SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 466
Baixar para ler offline
A PROFECIA DE ISAIAS
CA P ÍT UL OS 1-39
TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO
VOLUME I
A. R. CRABTREE, A. B., D. B-, Th. D.
1.“ EDIÇÃO
1967
C A S A P U B L I C A D O R A B A T I S T A
Caixa Posta! 320 - Z C - OO
Rio de Janeiro — Gb.
CAPA DE PAULO DAMAZIO
Impresso em Gráficas Próprias
Tiragem 3.000 Data 30-03-1967
IN MEMORIAM
Estava êste livro para sair do prelo quando nos veio
a triste notícia do falecimento do seu ilustre autor, nosso
saudoso irmão, Dr. A . R. Crabtree, que, aposentado, resi­
dia ultimamente em sua terra natal, os Estados Unidos
ia América do N orte. Ilustre e mui competente catedrático
no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, e também
Reitor, Crabtree ensinou hebraico, Velho Testamento,
6 A. R. C R A B T R E E
Teologia do V .T ., Filosofia da Religião Cristã, Apologética
e ainda outras disciplinas.
Dos seus livros podemos mencionar no momento os
seguintes : «História dos Batistas no Brasil», Vol. I, «Ar­
queologia Bíblica», «Introdução ao Nôvo Testamento»,
«Sintaxe do Hebraico do Velho Testamento», «Esperança
Messiânica», «O Livro de Amós», «O Livro de Oséias», «A
Profecia de Isaías» em 2 volumes (o 2" volume no prelo), «A
Profecia de Jeremias» (a sair), «Dicionário Hebraico-Por-
tuguês», «Baptists in Brazil» (em inglês), e muitas outras
publicações menos volumosas.
O seu passamento deu-se em Roanoke, V a., E .U .A .,
no dia 15 de abril de 1965.
Pretendemos publicar uma biografia mais extensa
quando da divulgação do 2? Volume de «A Profecia de
Isaías», atualmente no prelo.
Ao saudoso Irmão, a homenagem dos batistas do Bra­
sil e da Casa Publicadora Batista.
Maio de 1965.
Alrair S. Gonçalves
Èste Comentário sôbre a Mensagem do
Príncipe dos Profetas representa um meio século
de estudo agradável da Bíblia, trinta e cinco
anos de ensino de Hebraico e do Velho Testa­
mento, com muito tempo dedicado ao preparo de
quinze livros em português. Sem qualquer re­
muneração financeira, o único motwo na pro­
dução desta obra é o amor ao trabalho e o desejo
de contribuir à literatura evangélica na língua
portuguêsa para os pastores e obreiros que es­
tão servindo galhardamente na extensão do
reino de Deus no mundo.
Êste é um estudo crítico e exegético da
Profecia de 1saias, com a exposição cuidadosa
dos problemas do texto hebraico e da sua inter­
pretação. Apesar de o texto original do Velho
Testamento ter sido evidentemente transmitido
com cuidado escrwpuloso atrm és dos séculos,
ainda há vários problemas textuais da Bíblia
Hebraica. Há numerosos manuscritos e muitos
outros documentos que ajudam no estudo críti­
co do Nôvo Testamento. Mas até recentemente
havia apenas três manuscritos antigos do He­
braico Bíblico, e o mais antigo dêstes, conheci­
do como o Texto Massorético, é datado de 895
a .C ., muitos séculos depois do tempo de IsaJvas.
A. R. C R A B T R E E
Em 1947 foram descobertos numa caver­
nat perto do Mar Morto, um manuscrito quase
completo do Livro de Isaías, e outro que tem
apenas a têrça parte da obra. Êstes documen­
tos são dlatados por F. W . Albright e outros
arqueólogos no último século antes de Cristo,
Ou no primeiro século cristão. Êstes dois ma­
nuscritos concordam notavelmente com o Tex­
to Massorético. O primeiro contém variações
que esclarecem algumas dificuldades dos três
textos do século nono. As versões, como a
Septuagmta ou LXX, a Aramaica e outras, têm
valor no estudo do Hebraico Bíblico . 0 leitor
notará no Comentário a discussão destas ver­
sões, e a preferência em alguns casos do texto
na edição da Bíblia Hebraica de Ruã. Kittel da
American Bible Society.
No preparo dêste Comentário, o autor vi-
sma não somente aos estudantes do Hebraico,
mas também aos muitos pastores estudiosos que
fizeram o seu curso teológico sem incluir o es­
tudo da língua de Sião. Êstes podem entender
clardmente, e aproveitar-se das explicações do
texto original do grande profeta.
No estudo desta profecia, surge o proble­
ma de algumas interpolações na obra origmal
de Isaías. Mas, segundo os nossos estudos, al­
guns comentaristas exageram o número destas
interpolações, e assim atribuem várias passa­
gens escritas por Isaías a outros escritores do
tempo do cativeiro babilónico, e até ãe depois
dessa época. Alguns destes não qiuerem enten­
der a larga visão do remo de Deus, e a profun­
deza das mensagens do profeta, e assim insis­
tem em que as profecias sobre a Nova Êpoca
A P R O F E C IA DE ISAÍAS
foram escritas muitos anos depois do tempo de
Ismas. Mas alguns eruditos modernos reco­
nhecem a autenticidade destas passagens.
O autor apresenta a sua própria tradução
do hebraico, cjue varia freqüentemente das ver­
sões em português e inglês, na esperança de
que a versão mais literal possa ajudar no es­
clarecimento do sentido original da linguagem
poética do livro. A maior parte da profecia foi
escrita em poesia, e o reconhecimento dêste
fato ajuda no entendimento mais claro da men­
sagem .
Além das obras mencionadas na Bibliogra­
fia, o autor reconhece que ele é devedor a mui­
tos estudos, e a muitas experiências da provi­
dência de Deus, como pastor, e como professor
no Seminário Teológico do Rio de Janeiro.
A minha senhora, Dona Mattel, tem enri­
quecido a minha vida espiritual como compa­
nheira no serviço do Senhor. Além do seu
trabalho mcansável de esposa e mãe, ela se
aprofundou no estudo de português. Tem lido
todos os méus manuscritos, corrigindo os erros
tipográficos, e oferecendo sugestões importan­
tes sobre a linguagem de várias declarações.
Ê o desejo êo autor que esta obra seja útil
aos pastores do Brasil e de Portugal no aumen­
to do seu conhecimento das verdades eternas
apresentadas por êste nobre Mensageiro da Re­
velação Divina.
A. E. Crabtree
11 de agôsto de 1963
ÍNDICE
Prefácio...................................................................................... 7
Introdução................................................................................. 17
Análise dos Capítulos 1 -3 9 ...................................................... 51
A Profecia de Isaías — Texto, Exegese e Exposição............ 59
I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém.............................. 59
A. O Sobrescrito.................................................................. 59
B. A Controvérsia do Senhor com o Seu P o v o ............. 60
1. A Ingratidão do Povo de Israel............................. 61
2. A Nação Pecaminosa............................................... 64
3. A Palavra do Senhor sôbre a Religião e a Vida 69
4. “Arrependei-vos” ....................................................... 75
5. Lamento sôbre Jerusalém........................................ 77
6. O Julgamento do Senhor........................................ 78
7. A Operação da Justiça Divina na Vida de Israel 79
8. A Vinda dos Povos ao Senhor de S iã o ............. 83
C. O Castigo da Idolatria e do Orgulho Humano no
Dia do Senhor................................................................ 90
D. O Julgamento Divino de Jerusalém e de Judá . . . . 98
1. A Anarquia S ocia l.................................................... 99
2. O Povo Arruinado..................................................... 103
3. Os Esmagadores do P o v o ........................................ 106
E. As Mulheres Altivas de Jerusalém............................. 107
F. A Beleza, e a Glória de Sião Purificada...................... 112
G. Um Cântico da Vinha do Senhor................................ 117
H. Ais Contra os Perversos............................................... 123
II. “Resguarda o Testemunho” 134
A. A Visão Inaugural de Isaías........................................ 134
B. Isaías e a Guerra Siríaco-Efraimita......................... 146
1. O Sinal de Sear-Jasube............................................ 148
2. Sinal de Em anuel.................................................... 154
P ág in a
12 A. R. C R A B T R E E
3. A Invasão de Judá pelos Assírios e os Egípcios 165
4. O Sinal de Maher-Shalal-Has-Baz........................ 168
5. Os Dois Rios Simbólicos ......................................... 170
6. A Fé do Profeta no Senhor Emanu E l .................. 172
7. O Temor do Homem e o Temor de D eu s............ 173
C. Isaías Cessa as Atividades Proféticas........................ 175
III. Superstições dos Vacilantes na F é .............................. 177
A. Admoestações Contra o Espiritismo.......................... 177
B. À Lei e ao Testemunho................................................. 178
C. O Reino Messiânico........................................................ 180
D. O Julgamento de Efraim como Lição para Judá .. 186
IV. Não Temas a Assíria....................................................... 191
A. A Ameaça Arrogante da Assíria.................................. 192
1. A Jactância da Assíria............................................. 192
2. A Labareda do Senhor Consumirá as Florestas
da Assíria................................................................... 193
3. Um Restante de Israel e Judá Voltará ao Senhor 199
4. Sião Será Liberto do Jugo da Assíria.................. 201
5. A Aproximação do Invasor...................................... 202
6. A Humilhação dos Invasores Orgulhosos............. 204
B. O Reino Pacífico e Justo do M essias........................ 205
1. O Rebento de Jessé.................................................. 206
2. O Messias e a Nova Glória de Isra el.................. 212
C. O Culto de Louvor pela Restauração de Israel .. .. 217
V. O Julgamento de Reinos e de P ovos............................. 220
A. O Destino da Babilônia................................................. 221
B. A Queda do Tirano das N ações.................................. 231
C. O Propósito do Senhor na Destruição da Assíria .. 242
D. A Alegria Prematura dos Filisteus............................. 244
E. Oráculo Concernente a M oabe.................................... 247
F. Oráculo sôbre a Aliança de Israel e a S íria............. 258
1. Oráculo Concernente a D am asco......................... 259
2. O Abandono dos Íd olos............................................ 261
3. O Culto de Adonis, uma Segurança Falsa .. .. 262
G. O Poder Mundial Se Levanta, e C a i............................ 264
H. Profecia Concernente ao E g ito................................... 266
1. Resposta do Profeta aos Emissários da Etiópia 267
2. Profecia Contra o E g ito......................................... 272
P ág in a
A P R O F E C I A DE ISAíAS 13
3. Judá e Javé dos Exércitos, um Terror para os
 Egípcios....................................................................... 279
 4. Os Egípcios e os Assírios Adorarão ao Senhor .. 280
' 5. Evitar Alianças Políticas com Estrangeiros .. .. 285
i. Uma Visão da Queda da Babilônia............................. 289
j. Oráculo Concernente a D um á...................................... 294
KL Oráculo Concernente à A rábia................................... 296
Lj. A Leviandade Religiosa dos Habitantes de Jerusalém 298
M. A Degradação de Sebna, o Mordomo do R e i............ 306
íí. A Profecia Contra T ir o ................................................. 311
1. Oráculo Concernente a Tiro e S idom .................. 311
2. A Restauração de Tiro Depois de Setenta Anos .. 316
. “Despertai e Cantai, os Que Habitais no Pó” ............. 318
A. O Bom Efeito do Castigo de Israel............................. 321
1. A Terra Ficará Desolada por Causa do Pecado dos
Seus Habitantes........................................................ 321
2. Um Clamor de Confiança....................................... 325
3. A Grande Catástrofe............................................. 327
4. O Julgamento e a Nova E r a .................................. 328
B. Maravilhas das Atividades do S en h or.................... 330
1. Salmo de Gratidão ao Senhor pelo Livramento do
Seu P o v o .................................................................... 330
2. Uma Profecia da Idade M essiânica.................... 332
3. Outro Hino de Louvor Relacionado com a Hu­
milhação de M oabe.................................................. 335
C. Um Pedido de Salvação Mais Perfeita....................... 337
1. Hino de Gratidão pela Vitória................................ 338
2. O Povo Espera Ansiosamente os Juízos Retos do
S en h or........................................................................ 340
3. As Bênçãos da Disciplina e da Orientação Divina 342
4. Experiências Tristes Que o Povo Sofreu antes da
Sua Redenção .. ..................................................... 344
5. Os Teus Mortos Viverão, os Seus Corpos Res­
suscitarão ............................................................. •• 345
D. Conclusão desta Mensagem de Aspirações e Espe­
ranças ............................................................................... 347
1. O Povo Deve Esconder-se até Que Passe o Jul­
gamento D ivin o........................................................ 347
P ágina
2. A Punição dos Podêres Cruéis do M undo............ ...348
3. Cântico do Senhor Concernente à Sua Vinha .. 349
4. A Significação da Disciplina Divina de Israel .. 351
5. Uma Profecia da Restauração dos Desterrados..jí
de Israel..................................................................... ...353
VII. Não Escarneçais para Fazer Mais Fortes os Vossos
Grilhões...............................................................................354
A. O Castigo Certo dos Impenitentes de Efraim e Judá 356
1. A Queda de Samaria, a Capital de Israel .. .. 356
2. Jerusalém, Bem como Samaria, Tem os Seus Bê­
bados, Incluindo Sacerdotes e P rofetas.................359
3. A Aliança com a Morte e com S h eol.................. ...362
B. A Justificação das Atividades Providenciais do Se­
nhor em Relação com o Seu P o v o ................................366
C. A Obra Maravilhosa do Senhor.................................. ...369
1. A Humilhação Iminente e a Libertação de Je­
rusalém ..........................................................................369
2. A Cegueira e a .Hipocrisia do P ov o....................... ...371
3. A Religião Meramente Convencional Perecerá .. 373
D. A Rejeição da Segurança da Fé no Senhor................374
1. A Repreensão dos Conspiradores............................374
2. A Redenção de Israel.................................................376
3. A Infidelidade na Aliança Política com o Egito 378
4. No Sossêgo e na Confiança Estará a Vossa Pôrça 381
E. O Poder do Deus Invisível............................................ ...386
1. Promessa para o Povo Sofredor de S iã o ................386
2. Será Destruído o Inimigo do Povo de Deus .. .. 389
3. A Fôrça de Cavalos ou o Poder do Espírito do
Senhor........................................................................ ...392
4. O Senhor dos Exércitos É o Defensor de Jerusalém 394
F. A Comunidade Ideal na Idade Messiânica............. ...397
1. O Estabelecimento do Govêmo Messiânico .. .. 398
2. A Transformação Espiritual do Povo na Nova Era 399
3. O Contraste entre os Característicos do Fraudu­
lento e os do N obre.....................................................400
4. Advertência Contra as Mulheres de Jerusalém 402
5. O Poder Transformador do Espírito na Idade
Vindoura.................................................................... ...404
14 A. R. CRABTREE
Página'
Página
VIU. “A Recompensa de Deus” ........................................... 406
Al A Aflição e o Livramento de Jerusalém................... 407
1. O Apêlo do Profeta ao Senhor Contra os Opres­
sores dos Judeus....................................................... 407
2. Efeitos da Manifestação da Presença do Senhor 412
B . IA Indignação do Senhor Contra Tôdas as Nações .. 417
C. J ÁFelicidade de Sião no Futuro.................................. 423
IX. A Influência de Isaías em Três Situações no Reino
de Ezequias................................................................ 427
A. Senaqueribe Exige a Capitulação de Jerusalém .. .. 429
B. O Rei Ezequias Recebe o Conselho de Isaías............ 439
C. A Carta do Rei da Assíria............................................ 440
D. A Oração de Ezequias................................................... 442
E. O Profeta Conforta a Ezequias................................... 446
F. Sinal para os Sobreviventes......................................... 448
G. Mensagem sôbre a Retirada de Senaqueribe............ 449
H. O Desastre dos Assírios e a Morte de Senaqueribe 450
I. A Doença de Ezequias e a Sua Cura Maravilhosa 452
J. A Embaixada de Merodaque-Baladã......................... 459
A PROFECIA DE ISAÍAS 15
ISA!AS
INTRODUÇÃO, CAPÍTULOS 1 - 39
I. A História do Tempo de Isaías, 742-601
Não há outra obra do Velho Testamento que interesse
tão profundamente aos estudantes bíblicos como o Livro
de Isaías. O livro inteiro relaciona-se com mais de du­
zentos anos da história dramática da religião do povo de
Israel. Neste período o reino do sul, ou de Judá, na pro­
vidência de Deus, sobreviveu à subjugação política pela
Assíria, e, mais de cem anos depois, a pequena nação caiu
no poder da Babilônia. A cidade capital, juntamente com
o Templo do Senhor, foi completamente destruída; e o
seu povo mais importante foi levado em cativeiro. Assim
Judá escapou ao destino da morte nacional que Israel ti­
nha sofrido, para conservar o restante dos fiéis do povo
do Senhor no Império da Babilônia. Êstes judeus passa­
ram longos anos no cativeiro, mas tinham o privilégio de
habitar, ou viver como colônia, e assim manter em grande
parte os seus costumes nacionais e a sua própria religião.
Depois de setenta anos no cativeiro, êste grupo do povo
escolhido do Senhor Javé, na providência divina, foi liber­
tado e restaurado para a sua terra, disciplinado e prepa­
rado pelo Senhor, para cumprir a sua missão dé trans­
mitir, através da sua própria história, a revelação do amor
e do propósito do Senhor Deus para tôdas as nações do
mundo.
O profeta Isaías de Jerusalém, com os seus ensinos'
proféticos, imprimiu a sua influência pessoal no livro in­
teiro, mas as próprias mensagens dêle, segundo as evidên­
cias intèrnàs, são incluídas nos primeiros 39 capítulos da
obra.
18 A. R. CRABTREE
0 profeta recebeu a sua visão inaugural no ano da
morte do rei Uzias ou Azarias, e exerceu o seu ministério
profético nos últimos 40 anos do século oitavo, no período
dos reinos de Jotão, Acaz e Ezequias. É difícil determi­
nar a data exata dos respectivos governos dêsses reis,
mas as conclusões dos estudantes modernos, à luz dos no­
vos conhecimentos arqueológicos, variam dentro de pou­
cos anos. Muitos concordam no ano de 742 a.C. como a
data da visão inaugural do profeta.
Uzias começou o seu reino em 783; Jotão governou
como regente de 750-742, e como rei de 742-735. Acaz rei­
nou de 735-715, e Ezequias de 715-687. Isaías exerceu o
seu ministério profético entre os anos 742 e 701, e possi­
velmente por mais alguns poucos anos. Não há certeza
de que tivesse proferido qualquer mensagem antes de ter
recebido a visão da majestade do Senhor, no Templo.
Israel e Judá no Reinado de Uzias, 783-742
Por muitos anos depois da morte de Salomão e a di­
visão do Reino de Israel, havia contendas e lutas políticas
entre os dois reinos, de significação local, especialmente
na influência da religião e da ética do povo. Mas quando
o Reino de Israel tornou-se mais poderoso sob o govêm o
de Onri e Acabe, os dois reinos dos israelitas, no desen­
volvimento do comércio internacional, chegaram a reco­
nhecer a insensatez das contendas locais perante o desen­
volvimento do Império da Assíria.
Isaías nasceu e passou os primeiros anos da mocidade
no período mais próspero na história de Israel e Judá des­
de o tempo de Salomão. Mas houve um período crítico
na história dé Israel quando Salmanaser III começou a cam­
panha militar, com o propósito de aumentar o domínio da
Assíria pela conquista das pequenas nações ao oeste e su­
doeste. Êle foi detido pela coalizão de Israel, Síria, Ha-
A P R O F E C IA DE 1SAÍAS 19
mate e outros pequenos aliados na batalha de Karkar ou
Carcar, c. 853. Mais tarde, Jeú, rei de Israel, pagou tri­
buto à Assíria, c. 842. Por alguns anos depois, Israel
manteve guerras com os arameus da Síria, II Reis 13:3.
Judá também sofreu dessas lutas, II Reis 12:17-18. Mas
por alguns anos, depois destas lutas, quando os ara­
meus ficaram impotentes e os assírios se preocupavam
com problemas internos, Israel e Judá experimentaram o
maior período de prosperidade na sua história.
Jeroboão II de Israel restabeleceu domínio sôbre a
maior parte dos países governados por Salomão, II Reis
14:25, 28. Do saque dêsses estados, e do tributo que dêles
recebeu, ganhou Israel enormes riquezas.
Judá era menos poderoso, mas tornou-se próspero
nessa mesma época, sob o governo de Uzias ou Azarias.
A conquista de Edom e o pôrto de Elate do Mar Ver­
melho, II Reis 14:7, 22, lhe deu domínio sôbre o comér­
cio das caravanas entre o pôrto do Mediterrâneo e o les­
te. Uzias usou a renda dessas conquistas para desenvol­
ver a economia de Judá, e para fortalecer as suas defesas
militares, II Crôn. 26:1-15. Quando Isaías começou o seu
ministério público, Judá se achava no auge de sua pros­
peridade (Cp. Is. 2:7).
Com o grande aumento dos tesouros de prata e ouro,
de cavalos e carros, os ricos adoravam cada vez mais o
luxo, e os privilegiados se regozijavam na prosperidade
e na libertinagem, Is. 3:16-23; 5:11-22; 28:1; 32:9. Os
ricos abusavam do poder para perverter a justiça e rou­
bar os indefesos, 1:23; 3:14, 15; 5:23; 10:1,2. Os ava­
rentos ajuntavam casa a casa até que não houvesse mais
lugar. Assim êles ficaram como os únicos moradores no
meio da terra, 5:8. Nesta terrível desordem social,
acompanhada pela hipocrisia religiosa, 1:11, o jovem pro­
feta proclamou a justiça do Santo de Israel, e o dia imi­
nente do julgamento do Senhor.
20 A. R. C R A B T R E E
Nessas condições econômicas, os políticos de Sama-
ria e de Jerusalém nada queriam saber dos perigos pro­
clamados pelos profetas. Como Amós tinha dito: «Êles
viviam sossegados em Sião, e sentiam-se seguros no mon­
te de Samaria», Am. 6:1. Os políticos, e até o povo em
geral, não tinham o discernimento moral para reconhecer
a gravidade da sua infidelidade para com o Senhor Javé,
o Santo de Israel. Nem podiam entender que a sua pros­
peridade material tinha sido o resultado, em grande par­
te, do descanso político, enquanto que a Assíria estava
preocupada com a subjugação dos vizinhos de Judá, com
o preparo para estender a sua campanha militar na con­
quista das pequenas nações vizinhas, e até do seu grande
rival, o Egito.
Antes da morte de Uzias, o Império da Assíria, sob
o govêrno do nôvo imperador, Tiglate-Pileser, já come­
çara a campanha de 18 anos de conquista dos países vizi­
nhos ao oeste. Dentro de poucos anos êle subjugou Ar-
pade, Damasco e Tiro, estendendo o seu domínio até Ha-
mate no Orontes. Cêrca de 738, Menaém, de Israel, pa­
gou tributo enorme ao conquistador, II Reis 15:19-20.
Não obstante o fato de que Judá se achava no caminho
da marcha do poderoso exército da Assíria, não há qual­
quer indicação de que as autoridades de Jerusalém tives­
sem qualquer noção do perigo do conquistador.
A Confederação de Rezim, Rei da Síria, e Peca,
de Israel
Alguns anos depois da subjugação de Israel por Ti­
glate-Pileser, Peca, assassino e usurpador do trono de
Israel, fêz aliança com Rezim de Damasco, em revolta
contra o domínio da Assíria. Cêrca de 735, êstes dois
reis planejaram atacar a Judá, e obrigá-lo a entrar numa
aliança política contra o domínio da Assíria, II Reis 15:
A P R O F E C IA DE ISAIAS 21
37; 16:5; Is. 7:1-2. É possível que o rei Acaz e os seus
conselheiros de Jerusalém já haviam adotado a política
de pedir o socorro da Assíria contra a aliança de Peca
e Rezim.
Nos capítulos 7 e 8 de Isaías temos um relató­
rio resumido da entrevista do profeta com o rei Acaz. O
mensageiro do Senhor revela claramente, nesta hora crí­
tica da história de Judá, o espírito profético no conselho
ao rei na sua grande perturbação. Procura animar o rei
com a mensagem do Senhor. O rei, da casa de Davi, deve
acautelar-se e ficar calmo, e não deve ter mêdo, nem fi­
car desanimado «por causa destes dois tocos de tições fu-
megantes». Êstes dois homens fracos e barulhentos es-
gotar-se-ão sem poder executar o seu plano contra Judá.
Isaías reconheceu que a Assíria se tornaria inimigo mais
perigoso de Judá do que a aliança de Rezim e Peca. A
aliança de Acaz com a Assíria mostra a falta de fé no
Senhor Deus, e o perigo crescente para a religião do povo
de Judá. Veja II Reis 16:7. Isaías aconselhou, em vão,
que o rei de Judá se libertasse de alianças políticas e con­
fiasse no Senhor.
É difícil entender, à luz dos eventos subseqüentes,
por que alguns escritores justificam esta submissão vo­
luntária à Assíria da parte do covarde Acaz. Êle aban­
donou a fé no Senhor Javé, o Deus do seu povo, fêz pas­
sar o seu filho pelo fogo, e entregou-se completamente
à idolatria, II Reis 16:10-18. Assim, precipitou o envol­
vimento de Judá no seu declínio político e religioso. Não
há nada na história dêsse homem para indicar que êle
demonstrou no seu govêrno quaisquer qualidades de esta­
dista. Quando o rei Acaz recusou definitivamente a men­
sagem do Senhor e entregou-se ao domínio da Assíria, o
profeta ficou quase inativo durante a maior parte do go­
vêrno dêsse rei infiel.
22 A. R. CRABTREE
Todavia, Isaías apresentou o seu apêlo ao povo numa
série de breves mensagens, encontradas no capítulo 8.
Por meio de um ato simbólico, êle ilustrou a destruição
da Síria e de Israel. Com formalidade legal o mensagei­
ro do Senhor colocou uma placa num lugar público com a
inscrição A Maher-shalal-hash-baz, o nome de um dos seus
filhos, Rápido-despôja-prêsa-segura. Declarou, na ocasião,
«Antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe,
serão levadas as riquezas de Damasco, e os despojos de
Samaria, diante do rei da Assíria» — Is. 8 :4. Mas o povo
em geral, bem como as autoridades públicas mostraram
a mesma insensibilidade espiritual e incredulidade religio­
sa. A pregação do profeta produziu apenas a cegueira
mental e a dureza de coração, justamente de acôrdo com
o significado da visão inaugural.
Quando o povo em geral chegou a desprezar a men­
sagem divina, o profeta cessou por algum tempo o seu
ministério público, e marcou a ocasião por um ato signi­
ficativo. «Liga o testemunho, sela a lei entre os meus
discípulos» — 8:16. A expressão fica obscura, mas tal­
vez se refira às mensagens proferidas durante a crise com
Acaz, e que o profeta selou na presença de seus poucos
discípulos como protesto contra a incredulidade nacional.
É quase certo que havia, neste tempo de incredulidade
geral, um grupo de discípulos do profeta, instruído e de­
senvolvido mais tarde como o restante fiel.
O Significado da Queda de Samaria, 721
Tiglate-Pileser aceitou com alegria o tributo de Acaz,
matou o rei da Síria, conquistou a cidade de Damasco e
levou cativa uma grande parte do seu povo. Colocou um
títere no trono de Samaria, e assim fêz de Israel uma
província da Assíria. Quando Tiglate morreu, em 727, o
seu filho Salmanaser V ocupou o trono da Assíria, de 727-
A PROFECIA DE ISAÍAS 23
722. Oséias, rei de Israel, pagou tributo a Salmanaser
por pouco tempo, e então conspirou com o rei do Egito
contra a Assíria, II Reis 18:4, no esforço de ganhar a sua
independência. Salmanaser respondeu logo com uma for­
te invasão de Israel. Sitiou a cidade de Samaria por mais
de três anos, II Reis 17:2-6, e a cidade caiu finalmente no
poder de Sargão II, sucessor de Salmanaser, no princípio
do ano 721. Assim terminou o Reino de Israel. As Dez
Tribos ficaram perdidas para sempre. Foi um caso de
genocídio, ou a destruição nacional. Uma grande parte
dos moradores da cidade, 27.290, foi deportada para a
Mesopotâmia e Média. Samaria passou a ser habitada por
uma população mista, e Judá limitava-se em parte com
uma província do Império da Assíria, exterminador de
nações.
Eventos no Reinado de Sargão 11, 721-705
No primeiro ano do seu govêrno Sargão sofreu uma
derrota que lhe foi infligida pelo rei de Elão. Então sur­
giu logo entre as províncias do oeste, incluindo a Filístia
e o Egito, uma revolta contra a Assíria, mas Sargão es­
magou os revoltosos na batalha de Ráfia. Devido pro­
vavelmente à influência de Isaías, Judá não tomou parte
nesta batalha contra a Assíria. Na mensagem de 14:28-
32, proferida talvez no último ano de Acaz, Isaías adver­
tiu aos filisteus de que o poder da Assíria ainda não fôra
enfraquecido.
Surgiu entre os judeus, influenciados pelo Egito, mas
sem o apoio de Isaías, um movimento revoltoso contra a
Assíria, nos princípios do reinado de Ezequias. Numa
inscrição de 711 Sargão menciona Filístia, Éden, Moabe
e Judá, como os países obrigados a trazer tributo à Assí­
ria. Declara também que estas províncias tinham envia­
do sinais de homenagem a Faraó, príncipe sem poder de
ajudá-las. Sargão despachou uma expedição militar con­
24 A. R. C R A B T R E E
tra Asdode, e com a queda do foco da conspiração, a re­
volta fracassou. Judá estava pagando tributo à Assíria,
mas não há evidência de que tomasse parte nesta cons­
piração .
A invasão de Judá por Senaqueribe, 701
Com o assassínio de Sargão e o estabelecimento de
Senaqueribe no trono da Assíria, em 705, surgiu entre
as províncias do grande império o desejo e a esperan­
ça de libertarem-se do domínio cruel do seu opressor.
Por alguns anos, 721-709, Merodaque-Baladã, o caldeu, ti­
nha oferecido resistência obstinada contra Sargão, e foi
subjugado com dificuldade. Revoltou-se também contra
Senaqueribe, e foi subjugado com duas campanhas do
exército assírio. No seu poder crescente, o Egito ambi­
cioso aproveitou-se das perturbações políticas para fo ­
mentar a insurreição contra a Assíria. Nestas circuns­
tâncias, as províncias da Palestina e Fenícia uniram-se na
revolta. Contra o conselho de Isaías, Ezequias, de Judá,
tomou parte na conspiração.
De 705 a 701 o profeta Isaías dirigiu as suas mensa­
gens contra os conselheiros políticos que confiavam no
socorro do Egito, 28:7-13; 28:14-22; 29:15-16; 30:1-7;
31:1-3. Durante o govêrno de Ezequias, o grande mensa-
géiro do Senhor exerceu o seu ministério profético vigo­
rosamente, mas aparentemente com poucos resultados até
à crise na história de Jerusalém, quando aconselhou e per-
súádiü ao rei Ezequias a recusar a entrega da cidade de
Jerusalém ao poder de Senaqueribe, Is. 37.
, Nota-se uma certa mudança na pregação do profeta
no período do govêrno de Ezequias. No princípio do seu
ministério, o profeta denunciou em têrmos fortes o or­
gulho, a iniqüidade e a infidelidade religiosa do povo.,
Condenou severamente a. corrupção e a injustiça dos ricos
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 25
e das autoridades políticas. No período do govêrno de
Ezequias o profeta olhou mais para o futuro, e discutiu
a operação do propósito do Senhor na história, e especial­
mente na história do povo do Senhor. Ao mesmo tempo
êle denunciou severamente as intrigas políticas e a injus­
tiça social. Veja 28:14-15; 29:15-16; 31:1-3; 22:15-25;
28:1-21; 29:9-14. Quando Ezequias pediu o socorro do
Egito, o profeta denunciou «esta aliança com a morte»,
28:15.
Quando o rei e o povo confiavam no poder militar
e nas alianças políticas, o conselheiro espiritual do seu
povo declarou que a fé no Senhor Javé, o Santo de Israel,
o Deus da história, era a única esperança segura para
Judá. Ao mesmo tempo, o profeta reconheceu que a Assí­
ria era instrumento na mão de Deus para castigar o povo
infiel de Judá. Mas declara firmemente que o arrogan­
te conquistador será humilhado, 10:5-16; 37:22-25.
Como um dos conspiradores contra o Império da
Assíria, Ezequias aguardava a fúria da vingança de Se-
naqueribe. Na sua terceira campanha militar o terrí­
vel conquistador invadiu as províncias no oeste. Êle des­
creve as vitórias e as conquistas dramáticas daquela ex­
pedição no «Taylor-Prism», agora no Museu Britânico
(Veja a Arqueologia Bíblica do autor, p. 269). A sua
narrativa não concorda perfeitamente nos pormenores
com a da Bíblia, II Reis 18:13-16. Nota-se logo na sua
narrativa a arrogância e o exagêro costumário dos fatos
em favor da grandeza das vitórias militares, em contras­
te com a história clara e humilhante na Bíblia, II Reis
18:17-37. Senaqueribe não oferece qualquer explicação
porque abandonou o sítio de Jerusalém, mas dá a entender
que foi por causa do grande tributo que tinha recebido
de Ezequias.
Lembrando-se da sorte funesta de Israel, Ezequias,
por motivos de patriotismo e da religião, recusou-se a en­
26 A. R. C R A B T R E E
tregar a cidade ao poder cruel da Assíria. Mas que podia
fazer nessa situação extrema? Virou-se ao homem de
Deus. Isaías tinha pregado corajosamente contra a polí­
tica de Ezequias na revolta contra a Assíria, mas nunca
tinha perdido a fé no propósito do Senhor de salvar a ci­
dade de Sião do poder de Senaqueribe. Não obstante o
fato de que o rei Ezequias havia seguido a política popu­
lar, contra o conselho do profeta Isaías, nesta grande
crise êle recebe e segue o conselho do mensageiro do Se­
nhor, e recusa submeter-se às exigências arrogantes de
Senaqueribe. O discernimento espiritual do mensageiro
do Senhor foi completamente verificado. De repente,
uma pestilência terrível atacou o acampamento dos assí­
rios, e matou 185.000 homens do exército assírio, Is. 37 :
36. Assim, Senaqueribe retirou-se repentinamente de
Judá, voltou para a sua terra, e nunca mais voltou contra
Judá e a cidade de Jerusalém. A sua política foi comple­
tamente alterada pelo desastre que sofreu na campanha
contra Jerusalém. Quando consideramos o significado
da salvação de Jerusalém do poder do exército cruel da
Assíria, é difícil exagerar a importância dêsse evento do
qual dependia o futuro da religião de Judá.
A inspiração divina que guiou o ministério profético
de Isaías e a bênção da providência de Deus que honrou
e conseguiu a realização das suas esperanças proféticas
constituem a mais linda história, e o mais profundo en­
tendimento da religião do povo do Velho Testamento.
Esta vitória da fé, juntamente com os eventos históricos
de 701, termina apropriadamente a carreira pública dês-
te nobre mensageiro do Santo de Israel.
II. A vida e o Ministério Profético de Isaías
Fora dos seus próprios escritos temos pouca infor­
mação sôbre a vida do profeta Isaías. Nasceu nos fins
do período da prosperidade econômica, e do declínio reli-
A P R O F E C I A DE ISAÍAS 27
gioso de Israel e Judá. A poderosa nação da Assíria já
começara a campanha militar contra o ocidente, com o
propósito de conquistar o mundo. Isaías era menino quan­
do Amós, o primeiro profeta canônico, dirigiu ao reino de
Israel a mensagem do julgamento divino sôbre a infideli­
dade daquela nação. Amós e Oséias já tinham iniciado
o nôvo movimento profético, com novas revelações do
caráter de Deus e novas interpretações dos princípios
fundamentais do reino de Deus, quando Isaías recebeu a
visão da santidade e da majestade do Senhor Javé, e res­
pondeu voluntàriamente à voz de Deus: «Eis-me aqui, en­
via-me a mim.»
Era filho de Amoz, distinguido claramente do pro­
feta Amós. Segundo uma tradição persistente entre os
judeus, Amoz era de família nobre, irmão de Amazias,
rei de Judá, II Reis 14:1. No seu espírito como profeta
e como estadista, Isaías era mais nobre do que os reis de
Israel e Judá. O profeta geralmente ocupava uma posi­
ção social nos círculos^ políticos e sacerdotais. A sua
mentalidade aristocrática indicava a nobreza da família.
Em 8:3 a espôsa de Isaías é mencionada como pro­
fetisa, e alguns supõem que ela tivesse o dom e o espí­
rito de profecia. Mas é mais provável que as esposas dos
profetas eram chamadas profetisas por cortesia, do mes­
mo modo como as mulheres dos sacerdotes eram deno­
minadas sacerdotisas. Isaías teve dois filhos e êle lhes deu
nomes simbólicos: Sear-Jasube (Um-Restante-Yoltará);
Maher-shalal-hash-baz (Rápido-despôjo-prêsa-segura).
Isaías exerceu o seu ministério profético nos últimos
40 anos do século oitavo, e possivelmente por mais um
pouco de tempo, mas não temos referência a qualquer
mensagem dêle depois do ano 701. De u’a maneira es­
pecial êste homem de Deus tomou parte proeminente nas
crises políticas e religiosas de Judá durante o seu mi­
nistério, e assim ganhou fama bem merecida como o
28 A. R. C R A B T R E E
maior estadista da época, se não do Velho Testamento.
É certamente o mais poderoso profeta do Velho Testa­
mento. É claro que o Senhor levantou êste homem no
período da apostasia do seu povo, e no tempo da expan­
são do Império da Assíria, que ameaçou a destruição do
povo escolhido do Senhor. De acôrdo com a tradição,
êle sofreu martírio às ordens do rei Manassés, e foi pro-
vàvelmente serrado ao meio (Cp. Heb. 11:37).
Em espírito aristocrático, Isaías comportou-se como
príncipe entre os homens, falando sempre com a auto­
ridade do embaixador do Santo de Israel. Nas prega­
ções, bem como nas obras e nas atividades proféticas,
êle sempre se apresenta como o mais alto exemplo da
cultura de Judá. Sempre demonstra a capacidade inte­
lectual de analisar os problemas políticos e sociais do
seu povo, e a habilidade profética de entender e interpre­
tar a mensagem do Senhor Javé, o Santo de Israel, de
acôrdo com as necessidades religiosas dos seus patrí­
cios. Sempre demonstra a firmeza de caráter para pre­
gar as verdades da revelação divina como a única solu­
ção dos problemas políticos, éticos, sociais e religiosos
de Judá. Observam-se, no estudo cuidadoso das suas
mensagens, não somente os seus maravilhosos talentos,
como também a perfeita harmonia no uso de seus dons
no esforço de orientar as autoridades políticas, e a socie­
dade nacional nos deveres e nas responsabilidades mo­
rais de acôrdo com a vontade revelada do Senhor.
Como Amós e os outros profetas, Isaías era homem
do seu tempo, influenciado pela história do seu povo, e
pelas crises históricas da época. Mas a fôrça da sua
personalidade, e seu discernimento espiritual dos sinais
do tempo, e sua transmissão das verdades eternas da
revelação divina para as gerações do futuro, elevaram
êste mensageiro do Senhor acima da época transitória,
e fizeram dêle um mensageiro de Deus para tôdas as ge­
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 29
rações subseqüentes. As verdades fundamentais que
Isaías proclamou vivem ainda, e viverão eternamente.
Não tinha, nem poderia ter, a última palavra da revela­
ção divina sôbre a glória e a graça de Deus, mas contri­
buiu muito para esclarecer as operações do Criador na
história humana, e o propósito e poder do Controlador
das atividades dos povos e das nações do mundo. A gló­
ria do Senhor enche o mundo inteiro, mas, na sua ma­
jestade maravilhosa, o Deus de Israel comunica-se com
os seus profetas, e com todos os seus servos fiéis.
Nas meditações sôbre a morte do seu rei Uzias, o
jovem experimentou a presença e o poder da santidade,
da majestade e da glória de Deus. E naquela sublime
visão, Isaías recebeu a incumbência de entregar-se nas
mãos do Senhor, e dedicar a vida completamente ao ser­
viço do Senhor. O velho monarca tinha governado o
reino de Judá no período da maior prosperidade nacio­
nal, mas estava nos últimos dias de sua vida, ou já ti­
nha morrido. É provável que Isaías já começara a en­
tender que a morte dêste poderoso rei do seu povo es­
tava marcando o fim de uma época na história de Judá,
e o princípio do período de anarquia e confusão (Cp.
3:18). Assim, na visão foi permitido ao jovem pro­
feta entender, à luz da revelação da santidade e da ma­
jestade do Senhor, o pecado da infidelidade do povo e
os sofrimentos que haviam de enfrentar por causa da
sua infidelidade e dos seus pecados, 6:9-13. A revelação
da Pessoa do verdadeiro Rei preparou Isaías para en­
frentar as responsabilidades e as obrigações morais de
receber e transmitir ao seu povo obstinado e rebelde os
seus ensinos, com coragem, confiança e persistência,
na dependência do socorro divino.
As verdades eternas imprimidas no espírito de Isaías
por essa experiência memorável são confirmadas pelos
resultados do seu ministério profético. Desempenhou-se
30 A. R. CRABTREE
fielmente da incumbência que aceitou voluntariamente
em resposta ao Senhor, «A quem enviarei, e quem há de
ir por nós?» Manifestaram-se os resultados da pregação
da mensagem de Deus na vida e na história dos insensí­
veis e incrédulos, bem como no espírito e na missão do
restante fiel, o núcleo do povo regenerado pela graça de
Deus.
Convém reconhecer os quatro períodos do ministé­
rio dêsse profeta, e a adaptação da mensagem profética
às circunstâncias históricas da vida nacional. O pri­
meiro se estende desde a morte de Uzias em 742 até os
princípios do reino de Acaz em 734. O segundo é o pe­
ríodo de conflito do profeta com o rei Acaz, nos princí­
pios do seu reino de 734-715. O terceiro se centraliza
contra a política de aliança com o Egito contra o Impé­
rio da Assíria de 715-705. Na quarta divisão a profecia
relaciona-se principalmente com a invasão de Judá por
Senaqueribe, e a libertação de Jerusalém de 705-701.
1. As Profecias do Primeiro Período
É difícil determinar as ocasiões e as datas quando
foram proferidas muitas das mensagens de Isaías. Essas
questões serão discutidas mais elaboradamente no co­
mentário próprio. As pregações «a respeito de Judá e
Jerusalém» nos capítulos 1-5 foram proclamadas provà-
velmente no reino de Jotão.
As condições sociais e religiosas de Judá eram se­
melhantes às de Israel nos dias de Amós. Mas, devido
às maiores relações políticas de Israel com outras na­
ções, e especialmente devido ao casamento de Acabe com
Jezabel, o reino do norte foi mais influenciado pela re­
ligião dos fenícios do que o de Judá. Ao mesmo tempo,
na ingratidão para com o Senhor, na religião de cerimo-
nialismo, na infidelidade ao Senhor, e no fracasso mo­
ral, Judá não era superior ao Reino de Israel. O profeta
tmla dos pecados de Judá no espírito e no entendimen­
to do seu predecessor, Amós. O povo se mostra mais
insensível aos favores de Deus do que o boi e a jumenta
aos cuidados de seus donos, 1:3. A idolatria, a supers­
tição e a confiança nas riquezas são característicos da
vida nacional, cp. 2. Os males sociais, a opressão e a
injustiça praticadas contra os pobres e fracos pelos ri­
cos e poderosos, 3:9,14,15, e o luxo e a vaidade das
mulheres de Jerusalém, 3:16, são condenados com a
mesma severidade do profeta Amós. Nesse período do
seu ministério o profeta se apresenta como pregador da
justiça e do juízo vindouro. Os dois assuntos mais acen­
tuados nas pregações dêsse tempo são o pecado do povo,
especialmente dos ricos, e a certeza do desastre nacional,
5:8-24. As passagens 9:8-21; 10:22-23; 32:9-14, e pro-
vàvelmeinte outras, foram proferidas nesse período.
O povo de Judá em geral, como o de Israel, influen­
ciado, sem dúvida, pela religião mais fácil e mais agra­
dável dos cananeus, julgava que podia ganhar os favo­
res do Senhor Javé pelos serviços rituais e os sacrifícios
custosos, apesar dos pecados e da infidelidade dos ofertan-
tes, 1:10-17. A Parábola da Vinha, 5:1-7, proclama em
têrmos claros que o Senhor esperava da casa de Israel,
e dos homens de Judá, o juízo em vez de opressão, e a
justiça em vez do clamor dos oprimidos.
Isaías proclama também o julgamento vindouro em
têrmos claros e cintilantes. O dia do Senhor não será o
dia de vitória e honra para o povo de Judá, como se es­
perava. Será antes o dia quando todo o soberbo e al­
tivo será humilhado perante a exaltada majestade e a
glória do Senhor, 2:9-22. O Senhor mesmo virá em pes­
soa para julgar os anciãos e os príncipes do povo, 3:14.
Em 1:24-26 o profeta olha para o futuro quando Judá
será purificada, como era dantes. Então Jerusalém se
chamará «idade de justiça, cidade fiel. Há dois lindos
quadros da Idade Messiânica do futuro, 2:2-4 e 4:2-6.
A PROFECIA DE ISAÍAS 31
32 A. R. C R A B T R E E
2. O Conflito do Profeta com o Rei Acaz
No esforço de persuadir o rei Acaz a confiar no au­
xílio do Senhor, e não fazer aliança com a Assíria, o pro­
feta fracassou. Os profetas em geral sempre se mos­
travam contra alianças políticas das pequenas nações de
Israel e Judá com as nações poderosas. Opuseram-se
igualmente à violação de tais alianças que pudessem re­
sultar na sua subjugação, ou na sua ruína final. Apre­
sentam-se nos capítulos 7 e 8 a história do confli­
to de Isaías com o rei Acaz, e algumas mensagens sim­
bólicas dirigidas ao povo. Nesta segunda parte do seu
ministério, o profeta se apresenta como conselheiro po­
lítico, e, segundo a opinião de muitos estudantes, como
verdadeiro estadista. Instava com tôda autoridade pro­
fética para que Acaz renunciasse à confiança no auxí­
lio político, e confiasse no socorro do Senhor. «Se não
crerdes, certamente não sereis estabelecidos.» Isaías en­
tendeu claramente a insensatez do rei Acaz em subme­
ter-se voluntàriamente ao domínio da Assíria, pagando
tributo a Tiglate-Pileser para livrá-lo da ameaça da Sí­
ria e Efraim quando êle já havia começado o seu plano
de conquistar os pequenos países ao oeste.
Com a rejeição da sua mensagem pelo rei e pelo
povo em geral, o profeta interrompeu a sua atividade
profética até à morte do rei Acaz. Houve, porém, um
pequeno grupo de homens que ouviu com interesse as
pregações do profeta. Entre êstes que se destacaram de
entre a geração incrédula e insensível, e receberam com
alegria os ensinos do mensageiro do Senhor, havia aquê-
le restante fiel de que dependia o futuro do reino de
Deus.
3. À Operação do Propósito de Deus na História
Com a morte do rei Acaz e a inauguração do rei
Ezequias, Isaías reassumiu o seu ministério profético.
A PROFECIA DE ISAÍAS 33
A profecia contra os filisteus foi proferida neste perío­
do, 14:28-32. Durante êste período o profeta pregou
freqüentemente, dirigindo as suas mensagens ao rei
Ezequias, às autoridades políticas, no esforço de orien­
tar a vida nacional de acôrdo com a vontade do Senhor.
No ministério dêsse período (18:1-7; 19:1-15; 20:
1-6; 22:1-25), nota-se uma certa mudança no interêsse
e nas mensagens do profeta. Na primeira parte do seu
ministério êle denunciou severamente o orgulho, a ini­
qüidade e a infidelidade religiosa do povo. Condenou
igualmente a corrupção e a opressão do povo pelos ho­
mens ricos e poderosos. No reino de Ezequias o profe­
ta pensava mais profundamente na operação do propó­
sito de Deus na História. Continuou a censurar as in­
trigas políticas das autoridades, 28:14-15; 29:15-16;
30:1-5; 31:1-3. Nos anos de 715 a 711 êle fala menos
na injustiça e opressão, e trata do problema da queda de
Samaria, e a extinção do reino das Dez Tribos. Fala
mais claramente sôbre o problema que perturba os pen­
sadores de tôdas as gerações. O Império da Assíria era
mais cruel do que a nação de Israel que êle tinha des­
truído. Vangloriou-se no sítio de Jerusalém, dizendo:
«Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não
o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?» Com
clareza crescente o profeta anunciava a aniquilação da­
quele império envolvido no plano divino para o estabe­
lecimento do verdadeiro reino de Deus no mundo. É di­
fícil para alguns teólogos de hoje entender o ensino de
Isaías, de que Deus pudesse usar o poder cruel da Assí­
ria na realização do seu propósito na direção da histó­
ria humana (10:5). Depois de ser usada como instru­
mento na mão de Deus no castigo de Judá, a Assíria se­
ria destruída pelo poder supremo do Senhor, 10:5-17.
34 A. R. CRABTREE
4. A Invasão de Judá por Senaqueribe, e a Salvação
de Jerusalém
Aparentemente, Ezequias não prometeu a Meroda-
que-Baladã auxílio na revolta contra a Assíria. É cer­
to, todavia, que os países pequenos, vizinhos de Judá, en­
traram na conspiração contra o poderoso império, en­
corajados aparentemente pelo revoltoso Merodaque-Ba-
ladã da província da Babilônia. Logo que subjugou êste
persistente revoltoso da Babilônia, Senaqueribe, o nôvo
rei da Assíria, iniciou a campanha militar contra as pro­
víncias revoltosas do oeste. Embora Judá não tomasse
parte na aliança contra a Assíria, Ezequias, com o seu
povo, ficou amedrontado perante a pavorosa campa­
nha militar de Senaqueribe. Seguindo o conselho dos
políticos, Ezequias pediu a ajuda do Egito (28:7-13,
14:22; 29:15-16; 30:1-7; 31:1-3). O mensageiro do Se­
nhor denunciou vigorosamente esta aliança com a morte,
28:15, e a esperança falsa de achar segurança política
por meio de alianças militares.
Isaías entendeu claramente a ambição e a política pe­
rigosa da Assíria, bem como a futilidade de qualquer
aliança de Judá contra ela. A única fôrça de Judá con­
tra a agressão arrogante da Assíria não seria militar, mas
sim o propósito do Santo de Israel, o Controlador da Histó­
ria. O rei Ezequias e os políticos aparentemente tinham dú­
vidas quanto ao valor do auxílio militar do Egito, e ten­
taram esconder do profeta os seus desígnios, 29 :15; 30:1.
Mas o profeta acompanhava as atividades e os planos
dêsses homens, e freqüentemente usava de linguagem
irônica sôbre os seus esforços sutis de enganar o Todo-
Poderoso (29:15; 30:1-12; 31:1-2). Nessa situação pe­
rigosa, Isaías usou métodos ainda mais drásticos para
influenciar a opinião pública contra a rebelião. Por três
anos êle andou «nu e descalço», 20:1-6, como sinal da
A PROFECIA DE ISAÍAS 35
humilhação que o Egito havia de sofrer às mãos da
Assíria.
O profeta reconheceu que Judã também tinha que
sofrer a invasão da Assíria, e que isto seria o julgamen­
to inevitável do Senhor. Assim, nas suas pregações, o
mensageiro do Senhor procurou desenvolver o espírito
religioso das autoridades e do povo, e prepará-los para
enfrentar a tragédia sem perder a fé no Senhor da His­
tória, o Deus de Israel. Como tinha procurado persuadir
o rei Acaz a não fazer aliança com a Assíria, agora êle
se esforça para mostrar às autoridades a tolice de fazer
aliança com o Egito em revolta contra a Assíria.
Na orientação divina, Isaí^s entendeu claramente
os limites do poder da Assíria no eterno propósito de
Deus. Releva notar, todavia, que o profeta nunca iden­
tificou a política da Assíria com o propósito moral do
Todo-Poderoso. Veja 10:32 e 10:33. A crise na vida de
Jerusalém ofereceu ao Senhor dos céus e da terra a oca­
sião de demonstrar a sua majestade, a sua glória e o
seu poder no transtorno do poder arrogante da Assíria.
A libertação de Jerusalém do poderoso exército militar
de Senaqueribe é um exemplo supremo na história in­
teira da redenção poderosa do Deus Altíssimo. Foi a
inauguração do reino de santidade, justiça e paz, reser­
vado para o restante purificado do povo escolhido.
A orientação e o encorajamento do rei Ezequias pelo
profeta nessa ocasião, com os seus resultados de eterna
significação para o reino de Deus no mundo foi uma
conclusão apropriada do ministério dêsse grande homem
de Deus. «Com os pés na terra firme, a cabeça nas nu­
vens e o coração nas verdades eternas do Deus verdadei­
ro», êste servo de Deus entendeu claramente a injustiça
política e a infidelidade religiosa do seu povo. Homem de
convicções inabaláveis, êle pregava fielmente as verdades
eternamente operativas na vida dos homens e das nações.
36 A. R. CRABTREE
Na comunhão entranhável com o Espírito do Senhor Oni­
potente, êste pregador da justiça divina tinha a autori­
dade e o poder de apresentar a mensagem de esperança
ao seu povo na hora da angústia, e assim salvou o reino
enfraquecido de Judá da tragédia nacional que ocorrera
com o Reino de Israel.
III. A Teologia de Isaías
Não há diferença especial entre os ensinos teológicos
de Isaías e os outros profetas da época. Êles concordam
nos ensinos sôbre a natureza e o caráter do Senhor Javé,
o Deus de Israel; a controvérsia divina com o povo de Is­
rael e Judá; o julgamento vindouro de Israel e Judá pela
agência da Assíria; e o estabelecimento final do reino de
Deus no mundo. Isaías, porém, entendeu mais claramen­
te do que os outros profetas os fatos políticos da história
humana. Como resultado da visão inaugural, êle enten­
deu mais claramente a santidade, a majestade e a glória
eterna de Deus, a missão de Israel, e o futuro do Reino
Messiânico do Senhor dos céus e da terra.
Pois na experiência religiosa de Isaías, Deus era o
Soberano, o Exaltado, o Senhor Javé dos Exércitos, o
Santo cuja glória enchia tôda a terra. No seu alto e su­
blime trono o Senhor Javé é o Rei, não somente de Israel,
mas o Soberano absoluto e universal do mundo inteiro.
As criaturas resplandecentes, os serafins, que refletem e
proclamam a glória divina, são cônscios das suas imper­
feições em comparação com a majestade do Senhor, e co­
brem o rosto e os pés na presença do seu Criador.
O profeta contemplava profundamente o mistério so­
lene da visão que recebera do Senhor; o fogo simbólico
da expiação; a severidade da mensagem divina dirigida ao
povo de Israel; e acima de tudo a santidade inacessível do
Senhor Javé. A significação radical de santidade é sepa­
ração, mas o que separa o Senhor do universo que Êle
A PROFECIA DE ISAÍAS 37
criou é a bondade e a justiça do seu propósito nas ativi­
dades de preservar e dirigir as obras da criação. A san­
tidade ou a divindade descreve a superioridade infinita do
Senhor em relação às criaturas do mundo. A santidade
não descreve qualquer atributo especial da natureza di­
vina, mas declara apenas a noção da divindade, na sua
distinção de tôdas as outras formas de existência.
O têrmo santidade, per si, não especifica qualquer
atributo de Deus, mas toma a sua qualidade da natureza
e do propósito de todos os atributos do Senhor, como a
bondade e a justiça, 5:16. A bondade, a justiça e o amor
de Deus são absolutos. Tôdas as virtudes humanas são
relativas. A justiça soberana é pessoal nas relações com
o homem criado à imagem de Deus. No seu amor e na
sua justiça Deus fala à consciência do homem, exigindo
dêle a submissão e a obediência. Mas é na revelação pró­
pria do Senhor que o homem conhece a vontade e o pro­
pósito de Deus para a sua vida na sociedade humana. O
Santo de Israel é o Rei soberano na história de tôdas as
nações. Não obstante o fato de que os homens não enten­
dem perfeitamente a significação das obras divinas, é o
Senhor Javé quem governa a História de acôrdo com o
seu eterno propósito na criação do homem (Cp. 5:12,19;
28: 23-29; 29:14).
O Santo de Israel é inteiramente diferente de outros
santos: na sua natureza, na soberania, no propósito das
suas atividades, e na exigência de obediência universal
à sua vontade.
A glória do Senhor relaciona-se com o universo in­
teiro. «Tôda a terra está cheia da sua glória.» Santo,
santo, santo é o Senhor dos Exércitos. Esta afirmação
dos serafins declara o que Deus é em si mesmo. Tôda a
terra está cheia da sua glória. Esta declaração descreve
o que Deus é na revelação. Assim o cântico dos serafins
declara que a plenitude da terra inteira é a glória de
Deus.
38 A. R. CRABTREE
0 Senhor Javé na História
A doutrina da soberania de Deus, acentuada nos
ensinos de Isaías, levou o profeta a pensar na revelação
do propósito do Senhor na História. No propósito do seu
reino, o Soberano pergunta na visão quem há de repre­
sentá-lo na terra. Desde então, Isaías pensava no pro­
pósito do Senhor que se realiza progressivamente no go-
vêmo providencial do mundo, 5:12; 10:12,23; 14:24,26,27;
28:21-24. A obra do Senhor significa para o profeta o
estabelecimento do seu Reino de Justiça no mundo. É
o ato final e decisivo que o Senhor executará na grande
consumação da História.
As autoridades irreligiosas não podiam entender as
obras e as atividades do Senhor na direção da História,
5:12. Permaneciam cegas quanto à operação da provi­
dência de Deus na vida dos homens e das nações. O gênio
de Isaías, em comunhão com o Espírito do Senhor, per­
cebeu que o reino do Senhor é supremo, não somente
na esfera da natureza física, como também no govêmo
da história humana. Como a glória do Senhor enche tôda a
terra, assim também a atividade do Criador penetra tôda
a história humana. Como os homens eram cegos quanto
à glória do Senhor, assim também os irreligiosos zomba­
vam das atividades de Deus no controle da história dos
homens e das nações.
Isaías, como Amós, acentuava os atributos austeros
do Senhor. Fala freqüentemente sôbre a sabedoria, o
zêlo e a ira do Senhor, 28:29; 31:2; 9:7; 9:19; 10:6. A
justiça divina liga-se diretamente com a santidade do
Senhor, 5:16. Embora Isaías, de Jerusalém, não fale do
amor como atributo do Senhor Javé, o Santo de Israel,
êle reconhece claramente o propósito da graça de Deus
em tôdas as suas relações com Israel, 30:18. No senti­
mento vigoroso de Isaías, Deus se apresenta como o So-
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 39
berano absoluto, de majestade suprema e de glória infi­
nita. Deus fala aos homens por intermédio do profeta
Isaías como o Senhor Javé dos Exércitos, com a autori­
dade do Criador e do Rei dos céus e da terra.
O Senhor Javé e Israel
O concêrto do Senhor com o povo de Israel deter­
minou o desenvolvimento das escrituras do Velho Tes­
tamento. Mas neste sentido temos que entender a signi­
ficação do concêrto, Giên. 12:3 e Êx. 19:1-6. Isaías, como
os outros profetas, baseou a sua mensagem ao povo nesta
relação especial entre o Senhor e a nação de Israel. De
acôrdo com o concêrto, o Senhor Javé é o Deus de Israel,
e Israel é o povo de Deus. É evidente em todos os escri­
tos proféticos que o povo em geral não entendeu clara­
mente a verdadeira significação do concêrto. Israel se
ufanava da sua relação peculiar com o Senhor, mas não
quis entender ou aceitar a responsabilidade religiosa que
o concêrto lhe impunha. Javé é o Deus de Israel num
sentido especial. E, correlativamente, Israel é o povo do
Senhor num sentido especial.
Porquanto a sua religião fôsse nacional, segundo os
profetas, Israel tinha a incumbência de servir ao Senhor
como nação sacerdotal. Por intermédio dos profetas, o
Senhor trata com o povo de Israel no seu conjunto. O
pecado do israelita é reconhecido como delito nacional.
Todos os israelitas tinham que reconhecer e honrar ao
Senhor Javé na vida pessoal, mas sempre como membro
do conjunto nacional. Em virtude da solidariedade nacio­
nal, todos os israelitas, em tôdas as esferas da vida,
eram responsáveis perante o Senhor pelos pecados ou
pela fé e obediência do grupo.
Deus como Soberano universal, em virtude do seu
propósito na escolha de Israel, era Rei, num sentido es­
40 A. R. C R A B T R E E
pecial, dêste povo. Israel, por sua parte, representava o
reino de Deus na terra. Isaías era o mensageiro do Rei,
comissionado para falar ao povo e orientá-lo de acôrdo
com a revelação do Senhor Soberano. Portanto, Isaías,
como os outros profetas, se esforçava para estabelecer
as relações de harmonia espiritual entre o Rei e o povo
do seu reino. Para êste profeta a religião nacional resu­
mia-se na frase a santificação do Senhor dos Exércitos
(8:13; 29:33).
O julgamento do estado moral de Israel pelo profeta
era simplesmente a aplicação dêstes princípios às con­
dições sociais é religiosas do povo da época. Experimen­
tando a visão da Santidade do Senhor, o jovem Isaías
sentiu-se perdido, separado de Deus pela sua impureza.
Logo em seguida, êle reconheceu a condição pecaminosa
da vida inteira de Israel como nação. O seu próprio pe­
cado foi purificado pelo contato com o fogo divino, o
símbolo da santidade do Senhor. Mas aprendeu na mesma
ocasião que o único fogo que poderia purificar a nação
mergulhada na iniqüidade era o fogo do julgamento su­
premo, que podia queimar ou destruir os elementos peca­
minosos de Israel, deixando apenas o restante indestru­
tível, a santa semente, 6:13.
A visão da Santidade do Senhor, na sua majestade
e justiça, preparou o jovem para entender e interpretar
a insensibilidade, a impureza, e a corrupção do povo em
geral, bem como a tirania, a injustiça e a hipocrisia das
autoridades políticas, ricas e poderosas, 29:13; 1:10-17;
1:4.
Nas circunstâncias religiosas da época, Isaías enten­
deu que a sua pregação teria o efeito de afastar o povo
hipócrita ainda para mais longe do Deus Santo. Israel
como nação tinha abandonado ao Senhor, e o Senhor o
rejeitara.
A PROFECIA DE ISAÍAS 41
Uma das doutrinas básicas e fundamentais dêste
mensageiro do Senhor é que a fé tem que ser o motivo
e a fôrça da orientação de Israel na sua vida política,
bem como na vida religiosa, 7:9. Aquêle que crer não se
apressará, 28:16. Na tranqüilidade e na confiança será a
vossa fôrça, 30:15. Estas declarações nos oferecem a
chave para abrir o entendimento desta grande profecia.
Quando o destino do povo em geral foi determinado pela
incredulidade e a infidelidade, os que se separaram dos
pecaminosos e incrédulos da época eram orientados e
abençoados de acôrdo com a sua fé no Santo de Israel.
Portanto, o julgamento iminente de Israel não apresenta
quaisquer terrores para aquêles que crêem na palavra
certa da Revelação.
Os Ensinos Escatológicos de Isaías
Os escritores do Velho Testamento são os primeiros
entre todos os povos antigos do mundo que apresentam
um conceito distintivo, definitivo e coerente do signifi­
cado da História. A origem histórica da religião bíblica
forneceu aos escritores a chave para a interpretação da
História. Os mensageiros da revelação de Deus sabiam
interpretar as atividades do Senhor na sua vida nacional.
Entenderam não somente o propósito do Senhor, na sua
própria história, como também na criação do mundo para
o serviço e o desenvolvimento da humanidade inteira.
O Criador dos céus e da terra está dirigindo a história do
mundo para o alvo que êle mesmo predeterminou.
Mas, como os outros profetas, Isaías reconheceu a
desarmonia, a incoerência e as imperfeições religiosas do
povo de Israel, em comparação com o reino ideal do fu­
turo que pela fé no Deus Santo e Justo esperava. Aparen­
temente, os profetas do século oitavo esperavam uma
catástrofe física e social, seguida por uma nova ordem
do reino de Deus na terra, no qual tôdas as fôrças da
42 A. R. C R A B T R E E
natureza se tornariam subservientes às necessidades da
humanidade completamente renovada.
Há quatro elementos nos ensinos de Isaías sôbre o
futuro do reino de Deus: O Dia do Senhor, O Restante, O
Reino Messiânico e A Inviolabilidade de Sião. Alguns
dizem que há contradições nestes ensinos. É verdade que
as circunstâncias históricas e religiosas determinavam a
variação da ênfase em cada um dêles, mas isto certa­
mente não significa contradições. Significa antes a har­
monia no julgamento divino da massa do infiéis e do Res­
tante Fiel.
O Dia do Senhor
Isaías, 2:12-21, como Amós, 5:18, descreve o Dia
do Senhor como o dia que será contra todo soberbo e altivo,
e contra todo o que se exalta, para que seja abatido, 2:12.
No conceito do Dia do Senhor, os dois profetas explicam
as conseqüências da rebelião e da infidelidade de Israel
e Judá. Naquele dia o Senhor se apresentará no esplen­
dor da sua glória e da sua majestade para julgar os po­
vos, a soberba, a autoridade e o poder dos homens infiéis.
Todos êstes serão abatidos, e lançarão às toupeiras e aos
morcegos os seus ídolos de prata e os seus ídolos de ouro
que fizeram para adorar, 2:20.
Isaías não limitou a significação do Dia do Senhor
ao desastre da invasão de Judá pelos assírios. Reconheceu
que o Senhor usou a Assíria como instrumento para o
castigo de Judá, e ensinou também que o propósito de
Deus visava à destruição do cruel Império da Assíria.
Depois da retirada do exército de Senaqueribe que infli­
giu um desastre terrível contra Judá e Jerusalém, Isaías
reconheceu que o Dia do Senhor, o Santo de Israel, seria
o alvo da história humana quando o reino da justiça di­
vina fôsse estabelecido na terra.
A PROFECIA DE ISAÍAS 43
O Restante Fiel do Senhor
Por meio do nome de um dos seus filhos o profeta
proclama esta doutrina do Restante fiel: Sear-Jasube
(Um-Restante-Voltará). O ensino do significado dêste
nome do filho indica que Isaías, bem cedo, talvez desde
a visão inaugural, 6:13, nutria a esperança, se não a cer­
teza, de que um restante do povo de Israel seria salvo do
desastre vindouro. Não há qualquer contradição neste
ensino do arrependimento e salvação de um grupo fiel
ao Senhor, e a infidelidade persistente da massa que as­
sim traria sôbre si a destruição completa. O fogo do
julgamento, como a brasa viva da visão, pode destruir,
5:24; 9:19, ou pode purificar, 1:25,26. O Senhor não
podia abandonar Israel, o seu povo, enquanto houvesse
alguns sobreviventes da Filha de Sião, 1:9. O propósito
divino no castigo de Israel é a disciplina para que o povo
reconheça a sua infidelidade, se arrependa da iniqüidade
e se volte ao Senhor, 9:13; 10:12. Mas para os revolto­
sos persistentes contra o Senhor a destruição final é ine­
vitável, 28:22. Deus pode perdoar, purificar e salvar os
pecadores que se arrependem e se voltam com fé ao
Santo de Israel. A ameaça para os infiéis toma-se uma
gloriosa promessa para os fiés. Um-Restante-Voltará.
Naquele dia o restante de Israel e os sobreviventes da
casa de Jacó nunca mais se estribarão naquele que os feriu,
mas se estribarão no Senhor, o Santo de Israel, 10:20.
Quanto ao Reino de Israel, Isaías não esperava mais
do que um pequeno número de sobreviventes, 17:5,6, por­
que aquela nação como tal tinha que sofrer o extermínio.
Quanto a Judá, a promessa de salvação foi limitada ac
número das pessoas que receberiam a mensagem do pro
feta e se arrependeriam, depositando a fé na graça sal
vadora do Senhor. Em 10:20-23 o restante é constituído
dos escapados de Jacó. Mas é provável que Isaías pensava
em formar, ensinar e treinar o grupo de seus discípulos.
44 A. R. C R A B T R E E
8:16-18, como o grupo fiel ou o núcleo do reino futuro
do Senhor. Êste resto indestrutível dos israelitas, ou da
casa de Jacó, levou o profeta Isaías, desanimado com os
resultados da pregação da Palavra de Deus, a reconhecer
que o seu serviço como mensageiro do Santo de Israel
tinha valor inestimável e permanente para a religião do
futuro.
O Reino Messiânico
O têrmo Messias originou-se do costume de ungir
com óleo, 5 pessoas ou cousas, e assim separá-las
- T
para um serviço especial do Senhor. O têrmo Messias,
ungido, usa-se no Velho Testamento para designar o Rei
Ideal da casa de Davi, sempre com a esperança de que êle
estabeleceria o reino ideal de justiça. Teórica e simboli­
camente todos os reis eram ungidos do Senhor, represen­
tantes do reino de Deus na terra. Mas na prática muitos
dos reis contribuíram para a corrupção do govêrno, e o
desvio do povo para a infidelidade e a idolatria.
Não há outro profeta que tenha entendido tão clara­
mente o fracasso religioso do povo escolhido como aquêle
que havia experimentado a visão da santidade do Senhor.
Mas êste mensageiro zeloso do Senhor nos apresenta tam­
bém o Rei Ideal do futuro, o Rei Messiânico da casa de Davi.
A figura dêste Rei e do seu reino apresenta-se freqüente­
mente na obra de Isaías, 7:14-17; 9:2-7; 11:1-9; 32:1-5.
Opiniões variam quanto à ordem cronológica destas
passagens, e também quanto à interpretação do seu signi­
ficado. Não há razão suficiente para se duvidar de que
êstes trechos são profecias genuínas de Isaías. O con­
traste entre os ensinos destas passagens e o teor da pro­
fecia que trata da infidelidade da massa do povo concor­
dam perfeitamente com a visão inaugural e as experiên­
cias subseqüentes do profeta. Não há razões suficientes
para se rejeitar a interpretação messiânica do oráculo
A PROFECIA DE ISAÍAS 45
de 7:14-17. A passagem evidentemente se relaciona com
9:2-7. Nestes dois oráculos o destino nacional depende
do nascimento da Criança. Êste fato indica que Emanu EI
ó idêntico à Criança Maravilhosa de 9:6,7. Em 7:14 a
criança é Deus Conosco, e em 9:6 é Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz. A criança nascida da virgem,
Mat. 1:23, é o Messias, o herdeiro maravilhoso do trono
de Davi. Isto não é declarado na passagem, mas o pro­
feta reconhece que a incredulidade de Acaz determina o
destino trágico para a nação, e desde então o profeta de­
posita sua confiança no restante fiel. Êle declara aqui
como o Rei Messiânico há de nascer . Em 9:1-7 êle men­
ciona os atributos divinos do Messias que lhe deram a
habilidade de inspirar e guiar o restante que tinha andado
nas trevas, para ver e andar na luz resplandecente do Se­
nhor. Em 11:1-9 o Messias é um rebento do tronco de
Jessé, dotado com o Espírito do Senhor, o espírito de sa­
bedoria e entendimento, o espírito de conselho e de forta­
leza, o espírito de conhecimento e do temor do Senhor. Os
atributos conferidos ao Rebento pelo Espírito do Senhor
significam, como as outras passagens, a divindade do Ungi­
do do Senhor. O Espírito do Senhor confere ao Rei Messiâ­
nico o discernimento e a energia devocional para executar
o govêrno perfeito do seu reino eterno de justiça e paz.
Os versículos 1-8 e 15-18 do capítulo 32 descrevem o
reino justo e reto do Messias. 0 profeta não fala, nestas
passagens, nos atributos divinos do Rei ideal, menciona­
dos nos capítulos 9 e 11, mas descreve a perfeição do go­
vêrno do Messias vindouro.
A Inviolabilidade de Sião
Portanto, assim diz o Senhor Javé:
Eis que estou assentando em Sião, uma pedra,
uma pedra já provada,
pedra preciosa de esquina, de fundação segura;
aquêle que crê não se apresse, 28:16.
46 A. R. CRABTREE
Nos dias de Ezequias os assírios ameaçaram Jerusa­
lém, e no sítio da cidade pelo exército poderoso de Senâ-
queribe, a destruição do monte do Senhor parecia inevi­
tável. Mas o Senhor tinha revelado ao profeta o propó­
sito de salvar Jerusalém, mostrando-lhe embora, também,
a necessidade imperiosa de castigar e disciplinar o povo
antes que o reino divino pudesse ser aperfeiçoado. Em vá­
rias declarações o profeta reconheceu a Sião como o centro
do reino futuro do Senhor, 1:26,27; 2:2-4; 8:18; 14:32;
18:7; 28:16; 29:1; 30:19,29; 37:32.
Isaías viu a glória do Senhor no Templo, o lugar da
habitação divina na terra. Nos últimos dias o reino de
Deus será estabelecido no monte da casa do Senhor, 2:1.
No tempo do maior perigo o Senhor assentou-se no Monte
Sião, e defendeu a cidade contra os inimigos. Assim ma­
nifestou o seu poder perante tôdas as nações. Sião como
o Santuário do Senhor é inviolável. Será salvo na crise
do julgamento, e será o refúgio dos salvos da calamidade
nacional. A santidade de Sião, como o resto fiel da casa
de Davi, é o penhor divino da indestrutibilidade da cidade
dos servos fiéis do Senhor.
Alguns pensam que esta convicção inabalável do
profeta a respeito da inviolabilidade de Sião firmou-se
nos últimos dias do seu ministério. Há, porém, numero­
sas referências ao Monte Sião, como a habitação do Se­
nhor, em várias partes da profecia. E estas referências a
Sião como a habitação do Senhor indicam que esta cer­
teza do profeta a respeito de Jerusalém como o centro do
reino eterno do Senhor era um dos princípios básicos nos
ensinos de Isaías.
IV . Característicos Literários do Profeta Isaías
A maior parte da sua profecia foi escrita em forma
de poesia. É muito semelhante à estrutura da poesia
dos Salmos, de Provérbios e de outras profecias. Os co­
A PR O F E C IA DE ISAÍAS 47
mentaristas modernos geralmente reconhecem três ou
quatro espécies de composição na profecia. Os oráculos
são as declarações ou as mensagens que o profeta recebe
diretamente do Senhor, com a incumbência de transmi-
ti-los ao povo como a Palavra de Deus. As memórias são
as narrativas autobiográficas que o profeta conta ao povo.
São geralmente explicações da chamada ao ministério
profético, ou de outras experiências pessoais com Deus.
A biografia profética distingue-se das memórias, porque
são narrativas a respeito do profeta contadas por outras
pessoas, e não pelo profeta mesmo, como no caso de 7 :1-17.
Oráculos
O elemento de suprema importância da profecia é
o Oráculo, ou a mensagem que o profeta recebe direta­
mente do Senhor com a vocação de transmiti-la ao seu
povo. O oráculo é geralmente proclamado como a Pala­
vra de Deus. Ao mesmo tempo o profeta podia sentir-se
incumbido de publicar em forma permanente a mensagem
recebida do Senhor, Jer. 36:1-4. Isaías, como Jeremias, re­
conheceu a incumbência pessoal de apresentar uma série
de seus oráculos na forma escrita, 8:16-18; 30:1. Quando
o profeta declara: Assim diz o Senhor, 10:24;37:6, êle
é o portador da mensagem da autoridade do Senhor, o
Deus Soberano.
O oráculo podia tomar a forma de repreensão, ameaça,
exortação ou promessa. Estas formas aparecem, às vêzes,
em combinação, como repreensão e ameaça, ou como exor­
tação e promessa, 5:8; 5:24; 10:1-4; 10:20; 7:4-6. O
profeta verdadeiro não falava da sua própria volição, por­
que sempre se sentia constrangido pela vontade do Se­
nhor, Jer. 20:7-9.
Quando o profeta tinha a certeza de que havia sido
comissionado pelo Senhor, a experiência da chamada e da
48 A. R. C R A B T R E E
comunicação espiritual com Deus influenciou profunda­
mente o seu ministério profético e fortaleceu a mensa­
gem para com os ouvintes (Cp. Jer. 20:9).
Memórias
Estas narrativas autobiográficas aparecem na for­
ma de prosa, mas encontram-se nelas, de vez em quando,
alguns breves oráculos pessoais, 6:8-13; 8:1,5-8, 12-15.
No capítulo 6 Isaías conta uma das mais importantes
narrativas autobiográficas em tôda a literatura profética.
É a história da experiência pessoal com o Senhor quando,
por meio da visão inaugural, o jovem sentiu-se vocacio­
nado e comissionado como mensageiro do Santo de Israel.
Biografia Profética
Esta forma da literatura profética consta de narra­
tivas escritas sôbre as atividades do profeta por outra
pessoa, como 7:1-17; 20:1-6; 36:1-39:8. Mas há opiniões
diferentes a respeito dos capítulos 36-39. Alguns escrito­
res pensam que a primeira passagem, 7:1-17, foi origi­
nalmente autobiográfica, e foi mudada em biográfica por
algumas pequenas mudanças do texto, dando a entender
que é a mensagem de Isaías, mas escrita por outra pessoa,
Mas o profeta certamente podia escrever na terceira pes­
soa sôbre as suas próprias experiências. Encontram-se
também oráculos em algumas destas narrativas biográ­
ficas, como 37:22-29; 38:10-20. Algumas destas passa­
gens biográficas apresentam problemas críticos que serão
discutidos no comentário.
V. O Texto Massorético e o Rôlo do Mar Morto
O nosso comentário baseia-se quase que inteiramente
no hebraico do Texto Massorético datado em 895, e guar­
dado atualmente no Cairo. Seguimos, de vez em quando,
A P R OFE CI A DE ISAÍAS 49
o texto sugerido na margem da Bíblia Hebraica, editada
por Rud. Kittel da American Bible Society, ou outras
versões aprovadas por alguns dos mais eruditos comen­
taristas. Não temos exemplares dos outros dois manus­
critos antigos guardados em Alepo e Leninegrado, mas
apenas algumas referências dos mesmos em outras obras.
Temos um exemplo dos LXX que consultamos freqüen­
temente .
Passaram-se quinze séculos desde o tempo do profeta
Isaías até à publicação do Texto Massorético da sua pro­
fecia. Êste texto foi transmitido através dos anos com
muito cuidado e fidelidade. Mas no correr dos anos o
texto original inevitàvelmente sofreu algumas pequenas
modificações na transmissão, devido aos erros dos copis­
tas, e talvez, em raros casos, devido ao esforço de escla­
recer textos difíceis ou duvidosos. Mas são poucos os
exemplos dos textos cujo sentido é duvidoso ou inexpli­
cável .
As versões do grego, latim, siríaco e aramaico podem
oferecer um pouco de auxílio no estudo do texto hebraico,
quando o sentido do texto não fôr bem claro, mas devem
ser usadas com cuidado.
Entre a descoberta de manuscritos bíblicos na caverna
de Ain Feshca, perto do Mar Morto, em 1947, havia um
manuscrito de Isaías quase completo, e outro que pre­
serva mais ou menos a têrça parte da profecia. O pri­
meiro dêstes é geralmente conhecido como O Rôlo de
Isaías do Mosteiro d,e São Marcos, de Jerusalém, mas agora
pertence ao govêrno de Israel. Êste manuscrito concorda,
em geral, com o Texto Massorético. Mas apresenta al­
gumas poucas variações, importantes no estudo do texto.
Os tradutores da Revised Standard Version preferiram
treze destas variações em lugar do Texto Massorético.
O manuscrito incompleto de Isaías segue mais de perto
50 A. R. C R A B T R E E
o Texto Massorético, e tem pouco valor no estudo de pas­
sagens difíceis do hebraico.
Mas êstes manuscritos, datados agora na última parte
do segundo século, ou na primeira parte do primeiro sé­
culo antes de Cristo, são os mais antigos exemplos do
texto da profecia, e concordam notàvelmente com o texto
tradicional.
Análise dos Capítulos 1-39
Há quatro divisões principais dêstes capítulos: I.
Capítulos 1-12; II. 13-27; III. 28-35; IV. 36-39.
ESBÔÇO MAIS COMPLETO DÊSTES CAPÍTULOS, 1:1-39:»
I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém, 1:1-5:29
A . O Sobrescrito, 1 :1
B. A Controvérsia do Senhor com o Seu povo,
1:2-31
1. A Ingratidão do Povo de Israel, 1:2-3
2. A Nação Pecaminosa, 2:4-9
3. A Palavra do Senhor sôbre a Religião
e a Vida, 1:10-17
4. Arrependei-vos, 1:18-20
5. Lamento sôbre Jerusalém, 1:21-23
6. O Julgamento da Parte do Senhor,
1:24-26
7. A Operação da Justiça Divina na Vida
de Israel, 1:27-31
8. A Vinda dos Povos ao Senhor de Sião,
2:1-5
C. O Castigo da Idolatria e do Orgulho Humano
no Dia do Senhor, 2:6-22
D . O Julgamento Divino de Jerusalém e de Judá,
3:1-15
1. A Anarquia Social, 3 :l-7
2. O Povo Arruinado, 3:8-12
3. Os Esmagadores do Povo, 3:13-15
52 A. R. C R A B T R E E
E. As Mulheres Altivas de Jerusalém, 3:16-4:1
F. A Beleza e a Glória de Sião Purificada, 4:2-6
G. Um Cântico d.a Vinha do Senhor, 5:1-7
H. Ais Contra os Perversos, 5:8-30
II. Resguarda o Testemunho, 6:1 - 8:18
A. A Visão Inaugural de Isaías, 6:1-13
B. Isaías e a Guerra Siríaco-Efraimita, 7:1-8:15
1. Sinal de Sear-Jasube, 7:1-9
2. Sinal de Emanuel, 7:10-17
3. A Invasão Iminente, 7:18-25
4. Sinal de Maher-Shalal-Hash-Baz, 8:1-4
5. Os Dois Rios Simbólicos, 8:5-8
6. A Fé do Profeta no Senhor Emanuel,
8:9-10
7. O Temor do Homem e o Temor de Deus,
8:11-15
C. Isaías Cessa as Atividades Proféticas, 8:16-18
III. Superstições dos Vacilantes na Fé, 8:19-9:1
A. Admoestações Contra o Espiritismo, 8:19
B. À Lei e ao Testemunho, 8:20; 9:1
C. O Reino Messiânico, 9:2-7
D. O Julgamento de Efraim Apresenta uma Li­
ção para Judá, 9:8-10:4
IV. Não Temas a Assíria, 10:5-12:6
A. A Ameaça Arrogante da Assíria, 10:5-34
1. A Jactância da Assíria, 10:5-16
2. A Labareda do Senhor Consumirá as
Florestas da Assíria, 10:17-19
A P R O F E C IA DE 1SAÍAS 53
3. Um Resto de Israel e Judá Voltará ao
Senhor, 10:20-23
4. Sião Será Liberto do Jugo da Assí­
ria, 10:24-27
5. O Invasor Aproxima-se, 10:28-32
6. A Humilhação dos Invasores Orgulho­
sos, 10:33-34
B. O Reino Pacífico e Justo d,o Messias, 11:1-16
1. O Rebento de Jessé, 11:1-9
2. O Messias e a Nova Glória de Israel,
11:10-16
C. Culto de Louvor pela Restauração de Israel,
12:1-6
O Julgamento de Reinos e de Povos, 13:1-23:18
A . O Destino da Babilônia, 13:1-22
B. A Quedai do Tirano dais Nações, 14:1-23
C. O Propósito do Senhor na Destruição da
Assíria, 14:24-27
D. A Alegria Prematura dos Filisteus, 14:28:32
E . Oráculo Concernente a Moabe, 15:1-16:14
F . Oráculo sôbre a Aliança de Israel e a Síria,
17:1-11
1. Oráculo Concernente a Damasco, 17 :l-6
2. Abandono dos ídolos, 17:7-8
3. Segurança Falsa, o Culto de ídolos,
17:9-11
G. O Poder Mundial Se Levanta e Cai, 17:12-14
H. Profecia Contra o Egito, 18:1-20:6
1. Resposta do Profeta aos Emissários
da Etiópia, 18:1-7
A. R. C R A B T R E E
2. Profecia Contra o Egito, 19:1-15
3. Judá e o Senhor Javé, um Terror para
os Egípcios, 19:16-17
4. Os Egípcios e os Assírios Adorarão ao
Senhor, 19:18-25
5. Evita Alianças Políticas com Estran­
geiros, 20:1-6
I. Uma Visão da Queda da Babilônia, 21:1-10
J. Oráculo Concernente a Dumá, 21:11-12
K. Oráculo Concernente a Arábia, 21:13-17
L. A Leviandad,e Religiosa dos Moradores de
Jerusalém, 22:1-14
M. A Degradação de Sebna, 22:15-25
N. A Profecia Contra Tiro, 23:1-18
1. Oráculo Concernente a Tiro e Sidom,
23:1-14
2. A Restauração de Tiro Depois de Se­
tenta Anos, 23:15-18
Despertai e Cantai, os Que Habitais no Pó,
24:1-27:13
A. O Bom Efeito do Castigo de Israel, 24:1-23
1. A Terra Ficará Desolada por Causa do
Pecado dos Habitantes, 24:1-12
2. Um Clamor de Confiança, 24:13-16a
3. A Grande Catástrofe, 24:16b-20
4. O Julgamento e a Nova Era, 24:21-23
B. Maravilhas das Atividades do Senhor, 25:1-12
1. Salmo de Gratidão pelo Livramento
do Povo, 25:1-5
2. Profecia da Idade Messiânica, 25:6-8
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 55
3. Hino de Louvor pela Humilhação de
Moabe, 25:9-12
C. Um Pedido de Salvação Mais Perfeita,
26:1-19
1. Gratidão pela Vitória, 26:1-6
•2. O Povo Espera Ansiosamente os Juizes
Retos do Senhor, 26:7-10
3. As Bênçãos da Disciplina e da Orien­
tação Divina, 26:11-15
4. Experiências Tristes Que o Povo So­
freu Antes da Sua Redenção, 26:16-18
5. Os Teus Mortos Viverão, os Seus Cor­
pos Ressuscitarão, 26:19
D. Conclusão da Mensagem de Aspirações e Es­
peranças, 26:20-27:13
1. O Povo Deve Esconder-se até Que
Passe o Julgamento Divino, 26:20-21
2. A Punição dos Podêres Cruéis do Mun­
do, 27:1
3. Cântico da Vinha do Senhor, 27:2-6
4. A Significação da Disciplina de Israel,
27: 7-11
5. Uma Profecia da Restauração dos Des­
terrados de Israel, 27:12-13
VII. Não Escarneçais, Agravando, Assim, os Vossos
Grilhões, 28:1-32:20
A. O Castigo Certo de Efraim e Judá, 28:1-29
1. A Queda da Capital de Israel, 28:1-6
2. Bêbedos entre os Sacerdotes e Profetas
de Jerusalém, 28:7-13
56 A. R. C R A B T R E E
3. A Aliança com a Morte e com o Sheol,
28:14-22
B . A Providência do Senhor em Relação ao Seu
Povo, 28:23-29
C. A Obra Maravilhosa do Senhor, 29:1-14
1. A Humilhação e o Livramento de Je­
rusalém, 29:1-8
2. A Cegueira e a Hipocrisia do Povo,
29:9-12
3. A Religião Meramente Convencional
Perecerá, 29:13-14
D. A Rejeição da Segurança da Fé no Senhor,
29:15 - 30:17
1. A Repreensão dos Conspiradores,
29:15-16
2. A Redenção de Israel, 29:17-24
3. A Infidelidade de Judá na Aliança Po­
lítica com o Egito, 30:1-7
4. No Sossêgo e na Confiança a Vossa
Fôrça, 30:8-17
E. O Poder do Deus Invisível, 30:18-31:9
1. Promessa para o Povo Sofredor de
Sião, 30:18-26
2. Será Destruído o Inimigo do Povo de
Deus, 30:27-33
3. A Fôrça de Cavalos e o Poder do Se­
nhor, 31:1-3
4. O Senhor dos Exércitos É o Defensor
de Jerusalém, 31:4-9
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 57
F. A Comunidade Ideal na Idade Messiânica,
32:1-8
1 . 0 Estabelecimento do Govêrno Mes­
siânico, 32:1-2
2. A transformação Espiritual do Povo
na Idade Messiânica, 32:3-5
3. Contraste entre os Característicos do
Fraudulento e do Honesto, 32:6-8
4. Advertência Contra as Mulheres de
Jerusalém, 32:9-14
5. 0 Poder Transformador do Espírito
na Idade Vindoura, 32:15-20
VIII. A Recompensa Divina, 33:1-35:10
A. A Aflição e o Livramento de Jerusalém,
33:1-24
1. O Apêlo ao Senhor Contra os Opresso­
res dos Judeus, 33:1-13
2. Efeitos da Manifestação da Presença
do Senhor, 33:14-24
B. A Indignação do Senhor Contra Tõdas as
Nações, 34:1-17
C. A Felicidade de Sião no Futuro, 35:1-10
IX. A Influência de Isaías no Reino de Ezequias,
36:1-39:8
A. Senaqueribe Exige a Capitulação de Jerusa­
lém, 36:1-37:4
B. O Rei Ezequias Recebe o Conselho do Pro­
feta Isaías, 37:5-7
A. R. C R A B T R E E
C. A Carta do Rei da Assíria, 37:8-13
D. A oração de Ezequias, 37:14-20
E. O Profeta Aconselha e Conforta Ezequias,
37:21-29
F. Sinal para os Sobreviventes, 37:30-32
G. O Desastre dos Assírios e a Morte de Sena-
queribe, 37:33-38
H. A Doença de Ezequias e Sua Cura Maravi­
lhosa, 38:1-21
I. A Embaixada de Merodaque-Baladã Visita o
Rei Ezequias, 39:1-8
A PROFECIA DE 1SAÍAS
Capítulos 1-39
TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO
I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém — 1 :1 - 5:29
Esta primeira secção do livro consta de profecias re­
cebidas do Senhor e transmitidas a Judá e Jerusalém no
primeiro período do ministério de Isaias. Nesta série
de oráculos o profeta apresenta acusações e ameaças do
Senhor contra o povo de Judá, com a promessa de mi­
sericórdia divina, nas condições de arrependimento e
obediência à vontade revelada de Deus. Neste primeiro
capítulo o profeta dá ênfase aos ensinos básicos do li­
vro e ao seu ministério como mensageiro de Deus.
A . O Sobrescrito — 1:1
1. A visão de Isaias, filho de Amoz, que êle viu concernente a
Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão e Ezequias, reis
de Judá.
O versículo é claramente o título da profecia que ter­
mina com as narrativas sôbre o reino de Ezequias nos
cps. 36-39. Todavia, é mais apropriado para os primei­
ros doze capítulos. Há, porém, uma série de ameaças con­
tra o reino de Israel em 9:8-21, e nos capítulos 13-23 há
um grupo de oráculos contra várias outras nações. Mas
estas nações estão relacionadas, de uma ou de outra ma­
neira, com a história de Judá.
60 A. R. C R A B T R E E
A visão, }Í?Hi, de Isaías aparentemente indica aqui a
mensagem inteira do livro, mas êste fato não exclui o
sentido radical da palavra. O cp. 6 descreve o signi­
ficado da visão na experiência do profeta. O têrmo tem
o sentido largo de ver, contemplar, perceber, sentir e ex­
perimentar. Assim, todos os verdadeiros profetas do Se­
nhor tinham a vocação de receber e entender a mensagem
da revelação divina, distingui-la de seus próprios pensa­
mentos, e entregá-la ao povo de acôrdo com a vontade
divina.
O nome Isaías, , significa Javé é a salvação
t : “ :
ou Javé dará a salvação. Êste grande mensageiro do Se­
nhor entendeu e exemplificou a significação simbólica do
próprio nome nas suas pregações. O nome do pai de
Isaías é Amoz, diferente do nome do profeta Amós.
Enquanto o profeta fala principalmente “ concernen­
te a Judá e Jerusalém” , no cap. 7, e em vários outros
lugares, êle trata das relações do Reino de Israel com
Judá. Jerusalém, a cidade do profeta, a capital de Judá,
e o centro da teocracia, é considerada, às vêzes, como a
região inteira de Judá. É também distinguida de Judá,
e recebe ênfase especial no livro, 3:1, 8; 5:8; 22:21.
Alguns insistem em que a frase “ reis de Judá” é tau­
tológica, e foi acrescentada depois do tempo de Isaías,
mas frases paralelas se encontram nos títulos dos livros
de Jeremias, Oséias, Amós e Miquéias.
B . A Controvérsia do Senhor com o Seu Povo, 1 :2-31
É fato significativo a posição do profeta no meio da
história do povo escolhido. A bondade do Senhor não ti­
nha despertado o espírito de gratidão no íntimo dos filhos
de Judá, e o castigo disciplinar não os tinha levado ao
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 61
arrependimento e à obediência. Contudo, o Senhor Javé,
110 seu amor imutável, não podia desampará-los, mas le­
vantou profetas para admoestar ao povo de Judá sôbre o
perigo da destruição daqueles que persistem na rebelião
contra o seu Deus, e a calamidade do desprêzo da pala­
vra divina claramente revelada por intermédio dos men­
sageiros do Senhor.
0 profeta explica neste capitulo a controvérsia do
Senhor com o seu povo de Judá. Judá está sofrendo as
conseqüências da sua rebelião contra o Senhor, mas não
quer aprender a lição do seu sofrimento. 0 profeta de­
nuncia o culto que o povo de Judá julga agradável a Deus
e esclarece o espírito da religião verdadeira. Não obstan­
te a sua infidelidade, o povo ainda pode voltar-se para o
Senhor.
1. A Ingratidão do Povo de Israel, 1:2-3
2. Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra;
porque o Senhor é quem fala:
Criei filhos, e os engrandeci,
mas êles se rebelaram contra mim.
3. O boi conhece o seu possuidor,
e o jumento a manjedoura do seu dono:
mas Israel não conhece,
o meu povo não entende.
Êstes dois versículos poéticos constituem a introdu­
ção de uma série de mensagens recebidas do Senhor,
apresentando, ao mesmo tempo, a razão básica da terrí­
vel denúncia de Judá. Os céus e a terra são chamados
para testemunhar a acusação do Senhor contra o seu
povo. É uma introdução profundamente significativa.
Moisés começou o seu cântico de Deut. 32:1-43 com o
mesmo apêlo aos céus e à terra. Quando o Senhor ofe­
receu ao seu povo a liberdade de escolher entre a bên­
62 A. R. C R A B T R E E
ção e a maldição, entre a obediência e a desobediência,
êle chamou os céus e a terra como testemunhas, Deut.
30:19. Segundo Amós 3:9 e Miquéias 6:2, o procedimen­
to revoltoso de Israel é publicado aos exércitos dos céus
e aos habitantes da terra. A rebelião contra o Senhor tor­
na-se mais grave à luz da verdade de que a sua glória en­
che os céus e a terra, Is. 6:3; Amós 4:13. É o Todo-
Poderoso quem opera na História para conseguir o seu
eterno propósito, Is. 10:5.
Porque é Javé quem fala. É o grande EU SOU, rPHií
mas para Moisés, os profetas e os israelitas êle é Javé
(Jeovah), mPP , ÊLE É.
Criei e engrandeci filhos. A forma dêstes dois ver­
bos no hebraico é intensiva. Os têrmos são sinônimos,
mas no uso de palavras sinônimas, a segunda geralmen­
te avança o sentido da primeira. A primeira palavra aqui
descreve o processo de criar e educar carinhosamente o
filho; a segunda refere-se à alta posição do filho bem
treinado. Assim o Senhor gerou o seu filho, libertando-
o da escravidão do Egito. Deu-lhe a independência como
povo, com as suas próprias leis; plantou-o na sua própria
terra, e levantou profetas para lhe transmitir as eternas
verdades da revelação divina. Além de tudo isto, o Se­
nhor lhe deu a incumbência de preservar e entregar às
nações da terra as verdades eternas recebidas do Se­
nhor.
Através da História o Senhor tratou o seu povo es­
colhido como filho querido. Êste versículo no princípio
da mensagem severa do profeta, bem como Oséias 11:1-4,
refuta a opinião popular de que o ensino da paternidade
de Deus apresenta-se somente em o Nôvo Testamento.
Aqui o Senhor fala como pai, comovido pelo sentimen­
to de pesar despertado pela insensibilidade e a infidelida­
de de Israel, e do sofrimento que está trazendo sôbre si
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 63
mesmo pela rebelião contra o seu Deus, de santidade, jus­
tiça e amor. Na sua infidelidade o povo tinlia perdido
i? capacidade de discernir ou avaliar o amor imutável
do seu Deus.
Foi assim que o filho Israel correspondeu ao amor
paterno do seu Deus. Esta palavra yti*E , significa ram-
“ T
per relações com alguém, ou separar-se completamente
dêlc. Assim Israel se rebelou contra a casa de Davi, I
Heis 12:19. Pela própria vontade, e até com violência,
Judá tinha rompido a sua própria relação com o seu Se­
nhor. Apesar do amor de Deus que o povo tinha experi­
mentado através da História, e não obstante a promessa
solene da fidelidade (Êx. 1,9:8), o filho revoltoso renun­
ciou ao amor imutável do Senhor e abandonou o seu
Deus.
Havendo violado o concêrto de Deus, e cortado os
laços que o prendiam ao Senhor, Israel tinha perdido
o seu sentido moral, e a capacidade de reconhecer a gra­
vidade do seu pecado. Com a persistência na rebelião, o
povo tinha perdido a capacidade de arrepender-se e vol­
tar ao Senhor. Desde o tempo de Davi e Salomão, o espí­
rito revoltoso do povo em geral tornava-se cada vez mais
forte. Os reis Asa e Joás se esforçaram para fazer uma
reforma religiosa entre o povo, mas com poucos resul­
tados. Os reis, os ricos e o povo em geral tinham caído
tão completamente na imoralidade, que praticavam, sem
escrúpulo, a injustiça, a corrupção e a idolatria. Rejei­
tavam a palavra dos mensageiros do Senhor e entrega­
vam-se de coração ao serviço agradável dos deuses es­
tranhos. Isto também acontece com todos que se esque­
cem de Deus.
0 profeta acentua a tragédia da ingratidão de Israel
pelo contraste com a fidelidade instintiva dos animais do­
mésticos aos seus donos. Até o boi conhece o seu dono.
64 A. R. CRABTREE
Esta palavra, y p é muito rica nos seus vários sentidos.
Usa-se aqui no sentido de conhecer por experiência. O
animal doméstico conhece instintivamente a bondade do
seu dono. Trabalha docilmente no serviço do homem, e
dêle recebe sustento. Não tem qualquer propensão de
mudar o seu modo de viver e servir, ou de recusar obe­
decer fielmente à vontade do dono. Também pela expe­
riência o jumento tem conhecimento, pelo menos, da
manjedoura do seu possuidor.
Israel deve ter profundo conhecimento filial do Se­
nhor, o conhecimento entranhável do amor do seu Deus,
mas tinha perdido até o sentido de gratidão, característi­
co do animal doméstico. Não entende, r a , não tem con­
sideração, não reconhece mais que são filhos do Senhor
Javé, que a sua própria existência e a sua felicidade de­
pendem da graça de Deus (Jer. 5:24).
2. A Nação Pecaminosa, 2:4-9
4. Ah! nação pecaminosa,
povo carregado de iniqüidade,
descendência de malfeitores,
filhos corruptores !
Êles abandonaram o Senhor,
desprezaram o Santo de Israel,
afastaram-se para, trás.
Nota-se a mudança do ritmo nesta poesia de lamen­
tação. O Senhor tinha falado pelo profeta e acusado os
seus filhos de rebelião. Mas nesta lamentação do Pai,
acentua-se ainda mais a tragédia da revolta de Judá. Há
neste versículo quatro substantivos para designar os re­
voltosos: nação, povo, semente, filhos.
As nações vizinhas ignoravam a revelação divina
que os israelitas tinham recebido por intermédio dos
A P R O F E C IA DE ISAÍAS 65
mensageiros do Senhor. Mas Deus, o Pai de Israel, de­
clara neste versículo que o seu próprio povo se tornara
"nação pecaminosa” em vez de uma nação santa; “ povo
iníquo” ou “ perverso” em vez de um povo justo; “ se­
mente de malfeitores” em vez de a descendência do povo
escolhido do Senhor; “ filhos que praticam a corrupção”
em vez de filhos do amor imutável do seu Pai.
A palavra Ah! descreve o sentimento de dor do Pai
abandonado pelos filhos, e não se refere aqui ao sofri­
mento de Judá, segundo a nossa interpretação, mas pode
significar o ai do povo pecaminoso. 0 participio NI2'P1
declara que a nação vai errando repetidamente o alvo
da sua vocação. 0 povo é sobrecarregado, * 0 3 ,oprimi-
li # v v
do de perversidade, ou atos malignos. Os filhos da
T
casa do Pai degeneraram, tornaram-se crimino-
— T
sos. Abandonaram, 2tV > o Senhor, desprezaram,
- t - T
ou rejeitaram com desdém “ o Santo de Israel” , o seu
próprio Deus. A frase, o Senhor de Israel, usada freqüente­
mente pelo profeta Isaías, originou-se evidentemente com
a experiência na visão inaugural no Templo. A Santidade
é a natureza essencial do Senhor que o separa e o exalta
acima de tôda a criação. Pessoas e cousas são denomi­
nadas santas apenas no sentido da sua separação para o
serviço do Senhor. A frase voltaram para trás não tra­
duz nitidamente o hebraico que é um pouco difícil. A
forma reflexiva do verbo -flté melhor traduzida “ se es­
tranharam completamente” , apostataram. Chamado
para ser um povo santo, Israel tinha recebido as provas
do amor imutável no concerto do Sénhór, mas tinha
rompido os laços que o prendiam ao Santo de Israel.
66 A. R. C R A B T R E E
Não obstante o plural dos verbos no versículo cin­
co, o autor personifica a nação, e descreve a sua enfer­
midade como se fôsse liomem gravemente enfêrmo. Al­
guns dizem que a descrição sugere o corpo de escravo
tão castigado que não há mais lugar nêle sem feridas.
Assim traduzem Hfâ “ Em que parte sereis ainda fe­
ridos?” Mas, “ Por que” traduz melhor o hebraico. O
verbo HD2 significa ferir, matar, Jos. 10:26. Por que
T T
continuais a vossa rebelião, a vossa apostasia?
O povo tinha recebido bastante castigo para ser le­
vado ao arrependimento. O corpo estava cheio de contu­
sões, e o coração se tornara fraco e insensível. Não ha­
via nada recomendável na sua vida moral e religiosa.
É desesperada a condição nacional. Havendo despreza­
do o Santo de Israel, a única fonte do seu socorro, o
povo, na sua miséria, não tinha qualquer alívio ou con-
fôrto, e não manifestava qualquer desejo de voltar-se
para o Senhor.
A ferida, , com a carne rasgada deve ser atada;
a pisadura, nTlâH »deve ser amolecida com óleo; a cha
T “
ga sangradora, n v"Ü deve ser espremida e limpa,
T * * T “
para se tornar curável. Assim a nação pecadora tinha
trazido sôbre si a terrível moléstia que ameaçava des­
truí-la, e não quis arrepender-se para receber a salva­
ção. “ Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não
tenho prazer na morte do perverso, mas em que êle se
converta do seu caminho e viva” (Ez. 33:11; Cp. Is.
1:18).
5* Por que sereia perpetuamente feridos,
visto que continuais em rebeldia ?
Tôda a cabaça está doente,
« todo o coração enfêrmo.
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1
A_Profecia_de_Isaías_volume1

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Elienai cabral comentário bíblico efésios
Elienai cabral   comentário bíblico efésiosElienai cabral   comentário bíblico efésios
Elienai cabral comentário bíblico efésios
josimar silva
 
Babilonia A Grande Meretriz
Babilonia A Grande MeretrizBabilonia A Grande Meretriz
Babilonia A Grande Meretriz
Veja
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
Luiza Dayana
 
Herbert lockyer todas as parábolas da bíblia
Herbert lockyer   todas as parábolas da bíbliaHerbert lockyer   todas as parábolas da bíblia
Herbert lockyer todas as parábolas da bíblia
Rodolfo Neves
 

Mais procurados (14)

Jesus Usou Tatuagem?
Jesus Usou Tatuagem?Jesus Usou Tatuagem?
Jesus Usou Tatuagem?
 
Elienai cabral comentário bíblico efésios
Elienai cabral   comentário bíblico efésiosElienai cabral   comentário bíblico efésios
Elienai cabral comentário bíblico efésios
 
Mil esbocos para_sermoes
Mil esbocos para_sermoesMil esbocos para_sermoes
Mil esbocos para_sermoes
 
Sobre padre antônio vieira paulo e marcos 1º a
Sobre padre antônio vieira  paulo e marcos 1º aSobre padre antônio vieira  paulo e marcos 1º a
Sobre padre antônio vieira paulo e marcos 1º a
 
4º trimestre 2015 juvenis lição 04
4º trimestre 2015 juvenis lição 044º trimestre 2015 juvenis lição 04
4º trimestre 2015 juvenis lição 04
 
A mensagem de apocalipse digno é o cordeiro - ray summers
A mensagem de apocalipse    digno é o cordeiro - ray summersA mensagem de apocalipse    digno é o cordeiro - ray summers
A mensagem de apocalipse digno é o cordeiro - ray summers
 
O grande abismo
O grande abismoO grande abismo
O grande abismo
 
Babilonia A Grande Meretriz
Babilonia A Grande MeretrizBabilonia A Grande Meretriz
Babilonia A Grande Meretriz
 
Isaias714 2
Isaias714 2Isaias714 2
Isaias714 2
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (1)
 
I workshop - Especialidade: Estudos da Bíblia - 1a parte (web)
I workshop - Especialidade: Estudos da Bíblia - 1a parte (web)I workshop - Especialidade: Estudos da Bíblia - 1a parte (web)
I workshop - Especialidade: Estudos da Bíblia - 1a parte (web)
 
Vida de um homem: Francisco de Assis - Chiara Frugoni
Vida de um homem: Francisco de Assis - Chiara FrugoniVida de um homem: Francisco de Assis - Chiara Frugoni
Vida de um homem: Francisco de Assis - Chiara Frugoni
 
Herbert lockyer todas as parábolas da bíblia
Herbert lockyer   todas as parábolas da bíbliaHerbert lockyer   todas as parábolas da bíblia
Herbert lockyer todas as parábolas da bíblia
 
Bíblia Sagrada - Pe. Matos Soares
Bíblia Sagrada - Pe. Matos SoaresBíblia Sagrada - Pe. Matos Soares
Bíblia Sagrada - Pe. Matos Soares
 

Semelhante a A_Profecia_de_Isaías_volume1

A profecia de isaias – volume 1 a. r. crabtree
A profecia de isaias – volume 1   a. r. crabtreeA profecia de isaias – volume 1   a. r. crabtree
A profecia de isaias – volume 1 a. r. crabtree
Deusdete Soares
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
Luiza Dayana
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_bibliaEdgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
Luiza Dayana
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
Luiza Dayana
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
Luiza Dayana
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
Luiza Dayana
 
As profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smithAs profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smith
netirfreitas
 
Como nos veio a bíblia
Como nos veio a bíbliaComo nos veio a bíblia
Como nos veio a bíblia
ibeerj
 
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdfEzequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
CarenRuschel1
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
Luiza Dayana
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
Luiza Dayana
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
Luiza Dayana
 

Semelhante a A_Profecia_de_Isaías_volume1 (20)

A profecia de isaias – volume 1 a. r. crabtree
A profecia de isaias – volume 1   a. r. crabtreeA profecia de isaias – volume 1   a. r. crabtree
A profecia de isaias – volume 1 a. r. crabtree
 
Comentario_Isaias_CPAD.pdf
Comentario_Isaias_CPAD.pdfComentario_Isaias_CPAD.pdf
Comentario_Isaias_CPAD.pdf
 
Comentário Isaías - Stanley M.Horton.pdf
Comentário Isaías - Stanley M.Horton.pdfComentário Isaías - Stanley M.Horton.pdf
Comentário Isaías - Stanley M.Horton.pdf
 
As profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smithAs profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smith
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (5)
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_bibliaEdgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (3)
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (2)
 
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
Edgar j goodspeed-como_nos_veio_a_biblia (4)
 
As profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smithAs profecias apocalipse_urias_smith
As profecias apocalipse_urias_smith
 
Como nos veio a bíblia
Como nos veio a bíbliaComo nos veio a bíblia
Como nos veio a bíblia
 
Todas as parábolas da bíblia - Herbert Lockyer
Todas as parábolas da bíblia - Herbert LockyerTodas as parábolas da bíblia - Herbert Lockyer
Todas as parábolas da bíblia - Herbert Lockyer
 
Dicionario Biblico - Wycliffe.pdf em boas condições de leitura
Dicionario Biblico - Wycliffe.pdf em boas condições de leituraDicionario Biblico - Wycliffe.pdf em boas condições de leitura
Dicionario Biblico - Wycliffe.pdf em boas condições de leitura
 
Radiografia do jeovismo
Radiografia do jeovismo Radiografia do jeovismo
Radiografia do jeovismo
 
Os evangelhos
Os evangelhosOs evangelhos
Os evangelhos
 
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdfEzequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
Ezequiel - Serie Cultura Bíblica - John B. Taylor.pdf
 
Todas as Parábolas da Bíblia - Herbert Lockyer
Todas as Parábolas da Bíblia - Herbert LockyerTodas as Parábolas da Bíblia - Herbert Lockyer
Todas as Parábolas da Bíblia - Herbert Lockyer
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
Amos r binney-compendio_de_teologia (4)
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
Amos r binney-compendio_de_teologia (5)
 
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
Amos r binney-compendio_de_teologia (1)
 

Último

A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
ADALBERTO COELHO DA SILVA JR
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
thandreola
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
MiltonCesarAquino1
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
VilmaDias11
 

Último (14)

Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiroO CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
 
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptxLição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
 
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdfJOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
 

A_Profecia_de_Isaías_volume1

  • 1.
  • 2.
  • 3. A PROFECIA DE ISAIAS CA P ÍT UL OS 1-39 TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO VOLUME I A. R. CRABTREE, A. B., D. B-, Th. D. 1.“ EDIÇÃO 1967 C A S A P U B L I C A D O R A B A T I S T A Caixa Posta! 320 - Z C - OO Rio de Janeiro — Gb.
  • 4. CAPA DE PAULO DAMAZIO Impresso em Gráficas Próprias Tiragem 3.000 Data 30-03-1967
  • 5. IN MEMORIAM Estava êste livro para sair do prelo quando nos veio a triste notícia do falecimento do seu ilustre autor, nosso saudoso irmão, Dr. A . R. Crabtree, que, aposentado, resi­ dia ultimamente em sua terra natal, os Estados Unidos ia América do N orte. Ilustre e mui competente catedrático no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, e também Reitor, Crabtree ensinou hebraico, Velho Testamento,
  • 6. 6 A. R. C R A B T R E E Teologia do V .T ., Filosofia da Religião Cristã, Apologética e ainda outras disciplinas. Dos seus livros podemos mencionar no momento os seguintes : «História dos Batistas no Brasil», Vol. I, «Ar­ queologia Bíblica», «Introdução ao Nôvo Testamento», «Sintaxe do Hebraico do Velho Testamento», «Esperança Messiânica», «O Livro de Amós», «O Livro de Oséias», «A Profecia de Isaías» em 2 volumes (o 2" volume no prelo), «A Profecia de Jeremias» (a sair), «Dicionário Hebraico-Por- tuguês», «Baptists in Brazil» (em inglês), e muitas outras publicações menos volumosas. O seu passamento deu-se em Roanoke, V a., E .U .A ., no dia 15 de abril de 1965. Pretendemos publicar uma biografia mais extensa quando da divulgação do 2? Volume de «A Profecia de Isaías», atualmente no prelo. Ao saudoso Irmão, a homenagem dos batistas do Bra­ sil e da Casa Publicadora Batista. Maio de 1965. Alrair S. Gonçalves
  • 7. Èste Comentário sôbre a Mensagem do Príncipe dos Profetas representa um meio século de estudo agradável da Bíblia, trinta e cinco anos de ensino de Hebraico e do Velho Testa­ mento, com muito tempo dedicado ao preparo de quinze livros em português. Sem qualquer re­ muneração financeira, o único motwo na pro­ dução desta obra é o amor ao trabalho e o desejo de contribuir à literatura evangélica na língua portuguêsa para os pastores e obreiros que es­ tão servindo galhardamente na extensão do reino de Deus no mundo. Êste é um estudo crítico e exegético da Profecia de 1saias, com a exposição cuidadosa dos problemas do texto hebraico e da sua inter­ pretação. Apesar de o texto original do Velho Testamento ter sido evidentemente transmitido com cuidado escrwpuloso atrm és dos séculos, ainda há vários problemas textuais da Bíblia Hebraica. Há numerosos manuscritos e muitos outros documentos que ajudam no estudo críti­ co do Nôvo Testamento. Mas até recentemente havia apenas três manuscritos antigos do He­ braico Bíblico, e o mais antigo dêstes, conheci­ do como o Texto Massorético, é datado de 895 a .C ., muitos séculos depois do tempo de IsaJvas.
  • 8. A. R. C R A B T R E E Em 1947 foram descobertos numa caver­ nat perto do Mar Morto, um manuscrito quase completo do Livro de Isaías, e outro que tem apenas a têrça parte da obra. Êstes documen­ tos são dlatados por F. W . Albright e outros arqueólogos no último século antes de Cristo, Ou no primeiro século cristão. Êstes dois ma­ nuscritos concordam notavelmente com o Tex­ to Massorético. O primeiro contém variações que esclarecem algumas dificuldades dos três textos do século nono. As versões, como a Septuagmta ou LXX, a Aramaica e outras, têm valor no estudo do Hebraico Bíblico . 0 leitor notará no Comentário a discussão destas ver­ sões, e a preferência em alguns casos do texto na edição da Bíblia Hebraica de Ruã. Kittel da American Bible Society. No preparo dêste Comentário, o autor vi- sma não somente aos estudantes do Hebraico, mas também aos muitos pastores estudiosos que fizeram o seu curso teológico sem incluir o es­ tudo da língua de Sião. Êstes podem entender clardmente, e aproveitar-se das explicações do texto original do grande profeta. No estudo desta profecia, surge o proble­ ma de algumas interpolações na obra origmal de Isaías. Mas, segundo os nossos estudos, al­ guns comentaristas exageram o número destas interpolações, e assim atribuem várias passa­ gens escritas por Isaías a outros escritores do tempo do cativeiro babilónico, e até ãe depois dessa época. Alguns destes não qiuerem enten­ der a larga visão do remo de Deus, e a profun­ deza das mensagens do profeta, e assim insis­ tem em que as profecias sobre a Nova Êpoca
  • 9. A P R O F E C IA DE ISAÍAS foram escritas muitos anos depois do tempo de Ismas. Mas alguns eruditos modernos reco­ nhecem a autenticidade destas passagens. O autor apresenta a sua própria tradução do hebraico, cjue varia freqüentemente das ver­ sões em português e inglês, na esperança de que a versão mais literal possa ajudar no es­ clarecimento do sentido original da linguagem poética do livro. A maior parte da profecia foi escrita em poesia, e o reconhecimento dêste fato ajuda no entendimento mais claro da men­ sagem . Além das obras mencionadas na Bibliogra­ fia, o autor reconhece que ele é devedor a mui­ tos estudos, e a muitas experiências da provi­ dência de Deus, como pastor, e como professor no Seminário Teológico do Rio de Janeiro. A minha senhora, Dona Mattel, tem enri­ quecido a minha vida espiritual como compa­ nheira no serviço do Senhor. Além do seu trabalho mcansável de esposa e mãe, ela se aprofundou no estudo de português. Tem lido todos os méus manuscritos, corrigindo os erros tipográficos, e oferecendo sugestões importan­ tes sobre a linguagem de várias declarações. Ê o desejo êo autor que esta obra seja útil aos pastores do Brasil e de Portugal no aumen­ to do seu conhecimento das verdades eternas apresentadas por êste nobre Mensageiro da Re­ velação Divina. A. E. Crabtree 11 de agôsto de 1963
  • 10.
  • 11. ÍNDICE Prefácio...................................................................................... 7 Introdução................................................................................. 17 Análise dos Capítulos 1 -3 9 ...................................................... 51 A Profecia de Isaías — Texto, Exegese e Exposição............ 59 I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém.............................. 59 A. O Sobrescrito.................................................................. 59 B. A Controvérsia do Senhor com o Seu P o v o ............. 60 1. A Ingratidão do Povo de Israel............................. 61 2. A Nação Pecaminosa............................................... 64 3. A Palavra do Senhor sôbre a Religião e a Vida 69 4. “Arrependei-vos” ....................................................... 75 5. Lamento sôbre Jerusalém........................................ 77 6. O Julgamento do Senhor........................................ 78 7. A Operação da Justiça Divina na Vida de Israel 79 8. A Vinda dos Povos ao Senhor de S iã o ............. 83 C. O Castigo da Idolatria e do Orgulho Humano no Dia do Senhor................................................................ 90 D. O Julgamento Divino de Jerusalém e de Judá . . . . 98 1. A Anarquia S ocia l.................................................... 99 2. O Povo Arruinado..................................................... 103 3. Os Esmagadores do P o v o ........................................ 106 E. As Mulheres Altivas de Jerusalém............................. 107 F. A Beleza, e a Glória de Sião Purificada...................... 112 G. Um Cântico da Vinha do Senhor................................ 117 H. Ais Contra os Perversos............................................... 123 II. “Resguarda o Testemunho” 134 A. A Visão Inaugural de Isaías........................................ 134 B. Isaías e a Guerra Siríaco-Efraimita......................... 146 1. O Sinal de Sear-Jasube............................................ 148 2. Sinal de Em anuel.................................................... 154 P ág in a
  • 12. 12 A. R. C R A B T R E E 3. A Invasão de Judá pelos Assírios e os Egípcios 165 4. O Sinal de Maher-Shalal-Has-Baz........................ 168 5. Os Dois Rios Simbólicos ......................................... 170 6. A Fé do Profeta no Senhor Emanu E l .................. 172 7. O Temor do Homem e o Temor de D eu s............ 173 C. Isaías Cessa as Atividades Proféticas........................ 175 III. Superstições dos Vacilantes na F é .............................. 177 A. Admoestações Contra o Espiritismo.......................... 177 B. À Lei e ao Testemunho................................................. 178 C. O Reino Messiânico........................................................ 180 D. O Julgamento de Efraim como Lição para Judá .. 186 IV. Não Temas a Assíria....................................................... 191 A. A Ameaça Arrogante da Assíria.................................. 192 1. A Jactância da Assíria............................................. 192 2. A Labareda do Senhor Consumirá as Florestas da Assíria................................................................... 193 3. Um Restante de Israel e Judá Voltará ao Senhor 199 4. Sião Será Liberto do Jugo da Assíria.................. 201 5. A Aproximação do Invasor...................................... 202 6. A Humilhação dos Invasores Orgulhosos............. 204 B. O Reino Pacífico e Justo do M essias........................ 205 1. O Rebento de Jessé.................................................. 206 2. O Messias e a Nova Glória de Isra el.................. 212 C. O Culto de Louvor pela Restauração de Israel .. .. 217 V. O Julgamento de Reinos e de P ovos............................. 220 A. O Destino da Babilônia................................................. 221 B. A Queda do Tirano das N ações.................................. 231 C. O Propósito do Senhor na Destruição da Assíria .. 242 D. A Alegria Prematura dos Filisteus............................. 244 E. Oráculo Concernente a M oabe.................................... 247 F. Oráculo sôbre a Aliança de Israel e a S íria............. 258 1. Oráculo Concernente a D am asco......................... 259 2. O Abandono dos Íd olos............................................ 261 3. O Culto de Adonis, uma Segurança Falsa .. .. 262 G. O Poder Mundial Se Levanta, e C a i............................ 264 H. Profecia Concernente ao E g ito................................... 266 1. Resposta do Profeta aos Emissários da Etiópia 267 2. Profecia Contra o E g ito......................................... 272 P ág in a
  • 13. A P R O F E C I A DE ISAíAS 13 3. Judá e Javé dos Exércitos, um Terror para os Egípcios....................................................................... 279 4. Os Egípcios e os Assírios Adorarão ao Senhor .. 280 ' 5. Evitar Alianças Políticas com Estrangeiros .. .. 285 i. Uma Visão da Queda da Babilônia............................. 289 j. Oráculo Concernente a D um á...................................... 294 KL Oráculo Concernente à A rábia................................... 296 Lj. A Leviandade Religiosa dos Habitantes de Jerusalém 298 M. A Degradação de Sebna, o Mordomo do R e i............ 306 íí. A Profecia Contra T ir o ................................................. 311 1. Oráculo Concernente a Tiro e S idom .................. 311 2. A Restauração de Tiro Depois de Setenta Anos .. 316 . “Despertai e Cantai, os Que Habitais no Pó” ............. 318 A. O Bom Efeito do Castigo de Israel............................. 321 1. A Terra Ficará Desolada por Causa do Pecado dos Seus Habitantes........................................................ 321 2. Um Clamor de Confiança....................................... 325 3. A Grande Catástrofe............................................. 327 4. O Julgamento e a Nova E r a .................................. 328 B. Maravilhas das Atividades do S en h or.................... 330 1. Salmo de Gratidão ao Senhor pelo Livramento do Seu P o v o .................................................................... 330 2. Uma Profecia da Idade M essiânica.................... 332 3. Outro Hino de Louvor Relacionado com a Hu­ milhação de M oabe.................................................. 335 C. Um Pedido de Salvação Mais Perfeita....................... 337 1. Hino de Gratidão pela Vitória................................ 338 2. O Povo Espera Ansiosamente os Juízos Retos do S en h or........................................................................ 340 3. As Bênçãos da Disciplina e da Orientação Divina 342 4. Experiências Tristes Que o Povo Sofreu antes da Sua Redenção .. ..................................................... 344 5. Os Teus Mortos Viverão, os Seus Corpos Res­ suscitarão ............................................................. •• 345 D. Conclusão desta Mensagem de Aspirações e Espe­ ranças ............................................................................... 347 1. O Povo Deve Esconder-se até Que Passe o Jul­ gamento D ivin o........................................................ 347 P ágina
  • 14. 2. A Punição dos Podêres Cruéis do M undo............ ...348 3. Cântico do Senhor Concernente à Sua Vinha .. 349 4. A Significação da Disciplina Divina de Israel .. 351 5. Uma Profecia da Restauração dos Desterrados..jí de Israel..................................................................... ...353 VII. Não Escarneçais para Fazer Mais Fortes os Vossos Grilhões...............................................................................354 A. O Castigo Certo dos Impenitentes de Efraim e Judá 356 1. A Queda de Samaria, a Capital de Israel .. .. 356 2. Jerusalém, Bem como Samaria, Tem os Seus Bê­ bados, Incluindo Sacerdotes e P rofetas.................359 3. A Aliança com a Morte e com S h eol.................. ...362 B. A Justificação das Atividades Providenciais do Se­ nhor em Relação com o Seu P o v o ................................366 C. A Obra Maravilhosa do Senhor.................................. ...369 1. A Humilhação Iminente e a Libertação de Je­ rusalém ..........................................................................369 2. A Cegueira e a .Hipocrisia do P ov o....................... ...371 3. A Religião Meramente Convencional Perecerá .. 373 D. A Rejeição da Segurança da Fé no Senhor................374 1. A Repreensão dos Conspiradores............................374 2. A Redenção de Israel.................................................376 3. A Infidelidade na Aliança Política com o Egito 378 4. No Sossêgo e na Confiança Estará a Vossa Pôrça 381 E. O Poder do Deus Invisível............................................ ...386 1. Promessa para o Povo Sofredor de S iã o ................386 2. Será Destruído o Inimigo do Povo de Deus .. .. 389 3. A Fôrça de Cavalos ou o Poder do Espírito do Senhor........................................................................ ...392 4. O Senhor dos Exércitos É o Defensor de Jerusalém 394 F. A Comunidade Ideal na Idade Messiânica............. ...397 1. O Estabelecimento do Govêmo Messiânico .. .. 398 2. A Transformação Espiritual do Povo na Nova Era 399 3. O Contraste entre os Característicos do Fraudu­ lento e os do N obre.....................................................400 4. Advertência Contra as Mulheres de Jerusalém 402 5. O Poder Transformador do Espírito na Idade Vindoura.................................................................... ...404 14 A. R. CRABTREE Página'
  • 15. Página VIU. “A Recompensa de Deus” ........................................... 406 Al A Aflição e o Livramento de Jerusalém................... 407 1. O Apêlo do Profeta ao Senhor Contra os Opres­ sores dos Judeus....................................................... 407 2. Efeitos da Manifestação da Presença do Senhor 412 B . IA Indignação do Senhor Contra Tôdas as Nações .. 417 C. J ÁFelicidade de Sião no Futuro.................................. 423 IX. A Influência de Isaías em Três Situações no Reino de Ezequias................................................................ 427 A. Senaqueribe Exige a Capitulação de Jerusalém .. .. 429 B. O Rei Ezequias Recebe o Conselho de Isaías............ 439 C. A Carta do Rei da Assíria............................................ 440 D. A Oração de Ezequias................................................... 442 E. O Profeta Conforta a Ezequias................................... 446 F. Sinal para os Sobreviventes......................................... 448 G. Mensagem sôbre a Retirada de Senaqueribe............ 449 H. O Desastre dos Assírios e a Morte de Senaqueribe 450 I. A Doença de Ezequias e a Sua Cura Maravilhosa 452 J. A Embaixada de Merodaque-Baladã......................... 459 A PROFECIA DE ISAÍAS 15
  • 16.
  • 17. ISA!AS INTRODUÇÃO, CAPÍTULOS 1 - 39 I. A História do Tempo de Isaías, 742-601 Não há outra obra do Velho Testamento que interesse tão profundamente aos estudantes bíblicos como o Livro de Isaías. O livro inteiro relaciona-se com mais de du­ zentos anos da história dramática da religião do povo de Israel. Neste período o reino do sul, ou de Judá, na pro­ vidência de Deus, sobreviveu à subjugação política pela Assíria, e, mais de cem anos depois, a pequena nação caiu no poder da Babilônia. A cidade capital, juntamente com o Templo do Senhor, foi completamente destruída; e o seu povo mais importante foi levado em cativeiro. Assim Judá escapou ao destino da morte nacional que Israel ti­ nha sofrido, para conservar o restante dos fiéis do povo do Senhor no Império da Babilônia. Êstes judeus passa­ ram longos anos no cativeiro, mas tinham o privilégio de habitar, ou viver como colônia, e assim manter em grande parte os seus costumes nacionais e a sua própria religião. Depois de setenta anos no cativeiro, êste grupo do povo escolhido do Senhor Javé, na providência divina, foi liber­ tado e restaurado para a sua terra, disciplinado e prepa­ rado pelo Senhor, para cumprir a sua missão dé trans­ mitir, através da sua própria história, a revelação do amor e do propósito do Senhor Deus para tôdas as nações do mundo. O profeta Isaías de Jerusalém, com os seus ensinos' proféticos, imprimiu a sua influência pessoal no livro in­ teiro, mas as próprias mensagens dêle, segundo as evidên­ cias intèrnàs, são incluídas nos primeiros 39 capítulos da obra.
  • 18. 18 A. R. CRABTREE 0 profeta recebeu a sua visão inaugural no ano da morte do rei Uzias ou Azarias, e exerceu o seu ministério profético nos últimos 40 anos do século oitavo, no período dos reinos de Jotão, Acaz e Ezequias. É difícil determi­ nar a data exata dos respectivos governos dêsses reis, mas as conclusões dos estudantes modernos, à luz dos no­ vos conhecimentos arqueológicos, variam dentro de pou­ cos anos. Muitos concordam no ano de 742 a.C. como a data da visão inaugural do profeta. Uzias começou o seu reino em 783; Jotão governou como regente de 750-742, e como rei de 742-735. Acaz rei­ nou de 735-715, e Ezequias de 715-687. Isaías exerceu o seu ministério profético entre os anos 742 e 701, e possi­ velmente por mais alguns poucos anos. Não há certeza de que tivesse proferido qualquer mensagem antes de ter recebido a visão da majestade do Senhor, no Templo. Israel e Judá no Reinado de Uzias, 783-742 Por muitos anos depois da morte de Salomão e a di­ visão do Reino de Israel, havia contendas e lutas políticas entre os dois reinos, de significação local, especialmente na influência da religião e da ética do povo. Mas quando o Reino de Israel tornou-se mais poderoso sob o govêm o de Onri e Acabe, os dois reinos dos israelitas, no desen­ volvimento do comércio internacional, chegaram a reco­ nhecer a insensatez das contendas locais perante o desen­ volvimento do Império da Assíria. Isaías nasceu e passou os primeiros anos da mocidade no período mais próspero na história de Israel e Judá des­ de o tempo de Salomão. Mas houve um período crítico na história dé Israel quando Salmanaser III começou a cam­ panha militar, com o propósito de aumentar o domínio da Assíria pela conquista das pequenas nações ao oeste e su­ doeste. Êle foi detido pela coalizão de Israel, Síria, Ha-
  • 19. A P R O F E C IA DE 1SAÍAS 19 mate e outros pequenos aliados na batalha de Karkar ou Carcar, c. 853. Mais tarde, Jeú, rei de Israel, pagou tri­ buto à Assíria, c. 842. Por alguns anos depois, Israel manteve guerras com os arameus da Síria, II Reis 13:3. Judá também sofreu dessas lutas, II Reis 12:17-18. Mas por alguns anos, depois destas lutas, quando os ara­ meus ficaram impotentes e os assírios se preocupavam com problemas internos, Israel e Judá experimentaram o maior período de prosperidade na sua história. Jeroboão II de Israel restabeleceu domínio sôbre a maior parte dos países governados por Salomão, II Reis 14:25, 28. Do saque dêsses estados, e do tributo que dêles recebeu, ganhou Israel enormes riquezas. Judá era menos poderoso, mas tornou-se próspero nessa mesma época, sob o governo de Uzias ou Azarias. A conquista de Edom e o pôrto de Elate do Mar Ver­ melho, II Reis 14:7, 22, lhe deu domínio sôbre o comér­ cio das caravanas entre o pôrto do Mediterrâneo e o les­ te. Uzias usou a renda dessas conquistas para desenvol­ ver a economia de Judá, e para fortalecer as suas defesas militares, II Crôn. 26:1-15. Quando Isaías começou o seu ministério público, Judá se achava no auge de sua pros­ peridade (Cp. Is. 2:7). Com o grande aumento dos tesouros de prata e ouro, de cavalos e carros, os ricos adoravam cada vez mais o luxo, e os privilegiados se regozijavam na prosperidade e na libertinagem, Is. 3:16-23; 5:11-22; 28:1; 32:9. Os ricos abusavam do poder para perverter a justiça e rou­ bar os indefesos, 1:23; 3:14, 15; 5:23; 10:1,2. Os ava­ rentos ajuntavam casa a casa até que não houvesse mais lugar. Assim êles ficaram como os únicos moradores no meio da terra, 5:8. Nesta terrível desordem social, acompanhada pela hipocrisia religiosa, 1:11, o jovem pro­ feta proclamou a justiça do Santo de Israel, e o dia imi­ nente do julgamento do Senhor.
  • 20. 20 A. R. C R A B T R E E Nessas condições econômicas, os políticos de Sama- ria e de Jerusalém nada queriam saber dos perigos pro­ clamados pelos profetas. Como Amós tinha dito: «Êles viviam sossegados em Sião, e sentiam-se seguros no mon­ te de Samaria», Am. 6:1. Os políticos, e até o povo em geral, não tinham o discernimento moral para reconhecer a gravidade da sua infidelidade para com o Senhor Javé, o Santo de Israel. Nem podiam entender que a sua pros­ peridade material tinha sido o resultado, em grande par­ te, do descanso político, enquanto que a Assíria estava preocupada com a subjugação dos vizinhos de Judá, com o preparo para estender a sua campanha militar na con­ quista das pequenas nações vizinhas, e até do seu grande rival, o Egito. Antes da morte de Uzias, o Império da Assíria, sob o govêrno do nôvo imperador, Tiglate-Pileser, já come­ çara a campanha de 18 anos de conquista dos países vizi­ nhos ao oeste. Dentro de poucos anos êle subjugou Ar- pade, Damasco e Tiro, estendendo o seu domínio até Ha- mate no Orontes. Cêrca de 738, Menaém, de Israel, pa­ gou tributo enorme ao conquistador, II Reis 15:19-20. Não obstante o fato de que Judá se achava no caminho da marcha do poderoso exército da Assíria, não há qual­ quer indicação de que as autoridades de Jerusalém tives­ sem qualquer noção do perigo do conquistador. A Confederação de Rezim, Rei da Síria, e Peca, de Israel Alguns anos depois da subjugação de Israel por Ti­ glate-Pileser, Peca, assassino e usurpador do trono de Israel, fêz aliança com Rezim de Damasco, em revolta contra o domínio da Assíria. Cêrca de 735, êstes dois reis planejaram atacar a Judá, e obrigá-lo a entrar numa aliança política contra o domínio da Assíria, II Reis 15:
  • 21. A P R O F E C IA DE ISAIAS 21 37; 16:5; Is. 7:1-2. É possível que o rei Acaz e os seus conselheiros de Jerusalém já haviam adotado a política de pedir o socorro da Assíria contra a aliança de Peca e Rezim. Nos capítulos 7 e 8 de Isaías temos um relató­ rio resumido da entrevista do profeta com o rei Acaz. O mensageiro do Senhor revela claramente, nesta hora crí­ tica da história de Judá, o espírito profético no conselho ao rei na sua grande perturbação. Procura animar o rei com a mensagem do Senhor. O rei, da casa de Davi, deve acautelar-se e ficar calmo, e não deve ter mêdo, nem fi­ car desanimado «por causa destes dois tocos de tições fu- megantes». Êstes dois homens fracos e barulhentos es- gotar-se-ão sem poder executar o seu plano contra Judá. Isaías reconheceu que a Assíria se tornaria inimigo mais perigoso de Judá do que a aliança de Rezim e Peca. A aliança de Acaz com a Assíria mostra a falta de fé no Senhor Deus, e o perigo crescente para a religião do povo de Judá. Veja II Reis 16:7. Isaías aconselhou, em vão, que o rei de Judá se libertasse de alianças políticas e con­ fiasse no Senhor. É difícil entender, à luz dos eventos subseqüentes, por que alguns escritores justificam esta submissão vo­ luntária à Assíria da parte do covarde Acaz. Êle aban­ donou a fé no Senhor Javé, o Deus do seu povo, fêz pas­ sar o seu filho pelo fogo, e entregou-se completamente à idolatria, II Reis 16:10-18. Assim, precipitou o envol­ vimento de Judá no seu declínio político e religioso. Não há nada na história dêsse homem para indicar que êle demonstrou no seu govêrno quaisquer qualidades de esta­ dista. Quando o rei Acaz recusou definitivamente a men­ sagem do Senhor e entregou-se ao domínio da Assíria, o profeta ficou quase inativo durante a maior parte do go­ vêrno dêsse rei infiel.
  • 22. 22 A. R. CRABTREE Todavia, Isaías apresentou o seu apêlo ao povo numa série de breves mensagens, encontradas no capítulo 8. Por meio de um ato simbólico, êle ilustrou a destruição da Síria e de Israel. Com formalidade legal o mensagei­ ro do Senhor colocou uma placa num lugar público com a inscrição A Maher-shalal-hash-baz, o nome de um dos seus filhos, Rápido-despôja-prêsa-segura. Declarou, na ocasião, «Antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria» — Is. 8 :4. Mas o povo em geral, bem como as autoridades públicas mostraram a mesma insensibilidade espiritual e incredulidade religio­ sa. A pregação do profeta produziu apenas a cegueira mental e a dureza de coração, justamente de acôrdo com o significado da visão inaugural. Quando o povo em geral chegou a desprezar a men­ sagem divina, o profeta cessou por algum tempo o seu ministério público, e marcou a ocasião por um ato signi­ ficativo. «Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos» — 8:16. A expressão fica obscura, mas tal­ vez se refira às mensagens proferidas durante a crise com Acaz, e que o profeta selou na presença de seus poucos discípulos como protesto contra a incredulidade nacional. É quase certo que havia, neste tempo de incredulidade geral, um grupo de discípulos do profeta, instruído e de­ senvolvido mais tarde como o restante fiel. O Significado da Queda de Samaria, 721 Tiglate-Pileser aceitou com alegria o tributo de Acaz, matou o rei da Síria, conquistou a cidade de Damasco e levou cativa uma grande parte do seu povo. Colocou um títere no trono de Samaria, e assim fêz de Israel uma província da Assíria. Quando Tiglate morreu, em 727, o seu filho Salmanaser V ocupou o trono da Assíria, de 727-
  • 23. A PROFECIA DE ISAÍAS 23 722. Oséias, rei de Israel, pagou tributo a Salmanaser por pouco tempo, e então conspirou com o rei do Egito contra a Assíria, II Reis 18:4, no esforço de ganhar a sua independência. Salmanaser respondeu logo com uma for­ te invasão de Israel. Sitiou a cidade de Samaria por mais de três anos, II Reis 17:2-6, e a cidade caiu finalmente no poder de Sargão II, sucessor de Salmanaser, no princípio do ano 721. Assim terminou o Reino de Israel. As Dez Tribos ficaram perdidas para sempre. Foi um caso de genocídio, ou a destruição nacional. Uma grande parte dos moradores da cidade, 27.290, foi deportada para a Mesopotâmia e Média. Samaria passou a ser habitada por uma população mista, e Judá limitava-se em parte com uma província do Império da Assíria, exterminador de nações. Eventos no Reinado de Sargão 11, 721-705 No primeiro ano do seu govêrno Sargão sofreu uma derrota que lhe foi infligida pelo rei de Elão. Então sur­ giu logo entre as províncias do oeste, incluindo a Filístia e o Egito, uma revolta contra a Assíria, mas Sargão es­ magou os revoltosos na batalha de Ráfia. Devido pro­ vavelmente à influência de Isaías, Judá não tomou parte nesta batalha contra a Assíria. Na mensagem de 14:28- 32, proferida talvez no último ano de Acaz, Isaías adver­ tiu aos filisteus de que o poder da Assíria ainda não fôra enfraquecido. Surgiu entre os judeus, influenciados pelo Egito, mas sem o apoio de Isaías, um movimento revoltoso contra a Assíria, nos princípios do reinado de Ezequias. Numa inscrição de 711 Sargão menciona Filístia, Éden, Moabe e Judá, como os países obrigados a trazer tributo à Assí­ ria. Declara também que estas províncias tinham envia­ do sinais de homenagem a Faraó, príncipe sem poder de ajudá-las. Sargão despachou uma expedição militar con­
  • 24. 24 A. R. C R A B T R E E tra Asdode, e com a queda do foco da conspiração, a re­ volta fracassou. Judá estava pagando tributo à Assíria, mas não há evidência de que tomasse parte nesta cons­ piração . A invasão de Judá por Senaqueribe, 701 Com o assassínio de Sargão e o estabelecimento de Senaqueribe no trono da Assíria, em 705, surgiu entre as províncias do grande império o desejo e a esperan­ ça de libertarem-se do domínio cruel do seu opressor. Por alguns anos, 721-709, Merodaque-Baladã, o caldeu, ti­ nha oferecido resistência obstinada contra Sargão, e foi subjugado com dificuldade. Revoltou-se também contra Senaqueribe, e foi subjugado com duas campanhas do exército assírio. No seu poder crescente, o Egito ambi­ cioso aproveitou-se das perturbações políticas para fo ­ mentar a insurreição contra a Assíria. Nestas circuns­ tâncias, as províncias da Palestina e Fenícia uniram-se na revolta. Contra o conselho de Isaías, Ezequias, de Judá, tomou parte na conspiração. De 705 a 701 o profeta Isaías dirigiu as suas mensa­ gens contra os conselheiros políticos que confiavam no socorro do Egito, 28:7-13; 28:14-22; 29:15-16; 30:1-7; 31:1-3. Durante o govêrno de Ezequias, o grande mensa- géiro do Senhor exerceu o seu ministério profético vigo­ rosamente, mas aparentemente com poucos resultados até à crise na história de Jerusalém, quando aconselhou e per- súádiü ao rei Ezequias a recusar a entrega da cidade de Jerusalém ao poder de Senaqueribe, Is. 37. , Nota-se uma certa mudança na pregação do profeta no período do govêrno de Ezequias. No princípio do seu ministério, o profeta denunciou em têrmos fortes o or­ gulho, a iniqüidade e a infidelidade religiosa do povo., Condenou severamente a. corrupção e a injustiça dos ricos
  • 25. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 25 e das autoridades políticas. No período do govêrno de Ezequias o profeta olhou mais para o futuro, e discutiu a operação do propósito do Senhor na história, e especial­ mente na história do povo do Senhor. Ao mesmo tempo êle denunciou severamente as intrigas políticas e a injus­ tiça social. Veja 28:14-15; 29:15-16; 31:1-3; 22:15-25; 28:1-21; 29:9-14. Quando Ezequias pediu o socorro do Egito, o profeta denunciou «esta aliança com a morte», 28:15. Quando o rei e o povo confiavam no poder militar e nas alianças políticas, o conselheiro espiritual do seu povo declarou que a fé no Senhor Javé, o Santo de Israel, o Deus da história, era a única esperança segura para Judá. Ao mesmo tempo, o profeta reconheceu que a Assí­ ria era instrumento na mão de Deus para castigar o povo infiel de Judá. Mas declara firmemente que o arrogan­ te conquistador será humilhado, 10:5-16; 37:22-25. Como um dos conspiradores contra o Império da Assíria, Ezequias aguardava a fúria da vingança de Se- naqueribe. Na sua terceira campanha militar o terrí­ vel conquistador invadiu as províncias no oeste. Êle des­ creve as vitórias e as conquistas dramáticas daquela ex­ pedição no «Taylor-Prism», agora no Museu Britânico (Veja a Arqueologia Bíblica do autor, p. 269). A sua narrativa não concorda perfeitamente nos pormenores com a da Bíblia, II Reis 18:13-16. Nota-se logo na sua narrativa a arrogância e o exagêro costumário dos fatos em favor da grandeza das vitórias militares, em contras­ te com a história clara e humilhante na Bíblia, II Reis 18:17-37. Senaqueribe não oferece qualquer explicação porque abandonou o sítio de Jerusalém, mas dá a entender que foi por causa do grande tributo que tinha recebido de Ezequias. Lembrando-se da sorte funesta de Israel, Ezequias, por motivos de patriotismo e da religião, recusou-se a en­
  • 26. 26 A. R. C R A B T R E E tregar a cidade ao poder cruel da Assíria. Mas que podia fazer nessa situação extrema? Virou-se ao homem de Deus. Isaías tinha pregado corajosamente contra a polí­ tica de Ezequias na revolta contra a Assíria, mas nunca tinha perdido a fé no propósito do Senhor de salvar a ci­ dade de Sião do poder de Senaqueribe. Não obstante o fato de que o rei Ezequias havia seguido a política popu­ lar, contra o conselho do profeta Isaías, nesta grande crise êle recebe e segue o conselho do mensageiro do Se­ nhor, e recusa submeter-se às exigências arrogantes de Senaqueribe. O discernimento espiritual do mensageiro do Senhor foi completamente verificado. De repente, uma pestilência terrível atacou o acampamento dos assí­ rios, e matou 185.000 homens do exército assírio, Is. 37 : 36. Assim, Senaqueribe retirou-se repentinamente de Judá, voltou para a sua terra, e nunca mais voltou contra Judá e a cidade de Jerusalém. A sua política foi comple­ tamente alterada pelo desastre que sofreu na campanha contra Jerusalém. Quando consideramos o significado da salvação de Jerusalém do poder do exército cruel da Assíria, é difícil exagerar a importância dêsse evento do qual dependia o futuro da religião de Judá. A inspiração divina que guiou o ministério profético de Isaías e a bênção da providência de Deus que honrou e conseguiu a realização das suas esperanças proféticas constituem a mais linda história, e o mais profundo en­ tendimento da religião do povo do Velho Testamento. Esta vitória da fé, juntamente com os eventos históricos de 701, termina apropriadamente a carreira pública dês- te nobre mensageiro do Santo de Israel. II. A vida e o Ministério Profético de Isaías Fora dos seus próprios escritos temos pouca infor­ mação sôbre a vida do profeta Isaías. Nasceu nos fins do período da prosperidade econômica, e do declínio reli-
  • 27. A P R O F E C I A DE ISAÍAS 27 gioso de Israel e Judá. A poderosa nação da Assíria já começara a campanha militar contra o ocidente, com o propósito de conquistar o mundo. Isaías era menino quan­ do Amós, o primeiro profeta canônico, dirigiu ao reino de Israel a mensagem do julgamento divino sôbre a infideli­ dade daquela nação. Amós e Oséias já tinham iniciado o nôvo movimento profético, com novas revelações do caráter de Deus e novas interpretações dos princípios fundamentais do reino de Deus, quando Isaías recebeu a visão da santidade e da majestade do Senhor Javé, e res­ pondeu voluntàriamente à voz de Deus: «Eis-me aqui, en­ via-me a mim.» Era filho de Amoz, distinguido claramente do pro­ feta Amós. Segundo uma tradição persistente entre os judeus, Amoz era de família nobre, irmão de Amazias, rei de Judá, II Reis 14:1. No seu espírito como profeta e como estadista, Isaías era mais nobre do que os reis de Israel e Judá. O profeta geralmente ocupava uma posi­ ção social nos círculos^ políticos e sacerdotais. A sua mentalidade aristocrática indicava a nobreza da família. Em 8:3 a espôsa de Isaías é mencionada como pro­ fetisa, e alguns supõem que ela tivesse o dom e o espí­ rito de profecia. Mas é mais provável que as esposas dos profetas eram chamadas profetisas por cortesia, do mes­ mo modo como as mulheres dos sacerdotes eram deno­ minadas sacerdotisas. Isaías teve dois filhos e êle lhes deu nomes simbólicos: Sear-Jasube (Um-Restante-Yoltará); Maher-shalal-hash-baz (Rápido-despôjo-prêsa-segura). Isaías exerceu o seu ministério profético nos últimos 40 anos do século oitavo, e possivelmente por mais um pouco de tempo, mas não temos referência a qualquer mensagem dêle depois do ano 701. De u’a maneira es­ pecial êste homem de Deus tomou parte proeminente nas crises políticas e religiosas de Judá durante o seu mi­ nistério, e assim ganhou fama bem merecida como o
  • 28. 28 A. R. C R A B T R E E maior estadista da época, se não do Velho Testamento. É certamente o mais poderoso profeta do Velho Testa­ mento. É claro que o Senhor levantou êste homem no período da apostasia do seu povo, e no tempo da expan­ são do Império da Assíria, que ameaçou a destruição do povo escolhido do Senhor. De acôrdo com a tradição, êle sofreu martírio às ordens do rei Manassés, e foi pro- vàvelmente serrado ao meio (Cp. Heb. 11:37). Em espírito aristocrático, Isaías comportou-se como príncipe entre os homens, falando sempre com a auto­ ridade do embaixador do Santo de Israel. Nas prega­ ções, bem como nas obras e nas atividades proféticas, êle sempre se apresenta como o mais alto exemplo da cultura de Judá. Sempre demonstra a capacidade inte­ lectual de analisar os problemas políticos e sociais do seu povo, e a habilidade profética de entender e interpre­ tar a mensagem do Senhor Javé, o Santo de Israel, de acôrdo com as necessidades religiosas dos seus patrí­ cios. Sempre demonstra a firmeza de caráter para pre­ gar as verdades da revelação divina como a única solu­ ção dos problemas políticos, éticos, sociais e religiosos de Judá. Observam-se, no estudo cuidadoso das suas mensagens, não somente os seus maravilhosos talentos, como também a perfeita harmonia no uso de seus dons no esforço de orientar as autoridades políticas, e a socie­ dade nacional nos deveres e nas responsabilidades mo­ rais de acôrdo com a vontade revelada do Senhor. Como Amós e os outros profetas, Isaías era homem do seu tempo, influenciado pela história do seu povo, e pelas crises históricas da época. Mas a fôrça da sua personalidade, e seu discernimento espiritual dos sinais do tempo, e sua transmissão das verdades eternas da revelação divina para as gerações do futuro, elevaram êste mensageiro do Senhor acima da época transitória, e fizeram dêle um mensageiro de Deus para tôdas as ge­
  • 29. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 29 rações subseqüentes. As verdades fundamentais que Isaías proclamou vivem ainda, e viverão eternamente. Não tinha, nem poderia ter, a última palavra da revela­ ção divina sôbre a glória e a graça de Deus, mas contri­ buiu muito para esclarecer as operações do Criador na história humana, e o propósito e poder do Controlador das atividades dos povos e das nações do mundo. A gló­ ria do Senhor enche o mundo inteiro, mas, na sua ma­ jestade maravilhosa, o Deus de Israel comunica-se com os seus profetas, e com todos os seus servos fiéis. Nas meditações sôbre a morte do seu rei Uzias, o jovem experimentou a presença e o poder da santidade, da majestade e da glória de Deus. E naquela sublime visão, Isaías recebeu a incumbência de entregar-se nas mãos do Senhor, e dedicar a vida completamente ao ser­ viço do Senhor. O velho monarca tinha governado o reino de Judá no período da maior prosperidade nacio­ nal, mas estava nos últimos dias de sua vida, ou já ti­ nha morrido. É provável que Isaías já começara a en­ tender que a morte dêste poderoso rei do seu povo es­ tava marcando o fim de uma época na história de Judá, e o princípio do período de anarquia e confusão (Cp. 3:18). Assim, na visão foi permitido ao jovem pro­ feta entender, à luz da revelação da santidade e da ma­ jestade do Senhor, o pecado da infidelidade do povo e os sofrimentos que haviam de enfrentar por causa da sua infidelidade e dos seus pecados, 6:9-13. A revelação da Pessoa do verdadeiro Rei preparou Isaías para en­ frentar as responsabilidades e as obrigações morais de receber e transmitir ao seu povo obstinado e rebelde os seus ensinos, com coragem, confiança e persistência, na dependência do socorro divino. As verdades eternas imprimidas no espírito de Isaías por essa experiência memorável são confirmadas pelos resultados do seu ministério profético. Desempenhou-se
  • 30. 30 A. R. CRABTREE fielmente da incumbência que aceitou voluntariamente em resposta ao Senhor, «A quem enviarei, e quem há de ir por nós?» Manifestaram-se os resultados da pregação da mensagem de Deus na vida e na história dos insensí­ veis e incrédulos, bem como no espírito e na missão do restante fiel, o núcleo do povo regenerado pela graça de Deus. Convém reconhecer os quatro períodos do ministé­ rio dêsse profeta, e a adaptação da mensagem profética às circunstâncias históricas da vida nacional. O pri­ meiro se estende desde a morte de Uzias em 742 até os princípios do reino de Acaz em 734. O segundo é o pe­ ríodo de conflito do profeta com o rei Acaz, nos princí­ pios do seu reino de 734-715. O terceiro se centraliza contra a política de aliança com o Egito contra o Impé­ rio da Assíria de 715-705. Na quarta divisão a profecia relaciona-se principalmente com a invasão de Judá por Senaqueribe, e a libertação de Jerusalém de 705-701. 1. As Profecias do Primeiro Período É difícil determinar as ocasiões e as datas quando foram proferidas muitas das mensagens de Isaías. Essas questões serão discutidas mais elaboradamente no co­ mentário próprio. As pregações «a respeito de Judá e Jerusalém» nos capítulos 1-5 foram proclamadas provà- velmente no reino de Jotão. As condições sociais e religiosas de Judá eram se­ melhantes às de Israel nos dias de Amós. Mas, devido às maiores relações políticas de Israel com outras na­ ções, e especialmente devido ao casamento de Acabe com Jezabel, o reino do norte foi mais influenciado pela re­ ligião dos fenícios do que o de Judá. Ao mesmo tempo, na ingratidão para com o Senhor, na religião de cerimo- nialismo, na infidelidade ao Senhor, e no fracasso mo­ ral, Judá não era superior ao Reino de Israel. O profeta
  • 31. tmla dos pecados de Judá no espírito e no entendimen­ to do seu predecessor, Amós. O povo se mostra mais insensível aos favores de Deus do que o boi e a jumenta aos cuidados de seus donos, 1:3. A idolatria, a supers­ tição e a confiança nas riquezas são característicos da vida nacional, cp. 2. Os males sociais, a opressão e a injustiça praticadas contra os pobres e fracos pelos ri­ cos e poderosos, 3:9,14,15, e o luxo e a vaidade das mulheres de Jerusalém, 3:16, são condenados com a mesma severidade do profeta Amós. Nesse período do seu ministério o profeta se apresenta como pregador da justiça e do juízo vindouro. Os dois assuntos mais acen­ tuados nas pregações dêsse tempo são o pecado do povo, especialmente dos ricos, e a certeza do desastre nacional, 5:8-24. As passagens 9:8-21; 10:22-23; 32:9-14, e pro- vàvelmeinte outras, foram proferidas nesse período. O povo de Judá em geral, como o de Israel, influen­ ciado, sem dúvida, pela religião mais fácil e mais agra­ dável dos cananeus, julgava que podia ganhar os favo­ res do Senhor Javé pelos serviços rituais e os sacrifícios custosos, apesar dos pecados e da infidelidade dos ofertan- tes, 1:10-17. A Parábola da Vinha, 5:1-7, proclama em têrmos claros que o Senhor esperava da casa de Israel, e dos homens de Judá, o juízo em vez de opressão, e a justiça em vez do clamor dos oprimidos. Isaías proclama também o julgamento vindouro em têrmos claros e cintilantes. O dia do Senhor não será o dia de vitória e honra para o povo de Judá, como se es­ perava. Será antes o dia quando todo o soberbo e al­ tivo será humilhado perante a exaltada majestade e a glória do Senhor, 2:9-22. O Senhor mesmo virá em pes­ soa para julgar os anciãos e os príncipes do povo, 3:14. Em 1:24-26 o profeta olha para o futuro quando Judá será purificada, como era dantes. Então Jerusalém se chamará «idade de justiça, cidade fiel. Há dois lindos quadros da Idade Messiânica do futuro, 2:2-4 e 4:2-6. A PROFECIA DE ISAÍAS 31
  • 32. 32 A. R. C R A B T R E E 2. O Conflito do Profeta com o Rei Acaz No esforço de persuadir o rei Acaz a confiar no au­ xílio do Senhor, e não fazer aliança com a Assíria, o pro­ feta fracassou. Os profetas em geral sempre se mos­ travam contra alianças políticas das pequenas nações de Israel e Judá com as nações poderosas. Opuseram-se igualmente à violação de tais alianças que pudessem re­ sultar na sua subjugação, ou na sua ruína final. Apre­ sentam-se nos capítulos 7 e 8 a história do confli­ to de Isaías com o rei Acaz, e algumas mensagens sim­ bólicas dirigidas ao povo. Nesta segunda parte do seu ministério, o profeta se apresenta como conselheiro po­ lítico, e, segundo a opinião de muitos estudantes, como verdadeiro estadista. Instava com tôda autoridade pro­ fética para que Acaz renunciasse à confiança no auxí­ lio político, e confiasse no socorro do Senhor. «Se não crerdes, certamente não sereis estabelecidos.» Isaías en­ tendeu claramente a insensatez do rei Acaz em subme­ ter-se voluntàriamente ao domínio da Assíria, pagando tributo a Tiglate-Pileser para livrá-lo da ameaça da Sí­ ria e Efraim quando êle já havia começado o seu plano de conquistar os pequenos países ao oeste. Com a rejeição da sua mensagem pelo rei e pelo povo em geral, o profeta interrompeu a sua atividade profética até à morte do rei Acaz. Houve, porém, um pequeno grupo de homens que ouviu com interesse as pregações do profeta. Entre êstes que se destacaram de entre a geração incrédula e insensível, e receberam com alegria os ensinos do mensageiro do Senhor, havia aquê- le restante fiel de que dependia o futuro do reino de Deus. 3. À Operação do Propósito de Deus na História Com a morte do rei Acaz e a inauguração do rei Ezequias, Isaías reassumiu o seu ministério profético.
  • 33. A PROFECIA DE ISAÍAS 33 A profecia contra os filisteus foi proferida neste perío­ do, 14:28-32. Durante êste período o profeta pregou freqüentemente, dirigindo as suas mensagens ao rei Ezequias, às autoridades políticas, no esforço de orien­ tar a vida nacional de acôrdo com a vontade do Senhor. No ministério dêsse período (18:1-7; 19:1-15; 20: 1-6; 22:1-25), nota-se uma certa mudança no interêsse e nas mensagens do profeta. Na primeira parte do seu ministério êle denunciou severamente o orgulho, a ini­ qüidade e a infidelidade religiosa do povo. Condenou igualmente a corrupção e a opressão do povo pelos ho­ mens ricos e poderosos. No reino de Ezequias o profe­ ta pensava mais profundamente na operação do propó­ sito de Deus na História. Continuou a censurar as in­ trigas políticas das autoridades, 28:14-15; 29:15-16; 30:1-5; 31:1-3. Nos anos de 715 a 711 êle fala menos na injustiça e opressão, e trata do problema da queda de Samaria, e a extinção do reino das Dez Tribos. Fala mais claramente sôbre o problema que perturba os pen­ sadores de tôdas as gerações. O Império da Assíria era mais cruel do que a nação de Israel que êle tinha des­ truído. Vangloriou-se no sítio de Jerusalém, dizendo: «Porventura como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?» Com clareza crescente o profeta anunciava a aniquilação da­ quele império envolvido no plano divino para o estabe­ lecimento do verdadeiro reino de Deus no mundo. É di­ fícil para alguns teólogos de hoje entender o ensino de Isaías, de que Deus pudesse usar o poder cruel da Assí­ ria na realização do seu propósito na direção da histó­ ria humana (10:5). Depois de ser usada como instru­ mento na mão de Deus no castigo de Judá, a Assíria se­ ria destruída pelo poder supremo do Senhor, 10:5-17.
  • 34. 34 A. R. CRABTREE 4. A Invasão de Judá por Senaqueribe, e a Salvação de Jerusalém Aparentemente, Ezequias não prometeu a Meroda- que-Baladã auxílio na revolta contra a Assíria. É cer­ to, todavia, que os países pequenos, vizinhos de Judá, en­ traram na conspiração contra o poderoso império, en­ corajados aparentemente pelo revoltoso Merodaque-Ba- ladã da província da Babilônia. Logo que subjugou êste persistente revoltoso da Babilônia, Senaqueribe, o nôvo rei da Assíria, iniciou a campanha militar contra as pro­ víncias revoltosas do oeste. Embora Judá não tomasse parte na aliança contra a Assíria, Ezequias, com o seu povo, ficou amedrontado perante a pavorosa campa­ nha militar de Senaqueribe. Seguindo o conselho dos políticos, Ezequias pediu a ajuda do Egito (28:7-13, 14:22; 29:15-16; 30:1-7; 31:1-3). O mensageiro do Se­ nhor denunciou vigorosamente esta aliança com a morte, 28:15, e a esperança falsa de achar segurança política por meio de alianças militares. Isaías entendeu claramente a ambição e a política pe­ rigosa da Assíria, bem como a futilidade de qualquer aliança de Judá contra ela. A única fôrça de Judá con­ tra a agressão arrogante da Assíria não seria militar, mas sim o propósito do Santo de Israel, o Controlador da Histó­ ria. O rei Ezequias e os políticos aparentemente tinham dú­ vidas quanto ao valor do auxílio militar do Egito, e ten­ taram esconder do profeta os seus desígnios, 29 :15; 30:1. Mas o profeta acompanhava as atividades e os planos dêsses homens, e freqüentemente usava de linguagem irônica sôbre os seus esforços sutis de enganar o Todo- Poderoso (29:15; 30:1-12; 31:1-2). Nessa situação pe­ rigosa, Isaías usou métodos ainda mais drásticos para influenciar a opinião pública contra a rebelião. Por três anos êle andou «nu e descalço», 20:1-6, como sinal da
  • 35. A PROFECIA DE ISAÍAS 35 humilhação que o Egito havia de sofrer às mãos da Assíria. O profeta reconheceu que Judã também tinha que sofrer a invasão da Assíria, e que isto seria o julgamen­ to inevitável do Senhor. Assim, nas suas pregações, o mensageiro do Senhor procurou desenvolver o espírito religioso das autoridades e do povo, e prepará-los para enfrentar a tragédia sem perder a fé no Senhor da His­ tória, o Deus de Israel. Como tinha procurado persuadir o rei Acaz a não fazer aliança com a Assíria, agora êle se esforça para mostrar às autoridades a tolice de fazer aliança com o Egito em revolta contra a Assíria. Na orientação divina, Isaí^s entendeu claramente os limites do poder da Assíria no eterno propósito de Deus. Releva notar, todavia, que o profeta nunca iden­ tificou a política da Assíria com o propósito moral do Todo-Poderoso. Veja 10:32 e 10:33. A crise na vida de Jerusalém ofereceu ao Senhor dos céus e da terra a oca­ sião de demonstrar a sua majestade, a sua glória e o seu poder no transtorno do poder arrogante da Assíria. A libertação de Jerusalém do poderoso exército militar de Senaqueribe é um exemplo supremo na história in­ teira da redenção poderosa do Deus Altíssimo. Foi a inauguração do reino de santidade, justiça e paz, reser­ vado para o restante purificado do povo escolhido. A orientação e o encorajamento do rei Ezequias pelo profeta nessa ocasião, com os seus resultados de eterna significação para o reino de Deus no mundo foi uma conclusão apropriada do ministério dêsse grande homem de Deus. «Com os pés na terra firme, a cabeça nas nu­ vens e o coração nas verdades eternas do Deus verdadei­ ro», êste servo de Deus entendeu claramente a injustiça política e a infidelidade religiosa do seu povo. Homem de convicções inabaláveis, êle pregava fielmente as verdades eternamente operativas na vida dos homens e das nações.
  • 36. 36 A. R. CRABTREE Na comunhão entranhável com o Espírito do Senhor Oni­ potente, êste pregador da justiça divina tinha a autori­ dade e o poder de apresentar a mensagem de esperança ao seu povo na hora da angústia, e assim salvou o reino enfraquecido de Judá da tragédia nacional que ocorrera com o Reino de Israel. III. A Teologia de Isaías Não há diferença especial entre os ensinos teológicos de Isaías e os outros profetas da época. Êles concordam nos ensinos sôbre a natureza e o caráter do Senhor Javé, o Deus de Israel; a controvérsia divina com o povo de Is­ rael e Judá; o julgamento vindouro de Israel e Judá pela agência da Assíria; e o estabelecimento final do reino de Deus no mundo. Isaías, porém, entendeu mais claramen­ te do que os outros profetas os fatos políticos da história humana. Como resultado da visão inaugural, êle enten­ deu mais claramente a santidade, a majestade e a glória eterna de Deus, a missão de Israel, e o futuro do Reino Messiânico do Senhor dos céus e da terra. Pois na experiência religiosa de Isaías, Deus era o Soberano, o Exaltado, o Senhor Javé dos Exércitos, o Santo cuja glória enchia tôda a terra. No seu alto e su­ blime trono o Senhor Javé é o Rei, não somente de Israel, mas o Soberano absoluto e universal do mundo inteiro. As criaturas resplandecentes, os serafins, que refletem e proclamam a glória divina, são cônscios das suas imper­ feições em comparação com a majestade do Senhor, e co­ brem o rosto e os pés na presença do seu Criador. O profeta contemplava profundamente o mistério so­ lene da visão que recebera do Senhor; o fogo simbólico da expiação; a severidade da mensagem divina dirigida ao povo de Israel; e acima de tudo a santidade inacessível do Senhor Javé. A significação radical de santidade é sepa­ ração, mas o que separa o Senhor do universo que Êle
  • 37. A PROFECIA DE ISAÍAS 37 criou é a bondade e a justiça do seu propósito nas ativi­ dades de preservar e dirigir as obras da criação. A san­ tidade ou a divindade descreve a superioridade infinita do Senhor em relação às criaturas do mundo. A santidade não descreve qualquer atributo especial da natureza di­ vina, mas declara apenas a noção da divindade, na sua distinção de tôdas as outras formas de existência. O têrmo santidade, per si, não especifica qualquer atributo de Deus, mas toma a sua qualidade da natureza e do propósito de todos os atributos do Senhor, como a bondade e a justiça, 5:16. A bondade, a justiça e o amor de Deus são absolutos. Tôdas as virtudes humanas são relativas. A justiça soberana é pessoal nas relações com o homem criado à imagem de Deus. No seu amor e na sua justiça Deus fala à consciência do homem, exigindo dêle a submissão e a obediência. Mas é na revelação pró­ pria do Senhor que o homem conhece a vontade e o pro­ pósito de Deus para a sua vida na sociedade humana. O Santo de Israel é o Rei soberano na história de tôdas as nações. Não obstante o fato de que os homens não enten­ dem perfeitamente a significação das obras divinas, é o Senhor Javé quem governa a História de acôrdo com o seu eterno propósito na criação do homem (Cp. 5:12,19; 28: 23-29; 29:14). O Santo de Israel é inteiramente diferente de outros santos: na sua natureza, na soberania, no propósito das suas atividades, e na exigência de obediência universal à sua vontade. A glória do Senhor relaciona-se com o universo in­ teiro. «Tôda a terra está cheia da sua glória.» Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos. Esta afirmação dos serafins declara o que Deus é em si mesmo. Tôda a terra está cheia da sua glória. Esta declaração descreve o que Deus é na revelação. Assim o cântico dos serafins declara que a plenitude da terra inteira é a glória de Deus.
  • 38. 38 A. R. CRABTREE 0 Senhor Javé na História A doutrina da soberania de Deus, acentuada nos ensinos de Isaías, levou o profeta a pensar na revelação do propósito do Senhor na História. No propósito do seu reino, o Soberano pergunta na visão quem há de repre­ sentá-lo na terra. Desde então, Isaías pensava no pro­ pósito do Senhor que se realiza progressivamente no go- vêmo providencial do mundo, 5:12; 10:12,23; 14:24,26,27; 28:21-24. A obra do Senhor significa para o profeta o estabelecimento do seu Reino de Justiça no mundo. É o ato final e decisivo que o Senhor executará na grande consumação da História. As autoridades irreligiosas não podiam entender as obras e as atividades do Senhor na direção da História, 5:12. Permaneciam cegas quanto à operação da provi­ dência de Deus na vida dos homens e das nações. O gênio de Isaías, em comunhão com o Espírito do Senhor, per­ cebeu que o reino do Senhor é supremo, não somente na esfera da natureza física, como também no govêmo da história humana. Como a glória do Senhor enche tôda a terra, assim também a atividade do Criador penetra tôda a história humana. Como os homens eram cegos quanto à glória do Senhor, assim também os irreligiosos zomba­ vam das atividades de Deus no controle da história dos homens e das nações. Isaías, como Amós, acentuava os atributos austeros do Senhor. Fala freqüentemente sôbre a sabedoria, o zêlo e a ira do Senhor, 28:29; 31:2; 9:7; 9:19; 10:6. A justiça divina liga-se diretamente com a santidade do Senhor, 5:16. Embora Isaías, de Jerusalém, não fale do amor como atributo do Senhor Javé, o Santo de Israel, êle reconhece claramente o propósito da graça de Deus em tôdas as suas relações com Israel, 30:18. No senti­ mento vigoroso de Isaías, Deus se apresenta como o So-
  • 39. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 39 berano absoluto, de majestade suprema e de glória infi­ nita. Deus fala aos homens por intermédio do profeta Isaías como o Senhor Javé dos Exércitos, com a autori­ dade do Criador e do Rei dos céus e da terra. O Senhor Javé e Israel O concêrto do Senhor com o povo de Israel deter­ minou o desenvolvimento das escrituras do Velho Tes­ tamento. Mas neste sentido temos que entender a signi­ ficação do concêrto, Giên. 12:3 e Êx. 19:1-6. Isaías, como os outros profetas, baseou a sua mensagem ao povo nesta relação especial entre o Senhor e a nação de Israel. De acôrdo com o concêrto, o Senhor Javé é o Deus de Israel, e Israel é o povo de Deus. É evidente em todos os escri­ tos proféticos que o povo em geral não entendeu clara­ mente a verdadeira significação do concêrto. Israel se ufanava da sua relação peculiar com o Senhor, mas não quis entender ou aceitar a responsabilidade religiosa que o concêrto lhe impunha. Javé é o Deus de Israel num sentido especial. E, correlativamente, Israel é o povo do Senhor num sentido especial. Porquanto a sua religião fôsse nacional, segundo os profetas, Israel tinha a incumbência de servir ao Senhor como nação sacerdotal. Por intermédio dos profetas, o Senhor trata com o povo de Israel no seu conjunto. O pecado do israelita é reconhecido como delito nacional. Todos os israelitas tinham que reconhecer e honrar ao Senhor Javé na vida pessoal, mas sempre como membro do conjunto nacional. Em virtude da solidariedade nacio­ nal, todos os israelitas, em tôdas as esferas da vida, eram responsáveis perante o Senhor pelos pecados ou pela fé e obediência do grupo. Deus como Soberano universal, em virtude do seu propósito na escolha de Israel, era Rei, num sentido es­
  • 40. 40 A. R. C R A B T R E E pecial, dêste povo. Israel, por sua parte, representava o reino de Deus na terra. Isaías era o mensageiro do Rei, comissionado para falar ao povo e orientá-lo de acôrdo com a revelação do Senhor Soberano. Portanto, Isaías, como os outros profetas, se esforçava para estabelecer as relações de harmonia espiritual entre o Rei e o povo do seu reino. Para êste profeta a religião nacional resu­ mia-se na frase a santificação do Senhor dos Exércitos (8:13; 29:33). O julgamento do estado moral de Israel pelo profeta era simplesmente a aplicação dêstes princípios às con­ dições sociais é religiosas do povo da época. Experimen­ tando a visão da Santidade do Senhor, o jovem Isaías sentiu-se perdido, separado de Deus pela sua impureza. Logo em seguida, êle reconheceu a condição pecaminosa da vida inteira de Israel como nação. O seu próprio pe­ cado foi purificado pelo contato com o fogo divino, o símbolo da santidade do Senhor. Mas aprendeu na mesma ocasião que o único fogo que poderia purificar a nação mergulhada na iniqüidade era o fogo do julgamento su­ premo, que podia queimar ou destruir os elementos peca­ minosos de Israel, deixando apenas o restante indestru­ tível, a santa semente, 6:13. A visão da Santidade do Senhor, na sua majestade e justiça, preparou o jovem para entender e interpretar a insensibilidade, a impureza, e a corrupção do povo em geral, bem como a tirania, a injustiça e a hipocrisia das autoridades políticas, ricas e poderosas, 29:13; 1:10-17; 1:4. Nas circunstâncias religiosas da época, Isaías enten­ deu que a sua pregação teria o efeito de afastar o povo hipócrita ainda para mais longe do Deus Santo. Israel como nação tinha abandonado ao Senhor, e o Senhor o rejeitara.
  • 41. A PROFECIA DE ISAÍAS 41 Uma das doutrinas básicas e fundamentais dêste mensageiro do Senhor é que a fé tem que ser o motivo e a fôrça da orientação de Israel na sua vida política, bem como na vida religiosa, 7:9. Aquêle que crer não se apressará, 28:16. Na tranqüilidade e na confiança será a vossa fôrça, 30:15. Estas declarações nos oferecem a chave para abrir o entendimento desta grande profecia. Quando o destino do povo em geral foi determinado pela incredulidade e a infidelidade, os que se separaram dos pecaminosos e incrédulos da época eram orientados e abençoados de acôrdo com a sua fé no Santo de Israel. Portanto, o julgamento iminente de Israel não apresenta quaisquer terrores para aquêles que crêem na palavra certa da Revelação. Os Ensinos Escatológicos de Isaías Os escritores do Velho Testamento são os primeiros entre todos os povos antigos do mundo que apresentam um conceito distintivo, definitivo e coerente do signifi­ cado da História. A origem histórica da religião bíblica forneceu aos escritores a chave para a interpretação da História. Os mensageiros da revelação de Deus sabiam interpretar as atividades do Senhor na sua vida nacional. Entenderam não somente o propósito do Senhor, na sua própria história, como também na criação do mundo para o serviço e o desenvolvimento da humanidade inteira. O Criador dos céus e da terra está dirigindo a história do mundo para o alvo que êle mesmo predeterminou. Mas, como os outros profetas, Isaías reconheceu a desarmonia, a incoerência e as imperfeições religiosas do povo de Israel, em comparação com o reino ideal do fu­ turo que pela fé no Deus Santo e Justo esperava. Aparen­ temente, os profetas do século oitavo esperavam uma catástrofe física e social, seguida por uma nova ordem do reino de Deus na terra, no qual tôdas as fôrças da
  • 42. 42 A. R. C R A B T R E E natureza se tornariam subservientes às necessidades da humanidade completamente renovada. Há quatro elementos nos ensinos de Isaías sôbre o futuro do reino de Deus: O Dia do Senhor, O Restante, O Reino Messiânico e A Inviolabilidade de Sião. Alguns dizem que há contradições nestes ensinos. É verdade que as circunstâncias históricas e religiosas determinavam a variação da ênfase em cada um dêles, mas isto certa­ mente não significa contradições. Significa antes a har­ monia no julgamento divino da massa do infiéis e do Res­ tante Fiel. O Dia do Senhor Isaías, 2:12-21, como Amós, 5:18, descreve o Dia do Senhor como o dia que será contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido, 2:12. No conceito do Dia do Senhor, os dois profetas explicam as conseqüências da rebelião e da infidelidade de Israel e Judá. Naquele dia o Senhor se apresentará no esplen­ dor da sua glória e da sua majestade para julgar os po­ vos, a soberba, a autoridade e o poder dos homens infiéis. Todos êstes serão abatidos, e lançarão às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata e os seus ídolos de ouro que fizeram para adorar, 2:20. Isaías não limitou a significação do Dia do Senhor ao desastre da invasão de Judá pelos assírios. Reconheceu que o Senhor usou a Assíria como instrumento para o castigo de Judá, e ensinou também que o propósito de Deus visava à destruição do cruel Império da Assíria. Depois da retirada do exército de Senaqueribe que infli­ giu um desastre terrível contra Judá e Jerusalém, Isaías reconheceu que o Dia do Senhor, o Santo de Israel, seria o alvo da história humana quando o reino da justiça di­ vina fôsse estabelecido na terra.
  • 43. A PROFECIA DE ISAÍAS 43 O Restante Fiel do Senhor Por meio do nome de um dos seus filhos o profeta proclama esta doutrina do Restante fiel: Sear-Jasube (Um-Restante-Voltará). O ensino do significado dêste nome do filho indica que Isaías, bem cedo, talvez desde a visão inaugural, 6:13, nutria a esperança, se não a cer­ teza, de que um restante do povo de Israel seria salvo do desastre vindouro. Não há qualquer contradição neste ensino do arrependimento e salvação de um grupo fiel ao Senhor, e a infidelidade persistente da massa que as­ sim traria sôbre si a destruição completa. O fogo do julgamento, como a brasa viva da visão, pode destruir, 5:24; 9:19, ou pode purificar, 1:25,26. O Senhor não podia abandonar Israel, o seu povo, enquanto houvesse alguns sobreviventes da Filha de Sião, 1:9. O propósito divino no castigo de Israel é a disciplina para que o povo reconheça a sua infidelidade, se arrependa da iniqüidade e se volte ao Senhor, 9:13; 10:12. Mas para os revolto­ sos persistentes contra o Senhor a destruição final é ine­ vitável, 28:22. Deus pode perdoar, purificar e salvar os pecadores que se arrependem e se voltam com fé ao Santo de Israel. A ameaça para os infiéis toma-se uma gloriosa promessa para os fiés. Um-Restante-Voltará. Naquele dia o restante de Israel e os sobreviventes da casa de Jacó nunca mais se estribarão naquele que os feriu, mas se estribarão no Senhor, o Santo de Israel, 10:20. Quanto ao Reino de Israel, Isaías não esperava mais do que um pequeno número de sobreviventes, 17:5,6, por­ que aquela nação como tal tinha que sofrer o extermínio. Quanto a Judá, a promessa de salvação foi limitada ac número das pessoas que receberiam a mensagem do pro feta e se arrependeriam, depositando a fé na graça sal vadora do Senhor. Em 10:20-23 o restante é constituído dos escapados de Jacó. Mas é provável que Isaías pensava em formar, ensinar e treinar o grupo de seus discípulos.
  • 44. 44 A. R. C R A B T R E E 8:16-18, como o grupo fiel ou o núcleo do reino futuro do Senhor. Êste resto indestrutível dos israelitas, ou da casa de Jacó, levou o profeta Isaías, desanimado com os resultados da pregação da Palavra de Deus, a reconhecer que o seu serviço como mensageiro do Santo de Israel tinha valor inestimável e permanente para a religião do futuro. O Reino Messiânico O têrmo Messias originou-se do costume de ungir com óleo, 5 pessoas ou cousas, e assim separá-las - T para um serviço especial do Senhor. O têrmo Messias, ungido, usa-se no Velho Testamento para designar o Rei Ideal da casa de Davi, sempre com a esperança de que êle estabeleceria o reino ideal de justiça. Teórica e simboli­ camente todos os reis eram ungidos do Senhor, represen­ tantes do reino de Deus na terra. Mas na prática muitos dos reis contribuíram para a corrupção do govêrno, e o desvio do povo para a infidelidade e a idolatria. Não há outro profeta que tenha entendido tão clara­ mente o fracasso religioso do povo escolhido como aquêle que havia experimentado a visão da santidade do Senhor. Mas êste mensageiro zeloso do Senhor nos apresenta tam­ bém o Rei Ideal do futuro, o Rei Messiânico da casa de Davi. A figura dêste Rei e do seu reino apresenta-se freqüente­ mente na obra de Isaías, 7:14-17; 9:2-7; 11:1-9; 32:1-5. Opiniões variam quanto à ordem cronológica destas passagens, e também quanto à interpretação do seu signi­ ficado. Não há razão suficiente para se duvidar de que êstes trechos são profecias genuínas de Isaías. O con­ traste entre os ensinos destas passagens e o teor da pro­ fecia que trata da infidelidade da massa do povo concor­ dam perfeitamente com a visão inaugural e as experiên­ cias subseqüentes do profeta. Não há razões suficientes para se rejeitar a interpretação messiânica do oráculo
  • 45. A PROFECIA DE ISAÍAS 45 de 7:14-17. A passagem evidentemente se relaciona com 9:2-7. Nestes dois oráculos o destino nacional depende do nascimento da Criança. Êste fato indica que Emanu EI ó idêntico à Criança Maravilhosa de 9:6,7. Em 7:14 a criança é Deus Conosco, e em 9:6 é Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. A criança nascida da virgem, Mat. 1:23, é o Messias, o herdeiro maravilhoso do trono de Davi. Isto não é declarado na passagem, mas o pro­ feta reconhece que a incredulidade de Acaz determina o destino trágico para a nação, e desde então o profeta de­ posita sua confiança no restante fiel. Êle declara aqui como o Rei Messiânico há de nascer . Em 9:1-7 êle men­ ciona os atributos divinos do Messias que lhe deram a habilidade de inspirar e guiar o restante que tinha andado nas trevas, para ver e andar na luz resplandecente do Se­ nhor. Em 11:1-9 o Messias é um rebento do tronco de Jessé, dotado com o Espírito do Senhor, o espírito de sa­ bedoria e entendimento, o espírito de conselho e de forta­ leza, o espírito de conhecimento e do temor do Senhor. Os atributos conferidos ao Rebento pelo Espírito do Senhor significam, como as outras passagens, a divindade do Ungi­ do do Senhor. O Espírito do Senhor confere ao Rei Messiâ­ nico o discernimento e a energia devocional para executar o govêrno perfeito do seu reino eterno de justiça e paz. Os versículos 1-8 e 15-18 do capítulo 32 descrevem o reino justo e reto do Messias. 0 profeta não fala, nestas passagens, nos atributos divinos do Rei ideal, menciona­ dos nos capítulos 9 e 11, mas descreve a perfeição do go­ vêrno do Messias vindouro. A Inviolabilidade de Sião Portanto, assim diz o Senhor Javé: Eis que estou assentando em Sião, uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, de fundação segura; aquêle que crê não se apresse, 28:16.
  • 46. 46 A. R. CRABTREE Nos dias de Ezequias os assírios ameaçaram Jerusa­ lém, e no sítio da cidade pelo exército poderoso de Senâ- queribe, a destruição do monte do Senhor parecia inevi­ tável. Mas o Senhor tinha revelado ao profeta o propó­ sito de salvar Jerusalém, mostrando-lhe embora, também, a necessidade imperiosa de castigar e disciplinar o povo antes que o reino divino pudesse ser aperfeiçoado. Em vá­ rias declarações o profeta reconheceu a Sião como o centro do reino futuro do Senhor, 1:26,27; 2:2-4; 8:18; 14:32; 18:7; 28:16; 29:1; 30:19,29; 37:32. Isaías viu a glória do Senhor no Templo, o lugar da habitação divina na terra. Nos últimos dias o reino de Deus será estabelecido no monte da casa do Senhor, 2:1. No tempo do maior perigo o Senhor assentou-se no Monte Sião, e defendeu a cidade contra os inimigos. Assim ma­ nifestou o seu poder perante tôdas as nações. Sião como o Santuário do Senhor é inviolável. Será salvo na crise do julgamento, e será o refúgio dos salvos da calamidade nacional. A santidade de Sião, como o resto fiel da casa de Davi, é o penhor divino da indestrutibilidade da cidade dos servos fiéis do Senhor. Alguns pensam que esta convicção inabalável do profeta a respeito da inviolabilidade de Sião firmou-se nos últimos dias do seu ministério. Há, porém, numero­ sas referências ao Monte Sião, como a habitação do Se­ nhor, em várias partes da profecia. E estas referências a Sião como a habitação do Senhor indicam que esta cer­ teza do profeta a respeito de Jerusalém como o centro do reino eterno do Senhor era um dos princípios básicos nos ensinos de Isaías. IV . Característicos Literários do Profeta Isaías A maior parte da sua profecia foi escrita em forma de poesia. É muito semelhante à estrutura da poesia dos Salmos, de Provérbios e de outras profecias. Os co­
  • 47. A PR O F E C IA DE ISAÍAS 47 mentaristas modernos geralmente reconhecem três ou quatro espécies de composição na profecia. Os oráculos são as declarações ou as mensagens que o profeta recebe diretamente do Senhor, com a incumbência de transmi- ti-los ao povo como a Palavra de Deus. As memórias são as narrativas autobiográficas que o profeta conta ao povo. São geralmente explicações da chamada ao ministério profético, ou de outras experiências pessoais com Deus. A biografia profética distingue-se das memórias, porque são narrativas a respeito do profeta contadas por outras pessoas, e não pelo profeta mesmo, como no caso de 7 :1-17. Oráculos O elemento de suprema importância da profecia é o Oráculo, ou a mensagem que o profeta recebe direta­ mente do Senhor com a vocação de transmiti-la ao seu povo. O oráculo é geralmente proclamado como a Pala­ vra de Deus. Ao mesmo tempo o profeta podia sentir-se incumbido de publicar em forma permanente a mensagem recebida do Senhor, Jer. 36:1-4. Isaías, como Jeremias, re­ conheceu a incumbência pessoal de apresentar uma série de seus oráculos na forma escrita, 8:16-18; 30:1. Quando o profeta declara: Assim diz o Senhor, 10:24;37:6, êle é o portador da mensagem da autoridade do Senhor, o Deus Soberano. O oráculo podia tomar a forma de repreensão, ameaça, exortação ou promessa. Estas formas aparecem, às vêzes, em combinação, como repreensão e ameaça, ou como exor­ tação e promessa, 5:8; 5:24; 10:1-4; 10:20; 7:4-6. O profeta verdadeiro não falava da sua própria volição, por­ que sempre se sentia constrangido pela vontade do Se­ nhor, Jer. 20:7-9. Quando o profeta tinha a certeza de que havia sido comissionado pelo Senhor, a experiência da chamada e da
  • 48. 48 A. R. C R A B T R E E comunicação espiritual com Deus influenciou profunda­ mente o seu ministério profético e fortaleceu a mensa­ gem para com os ouvintes (Cp. Jer. 20:9). Memórias Estas narrativas autobiográficas aparecem na for­ ma de prosa, mas encontram-se nelas, de vez em quando, alguns breves oráculos pessoais, 6:8-13; 8:1,5-8, 12-15. No capítulo 6 Isaías conta uma das mais importantes narrativas autobiográficas em tôda a literatura profética. É a história da experiência pessoal com o Senhor quando, por meio da visão inaugural, o jovem sentiu-se vocacio­ nado e comissionado como mensageiro do Santo de Israel. Biografia Profética Esta forma da literatura profética consta de narra­ tivas escritas sôbre as atividades do profeta por outra pessoa, como 7:1-17; 20:1-6; 36:1-39:8. Mas há opiniões diferentes a respeito dos capítulos 36-39. Alguns escrito­ res pensam que a primeira passagem, 7:1-17, foi origi­ nalmente autobiográfica, e foi mudada em biográfica por algumas pequenas mudanças do texto, dando a entender que é a mensagem de Isaías, mas escrita por outra pessoa, Mas o profeta certamente podia escrever na terceira pes­ soa sôbre as suas próprias experiências. Encontram-se também oráculos em algumas destas narrativas biográ­ ficas, como 37:22-29; 38:10-20. Algumas destas passa­ gens biográficas apresentam problemas críticos que serão discutidos no comentário. V. O Texto Massorético e o Rôlo do Mar Morto O nosso comentário baseia-se quase que inteiramente no hebraico do Texto Massorético datado em 895, e guar­ dado atualmente no Cairo. Seguimos, de vez em quando,
  • 49. A P R OFE CI A DE ISAÍAS 49 o texto sugerido na margem da Bíblia Hebraica, editada por Rud. Kittel da American Bible Society, ou outras versões aprovadas por alguns dos mais eruditos comen­ taristas. Não temos exemplares dos outros dois manus­ critos antigos guardados em Alepo e Leninegrado, mas apenas algumas referências dos mesmos em outras obras. Temos um exemplo dos LXX que consultamos freqüen­ temente . Passaram-se quinze séculos desde o tempo do profeta Isaías até à publicação do Texto Massorético da sua pro­ fecia. Êste texto foi transmitido através dos anos com muito cuidado e fidelidade. Mas no correr dos anos o texto original inevitàvelmente sofreu algumas pequenas modificações na transmissão, devido aos erros dos copis­ tas, e talvez, em raros casos, devido ao esforço de escla­ recer textos difíceis ou duvidosos. Mas são poucos os exemplos dos textos cujo sentido é duvidoso ou inexpli­ cável . As versões do grego, latim, siríaco e aramaico podem oferecer um pouco de auxílio no estudo do texto hebraico, quando o sentido do texto não fôr bem claro, mas devem ser usadas com cuidado. Entre a descoberta de manuscritos bíblicos na caverna de Ain Feshca, perto do Mar Morto, em 1947, havia um manuscrito de Isaías quase completo, e outro que pre­ serva mais ou menos a têrça parte da profecia. O pri­ meiro dêstes é geralmente conhecido como O Rôlo de Isaías do Mosteiro d,e São Marcos, de Jerusalém, mas agora pertence ao govêrno de Israel. Êste manuscrito concorda, em geral, com o Texto Massorético. Mas apresenta al­ gumas poucas variações, importantes no estudo do texto. Os tradutores da Revised Standard Version preferiram treze destas variações em lugar do Texto Massorético. O manuscrito incompleto de Isaías segue mais de perto
  • 50. 50 A. R. C R A B T R E E o Texto Massorético, e tem pouco valor no estudo de pas­ sagens difíceis do hebraico. Mas êstes manuscritos, datados agora na última parte do segundo século, ou na primeira parte do primeiro sé­ culo antes de Cristo, são os mais antigos exemplos do texto da profecia, e concordam notàvelmente com o texto tradicional.
  • 51. Análise dos Capítulos 1-39 Há quatro divisões principais dêstes capítulos: I. Capítulos 1-12; II. 13-27; III. 28-35; IV. 36-39. ESBÔÇO MAIS COMPLETO DÊSTES CAPÍTULOS, 1:1-39:» I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém, 1:1-5:29 A . O Sobrescrito, 1 :1 B. A Controvérsia do Senhor com o Seu povo, 1:2-31 1. A Ingratidão do Povo de Israel, 1:2-3 2. A Nação Pecaminosa, 2:4-9 3. A Palavra do Senhor sôbre a Religião e a Vida, 1:10-17 4. Arrependei-vos, 1:18-20 5. Lamento sôbre Jerusalém, 1:21-23 6. O Julgamento da Parte do Senhor, 1:24-26 7. A Operação da Justiça Divina na Vida de Israel, 1:27-31 8. A Vinda dos Povos ao Senhor de Sião, 2:1-5 C. O Castigo da Idolatria e do Orgulho Humano no Dia do Senhor, 2:6-22 D . O Julgamento Divino de Jerusalém e de Judá, 3:1-15 1. A Anarquia Social, 3 :l-7 2. O Povo Arruinado, 3:8-12 3. Os Esmagadores do Povo, 3:13-15
  • 52. 52 A. R. C R A B T R E E E. As Mulheres Altivas de Jerusalém, 3:16-4:1 F. A Beleza e a Glória de Sião Purificada, 4:2-6 G. Um Cântico d.a Vinha do Senhor, 5:1-7 H. Ais Contra os Perversos, 5:8-30 II. Resguarda o Testemunho, 6:1 - 8:18 A. A Visão Inaugural de Isaías, 6:1-13 B. Isaías e a Guerra Siríaco-Efraimita, 7:1-8:15 1. Sinal de Sear-Jasube, 7:1-9 2. Sinal de Emanuel, 7:10-17 3. A Invasão Iminente, 7:18-25 4. Sinal de Maher-Shalal-Hash-Baz, 8:1-4 5. Os Dois Rios Simbólicos, 8:5-8 6. A Fé do Profeta no Senhor Emanuel, 8:9-10 7. O Temor do Homem e o Temor de Deus, 8:11-15 C. Isaías Cessa as Atividades Proféticas, 8:16-18 III. Superstições dos Vacilantes na Fé, 8:19-9:1 A. Admoestações Contra o Espiritismo, 8:19 B. À Lei e ao Testemunho, 8:20; 9:1 C. O Reino Messiânico, 9:2-7 D. O Julgamento de Efraim Apresenta uma Li­ ção para Judá, 9:8-10:4 IV. Não Temas a Assíria, 10:5-12:6 A. A Ameaça Arrogante da Assíria, 10:5-34 1. A Jactância da Assíria, 10:5-16 2. A Labareda do Senhor Consumirá as Florestas da Assíria, 10:17-19
  • 53. A P R O F E C IA DE 1SAÍAS 53 3. Um Resto de Israel e Judá Voltará ao Senhor, 10:20-23 4. Sião Será Liberto do Jugo da Assí­ ria, 10:24-27 5. O Invasor Aproxima-se, 10:28-32 6. A Humilhação dos Invasores Orgulho­ sos, 10:33-34 B. O Reino Pacífico e Justo d,o Messias, 11:1-16 1. O Rebento de Jessé, 11:1-9 2. O Messias e a Nova Glória de Israel, 11:10-16 C. Culto de Louvor pela Restauração de Israel, 12:1-6 O Julgamento de Reinos e de Povos, 13:1-23:18 A . O Destino da Babilônia, 13:1-22 B. A Quedai do Tirano dais Nações, 14:1-23 C. O Propósito do Senhor na Destruição da Assíria, 14:24-27 D. A Alegria Prematura dos Filisteus, 14:28:32 E . Oráculo Concernente a Moabe, 15:1-16:14 F . Oráculo sôbre a Aliança de Israel e a Síria, 17:1-11 1. Oráculo Concernente a Damasco, 17 :l-6 2. Abandono dos ídolos, 17:7-8 3. Segurança Falsa, o Culto de ídolos, 17:9-11 G. O Poder Mundial Se Levanta e Cai, 17:12-14 H. Profecia Contra o Egito, 18:1-20:6 1. Resposta do Profeta aos Emissários da Etiópia, 18:1-7
  • 54. A. R. C R A B T R E E 2. Profecia Contra o Egito, 19:1-15 3. Judá e o Senhor Javé, um Terror para os Egípcios, 19:16-17 4. Os Egípcios e os Assírios Adorarão ao Senhor, 19:18-25 5. Evita Alianças Políticas com Estran­ geiros, 20:1-6 I. Uma Visão da Queda da Babilônia, 21:1-10 J. Oráculo Concernente a Dumá, 21:11-12 K. Oráculo Concernente a Arábia, 21:13-17 L. A Leviandad,e Religiosa dos Moradores de Jerusalém, 22:1-14 M. A Degradação de Sebna, 22:15-25 N. A Profecia Contra Tiro, 23:1-18 1. Oráculo Concernente a Tiro e Sidom, 23:1-14 2. A Restauração de Tiro Depois de Se­ tenta Anos, 23:15-18 Despertai e Cantai, os Que Habitais no Pó, 24:1-27:13 A. O Bom Efeito do Castigo de Israel, 24:1-23 1. A Terra Ficará Desolada por Causa do Pecado dos Habitantes, 24:1-12 2. Um Clamor de Confiança, 24:13-16a 3. A Grande Catástrofe, 24:16b-20 4. O Julgamento e a Nova Era, 24:21-23 B. Maravilhas das Atividades do Senhor, 25:1-12 1. Salmo de Gratidão pelo Livramento do Povo, 25:1-5 2. Profecia da Idade Messiânica, 25:6-8
  • 55. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 55 3. Hino de Louvor pela Humilhação de Moabe, 25:9-12 C. Um Pedido de Salvação Mais Perfeita, 26:1-19 1. Gratidão pela Vitória, 26:1-6 •2. O Povo Espera Ansiosamente os Juizes Retos do Senhor, 26:7-10 3. As Bênçãos da Disciplina e da Orien­ tação Divina, 26:11-15 4. Experiências Tristes Que o Povo So­ freu Antes da Sua Redenção, 26:16-18 5. Os Teus Mortos Viverão, os Seus Cor­ pos Ressuscitarão, 26:19 D. Conclusão da Mensagem de Aspirações e Es­ peranças, 26:20-27:13 1. O Povo Deve Esconder-se até Que Passe o Julgamento Divino, 26:20-21 2. A Punição dos Podêres Cruéis do Mun­ do, 27:1 3. Cântico da Vinha do Senhor, 27:2-6 4. A Significação da Disciplina de Israel, 27: 7-11 5. Uma Profecia da Restauração dos Des­ terrados de Israel, 27:12-13 VII. Não Escarneçais, Agravando, Assim, os Vossos Grilhões, 28:1-32:20 A. O Castigo Certo de Efraim e Judá, 28:1-29 1. A Queda da Capital de Israel, 28:1-6 2. Bêbedos entre os Sacerdotes e Profetas de Jerusalém, 28:7-13
  • 56. 56 A. R. C R A B T R E E 3. A Aliança com a Morte e com o Sheol, 28:14-22 B . A Providência do Senhor em Relação ao Seu Povo, 28:23-29 C. A Obra Maravilhosa do Senhor, 29:1-14 1. A Humilhação e o Livramento de Je­ rusalém, 29:1-8 2. A Cegueira e a Hipocrisia do Povo, 29:9-12 3. A Religião Meramente Convencional Perecerá, 29:13-14 D. A Rejeição da Segurança da Fé no Senhor, 29:15 - 30:17 1. A Repreensão dos Conspiradores, 29:15-16 2. A Redenção de Israel, 29:17-24 3. A Infidelidade de Judá na Aliança Po­ lítica com o Egito, 30:1-7 4. No Sossêgo e na Confiança a Vossa Fôrça, 30:8-17 E. O Poder do Deus Invisível, 30:18-31:9 1. Promessa para o Povo Sofredor de Sião, 30:18-26 2. Será Destruído o Inimigo do Povo de Deus, 30:27-33 3. A Fôrça de Cavalos e o Poder do Se­ nhor, 31:1-3 4. O Senhor dos Exércitos É o Defensor de Jerusalém, 31:4-9
  • 57. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 57 F. A Comunidade Ideal na Idade Messiânica, 32:1-8 1 . 0 Estabelecimento do Govêrno Mes­ siânico, 32:1-2 2. A transformação Espiritual do Povo na Idade Messiânica, 32:3-5 3. Contraste entre os Característicos do Fraudulento e do Honesto, 32:6-8 4. Advertência Contra as Mulheres de Jerusalém, 32:9-14 5. 0 Poder Transformador do Espírito na Idade Vindoura, 32:15-20 VIII. A Recompensa Divina, 33:1-35:10 A. A Aflição e o Livramento de Jerusalém, 33:1-24 1. O Apêlo ao Senhor Contra os Opresso­ res dos Judeus, 33:1-13 2. Efeitos da Manifestação da Presença do Senhor, 33:14-24 B. A Indignação do Senhor Contra Tõdas as Nações, 34:1-17 C. A Felicidade de Sião no Futuro, 35:1-10 IX. A Influência de Isaías no Reino de Ezequias, 36:1-39:8 A. Senaqueribe Exige a Capitulação de Jerusa­ lém, 36:1-37:4 B. O Rei Ezequias Recebe o Conselho do Pro­ feta Isaías, 37:5-7
  • 58. A. R. C R A B T R E E C. A Carta do Rei da Assíria, 37:8-13 D. A oração de Ezequias, 37:14-20 E. O Profeta Aconselha e Conforta Ezequias, 37:21-29 F. Sinal para os Sobreviventes, 37:30-32 G. O Desastre dos Assírios e a Morte de Sena- queribe, 37:33-38 H. A Doença de Ezequias e Sua Cura Maravi­ lhosa, 38:1-21 I. A Embaixada de Merodaque-Baladã Visita o Rei Ezequias, 39:1-8
  • 59. A PROFECIA DE 1SAÍAS Capítulos 1-39 TEXTO, EXEGESE E EXPOSIÇÃO I. A Infidelidade de Judá e Jerusalém — 1 :1 - 5:29 Esta primeira secção do livro consta de profecias re­ cebidas do Senhor e transmitidas a Judá e Jerusalém no primeiro período do ministério de Isaias. Nesta série de oráculos o profeta apresenta acusações e ameaças do Senhor contra o povo de Judá, com a promessa de mi­ sericórdia divina, nas condições de arrependimento e obediência à vontade revelada de Deus. Neste primeiro capítulo o profeta dá ênfase aos ensinos básicos do li­ vro e ao seu ministério como mensageiro de Deus. A . O Sobrescrito — 1:1 1. A visão de Isaias, filho de Amoz, que êle viu concernente a Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão e Ezequias, reis de Judá. O versículo é claramente o título da profecia que ter­ mina com as narrativas sôbre o reino de Ezequias nos cps. 36-39. Todavia, é mais apropriado para os primei­ ros doze capítulos. Há, porém, uma série de ameaças con­ tra o reino de Israel em 9:8-21, e nos capítulos 13-23 há um grupo de oráculos contra várias outras nações. Mas estas nações estão relacionadas, de uma ou de outra ma­ neira, com a história de Judá.
  • 60. 60 A. R. C R A B T R E E A visão, }Í?Hi, de Isaías aparentemente indica aqui a mensagem inteira do livro, mas êste fato não exclui o sentido radical da palavra. O cp. 6 descreve o signi­ ficado da visão na experiência do profeta. O têrmo tem o sentido largo de ver, contemplar, perceber, sentir e ex­ perimentar. Assim, todos os verdadeiros profetas do Se­ nhor tinham a vocação de receber e entender a mensagem da revelação divina, distingui-la de seus próprios pensa­ mentos, e entregá-la ao povo de acôrdo com a vontade divina. O nome Isaías, , significa Javé é a salvação t : “ : ou Javé dará a salvação. Êste grande mensageiro do Se­ nhor entendeu e exemplificou a significação simbólica do próprio nome nas suas pregações. O nome do pai de Isaías é Amoz, diferente do nome do profeta Amós. Enquanto o profeta fala principalmente “ concernen­ te a Judá e Jerusalém” , no cap. 7, e em vários outros lugares, êle trata das relações do Reino de Israel com Judá. Jerusalém, a cidade do profeta, a capital de Judá, e o centro da teocracia, é considerada, às vêzes, como a região inteira de Judá. É também distinguida de Judá, e recebe ênfase especial no livro, 3:1, 8; 5:8; 22:21. Alguns insistem em que a frase “ reis de Judá” é tau­ tológica, e foi acrescentada depois do tempo de Isaías, mas frases paralelas se encontram nos títulos dos livros de Jeremias, Oséias, Amós e Miquéias. B . A Controvérsia do Senhor com o Seu Povo, 1 :2-31 É fato significativo a posição do profeta no meio da história do povo escolhido. A bondade do Senhor não ti­ nha despertado o espírito de gratidão no íntimo dos filhos de Judá, e o castigo disciplinar não os tinha levado ao
  • 61. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 61 arrependimento e à obediência. Contudo, o Senhor Javé, 110 seu amor imutável, não podia desampará-los, mas le­ vantou profetas para admoestar ao povo de Judá sôbre o perigo da destruição daqueles que persistem na rebelião contra o seu Deus, e a calamidade do desprêzo da pala­ vra divina claramente revelada por intermédio dos men­ sageiros do Senhor. 0 profeta explica neste capitulo a controvérsia do Senhor com o seu povo de Judá. Judá está sofrendo as conseqüências da sua rebelião contra o Senhor, mas não quer aprender a lição do seu sofrimento. 0 profeta de­ nuncia o culto que o povo de Judá julga agradável a Deus e esclarece o espírito da religião verdadeira. Não obstan­ te a sua infidelidade, o povo ainda pode voltar-se para o Senhor. 1. A Ingratidão do Povo de Israel, 1:2-3 2. Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra; porque o Senhor é quem fala: Criei filhos, e os engrandeci, mas êles se rebelaram contra mim. 3. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono: mas Israel não conhece, o meu povo não entende. Êstes dois versículos poéticos constituem a introdu­ ção de uma série de mensagens recebidas do Senhor, apresentando, ao mesmo tempo, a razão básica da terrí­ vel denúncia de Judá. Os céus e a terra são chamados para testemunhar a acusação do Senhor contra o seu povo. É uma introdução profundamente significativa. Moisés começou o seu cântico de Deut. 32:1-43 com o mesmo apêlo aos céus e à terra. Quando o Senhor ofe­ receu ao seu povo a liberdade de escolher entre a bên­
  • 62. 62 A. R. C R A B T R E E ção e a maldição, entre a obediência e a desobediência, êle chamou os céus e a terra como testemunhas, Deut. 30:19. Segundo Amós 3:9 e Miquéias 6:2, o procedimen­ to revoltoso de Israel é publicado aos exércitos dos céus e aos habitantes da terra. A rebelião contra o Senhor tor­ na-se mais grave à luz da verdade de que a sua glória en­ che os céus e a terra, Is. 6:3; Amós 4:13. É o Todo- Poderoso quem opera na História para conseguir o seu eterno propósito, Is. 10:5. Porque é Javé quem fala. É o grande EU SOU, rPHií mas para Moisés, os profetas e os israelitas êle é Javé (Jeovah), mPP , ÊLE É. Criei e engrandeci filhos. A forma dêstes dois ver­ bos no hebraico é intensiva. Os têrmos são sinônimos, mas no uso de palavras sinônimas, a segunda geralmen­ te avança o sentido da primeira. A primeira palavra aqui descreve o processo de criar e educar carinhosamente o filho; a segunda refere-se à alta posição do filho bem treinado. Assim o Senhor gerou o seu filho, libertando- o da escravidão do Egito. Deu-lhe a independência como povo, com as suas próprias leis; plantou-o na sua própria terra, e levantou profetas para lhe transmitir as eternas verdades da revelação divina. Além de tudo isto, o Se­ nhor lhe deu a incumbência de preservar e entregar às nações da terra as verdades eternas recebidas do Se­ nhor. Através da História o Senhor tratou o seu povo es­ colhido como filho querido. Êste versículo no princípio da mensagem severa do profeta, bem como Oséias 11:1-4, refuta a opinião popular de que o ensino da paternidade de Deus apresenta-se somente em o Nôvo Testamento. Aqui o Senhor fala como pai, comovido pelo sentimen­ to de pesar despertado pela insensibilidade e a infidelida­ de de Israel, e do sofrimento que está trazendo sôbre si
  • 63. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 63 mesmo pela rebelião contra o seu Deus, de santidade, jus­ tiça e amor. Na sua infidelidade o povo tinlia perdido i? capacidade de discernir ou avaliar o amor imutável do seu Deus. Foi assim que o filho Israel correspondeu ao amor paterno do seu Deus. Esta palavra yti*E , significa ram- “ T per relações com alguém, ou separar-se completamente dêlc. Assim Israel se rebelou contra a casa de Davi, I Heis 12:19. Pela própria vontade, e até com violência, Judá tinha rompido a sua própria relação com o seu Se­ nhor. Apesar do amor de Deus que o povo tinha experi­ mentado através da História, e não obstante a promessa solene da fidelidade (Êx. 1,9:8), o filho revoltoso renun­ ciou ao amor imutável do Senhor e abandonou o seu Deus. Havendo violado o concêrto de Deus, e cortado os laços que o prendiam ao Senhor, Israel tinha perdido o seu sentido moral, e a capacidade de reconhecer a gra­ vidade do seu pecado. Com a persistência na rebelião, o povo tinha perdido a capacidade de arrepender-se e vol­ tar ao Senhor. Desde o tempo de Davi e Salomão, o espí­ rito revoltoso do povo em geral tornava-se cada vez mais forte. Os reis Asa e Joás se esforçaram para fazer uma reforma religiosa entre o povo, mas com poucos resul­ tados. Os reis, os ricos e o povo em geral tinham caído tão completamente na imoralidade, que praticavam, sem escrúpulo, a injustiça, a corrupção e a idolatria. Rejei­ tavam a palavra dos mensageiros do Senhor e entrega­ vam-se de coração ao serviço agradável dos deuses es­ tranhos. Isto também acontece com todos que se esque­ cem de Deus. 0 profeta acentua a tragédia da ingratidão de Israel pelo contraste com a fidelidade instintiva dos animais do­ mésticos aos seus donos. Até o boi conhece o seu dono.
  • 64. 64 A. R. CRABTREE Esta palavra, y p é muito rica nos seus vários sentidos. Usa-se aqui no sentido de conhecer por experiência. O animal doméstico conhece instintivamente a bondade do seu dono. Trabalha docilmente no serviço do homem, e dêle recebe sustento. Não tem qualquer propensão de mudar o seu modo de viver e servir, ou de recusar obe­ decer fielmente à vontade do dono. Também pela expe­ riência o jumento tem conhecimento, pelo menos, da manjedoura do seu possuidor. Israel deve ter profundo conhecimento filial do Se­ nhor, o conhecimento entranhável do amor do seu Deus, mas tinha perdido até o sentido de gratidão, característi­ co do animal doméstico. Não entende, r a , não tem con­ sideração, não reconhece mais que são filhos do Senhor Javé, que a sua própria existência e a sua felicidade de­ pendem da graça de Deus (Jer. 5:24). 2. A Nação Pecaminosa, 2:4-9 4. Ah! nação pecaminosa, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores ! Êles abandonaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, afastaram-se para, trás. Nota-se a mudança do ritmo nesta poesia de lamen­ tação. O Senhor tinha falado pelo profeta e acusado os seus filhos de rebelião. Mas nesta lamentação do Pai, acentua-se ainda mais a tragédia da revolta de Judá. Há neste versículo quatro substantivos para designar os re­ voltosos: nação, povo, semente, filhos. As nações vizinhas ignoravam a revelação divina que os israelitas tinham recebido por intermédio dos
  • 65. A P R O F E C IA DE ISAÍAS 65 mensageiros do Senhor. Mas Deus, o Pai de Israel, de­ clara neste versículo que o seu próprio povo se tornara "nação pecaminosa” em vez de uma nação santa; “ povo iníquo” ou “ perverso” em vez de um povo justo; “ se­ mente de malfeitores” em vez de a descendência do povo escolhido do Senhor; “ filhos que praticam a corrupção” em vez de filhos do amor imutável do seu Pai. A palavra Ah! descreve o sentimento de dor do Pai abandonado pelos filhos, e não se refere aqui ao sofri­ mento de Judá, segundo a nossa interpretação, mas pode significar o ai do povo pecaminoso. 0 participio NI2'P1 declara que a nação vai errando repetidamente o alvo da sua vocação. 0 povo é sobrecarregado, * 0 3 ,oprimi- li # v v do de perversidade, ou atos malignos. Os filhos da T casa do Pai degeneraram, tornaram-se crimino- — T sos. Abandonaram, 2tV > o Senhor, desprezaram, - t - T ou rejeitaram com desdém “ o Santo de Israel” , o seu próprio Deus. A frase, o Senhor de Israel, usada freqüente­ mente pelo profeta Isaías, originou-se evidentemente com a experiência na visão inaugural no Templo. A Santidade é a natureza essencial do Senhor que o separa e o exalta acima de tôda a criação. Pessoas e cousas são denomi­ nadas santas apenas no sentido da sua separação para o serviço do Senhor. A frase voltaram para trás não tra­ duz nitidamente o hebraico que é um pouco difícil. A forma reflexiva do verbo -flté melhor traduzida “ se es­ tranharam completamente” , apostataram. Chamado para ser um povo santo, Israel tinha recebido as provas do amor imutável no concerto do Sénhór, mas tinha rompido os laços que o prendiam ao Santo de Israel.
  • 66. 66 A. R. C R A B T R E E Não obstante o plural dos verbos no versículo cin­ co, o autor personifica a nação, e descreve a sua enfer­ midade como se fôsse liomem gravemente enfêrmo. Al­ guns dizem que a descrição sugere o corpo de escravo tão castigado que não há mais lugar nêle sem feridas. Assim traduzem Hfâ “ Em que parte sereis ainda fe­ ridos?” Mas, “ Por que” traduz melhor o hebraico. O verbo HD2 significa ferir, matar, Jos. 10:26. Por que T T continuais a vossa rebelião, a vossa apostasia? O povo tinha recebido bastante castigo para ser le­ vado ao arrependimento. O corpo estava cheio de contu­ sões, e o coração se tornara fraco e insensível. Não ha­ via nada recomendável na sua vida moral e religiosa. É desesperada a condição nacional. Havendo despreza­ do o Santo de Israel, a única fonte do seu socorro, o povo, na sua miséria, não tinha qualquer alívio ou con- fôrto, e não manifestava qualquer desejo de voltar-se para o Senhor. A ferida, , com a carne rasgada deve ser atada; a pisadura, nTlâH »deve ser amolecida com óleo; a cha T “ ga sangradora, n v"Ü deve ser espremida e limpa, T * * T “ para se tornar curável. Assim a nação pecadora tinha trazido sôbre si a terrível moléstia que ameaçava des­ truí-la, e não quis arrepender-se para receber a salva­ ção. “ Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que êle se converta do seu caminho e viva” (Ez. 33:11; Cp. Is. 1:18). 5* Por que sereia perpetuamente feridos, visto que continuais em rebeldia ? Tôda a cabaça está doente, « todo o coração enfêrmo.