3. O AUTORO AUTOR
Fez os primeiros estudos no interior de Ala-Fez os primeiros estudos no interior de Ala-
goas e tentou jornalismo no Rio. Regressou agoas e tentou jornalismo no Rio. Regressou a
Palmeira dos Índios (AL), cidade da qual foiPalmeira dos Índios (AL), cidade da qual foi
prefeito em 1928, renunciando ao cargo doisprefeito em 1928, renunciando ao cargo dois
anos depois, para dirigir a Imprensa Oficial doanos depois, para dirigir a Imprensa Oficial do
Estado. Em 1933, foi nomeado Diretor da Ins-Estado. Em 1933, foi nomeado Diretor da Ins-
trução Pública. Por suspeita de ligação com otrução Pública. Por suspeita de ligação com o
comunismo, foi demitido e preso em 1936.comunismo, foi demitido e preso em 1936.
Remetido ao Rio de Janeiro, permaneceu en-Remetido ao Rio de Janeiro, permaneceu en-
carcerado na Ilha Grande, onde escreveucarcerado na Ilha Grande, onde escreveu Me-Me-
mórias do Cárceremórias do Cárcere. Em 1945, aderiu ao PCB.. Em 1945, aderiu ao PCB.
Faleceu no Rio, em 1953.Faleceu no Rio, em 1953.
7. O ROMANCE DE 30O ROMANCE DE 30
Os retirantesOs retirantes, Portinari, Portinari
8. ORIGEM DO LIVROORIGEM DO LIVRO
"... no começo de 1937 utilizei num conto a"... no começo de 1937 utilizei num conto a
lembrança de um cachorro sacrificado na Mani-lembrança de um cachorro sacrificado na Mani-
çoba, interior de Pernambuco, há muitos anos.çoba, interior de Pernambuco, há muitos anos.
Transformei o velho Pedro Ferro, meu avô, noTransformei o velho Pedro Ferro, meu avô, no
vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura devaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura de
Sinha Vitória, meus tios pequenos, machos eSinha Vitória, meus tios pequenos, machos e
fêmeas, reduziram-se a dois meninos..."fêmeas, reduziram-se a dois meninos..."
Trecho da carta que Graciliano escreveu, em 1944, a João Condé,
para uma coluna que o mesmo mantinha na revista O Cruzeiro.
9. A obraA obra Vidas SecasVidas Secas é ambientada no sertãoé ambientada no sertão
nordestino e conta, em 13 capítulos independen-nordestino e conta, em 13 capítulos independen-
tes, a saga de uma família de retirantes: Fabiano,tes, a saga de uma família de retirantes: Fabiano,
Sinha Vitória, o menino mais velho, o meninoSinha Vitória, o menino mais velho, o menino
mais novo e a cadela Baleia, animal de esti-mais novo e a cadela Baleia, animal de esti-
mação que representava quase um membro damação que representava quase um membro da
família. Cada capítulo enfatiza uma persona-gemfamília. Cada capítulo enfatiza uma persona-gem
e as várias situações de desgraça e sofrimentoe as várias situações de desgraça e sofrimento
as quais são submetidos.as quais são submetidos.
SÍNTESE DO ENREDOSÍNTESE DO ENREDO
10. Em 1963 o cineastaEm 1963 o cineasta
Nélson Pereira dosNélson Pereira dos
Santos assinou a adap-Santos assinou a adap-
tação do romance paratação do romance para
o cinema, com os ato-o cinema, com os ato-
res Átila Iório e Mariares Átila Iório e Maria
Ribeiro como FabianoRibeiro como Fabiano
e Sinha Vitória.e Sinha Vitória.
11. PERSONAGENSPERSONAGENS
a) FABIANO: caracteriza-a) FABIANO: caracteriza-
se pelo sentimento dese pelo sentimento de
esperança, porém, váriasesperança, porém, várias
vezes é acometido pelavezes é acometido pela
raiva, pela ira. Respon-raiva, pela ira. Respon-
sável, vê-se constante-sável, vê-se constante-
mente impotente diantemente impotente diante
do mundo, da vida. Umado mundo, da vida. Uma
de suas maiores aspi-de suas maiores aspi-
rações era se expressarrações era se expressar
como seu Tomás dacomo seu Tomás da
bolandeira;bolandeira; Átila IórioÁtila Iório
12. PERSONAGENSPERSONAGENS
b) Sinha Vitória: embo-rab) Sinha Vitória: embo-ra
seja segura, marcada pelaseja segura, marcada pela
passividade, também tempassividade, também tem
seus rompantes. Es-pertaseus rompantes. Es-perta
e inteligente, é bem maise inteligente, é bem mais
desenvolta e perspi-cazdesenvolta e perspi-caz
que o marido, queque o marido, que
freqüentemente é passa-freqüentemente é passa-
do para trás. Seu maiordo para trás. Seu maior
desejo era possuir umadesejo era possuir uma
cama igual à de seucama igual à de seu
Tomás da bolandeira;Tomás da bolandeira; Maria RibeiroMaria Ribeiro
13.
14.
15. PERSONAGENSPERSONAGENS
c) O MENINO MAISc) O MENINO MAIS
NOVO: apesar deNOVO: apesar de
corajoso, vê-se fra-corajoso, vê-se fra-
cassado quandocassado quando
tenta imitar astenta imitar as
ações de seu pai,ações de seu pai,
que, para ele, era oque, para ele, era o
modelo a sermodelo a ser
seguido;seguido;
Gilvan LimaGilvan Lima
16.
17. PERSONAGENSPERSONAGENS
d) O MENINO MAISd) O MENINO MAIS
VELHO: é curioso, ficaVELHO: é curioso, fica
insatisfeito diante dasinsatisfeito diante das
explicações lacunaresexplicações lacunares
dadas pelos pais quan-dadas pelos pais quan-
do a eles dirigia pergun-do a eles dirigia pergun-
tas. Carente, desejavatas. Carente, desejava
um amigo. Seu consoloum amigo. Seu consolo
era a cachorrinha Balei-era a cachorrinha Balei-
a;a;
Genivaldo LimaGenivaldo Lima
18.
19. PERSONAGENSPERSONAGENS
e) O SOLDADO AMARE-e) O SOLDADO AMARE-
LO: Embora seja perso-LO: Embora seja perso-
nagem secundária, ga-nagem secundária, ga-
nha relevância por apa-nha relevância por apa-
recer, na narrativa,recer, na narrativa,
como símbolo de prepo-como símbolo de prepo-
tência e opressão.tência e opressão.
Orlando MacedoOrlando Macedo
20.
21. PERSONAGENSPERSONAGENS
f) BALEIA: A cadela daf) BALEIA: A cadela da
família de Fabiano. Vaifamília de Fabiano. Vai
sempre a frente dosempre a frente do
grupo, procurando co-grupo, procurando co-
mida. Em muitos mo-mida. Em muitos mo-
mentos, mostra-se maismentos, mostra-se mais
humana que os próprioshumana que os próprios
donos.donos.
BaleiaBaleia
22.
23. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
1 – CAPÍTULOS AUTÔNOMOS: a narrativa é1 – CAPÍTULOS AUTÔNOMOS: a narrativa é
constituída por capítulos autônomos, que podemconstituída por capítulos autônomos, que podem
ser apresentados isoladamente, por isso mesmo,ser apresentados isoladamente, por isso mesmo,
a obra é considerada por alguns críticos comoa obra é considerada por alguns críticos como
umum romance desmontávelromance desmontável; painel de quadros do; painel de quadros do
sertão: “romance marcado pela extrema presen-sertão: “romance marcado pela extrema presen-
ça da terra, tão seca como os habitantes, que seça da terra, tão seca como os habitantes, que se
encontram despojados de bens, de vocabulário,encontram despojados de bens, de vocabulário,
da seiva essencial para a sobrevivência, tendo,da seiva essencial para a sobrevivência, tendo,
dessa forma, vidas secas”;dessa forma, vidas secas”;
24. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
2 – NARRADOR ONIS-2 – NARRADOR ONIS-
CIENTE: narrador emCIENTE: narrador em
terceira pessoa, queterceira pessoa, que
mergulha profundamen-mergulha profundamen-
te na alma das persona-te na alma das persona-
gens, trazendo à tonagens, trazendo à tona
um texto marcado elaum texto marcado ela
análise existencial, psi-análise existencial, psi-
cológica das criaturascológica das criaturas
que habitam o áridoque habitam o árido
sertão nordestino;sertão nordestino;
IlustraçõesdeAldemirMartinsIlustraçõesdeAldemirMartins
25. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
3 – DISCURSO INDIRETO LIVRE: fusão da fala3 – DISCURSO INDIRETO LIVRE: fusão da fala
e/ou pensamento da personagem à voz doe/ou pensamento da personagem à voz do
narrador: a) “Pobre de seu Tomás. Um homemnarrador: a) “Pobre de seu Tomás. Um homem
tão direito sumir-se como cambembe, andar portão direito sumir-se como cambembe, andar por
este mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás eraeste mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era
pessoa de consideração e votava. Quem diria?”;pessoa de consideração e votava. Quem diria?”;
b) “O rosto de Fabiano contraía-se, medonho,b) “O rosto de Fabiano contraía-se, medonho,
mais feio de que um focinho. Hem? Estavamais feio de que um focinho. Hem? Estava
certo? Bulir com as pessoas que não fazem malcerto? Bulir com as pessoas que não fazem mal
a ninguém. Por quê? Sufocava-se, as rugas daa ninguém. Por quê? Sufocava-se, as rugas da
testa aprofundavam-se, os pequenos olhos azuistesta aprofundavam-se, os pequenos olhos azuis
abriam-se demais, numa interrogação dolorosa”;abriam-se demais, numa interrogação dolorosa”;
26. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
4 – ESPAÇO:4 – ESPAÇO:
Nordeste. Não háNordeste. Não há
uma definição exatauma definição exata
do lugar ou lugaresdo lugar ou lugares
por onde perambu-por onde perambu-
lam os persona-lam os persona-
gens;gens;
IlustraçõesdeAldemirMartinsIlustraçõesdeAldemirMartins
27. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
5 – TEMPO: assim co-5 – TEMPO: assim co-
mo o espaço, é indefi-mo o espaço, é indefi-
nido. Não se pode pre-nido. Não se pode pre-
cisar em que décadacisar em que década
se passa a história.se passa a história.
Certo é, porém, queCerto é, porém, que
seja anterior à décadaseja anterior à década
de 1930, já que o livrode 1930, já que o livro
foi publicado em 1937;foi publicado em 1937;
28. A ESTRUTURA DA NARRATIVAA ESTRUTURA DA NARRATIVA
6 – ESTRUTURA CÍCLICA: Tanto no primeiro6 – ESTRUTURA CÍCLICA: Tanto no primeiro
capítulo da obra, “Mudança”, quanto no último,capítulo da obra, “Mudança”, quanto no último,
“Fuga”, as personagens estão fugindo da seca, o“Fuga”, as personagens estão fugindo da seca, o
que nos permite dizer que a obra apresenta umaque nos permite dizer que a obra apresenta uma
estrutura cíclica, na medida em que o romanceestrutura cíclica, na medida em que o romance
decorre entre duas situações idênticas, de taldecorre entre duas situações idênticas, de tal
modo que o fim, encontrando o princípio, fecha amodo que o fim, encontrando o princípio, fecha a
ação em círculo.ação em círculo.
29. A LINGUAGEMA LINGUAGEM
1 – Na obra, percebe-se a predominância da falta1 – Na obra, percebe-se a predominância da falta
de diálogos entre as personagens (a solidão éde diálogos entre as personagens (a solidão é
reproduzida a todo tempo), o que nos apontareproduzida a todo tempo), o que nos aponta
para uma impossibilidade de comunicaçãopara uma impossibilidade de comunicação
humana; essa impossibilidade se espelha atéhumana; essa impossibilidade se espelha até
nos animais (a justificativa para a morte donos animais (a justificativa para a morte do
papagaio é o fato de ele não saber falar: ele sópapagaio é o fato de ele não saber falar: ele só
sabia latir – como Baleia – e aboiar – comosabia latir – como Baleia – e aboiar – como
Fabiano);Fabiano);
30.
31. A LINGUAGEMA LINGUAGEM
2 – Se o grupo familiar é coeso, solidário,2 – Se o grupo familiar é coeso, solidário,
detecta-se uma impotência existencial dosdetecta-se uma impotência existencial dos
figurantes, que corresponde a uma impotênciafigurantes, que corresponde a uma impotência
verbal dentro da realidade;verbal dentro da realidade;
3 – A comunicação se dá por intermédio de3 – A comunicação se dá por intermédio de
gestos, ruídos guturais, animalescos, incapacita-gestos, ruídos guturais, animalescos, incapacita-
dos de organizar o mundo num sistema dedos de organizar o mundo num sistema de
representações e idéias, as personagens serepresentações e idéias, as personagens se
postam como coisas (zoomorfização);postam como coisas (zoomorfização);
32. A LINGUAGEMA LINGUAGEM
4 – O silêncio vem não só da falência da4 – O silêncio vem não só da falência da
comunicação, mas também porque ascomunicação, mas também porque as
personagens não têm o que dizer. Interessante opersonagens não têm o que dizer. Interessante o
fato de que, quando Fabiano queria falar comofato de que, quando Fabiano queria falar como
alguém desenvolto, ele se comprometia aindaalguém desenvolto, ele se comprometia ainda
mais, o que se nota não só na relação com omais, o que se nota não só na relação com o
patrão, no primeiro contato com o Soldadopatrão, no primeiro contato com o Soldado
Amarelo e, também, quando é levado para aAmarelo e, também, quando é levado para a
cadeia – acusado, ele não se defende porque nãocadeia – acusado, ele não se defende porque não
conseguia articular discurso;conseguia articular discurso;
33.
34. A LINGUAGEMA LINGUAGEM
5 – Já vimos anteriormente que, na obra,5 – Já vimos anteriormente que, na obra,
prevalece o uso do discurso indireto livre. Nasprevalece o uso do discurso indireto livre. Nas
poucas vezes em que aparece, o discurso direto,poucas vezes em que aparece, o discurso direto,
acentua as barreiras da comunicabilidade, poisacentua as barreiras da comunicabilidade, pois
as falas são curtas: “– Ecô! Ecô!”, “Hum! Hum!”,as falas são curtas: “– Ecô! Ecô!”, “Hum! Hum!”,
predominando quase sempre o monólogo empredominando quase sempre o monólogo em
voz alta;voz alta;
6 – FALÊNCIA DA LINGUAGEM: corporifica a6 – FALÊNCIA DA LINGUAGEM: corporifica a
barreira irremediável que se coloca entre asbarreira irremediável que se coloca entre as
pessoaspessoas ⇒⇒ é como se as personagens vivessemé como se as personagens vivessem
exiladas em si mesmas;exiladas em si mesmas;
35. UM UNIVERSO DESUMANOUM UNIVERSO DESUMANO
1 – A existência das personagens revela-se1 – A existência das personagens revela-se
como um fenômeno puramente natural. O sercomo um fenômeno puramente natural. O ser
humano assemelha-se ao bicho. Essa, aliás, éhumano assemelha-se ao bicho. Essa, aliás, é
uma das características das obras de Gracilianouma das características das obras de Graciliano
Ramos – a zoomorfização: as personagensRamos – a zoomorfização: as personagens
aparecem sob a ótica do não humano, do animalaparecem sob a ótica do não humano, do animal
e os animais (Baleia) aparecem humanizadose os animais (Baleia) aparecem humanizados
(antropomorfismo), como exemplo, temos o(antropomorfismo), como exemplo, temos o
belíssimo capítulo “Baleia”;belíssimo capítulo “Baleia”;
36. "A tremura subia, deixava a barriga e"A tremura subia, deixava a barriga e
chegava ao peito de Baleia. Do peito para tráschegava ao peito de Baleia. Do peito para trás
era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas oera tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o
resto do corpo se arrepiava, espinhos deresto do corpo se arrepiava, espinhos de
mandacaru penetravam na carne meio comidamandacaru penetravam na carne meio comida
pela doença.pela doença.
Baleia encostava a cabecinha fatigada naBaleia encostava a cabecinha fatigada na
pedra. A pedra estava fria, certamente Sinhapedra. A pedra estava fria, certamente Sinha
Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muitoVitória tinha deixado o fogo apagar-se muito
cedo.cedo.
37. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, numBaleia queria dormir. Acordaria feliz, num
mundo de preás. E lamberia as mãos demundo de preás. E lamberia as mãos de
Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças seFabiano, um Fabiano enorme. As crianças se
espojariam com ela, rolariam com ela num pátioespojariam com ela, rolariam com ela num pátio
enorme, num chiqueiro enorme. O mundoenorme, num chiqueiro enorme. O mundo
ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes".ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes".
38.
39. UM UNIVERSO DESUMANOUM UNIVERSO DESUMANO
2 – Não só através das símiles, quando da2 – Não só através das símiles, quando da
apresentação das personagens (“Ele, a mulher eapresentação das personagens (“Ele, a mulher e
os filhos tinham-se habituado à camarinhaos filhos tinham-se habituado à camarinha
escura, pareciam ratos”), mas até mesmoescura, pareciam ratos”), mas até mesmo
fisicamente os protagonistas são vistos comofisicamente os protagonistas são vistos como
bichos (excelentes exemplos são os comentáriosbichos (excelentes exemplos são os comentários
do próprio Fabiano sobre os pés de sua esposado próprio Fabiano sobre os pés de sua esposa
– andava como um papagaio – ou mesmo no– andava como um papagaio – ou mesmo no
belo capítulo “Fabiano” a constatação dabelo capítulo “Fabiano” a constatação da
simbiose perfeita entre Fabiano e seu cavalo);simbiose perfeita entre Fabiano e seu cavalo);
40. UM UNIVERSO DESUMANOUM UNIVERSO DESUMANO
3 – Baleia é elevada ao nível mental das demais3 – Baleia é elevada ao nível mental das demais
personagens, membro da família como qualquerpersonagens, membro da família como qualquer
outro (confunde-se com os meninos; recebeoutro (confunde-se com os meninos; recebe
beijos e abraços, etc);beijos e abraços, etc);
41. UM UNIVERSO DESUMANOUM UNIVERSO DESUMANO
4 – A consciência de Fabiano da sua condição de4 – A consciência de Fabiano da sua condição de
bicho constitui o núcleo de toda a sua visão debicho constitui o núcleo de toda a sua visão de
mundo, pois a personagem se sente em posiçãomundo, pois a personagem se sente em posição
de inferioridade em confronto com as outrasde inferioridade em confronto com as outras
pessoas (sua condição de “bicho” é hereditária,pessoas (sua condição de “bicho” é hereditária,
fatalidade; os dias melhores só poderiam acon-fatalidade; os dias melhores só poderiam acon-
tecer por influência de forças transcendentes);tecer por influência de forças transcendentes);
42. UM UNIVERSO DESUMANOUM UNIVERSO DESUMANO
5 – Vê-se, portanto, na obra de Graciliano Ra-5 – Vê-se, portanto, na obra de Graciliano Ra-
mos, a desumanização das personagens, quemos, a desumanização das personagens, que
saem do nível animal, atingindo o vegetal, poissaem do nível animal, atingindo o vegetal, pois
são comparadas a baraúnas e mandacarus, atésão comparadas a baraúnas e mandacarus, até
serem niveladas a coisas, num processo deserem niveladas a coisas, num processo de
reificação;reificação;
43. CONCLUSÃOCONCLUSÃO
1 – PENSAMENTO DESENCANTADO: ao mimeti-1 – PENSAMENTO DESENCANTADO: ao mimeti-
zar as agruras do sertanejo enfrentando a seca,zar as agruras do sertanejo enfrentando a seca,
percebe-se um desencanto, uma visãopercebe-se um desencanto, uma visão
negativista, um ciclo impossível de ser rompido;negativista, um ciclo impossível de ser rompido;
2 – HOMEM / PAISAGEM: Em2 – HOMEM / PAISAGEM: Em Vidas secasVidas secas, temos, temos
uma profunda simbiose entre o homem e auma profunda simbiose entre o homem e a
paisagem. Desse modo, disseca não só a almapaisagem. Desse modo, disseca não só a alma
do sertanejo, mas também o meio físico – asdo sertanejo, mas também o meio físico – as
estruturas seculares tanto físicas quanto sociaisestruturas seculares tanto físicas quanto sociais
– mostrando como um aparece irmanado ao– mostrando como um aparece irmanado ao
outro;outro;
44. CONCLUSÃOCONCLUSÃO
3 – SAÍDAS: Assim como em obras anteriores,3 – SAÍDAS: Assim como em obras anteriores,
Graciliano nos apresenta personagens queGraciliano nos apresenta personagens que
rodam num mundo diminuto, sem saída nemrodam num mundo diminuto, sem saída nem
variedade, por isso é que constrói a obra devariedade, por isso é que constrói a obra de
forma fragmentada, assim, os fatos se arranjamforma fragmentada, assim, os fatos se arranjam
sem se integrarem uns com os outros, sugerindosem se integrarem uns com os outros, sugerindo
um mundo que não se compreende e se captaum mundo que não se compreende e se capta
apenas por manifestações isoladas.apenas por manifestações isoladas.
45. RESUMINDORESUMINDO
Único romance de Graciliano Ramos em ter-Único romance de Graciliano Ramos em ter-
ceira pessoa.ceira pessoa.
Drama social e geográfico.Drama social e geográfico.
Quadros da vida do sertão nordestino.Quadros da vida do sertão nordestino.
Vida nordestina tratada de modo objetivo.Vida nordestina tratada de modo objetivo.
Linguagem sintéticaLinguagem sintética
Sem sentimentalismo;Sem sentimentalismo;
Vocabulário exato;Vocabulário exato;
Precisão e concisão.Precisão e concisão.
13 capítulos/contos autônomos.13 capítulos/contos autônomos.
Romance desmontável.Romance desmontável.
Trajetória circular, romance cíclico.Trajetória circular, romance cíclico.
46. RESUMINDORESUMINDO
Miséria física e intelectual.Miséria física e intelectual.
Discurso indireto livre.Discurso indireto livre.
Nivelamento entre animais e pessoas.Nivelamento entre animais e pessoas.
Seu Tomás simboliza o desejo de ascensãoSeu Tomás simboliza o desejo de ascensão
social e econômica da família.social e econômica da família.