e às vezes também a picar a quem os não pica. Aliud cecidit inter
spinas: O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o picaram a ele; e o mesmo sucede cá.
Cuidais que o sermão vos picou a vós, e não é assim; vós sois os que picais o sermão. Por isto são
maus ouvintes os de entendimentos agudos. Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque
um entendimento agudo pode-se ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma agudeza com outra maior;
mas contra vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque quanto
as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra.
VIEIRA, Antônio. In: Vieira – Trechos escolhidos por Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Agir, 1971. P. 78-9.
Para Vieira, o bom ouvinte é aquele que:
01) se vê nos bons exemplos evidenciados no sermão.
02) busca compreender o que está nas entrelinhas do sermão a fim de condenar os que erram.
03) não se sente atingido pelas palavras ouvidas, fortalecendo, assim, ainda mais a sua vontade.
04) se mostra flexível em face do sermão ouvido, o que torna possível a frutificação das palavras.
05) se destaca pelo espírito investigador, pois, dessa forma, tira maior proveito das palavras ouvidas.
TEXTO
Soneto
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
7
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
MATOS, Gregório de. In: Poemas escolhidos. São Paulo:
Círculo do Livro, s/d. p. 32.
09. É um traço barroco presente no texto:
01) Culto do contraste.
02) Valorização do misticismo.
03) Sensação de instabilidade.
04) Presença do dualismo: pureza x pecado.
05) Preocupação com a miséria da condição humana.
10. No soneto,
01) os termos "rapa" (v. 1) e "carepa" (v. 2) pertencem à mesma classe gramatical.
02) a palavra "se" (v. 2) tem função apassivadora.
03) as palavras "maior" (v. 4) e "menos" (v. 7) são formas comparativas irregulares.
04) a expressão "da nobreza" (v. 5) exerce função adverbial.
05) o vocábulo "o" (v. 11) possui valor demonstrativo.
11. (Folha de São Paulo/ADAPTADA)
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
(Gregório de Mattos)
Assinale a alternativa INCORRETA:
01) Esse soneto de contrição faz parte da lírica religiosa de Gregório e segue o modelo conceptista.
02) Nesse soneto, percebemos os meandros do raciocínio engenhoso de um pecador que advoga sua
causa, procurando convencer a Deus que merece o seu perdão.
03) O poema começa com uma sincera confissão de culpa: "Pequei, Senhor". Mas esse tom de
humildade, próprio de quem se arrepende, é logo substituído pela frieza do raciocínio, pela
esperteza de uma argumentação que tenta provar o direito ao perdão.
8
04) O soneto é um excelente exemplo das contradições do espírito barroco em que convivem a
humildade e a pequenez do homem diante de Deus, num ato de contrição (o teocentrismo contra-
reformista), unidas, paradoxalmente, ao orgulho e à altivez da inteligência (antropocentrismo).
05) A autoconfiança do eu-lírico chega ao ponto do desafio do pecador a Deus na última estrofe, o
que mostra que, embora soneto pareça pertencer ao gênero lírico religioso, na verdade ele é
satírico, pois ironiza a fraqueza de Deus.
12. (UFV-MG/ ADAPTADA)
Goza, goza da flor da mocidade
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toada a flor a sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
Os tercetos ilustram:
01) uma poesia que fala de uma existência mais materialista que espiritualista, própria da visão de
mundo nostálgica cultista.
02) a presença do tom subjetivo e ameno, pois o poeta utiliza símbolos da natureza para exaltar a
existência humana.
03) o estilo pedagógico da poesia barroca, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres
maduras.
04) o caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do século XVI, sustentando uma crítica à
preocupação feminina com a beleza.
05) o jogo metafórico próprio do Barroco, a respeito da fugacidade da vida exaltando o gozo do
momento presente.
Gabarito
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 – 01 05 04 05 03 04 05 04 01
1 05 05 05 – – – – – – –
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  • 1. 1 BARROCO Síntese Gráfica SITUAÇÃO HISTÓRICA Na tentativa de recuperar o seu prestígio bastante abalado socialmente, a Igreja organiza a Contra-Reforma e funda a Companhia de Jesus, objetivando a aproximação do homem ao seu criador. Desta forma, desencadeia-se um novo processo religioso com apelo aos valores espirituais em que a finalidade era a salvação da alma. Por outro lado, nasce a filosofia racionalista de Descartes e Newton em contraste com o espírito da Contra-Reforma e espalhando-se por toda a Europa. Assim, na tentativa de conciliar o celestial e o terreno, o material e o espiritual surge o Barroco, movimento alicerçado na dualidade existencial do momento. O porquê do nome O termo barroco origina-se na pintura e na arquitetura e aparece por assemelhar-se a uma pérola de superfície irregular disforme, com várias faces. Justificam-se, a partir daí, o contraste, o conflito, a irregularidade da arte barroca.
  • 2. 2 CARACTERÍSTICAS DO BARROCO 1. FUSIONISMO Tentativa de reconciliação de coisas opostas, conflitantes (matéria X espírito; paganismo X cristianismo; pureza X pecado; pecado X perdão). Daí a preferência pelas antíteses. “A vós correndo vou, Braços Sagrados Nessa Cruz Sacrossanta descobertos, Que para receber-me estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados”. (Versos de Gregório de Matos, nos quais se procura conciliar o pecado com o perdão, o amor com o castigo). 2. VALORIZAÇÃO DO MISTICISMO Apesar da dúvida e do pessimismo, o homem barroco teme a Deus e, mesmo gozando os prazeres mundanos, está com o espírito voltado para Ele. “Se uma ovelha perdida, já cobrada, Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada; Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa Glória”. (Reconhecendo-se pecador, o poeta apela para Deus, numa atitude de humildade e respeito. Observe que as letras maiúsculas salientam ainda mais o espírito místico). 3. A TRANSITORIEDADE DA VIDA A vida é passageira, portanto é preciso gozá-la. (Epicurismo) “Goza, goza a flor da mocidade, Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toda flor sua pisada. Oh! não aguardes que a madura idade Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”. (O poeta adverte uma bela mulher, a fim de que ela goze a juventude). 4. TRANSITORIEDADE DO SENTIMENTO Ninguém ama, nem odeia, nem se ilude, nem é bom por toda a vida. O sentimento passa como passa a própria vida. “Nenhum amor dura tanto que chegue a ser velho. Mas esta interpretação tem contra o exem- plo de Jacó com Raquel, e outros grandes, ainda que poucos. Pois se há também amor que dure muitos anos, por que no-lo pintam os sábios sempre menino? Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à Idade do uso da razão”. (Vieira) CARACTERÍSTICAS DE FORMA A literatura barroca distingue-se pela abundância de ornatos, pela elaboração formal, pelo estilo trabalhado e decorativo. Entre os recursos, destacam-se: a) antítese d) hipérbato b) paradoxo e) comparação c) metáfora f) hipérbole
  • 3. 3 AS CORRENTES DO BARROCO CULTISMO: (poesia) Formalismo que se distingue pelo jogo de palavras, de construções e de imagens. Uma tentativa de aristocratização da linguagem. “O alegre dia entristecido O silêncio da noite perturbado, O resplendor do sol todo eclipsado E o luzente da lua desmentido”. CONCEPTISMO: (prosa) A imagem se torna sutil pelo jogo das ideias e dos conceitos. “Quem ama porque conhece, é amante; quem ama porque ignora, é néscio. Assim como a ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento”. LINHA DE TEMPO DO BARROCO LITERÁRIO BRASILEIRO: SÉCULO XVII 1601 publicação da PROSOPOPÉIA de Bento Teixeira poesia de Gregório de Matos prosa de Padre Vieira MÚSICA DO PARNASO (1705) de Manoel Botelho de Oliveira fundação da Academia Brasileira dos Esquecidos (1724) 1768 publicação de OBRAS POÉTICAS de Cláudio Manuel da Costa AUTORES DO BARROCO 1) GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA (Salvador, 1633 — Recife, 1696) TRAÇOS ESTÉTICOS • A obra poética de Gregório de Matos pode ser dividida em três partes: 1a ) poesia de circunstância: aquela que se volta para a realidade circundante, o meio social, a cidade, o Recôncavo baiano. Nesta parte podemos incluir a sátira social (a crise econômica da sociedade do açúcar, a debilitação das Câmaras, a ascensão do negociante português, a opressão colonial portuguesa), a graciosa (referência a acontecimentos pitorescos, folguedos, festas, divertimentos da Bahia), e a poesia encomiástica (caráter elogioso e de experimentação formal). 2a ) poesia amorosa: a poesia lírico-amorosa e a que se pode chamar de erótico-irônica (também com aspectos satíricos, sempre ligados a motivos de sexualidade). 3a ) poesia religiosa: onde Gregório tematiza a culpa e o perdão, a ideia da vida como trânsito (Tema do "carpe diem") diluindo todas as noções de estabilidade e equilíbrio. 2) Pe. ANTONIO VIEIRA (Lisboa, 1608 — Salvador, 1697) OBRA Sermões; Cartas Arte de Furtar; Quinto Império; História do Futuro; Clavis Prophetarum. TRAÇOS ESTÉTICOS • Sua obra revela uma perfeita conciliação entre os fundamentos de sua formação jesuítica e o estilo de época barroco tanto nos Sermões, como nas Cartas.
  • 4. 4 • Virtuosidade na expressão sutil, no fraseado de intrincada estrutura lógica, carregada de alegorias e antíteses. • O melhor exemplo de conceptismo na literatura da língua portuguesa: imagens muito rica, representando perfeitamente a substância das coisas, dos sentimentos e da condição humana nas suas relações com Deus. • Sermões que mais interessam ao leitor brasileiro: Sermão da Sexagésima (proferido na Capela Real de Lisboa (1655), onde Vieira expõe sua arte de pregar, teorizando sobre o oratório e o orador Sacros); Sermão do Primeiro Domingo da Quaresma (pregado no Maranhão, em 1653. O orador tenta persuadir os colonos a libertarem os indígenas); Sermão XIV do Rosário (pregado em 1633 na Irmandade dos Pretos de um engenho baiano, onde equipara os sofrimentos de Cristo aos dos escravos negros); Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda e Sermão de Santo Antonio aos peixes. • Extraordinária capacidade didática, recursando-se da criação de um diálogo fictício com os ouvintes, referindo-se constantemente a fatos concretos, envolvendo emocionalmente os ouvintes com descrições realistas e tocantes. • Atenção para a cuidadosa organização de raciocínio que caracteriza os sermões de Vieira: inicialmente propõe um problema, depois desdobra esta proposição, mostrando a interdependência de suas partes. Em seguida, levanta uma hipótese, demonstrando-a ou justificando-a; confirmada a hipótese esta é transformada em tese. Normalmente, Vieira ainda dá um reforço, rejustificando a tese. Assim, o raciocínio de Vieira pode ser representado por um círculo, porque volta sempre ao ponto de partida. • Vieira, muitas vezes, desenvolve seu raciocínio em vários círculos através de vários argumentos, que se encadeiam, aprisionando cada vez mais o tema dentro dos limites ou perspectivas que ele pretende. • No Sermão da Sexagésima, Vieira dá a fórmula de seus sermões: "Há que tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer às dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários, e depois disso há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar". • Apesar de se proclamar conceptista, atacando o cultismo, por exemplo, nestas palavras: "Este desventurado estilo que se usa hoje, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro e negro braçal e muito cerrado. (...) ... (...) os pregadores cultistas ficam a motivar desvelos, a acreditar empenhos, a requintar finezas, a lisonjear precipícios, a brilhar auroras, a derreter cristais, a desmaiar jasmins, a toucar primaveras e outras mil indignidades destas(...)", Vieira, entretanto, muitas vezes incorreu em tais vícios em seus sermões, usando antíteses, promovendo a escavação semântica das palavras, trocadilhos ("Ah Pregadores! os de cá, achar-vos-eis com mais Paço; os de lá, com mais passos..."). • utilização do método parenético: pensava todas as possibilidades que surgiam na cabeça dos outros e as derrubava; pensava todas as soluções possíveis, recolhia-as e concluía, desarmando o ouvinte (ou o leitor). • Sermão da Sexagésima: desagravo contra os dominicanos, criticando-os através da arma da ironia, à maneira de pregar e tornando-os suspeitos de falso zelo apostólico.
  • 5. 5 EXERCÍCIOS 01. “Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo. Para inteligência desta amorosa verdade, havemos de supor outra não menos certa, e é que, no mundo e entre os homens, isto que vulgarmente se chama amor, é ignorância. Pintaram os Antigos, ao amor menino. E a razão, dizia em o ano passado, que era porque nenhum amor dura tanto que chegue a ser velho”. O texto exemplifica: 01) a prosa conceptista do Padre Antônio Vieira. 02) a forma cultista do Barroco. 03) o exagero do estilo barroco, conhecido por Barroquismo. 04) a obra religiosa de Gregório de Matos. 05) o cultismo de Bento Teixeira. 02. I “Lembra-te Deus que és pó para humilhar-te, E como o teu baixel sempre fraqueja Nos mares da vaidade, onde peleja, Te põe à vista a terra, onde salvar-te”. II “A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabanas e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro”. E considerando esses dois excertos de Gregório de Matos, pode-se afirmar: 01) No trecho I há sentimento de culpa por parte do homem. 02) No trecho I o homem busca o perdão de Deus. 03) No trecho II há predominância lírica. 04) Gregório de Matos é lírico em ambos os poemas. 03. No texto, o uso da antítese representa, perante a estética barroca: 01) o desequilíbrio formal 02) o rebuscamento formal 03) os exageros formais 04) o dualismo conflitante 05) o desleixo formal 04. Qual a característica barroca não determinada no poema? 01) transitoriedade da vida 02) dualismo 03) contradições 04) conflitos 05) gozos mundanos 05. No plano existencial, o poema questiona a vida nos seus aspectos: 01) exteriores e lógicos 02) interiores e perenes 03) efêmeros e absurdos 04) místicos e conflitantes
  • 6. 6 05) materialistas e temporais TEXTO (Gregório de Matos) Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor e Anjo florente, Em quem, senão, em vós, se uniformara: Quem vira uma tal flor, que a não cortara, De verde pé, da rama florescente; E quem um Anjo vira tão luzente; Que por seu Deus o não idolatrara? Se pois como anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. 06. Em que verso se dá, através de um verbo, a síntese dos dois atributos: anjo e flor - o espiritual e o material? 01) "anjo no nome, Angélica na cara" 02) "isso é ser flor, e Anjo juntamente" 03) "ser Angélica flor e Anjo florente" 04) "em quem, senão em vós, se uniformara" 05) "sois anjo, que me tenta, e não me guarda" 07. O poema define a mulher como síntese: 01) de prazeres mundanos 02) de beleza material 03) de beleza espiritual 04) de beleza inacessível 05) de beleza espiritual e material 08. Os ouvintes de entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a ouvir sutilezas, a esperar galanterias, a avaliar pensamentos, e às vezes também a picar a quem os não pica. Aliud cecidit inter spinas: O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o picaram a ele; e o mesmo sucede cá. Cuidais que o sermão vos picou a vós, e não é assim; vós sois os que picais o sermão. Por isto são maus ouvintes os de entendimentos agudos. Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque um entendimento agudo pode-se ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma agudeza com outra maior; mas contra vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque quanto as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra. VIEIRA, Antônio. In: Vieira – Trechos escolhidos por Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Agir, 1971. P. 78-9. Para Vieira, o bom ouvinte é aquele que: 01) se vê nos bons exemplos evidenciados no sermão. 02) busca compreender o que está nas entrelinhas do sermão a fim de condenar os que erram. 03) não se sente atingido pelas palavras ouvidas, fortalecendo, assim, ainda mais a sua vontade. 04) se mostra flexível em face do sermão ouvido, o que torna possível a frutificação das palavras. 05) se destaca pelo espírito investigador, pois, dessa forma, tira maior proveito das palavras ouvidas. TEXTO Soneto Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
  • 7. 7 O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa, E mais não digo, porque a musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. MATOS, Gregório de. In: Poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 32. 09. É um traço barroco presente no texto: 01) Culto do contraste. 02) Valorização do misticismo. 03) Sensação de instabilidade. 04) Presença do dualismo: pureza x pecado. 05) Preocupação com a miséria da condição humana. 10. No soneto, 01) os termos "rapa" (v. 1) e "carepa" (v. 2) pertencem à mesma classe gramatical. 02) a palavra "se" (v. 2) tem função apassivadora. 03) as palavras "maior" (v. 4) e "menos" (v. 7) são formas comparativas irregulares. 04) a expressão "da nobreza" (v. 5) exerce função adverbial. 05) o vocábulo "o" (v. 11) possui valor demonstrativo. 11. (Folha de São Paulo/ADAPTADA) Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. (Gregório de Mattos) Assinale a alternativa INCORRETA: 01) Esse soneto de contrição faz parte da lírica religiosa de Gregório e segue o modelo conceptista. 02) Nesse soneto, percebemos os meandros do raciocínio engenhoso de um pecador que advoga sua causa, procurando convencer a Deus que merece o seu perdão. 03) O poema começa com uma sincera confissão de culpa: "Pequei, Senhor". Mas esse tom de humildade, próprio de quem se arrepende, é logo substituído pela frieza do raciocínio, pela esperteza de uma argumentação que tenta provar o direito ao perdão.
  • 8. 8 04) O soneto é um excelente exemplo das contradições do espírito barroco em que convivem a humildade e a pequenez do homem diante de Deus, num ato de contrição (o teocentrismo contra- reformista), unidas, paradoxalmente, ao orgulho e à altivez da inteligência (antropocentrismo). 05) A autoconfiança do eu-lírico chega ao ponto do desafio do pecador a Deus na última estrofe, o que mostra que, embora soneto pareça pertencer ao gênero lírico religioso, na verdade ele é satírico, pois ironiza a fraqueza de Deus. 12. (UFV-MG/ ADAPTADA) Goza, goza da flor da mocidade Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toada a flor a sua pisada. Oh não aguardes, que a madura idade Te converta essa flor, essa beleza Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Os tercetos ilustram: 01) uma poesia que fala de uma existência mais materialista que espiritualista, própria da visão de mundo nostálgica cultista. 02) a presença do tom subjetivo e ameno, pois o poeta utiliza símbolos da natureza para exaltar a existência humana. 03) o estilo pedagógico da poesia barroca, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres maduras. 04) o caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do século XVI, sustentando uma crítica à preocupação feminina com a beleza. 05) o jogo metafórico próprio do Barroco, a respeito da fugacidade da vida exaltando o gozo do momento presente. Gabarito 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 – 01 05 04 05 03 04 05 04 01 1 05 05 05 – – – – – – –
  • 9. 9