O documento discute a obra do poeta brasileiro Manuel Bandeira, resumindo seus principais temas e características. Entre os temas estão a infância, a morte, o cotidiano e o amor. Suas características incluem a tematização do cotidiano e a concisão aliada ao ludismo. O documento também fornece exemplos de poemas de Bandeira para análise.
2ª fase do Modernismo brasileiro - prosa
Período conhecido como regionalista, pois cada autor retrata a região que nasceu através de suas obras.
Principais representantes: José Américo de Almeida; Rachel Queiroz; Graciliano ramos; José Lins do Rêgo; Jorge Amado.
2ª fase do Modernismo brasileiro - prosa
Período conhecido como regionalista, pois cada autor retrata a região que nasceu através de suas obras.
Principais representantes: José Américo de Almeida; Rachel Queiroz; Graciliano ramos; José Lins do Rêgo; Jorge Amado.
[Power Point] Apresentação de pesquisa e análise das obras de Manuel Bandeira - Alunos do 3º Ano EM - Literatura - 2014
A Onda; Pneumotórax; Consoada e O Último Poema.
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Vou atualizar a apresentação e compartilhar em breve. :D
2. A INFÂNCIA (imagens do Recife e do Rio deA INFÂNCIA (imagens do Recife e do Rio de
Janeiro), poetização da memória e do imaginárioJaneiro), poetização da memória e do imaginário
(relações afetivas, primeiras leituras).(relações afetivas, primeiras leituras).
PRINCIPAIS TEMAS
A MORTE - diante dela o eu-poético oscilaA MORTE - diante dela o eu-poético oscila
entre o desencanto e amargura e a irreverênciaentre o desencanto e amargura e a irreverência
risonha, na verdade, Bandeira dessacraliza arisonha, na verdade, Bandeira dessacraliza a
morte.morte.
3. O ONÍRICO, O DEVANEIO - não só comoO ONÍRICO, O DEVANEIO - não só como
fuga mas como afirmação das potências dafuga mas como afirmação das potências da
imaginação e da poesia.imaginação e da poesia.
PRINCIPAIS TEMAS
O COTIDIANO - todos os seus matizes - oO COTIDIANO - todos os seus matizes - o
simples, o insignificante, mas ao mesmo tempo osimples, o insignificante, mas ao mesmo tempo o
belo e o sublime.belo e o sublime.
4. O AMOR - desencanto e frustração, masO AMOR - desencanto e frustração, mas
também o prazer. A questão do desejo e seustambém o prazer. A questão do desejo e seus
revezes sempre vêm à tona. A beleza feminina, arevezes sempre vêm à tona. A beleza feminina, a
sensualidade.sensualidade.
PRINCIPAIS TEMAS
A PRÓPRIA POESIA - em exercíciosA PRÓPRIA POESIA - em exercícios
metalinguísticos o poeta reflete sobre seu ofíciometalinguísticos o poeta reflete sobre seu ofício
revelando-nos o profundo entranhamento entrerevelando-nos o profundo entranhamento entre
poesia e vida.poesia e vida.
5. REFLEXÃO EXISTENCIAL - como poeta doREFLEXÃO EXISTENCIAL - como poeta do
século XX, Manuel Bandeira pensa o homemséculo XX, Manuel Bandeira pensa o homem
moderno, seu ceticismo, seus medos, suasmoderno, seu ceticismo, seus medos, suas
esperanças. Sua poética é marcada, nesse campo,esperanças. Sua poética é marcada, nesse campo,
por uma extrema lucidez que não aborta opor uma extrema lucidez que não aborta o
humanismo e a fraterna solidariedade.humanismo e a fraterna solidariedade.
PRINCIPAIS TEMAS
6. Libertação contínua dos moldes, reafirmaçãoLibertação contínua dos moldes, reafirmação
do coloquial em poesia.do coloquial em poesia.
Valorização da cultura e do imaginárioValorização da cultura e do imaginário
popular.popular.
Poesia como arte das palavras - o manuseioPoesia como arte das palavras - o manuseio
seguro e sempre renovado da linguagem comoseguro e sempre renovado da linguagem como
imperativo máximo do fazer poético.imperativo máximo do fazer poético.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
7. Tematização do cotidiano, do corriqueiro,Tematização do cotidiano, do corriqueiro,
incorporação do "pequeno", do insignificanteincorporação do "pequeno", do insignificante
como tema poético.como tema poético.
Concisão aliada ao ludismo - significar aoConcisão aliada ao ludismo - significar ao
máximo com o mínimo de palavras. Aliarmáximo com o mínimo de palavras. Aliar
economia e criatividade.economia e criatividade.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
9. Eu faço versos como quem choraEu faço versos como quem chora
DeDe desalentodesalento , de desencanto, de desencanto
Fecha meu livro se por agoraFecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum deNão tens motivo algum de prantopranto
Meu verso é sangue ,Meu verso é sangue , volúpiavolúpia ardenteardente
TristezaTristeza esparsaesparsa , remorso, remorso vãovão
Dói-me nas veias amargo e quenteDói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.Cai gota à gota do coração.
DESENCANTO
DESALENTO:
Desânimo, abatimento
PRANTO:
Choro, tristeza
VOLÚPIA:
Prazer sexual
ESPARSA:
Espalhada, vulgarizada
VÃO:
inútil
10. E nesses versos de angústia roucaE nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida correAssim dos lábios a vida corre
Deixando umDeixando um acreacre sabor na bocasabor na boca
Eu faço versos como quem morre.Eu faço versos como quem morre.
DESENCANTO
ACRE:
Azedo
11. Quando a Indesejada das gentes chegarQuando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou(Não sei se dura ou caroávelcaroável),),
talvez eu tenha medo.talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus(A noite com os seus sortilégiossortilégios.).)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.Com cada coisa em seu lugar.
CONSOADA
afável, gentil,
feitiço, malefício, bruxaria
12. Eu quero a estrela da manhãEu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigosMeus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhãProcurem a estrela da manhã
Ela desapareceu ia nuaEla desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?Desapareceu com quem?
Procurem por toda parteProcurem por toda parte
Digam que sou um homem sem orgulhoDigam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudoUm homem que aceita tudo
Que me importa?Que me importa?
Eu quero a estrela da manhãEu quero a estrela da manhã
ESTRELA DA MANHÃ
13. Três dias e três noitesTrês dias e três noites
Fui assassino e suicidaFui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsárioLadrão, pulha, falsário
Virgem mal-sexuadaVirgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitosAtribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeçasGirafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todosPecai por todos pecai com todos
Pecai com malandrosPecai com malandros
Pecai com sargentosPecai com sargentos
Pecai com fuzileiros navaisPecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneirasPecai de todas as maneiras
ESTRELA DA MANHÃ
14. Com os gregos e com os troianosCom os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristãoCom o padre e o sacristão
Com o leproso de Pouso AltoCom o leproso de Pouso Alto
Depois comigoDepois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comereiTe esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei
[terra e direi coisas de uma ternura tão simples[terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerásQue tu desfalecerás
Procurem por toda à parteProcurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixezaPura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.Eu quero a estrela da manhã.
ESTRELA DA MANHÃ
15. Quando a morte cerrar meus olhos durosQuando a morte cerrar meus olhos duros
- Duros de tantos vãos padecimentos,- Duros de tantos vãos padecimentos,
Que pensarão teus peitos imaturosQue pensarão teus peitos imaturos
Da minha dor de todos os momentos?Da minha dor de todos os momentos?
Vejo-te agora alheia, e tão distante:Vejo-te agora alheia, e tão distante:
Mais que distante - isenta. E bem prevejo,Mais que distante - isenta. E bem prevejo,
Desde já bem prevejo o exato instanteDesde já bem prevejo o exato instante
Em que de outro será não teu desejo,Em que de outro será não teu desejo,
SONETO INGLÊS Nº 1
16. Que o não terás, porém teu abandono,Que o não terás, porém teu abandono,
Tua nudez! Um dia hei de ir emboraTua nudez! Um dia hei de ir embora
Adormecer no derradeiro sono.Adormecer no derradeiro sono.
Um dia chorarás... Que importa? Chora.Um dia chorarás... Que importa? Chora.
Então eu sentirei muito mais pertoEntão eu sentirei muito mais perto
De mim feliz, teu coração incerto.De mim feliz, teu coração incerto.
SONETO INGLÊS Nº 1
17. Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,
conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis,conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis,
dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentesdermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes
em petição de miséria.em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a numMisael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num
sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura...sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura...
Dava tudo o que ela queria.Dava tudo o que ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita,Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita,
arranjou logo um namorado.arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, umMisael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um
tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.Viveram três anos assim.
TRAGÉDIA BRASILEIRA
18. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado,Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado,
Misael mudava de casa.Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, RuaOs amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua
General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel,General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel,
Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp,Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi,outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi,
Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privadoPor fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado
de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e ade sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a
polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestidapolícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida
de organdi azul.de organdi azul.
TRAGÉDIA BRASILEIRA
19. Eurico Alves, poeta baiano,Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.
Sou poeta da cidade,Sou poeta da cidade,
Meus pulmões viraram máquinas inumanas eMeus pulmões viraram máquinas inumanas e
aprenderam a respirar oaprenderam a respirar o
[gás carbônico das salas de cinema.[gás carbônico das salas de cinema.
Como o pão que o diabo amassou.Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.Aperto a mão de B., que é assassino.
ESCUSA
20. Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhosHá anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos
[nas cores das madrugadas[nas cores das madrugadas
Eurico Alves, poeta baiano,Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais daNão sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da
[roça.[roça.
ESCUSA
21. Amanhã que é dia dos mortosAmanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. VaiVai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturasE procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.O filho tem mais precisão.
POEMA DE FINADOS
O que resta de mim na vidaO que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.E em verdade estou morto ali.
22. Estou farto do lirismo comedidoEstou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportadoDo lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expedienteDo lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionárioEstou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
[o cunho vernáculo de um vocábulo.[o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristasAbaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universaisTodas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceçãoTodas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveisTodos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namoradorEstou farto do lirismo namorador
PolíticoPolítico
RaquíticoRaquítico
SifilíticoSifilítico
POÉTICA
23. De todo lirismo que capitula ao que quer que sejaDe todo lirismo que capitula ao que quer que seja
[fora de si mesmo[fora de si mesmo
De resto não é lirismoDe resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amanteSerá contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
[exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes[exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etcmaneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucosQuero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedosO lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de ShakespeareO lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
POÉTICA
24. A primeira vez que vi TeresaA primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidasAchei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma pernaAchei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novoQuando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto doAchei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do
[corpo[corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto
[do corpo nascesse)[do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nadaDa terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terraOs céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
TERESA
25. POEMA DO BECO
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha doQue importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do
horizonte?horizonte?
— O que eu vejo é o beco.— O que eu vejo é o beco.