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BARROCO 
1. O que foi o Barroco? Quais suas coordenadas históricas? 
Movimento artístico e literário característico do final do século XVI até meados do século XVII. Nesse período 
ocorreu a Reforma Protestante, movimento de contestação à doutrina da Igreja Católica ocorrido no séc. XVI 
(1517), cujo principal líder foi Martinho Lutero, provocou mudanças não só religiosas mas também em outros 
setores da vida europeia. Favoreceu a formação dos Estados nacionais, ao propor que cada nação se libertasse 
do poder do papa. A Igreja Católica se organizou com a Contrarreforma (1543), movimento que visava 
fortalecer a vida espiritual. 
O momento histórico pelo qual passava Portugal – Morte de D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir e 
anexação do reino à Espanha- fizeram com que o otimismo humanista e a crença nas ações do homem 
entrassem em declínio e abrissem brecha para uma regressão ao conceito medieval de culpa e danação da 
alma. Não que esse tivessem perdido sua importância, porém, frente à decadência histórica e política do país 
e das consequências do levante protestante – divisões, guerras, contestação dos fundamentos da Igreja 
Católica, aliados à fase mais negra da Inquisição durante a Contrarreforma, é possível de se entender melhor 
como pensava e agia o homem barroco e, por conseguinte, qual era o tipo de literatura que produzia. 
2. Como a condição do homem é apresentada no Barroco? 
No Barroco, o artista estava em constante conflito entre os ideais antropocêntricos aprendidos no 
Renascimento e os teocêntricos que pautaram a concepção religiosa da Idade Média, dividindo-se ora entre os 
valores da carne e do espírito, do bem e do mal, do pecado e da virtude, da vida e da morte, do erotismo e do 
ascetismo. A experiência da religião e de Deus para o homem barroco já não era a mesma, ele havia 
experienciado os arroubos do Humanismo e já havia aprendido quais eram suas potencialidades. Porém, a 
culpa e o pecado nascidos de sua compreensão de que os excessos de valorizar a si e suas capacidades humanas 
– muitas vezes, esquecendo-se de Deus – gerou uma angústia nascida da culpa de reconhecer-se novamente 
falho, pecador e mortal. 
3. Como estilo literário, como podemos caracterizar o Barroco? O que são o cultismo e o conceptismo 
dentro desse contexto? 
As obras produzidas nesse período refletem como o Homem da época se sentia, dividido entre os bens 
terrestres e os celestes, ansiando pela espiritualização e por Deus e, ao mesmo tempo, sendo tentado pelas 
coisas do mundo. Dividido entre o amor idealizado e os desejos da carne, angustiado, sentindo-se culpado por 
seus pecados e e com uma visão pessimista da vida. Assim é constante a presença de uma linguagem 
rebuscada, com exageros, uso constante de figuras de linguagem como antíteses, paradoxos, hipérboles, 
metáforas, bem como repetições e jogos de palavras (cultismo) e de frases extensas, complexas, com 
conceituações e explicações pautadas nas contradições, argumentações e contra argumentações constantes, 
contendo, no final, sínteses e fechos de ouro (conceptismo). 
Para conceituar cultismo e conceptismo adequadamente: 
“O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de 
palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de 
poesia cultista: 
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram 
O todo sem a parte não é todo; 
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte, 
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos) 
Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo 
um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a 
uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista: 
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, 
não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. 
Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira) 
¹mister: necessidade de, precisão.” 
Conceitos disponíveis em:http://www.soliteratura.com.br/barroco/barroco03.php 
4. Na poesia barroca brasileira, destaca-se a obra de Gregório de Matos. Quem foi ele? Por que era 
chamado de O Boca do Inferno? 
Gregório de Matos Guerra (1623-1696), nasceu na Bahia, estudou em Colégio Jesuíta, formou-se “doutor em 
leis” em Coimbra, foi exilado em Angola e morreu no Brasil. Era de família abastada, muito religiosa, e Matos, 
ao bom estilo barroco, era um homem dividido entre a religião e a boemia, que frequentava muitíssimo, sendo 
também muito conhecido por sua vida desregrada. Foi, durante um período curto de sua vida, religioso, vida 
para qual, reconhecidamente sabia não servir. Destacado como grande poeta barroco, é reverenciado por sua 
obra místico-religiosa, bem como a erótico-amorosa, porém, sua obra satírica é o que o torna respeitado, 
temido e imortal: denunciava a hipocrisia da época através de poemas onde ataca os governantes e até a Igreja. 
Por causa disso, granjeou a fama de “Boca do Inferno”, e exercício pelo qual acabou quase sendo enfocado e 
mais tarde exilado. 
5. Quais as características da obra poética de Gregório de Matos? 
A obra poética de Gregório de Matos além dos poemas de Natureza Satírica em que ataca e denuncia a 
hipocrisia da Bahia colonial, tem as seguintes características: 
1. Angústia Místico-religiosa: o homem dividido entre o pecado e a virtude, entre os bens terrenos e os 
celestes, entre as vaidades humanas e o castigo de Deus 
Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te, 
Te põe à vista a terra, onde salvar-te. 
Te lembra hoje Deus por sua Igreja, 
Alerta, alerta pois, que o vento berra, 
De pó te faz espelho, em que se veja 
E se assopra a vaidade, e incha o pano, 
A vil matéria, de que quis formar-te. 
Na proa a terra tens, amaina, e ferra. 
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, 
Todo o lenho mortal, baixel humano 
E como o teu baixel sempre fraqueja 
Se busca a salvação, tome hoje terra, 
Nos mares da vaidade, onde peleja, 
Que a terra de hoje é porto soberano. 
2. Angústia erótico-amorosa: o homem dividido entre o erotismo e o amor puro, entre o pecado da carne e a 
pureza do espírito (Lembrem-se que aqui, as contradições do amor apontadas por Camões – inutilidade de 
conciliar desejo carnal e amor platônico são desconsideradas e tomados como pecado). 
O Amor é finalmente 
quem diz outra coisa, é besta. 
um embaraço de pernas, 
Ardor em firme coração nascido; 
uma união de barrigas, 
Pranto por belos olhos derramado; 
um breve tremor de artérias. 
Incêndio em mares de água disfarçado; 
Uma confusão de bocas, 
Rio de neve em fogo convertido: 
uma batalha de veias, 
Tu, que em um peito abrasas escondido; 
um rebuliço de ancas; 
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado; 
Quando cristal, em chamas derretido 
3. A angústia existencial : o pessimismo presente na noção de que o tempo passa depressa demais – fugacidade 
do tempo – e nascido também das incertezas da vida: 
Discreta e formosíssima Maria, 
Goza, goza da flor da mocidade, 
Enquanto estamos vendo a qualquer hora, 
Que o tempo trata a toda a ligeireza, 
Em tuas faces a rosada Aurora, 
E imprime em toda a flor sua pisada. 
Em teus olhos e boca, o Sol e o dia: 
Oh não aguardes que a madura idade 
Enquanto com gentil descortesia, 
Te converta essa flor, essa beleza, 
O ar, que fresco Adônis te namora, 
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. 
Te espalha a rica trança brilhadora, 
Quando vem passear-te pela fria… 
6. Quem foi padre Antonio Vieira e qual sua importância para o Barroco brasileiro? 
Padre Antonio Vieira (1608-1697), religioso, filósofo, escritor, orador e grande pregador, foi responsável pelo 
desenvolvimento da prosa no Período Barroco brasileiro. Vieira nasceu em Lisboa. Com sete anos veio para 
o Brasil, onde entrou para a Companhia de Jesus. Após a Restauração (1640), voltou a Portugal, tornou-se 
confessor do rei D. João IV e foi nomeado para várias embaixadas diplomáticas no estrangeiro. Foi um 
pregador eloquente, no entanto, sua crença sebastianista e a defesa dos cristãos-novos, do capitalismo judaico 
e dos indígenas custaram-lhe uma condenação pela Inquisição e a proibição de pregar durante alguns anos. 
Voltou ao Brasil em 1681 e dedicou seus últimos anos à compilação de seus sermões. Sua obra divide-se em: 
a) profecias (que encerram um patriotismo exacerbado): História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis 
Prophetarum, em que profetiza para Portugal o destino de Quinto Império do Mundo, previsto, segundo ele, 
na Bíblia, no Livro de Daniel. 
b) cartas: cerca de 500 em que trata de questões políticas importantes, como o tratamento dado pela Inquis ição 
aos cristãos-novos e o relacionamento entre Portugal e Holanda, entre outras. 
c) sermões: são cerca de 200 sermões conceptistas, entre os quais se destacam: o Sermão de Santo Antônio 
aos Peixes (proferido no Maranhão em 1654). Nele, critica a escravidão dos indígenas; Sermão pelo Bom 
Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda (proferido na Bahia em 1640), em que faz pregação 
contra os holandeses, que ameaçam invadir Salvador; Sermão do Mandato (proferido na Capela Real de Lisboa 
em 1645), em que desenvolve o tema do amor místico; Sermão da Sexagésima (proferido na Capela Real de 
Lisboa em 1653), nele apresenta uma teoria da arte de pregar na qual critica o gongorismo dos padres 
dominicanos. 
7. O que são Os Sermões de Padre Antônio Vieira e como se estruturam? 
Os Sermões, são a compilação em livro, de suas principais pregações em eventos religiosos importantes. 
Sobre a estruturação dos sermões, saibam que: 
“Dá-se o nome de sermões a textos de cunho religioso que transmitem algum tipo de ensinamento ou dogma 
católico. Os sermões do Padre Antônio Vieira ganharam destaque pela argumentação bem estruturada, pelo 
grande poder de retórica, com o domínio de palavras e a habilidade da fala de Antônio Vieira. 
O sermão barroco tem como principal objetivo demonstrar uma posição moral através de imagens que, 
associadas a um fato ou a uma citação da Bíblia, pudessem ser símbolos da posição a ser defendida. Por isso, 
o autor do sermão precisa ter um grande domínio do uso de metáforas e prosopopeias, típicas do movimento 
barroco. Antônio Vieira era um mestre nesse processo.” Disponíve l 
em:< http://redes.moderna.com.br/2012/07/18/os-sermoes-de-antonio-vieira/> Acesso em 05 de nov. 2013.
ARCADÍSMO 
1. O que foi o Arcadismo? Quais suas coordenadas históricas? 
Arcadismo, Neoclassicismo ou Setecentismo foi um movimento literário iniciado em 1756, com a fundação 
da Arcádia Lusitana, e encerrado em 1825, com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett. Surgido 
numa época de modificações político econômico-sociais radicais, o Arcadismo insurgiu-se contra os exageros 
barrocos e propôs uma volta aos ideais clássicos de arte e vida. Em Portugal foi um período marcado por 
intensa atividade crítica e doutrinária em prosa e no qual, literariamente, floresceu somente a poesia. Tendo 
a Arcádia, uma região montanhosa do Peloponeso, Grécia como modelo de vida e referência de bem viver. 
Um dos seus montes, o Mênalo, era celebrado pelos poetas por ser consagrado a Apolo, deus da inspiração e 
condutor das musas. A Arcádia era também uma região de pastores. 
Na Europa, sobretudo na França – onde as academias se mutiplicaram –, toda a segunda metade do século 
XVIII foi marcada pelo espírito científico, baseado na razão, na observação e na experimentação. Os 
resultados da revolução técnica iniciada no Renascimento apareceram nesse momento, quando a burguesia, 
finalmente, se afirmou como força não só econômica, mas também politicamente dominante. 
Os sócios da Arcádia deviam adotar pseudônimos pastoris e tinham por divisa o dístico Inutilia truncat (corta 
o inútil), isto é, os exageros, o rebuscamento e a extravagância barrocos deveriam ser cortados para a literatura 
voltar ao equilíbrio dos clássicos. Inspirados em Horácio, procuravam nas suas poesias seguir alguns 
princípios: 
• fugere urbem (fugir da cidade): influenciados 
•aurea mediocritas (áurea mediocridade): exaltação 
pela teoria do “bom selvagem” de Rousseau, os 
da simplicidade, do equilíbrio conseguido em 
árcades voltavam-se para a natureza, vista como 
contato com a natureza. 
lugar de perfeição, para aí 
. locus amoenus (lugar aprazível) : prega o contato 
levar uma vida simples, bucólica, pastoril; 
com a natureza, em lugares aprazíveis, 
•carpe diem (aproveita o dia): postura comum no 
bucólicos, onde é possivel comungar com a 
Arcadismo, que consiste em aproveitar ao máximo 
natureza e para onde o poeta convida sua musa a 
o momento presente; 
passear e admirar a natureza. 
2. Como estilo literário, como podemos caracterizar o Arcadismo? 
As características fundamentais do Arcadismo são: 
1) uma reação aos excessos e exageros do período 
Barroco; 
2) volta aos modelos clássicos, com a retomada da 
mitologia como elemento estético; 
3) simplicidade como forma de reação aos exageros 
da linguagem barroca; 
4) poesia bucólica, pastoril; 
5) fingimento poético: uso de pseudônimos 
pastoris. 
Referência bibliográfica: 
Língua portuguesa: teoria e prática / coordenador Deocleciano 
Torrieri Guimarães. – São Paulo : Rideel, 2006.

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Material de apoio trabalho de sala literatura

  • 1. BARROCO 1. O que foi o Barroco? Quais suas coordenadas históricas? Movimento artístico e literário característico do final do século XVI até meados do século XVII. Nesse período ocorreu a Reforma Protestante, movimento de contestação à doutrina da Igreja Católica ocorrido no séc. XVI (1517), cujo principal líder foi Martinho Lutero, provocou mudanças não só religiosas mas também em outros setores da vida europeia. Favoreceu a formação dos Estados nacionais, ao propor que cada nação se libertasse do poder do papa. A Igreja Católica se organizou com a Contrarreforma (1543), movimento que visava fortalecer a vida espiritual. O momento histórico pelo qual passava Portugal – Morte de D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir e anexação do reino à Espanha- fizeram com que o otimismo humanista e a crença nas ações do homem entrassem em declínio e abrissem brecha para uma regressão ao conceito medieval de culpa e danação da alma. Não que esse tivessem perdido sua importância, porém, frente à decadência histórica e política do país e das consequências do levante protestante – divisões, guerras, contestação dos fundamentos da Igreja Católica, aliados à fase mais negra da Inquisição durante a Contrarreforma, é possível de se entender melhor como pensava e agia o homem barroco e, por conseguinte, qual era o tipo de literatura que produzia. 2. Como a condição do homem é apresentada no Barroco? No Barroco, o artista estava em constante conflito entre os ideais antropocêntricos aprendidos no Renascimento e os teocêntricos que pautaram a concepção religiosa da Idade Média, dividindo-se ora entre os valores da carne e do espírito, do bem e do mal, do pecado e da virtude, da vida e da morte, do erotismo e do ascetismo. A experiência da religião e de Deus para o homem barroco já não era a mesma, ele havia experienciado os arroubos do Humanismo e já havia aprendido quais eram suas potencialidades. Porém, a culpa e o pecado nascidos de sua compreensão de que os excessos de valorizar a si e suas capacidades humanas – muitas vezes, esquecendo-se de Deus – gerou uma angústia nascida da culpa de reconhecer-se novamente falho, pecador e mortal. 3. Como estilo literário, como podemos caracterizar o Barroco? O que são o cultismo e o conceptismo dentro desse contexto? As obras produzidas nesse período refletem como o Homem da época se sentia, dividido entre os bens terrestres e os celestes, ansiando pela espiritualização e por Deus e, ao mesmo tempo, sendo tentado pelas coisas do mundo. Dividido entre o amor idealizado e os desejos da carne, angustiado, sentindo-se culpado por seus pecados e e com uma visão pessimista da vida. Assim é constante a presença de uma linguagem rebuscada, com exageros, uso constante de figuras de linguagem como antíteses, paradoxos, hipérboles, metáforas, bem como repetições e jogos de palavras (cultismo) e de frases extensas, complexas, com conceituações e explicações pautadas nas contradições, argumentações e contra argumentações constantes, contendo, no final, sínteses e fechos de ouro (conceptismo). Para conceituar cultismo e conceptismo adequadamente: “O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia cultista: Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte;
  • 2. Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos) Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista: Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira) ¹mister: necessidade de, precisão.” Conceitos disponíveis em:http://www.soliteratura.com.br/barroco/barroco03.php 4. Na poesia barroca brasileira, destaca-se a obra de Gregório de Matos. Quem foi ele? Por que era chamado de O Boca do Inferno? Gregório de Matos Guerra (1623-1696), nasceu na Bahia, estudou em Colégio Jesuíta, formou-se “doutor em leis” em Coimbra, foi exilado em Angola e morreu no Brasil. Era de família abastada, muito religiosa, e Matos, ao bom estilo barroco, era um homem dividido entre a religião e a boemia, que frequentava muitíssimo, sendo também muito conhecido por sua vida desregrada. Foi, durante um período curto de sua vida, religioso, vida para qual, reconhecidamente sabia não servir. Destacado como grande poeta barroco, é reverenciado por sua obra místico-religiosa, bem como a erótico-amorosa, porém, sua obra satírica é o que o torna respeitado, temido e imortal: denunciava a hipocrisia da época através de poemas onde ataca os governantes e até a Igreja. Por causa disso, granjeou a fama de “Boca do Inferno”, e exercício pelo qual acabou quase sendo enfocado e mais tarde exilado. 5. Quais as características da obra poética de Gregório de Matos? A obra poética de Gregório de Matos além dos poemas de Natureza Satírica em que ataca e denuncia a hipocrisia da Bahia colonial, tem as seguintes características: 1. Angústia Místico-religiosa: o homem dividido entre o pecado e a virtude, entre os bens terrenos e os celestes, entre as vaidades humanas e o castigo de Deus Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te, Te põe à vista a terra, onde salvar-te. Te lembra hoje Deus por sua Igreja, Alerta, alerta pois, que o vento berra, De pó te faz espelho, em que se veja E se assopra a vaidade, e incha o pano, A vil matéria, de que quis formar-te. Na proa a terra tens, amaina, e ferra. Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, Todo o lenho mortal, baixel humano E como o teu baixel sempre fraqueja Se busca a salvação, tome hoje terra, Nos mares da vaidade, onde peleja, Que a terra de hoje é porto soberano. 2. Angústia erótico-amorosa: o homem dividido entre o erotismo e o amor puro, entre o pecado da carne e a pureza do espírito (Lembrem-se que aqui, as contradições do amor apontadas por Camões – inutilidade de conciliar desejo carnal e amor platônico são desconsideradas e tomados como pecado). O Amor é finalmente quem diz outra coisa, é besta. um embaraço de pernas, Ardor em firme coração nascido; uma união de barrigas, Pranto por belos olhos derramado; um breve tremor de artérias. Incêndio em mares de água disfarçado; Uma confusão de bocas, Rio de neve em fogo convertido: uma batalha de veias, Tu, que em um peito abrasas escondido; um rebuliço de ancas; Tu, que em um rosto corres desatado;
  • 3. Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal, em chamas derretido 3. A angústia existencial : o pessimismo presente na noção de que o tempo passa depressa demais – fugacidade do tempo – e nascido também das incertezas da vida: Discreta e formosíssima Maria, Goza, goza da flor da mocidade, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Que o tempo trata a toda a ligeireza, Em tuas faces a rosada Aurora, E imprime em toda a flor sua pisada. Em teus olhos e boca, o Sol e o dia: Oh não aguardes que a madura idade Enquanto com gentil descortesia, Te converta essa flor, essa beleza, O ar, que fresco Adônis te namora, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Te espalha a rica trança brilhadora, Quando vem passear-te pela fria… 6. Quem foi padre Antonio Vieira e qual sua importância para o Barroco brasileiro? Padre Antonio Vieira (1608-1697), religioso, filósofo, escritor, orador e grande pregador, foi responsável pelo desenvolvimento da prosa no Período Barroco brasileiro. Vieira nasceu em Lisboa. Com sete anos veio para o Brasil, onde entrou para a Companhia de Jesus. Após a Restauração (1640), voltou a Portugal, tornou-se confessor do rei D. João IV e foi nomeado para várias embaixadas diplomáticas no estrangeiro. Foi um pregador eloquente, no entanto, sua crença sebastianista e a defesa dos cristãos-novos, do capitalismo judaico e dos indígenas custaram-lhe uma condenação pela Inquisição e a proibição de pregar durante alguns anos. Voltou ao Brasil em 1681 e dedicou seus últimos anos à compilação de seus sermões. Sua obra divide-se em: a) profecias (que encerram um patriotismo exacerbado): História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum, em que profetiza para Portugal o destino de Quinto Império do Mundo, previsto, segundo ele, na Bíblia, no Livro de Daniel. b) cartas: cerca de 500 em que trata de questões políticas importantes, como o tratamento dado pela Inquis ição aos cristãos-novos e o relacionamento entre Portugal e Holanda, entre outras. c) sermões: são cerca de 200 sermões conceptistas, entre os quais se destacam: o Sermão de Santo Antônio aos Peixes (proferido no Maranhão em 1654). Nele, critica a escravidão dos indígenas; Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda (proferido na Bahia em 1640), em que faz pregação contra os holandeses, que ameaçam invadir Salvador; Sermão do Mandato (proferido na Capela Real de Lisboa em 1645), em que desenvolve o tema do amor místico; Sermão da Sexagésima (proferido na Capela Real de Lisboa em 1653), nele apresenta uma teoria da arte de pregar na qual critica o gongorismo dos padres dominicanos. 7. O que são Os Sermões de Padre Antônio Vieira e como se estruturam? Os Sermões, são a compilação em livro, de suas principais pregações em eventos religiosos importantes. Sobre a estruturação dos sermões, saibam que: “Dá-se o nome de sermões a textos de cunho religioso que transmitem algum tipo de ensinamento ou dogma católico. Os sermões do Padre Antônio Vieira ganharam destaque pela argumentação bem estruturada, pelo grande poder de retórica, com o domínio de palavras e a habilidade da fala de Antônio Vieira. O sermão barroco tem como principal objetivo demonstrar uma posição moral através de imagens que, associadas a um fato ou a uma citação da Bíblia, pudessem ser símbolos da posição a ser defendida. Por isso, o autor do sermão precisa ter um grande domínio do uso de metáforas e prosopopeias, típicas do movimento barroco. Antônio Vieira era um mestre nesse processo.” Disponíve l em:< http://redes.moderna.com.br/2012/07/18/os-sermoes-de-antonio-vieira/> Acesso em 05 de nov. 2013.
  • 4. ARCADÍSMO 1. O que foi o Arcadismo? Quais suas coordenadas históricas? Arcadismo, Neoclassicismo ou Setecentismo foi um movimento literário iniciado em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, e encerrado em 1825, com a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett. Surgido numa época de modificações político econômico-sociais radicais, o Arcadismo insurgiu-se contra os exageros barrocos e propôs uma volta aos ideais clássicos de arte e vida. Em Portugal foi um período marcado por intensa atividade crítica e doutrinária em prosa e no qual, literariamente, floresceu somente a poesia. Tendo a Arcádia, uma região montanhosa do Peloponeso, Grécia como modelo de vida e referência de bem viver. Um dos seus montes, o Mênalo, era celebrado pelos poetas por ser consagrado a Apolo, deus da inspiração e condutor das musas. A Arcádia era também uma região de pastores. Na Europa, sobretudo na França – onde as academias se mutiplicaram –, toda a segunda metade do século XVIII foi marcada pelo espírito científico, baseado na razão, na observação e na experimentação. Os resultados da revolução técnica iniciada no Renascimento apareceram nesse momento, quando a burguesia, finalmente, se afirmou como força não só econômica, mas também politicamente dominante. Os sócios da Arcádia deviam adotar pseudônimos pastoris e tinham por divisa o dístico Inutilia truncat (corta o inútil), isto é, os exageros, o rebuscamento e a extravagância barrocos deveriam ser cortados para a literatura voltar ao equilíbrio dos clássicos. Inspirados em Horácio, procuravam nas suas poesias seguir alguns princípios: • fugere urbem (fugir da cidade): influenciados •aurea mediocritas (áurea mediocridade): exaltação pela teoria do “bom selvagem” de Rousseau, os da simplicidade, do equilíbrio conseguido em árcades voltavam-se para a natureza, vista como contato com a natureza. lugar de perfeição, para aí . locus amoenus (lugar aprazível) : prega o contato levar uma vida simples, bucólica, pastoril; com a natureza, em lugares aprazíveis, •carpe diem (aproveita o dia): postura comum no bucólicos, onde é possivel comungar com a Arcadismo, que consiste em aproveitar ao máximo natureza e para onde o poeta convida sua musa a o momento presente; passear e admirar a natureza. 2. Como estilo literário, como podemos caracterizar o Arcadismo? As características fundamentais do Arcadismo são: 1) uma reação aos excessos e exageros do período Barroco; 2) volta aos modelos clássicos, com a retomada da mitologia como elemento estético; 3) simplicidade como forma de reação aos exageros da linguagem barroca; 4) poesia bucólica, pastoril; 5) fingimento poético: uso de pseudônimos pastoris. Referência bibliográfica: Língua portuguesa: teoria e prática / coordenador Deocleciano Torrieri Guimarães. – São Paulo : Rideel, 2006.