1. Síndrome de Doose
(Epilepsia mioclônico-astática)
R3 Ludmila Inácio de Lima Uchôa
13/10/2010
13/10/2010
2. Introdução
Descrita por Herman Doose em 1970 numa série de
casos que se assemelhava com Sd de Lennox-Gastaut:
mesma idade de início, crises generalizadas causando
queda e atraso psicomotor e espículas-ondas
generalizadas;
Considerada epilepsia secundariamente generalizada:
por suspeita ou confirmação de lesão cerebral, mas a
série de Doose falhou;
A série de Doose: alta incidência de antecedentes
familiares: genética?
Maior contribuição da escola germânica: possibilidade
de fatores genéticos;
Desde ILAE de 1989: grupo das síndromes epilépticas
sintomáticas;
3. Definição
“...é uma condição determinada geneticamente
que se caracteriza por mioclônus maciços
causando a queda do paciente.”
“É uma síndrome epiléptica generalizada com
vários tipos de crise, incluindo mioclônico-astática,
ausências, tônico-clônicas e
eventualmente, crises tônicas, aparecendo
em uma criança previamente normal entre 18
e 60 meses, com um pico aos 3 anos”
Kaminska et al 1999
4. Epidemiologia
Corresponde a 1-2% das epilepsias abaixo de 9
anos de idade;
Meninos 2,7/3:1 Meninas;
Idade de início: 18 a 60 meses, nunca após os
7anos.
De acordo com Doose: 94% inicia até o 5° ano
de vida
5. Etiologia
32% apresentam casos de epilepsia na família
(Doose, 1992);
Em um estudo com EMA, 50% tinham história de
convulsão febril na família e 37% tinham
parentes com epilepsia (Dulac et al,1990);
A síndrome de Generalised Epilepsy with Febrile
Seizure Plus(GEFS+) associou-se com EMA em
10 de 88 famílias estudadas;
Mutações de 3 diferentes genes foram
associados à GESF+: codificam canal de sódio(
SCN1A e SCN1B) e o terceiro codifica uma
subunidade do receptor do GABA(GABRG2)
6. Características
Crises mioclônicas ou mioclônico-astáticas estão
presentes em todos os casos com severidade variável.
São breves, isoladas ou em pequenas séries, proximais
e podem ser fotossensíveis;
Crises tônico-clonicas generalizadas em 75-95% dos
casos ( 2° + freqüente). Como passar dos anos, tendem
a ocorrer durante a noite;
Crises de ausência atípica (62 a 89%) podem evoluir
para status não-convulsivo com estupor ou apatia
acompanhado de contrações multifocais e arrítmicas da
face e membros;
7. Características
Status pode perdurar por dias e quanto mais longo,
determina um prognóstico desfavorável;
Status pode ser desencadeado por carbamazepina ou
vigabatrina;
Crises tônicas axiais ou tônico-vibratórias (também com
curso desfavorável) em 30-95%,especialmente durante o
sono ou no final da noite, entre 4 e 6h;
Somente um terço das crianças com curso favorável têm
crises tônicas;
Convulsão febril simples ocorre em 11 a 28% dos casos,
especialmente nos pacientes com GEFS+;
Convulsão febril: 6 semanas de vida, geralmente entre 17 e
40 meses.
8. EEG interictal
Pode ser normal no início do quadro;
Freqüentemente apresenta atividade teta 4-7 Hz
monomórfica difusa, máxima centro-parietal, Pontas ou
Polipontas-Ondas lentas 2-3 Hz;
No sono, ocorre acentuação das descargas que se
repetem a 2-4 Hz por 2 a 6 segundos;
As crises tônicas acompanham-se de Polipontas 10-15
Hz;
As crises mioclônicas e ausências acompanham-se de
complexos de Poli Espículas-ondas, durando de 2 a 6
segundos;
9. EEG interictal
Os espasmos
mioclônicos,
envolvendo a
maior parte dos
membros
superiores são
vistos como
complexos de
espículas-ondas.
Cada espasmo é
um surto durando
100ms, seguido
por um longo
período silencioso
pós-mioclônico:
“drops attacks”
10. EEG no Status mioclônico
Com carbamazepina 24h Sem carbamazepina
11. Prognóstico
A evolução pode ser variável: controle total das
crises em três anos e um desenvolvimento
normal, ou desfavorável com epilepsia refratária e
atraso cognitivo;
Não existem indicadores prognósticos precoces,
mas a ocorrência de status mioclônicos e crises
tônicas estão associadas com uma evolução
desfavorável;
12. Diagnóstico Diferencial
Espamos idiopáticos de início tardio;
Epilepsia benigna mioclônica da infância;
Lennox-Gastaut:( não há espasmos mioclônicos
maciços e status mioclônicos; evolução pior);
Variante mioclônica de SLG: início córtex frontal
e EMA: tálamo-cortical;
Epilepsia rolândica benigna atípica;
Epilepsia com espículas-ondas contínuas
durante o sono: EEG anormal com espículas-ondas
contínuas durante o sono, com presença
típica trifásica onda Sharp e ondas lentas e
ausência de crises tônicas;
Variante infantil tardia da lipofuscinose-ceróide:
rápida e progressiva, com aparecimento de
distúrbios visuais e sinais neurológicos,
deteriorização no EEG;
13. Tratamento
Valproato é a droga de primeira escolha.
VPA+Lamotrigina, o próximo passo.
Ethosuximida pode ser útil, pp//nas crises
de ausência e mioclônicas.
Benzodiazepínicos, Topiramato,
Levetiracetam, Sulthiame , Acetazolamida
podem ser alternativas.
A dieta cetogênica pode ser efetiva;
A calosotomia não está indicada para as
crises mioclônico-astáticas.
14. Recomendações
específicas
Carbamazepina, Ocarbazepina e
Vigabatrina devem ser evitadas
(Status Mioclonicus).
Uso de capacetes protetores.