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Aula 11

Fun»~es trigonom¶tricas e o
    co            e
primeiro limite fundamental"

Nesta aula estaremos fazendo uma pequena revis~o de fun»oes trigonom¶tricas e apre-
                                                a      c~           e
sentando um limite que lhes determina suas derivadas.


11.1       Pequena revis~o de trigonometria
                        a

11.1.1     Trigonometria geom¶trica
                             e

Consideremos os tri^ngulos ABC e A0 B 0 C 0 da ¯gura 11.1. Os dois tri^ngulos s~o
                    a                                                      a   a
semelhantes, pois seus ^ngulos internos s~o iguais (congruentes). Assim, temos
                       a                 a

                    AB   AB 0         BC   B0C 0     BC   B0C 0
                       =      ;          =       ;      =
                    AC   AC 0         AC   AC 0      AB   AB 0

                                                                               AB
       Assim, sendo ABC um tri^ngulo ret^ngulo, como na ¯gura 11.1 as raz~es
                              a         a                                o     AC
                                                                                  ,
BC     BC                                  ^
     e AB dependem somente da abertura µ = A.
AC


                                                        C'
                                                C



                                  θ
                          A                      B      B'


                                      Figura 11.1.

      Chamamos

                                           93
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                           94



                                    AB    cateto adjacente ao ^ngulo µ
                                                               a
             cosseno de µ = cos µ =    =
                                    AC             hipotenusa
                                    BC    cateto oposto ao ^ngulo µ
                                                            a
                seno de µ = sen µ =     =
                                    AC            hipotenusa
                                   BC     cateto oposto ao ^ngulo µ
                                                            a
            tangente de µ = tg µ =     =
                                   AB    cateto adjacente ao ^ngulo µ
                                                              a
                                        sen µ
     Deduz-se imediatamente que tg µ =        .
                                        cos µ
     Da trigonometria do ensino m¶dio, s~o bem conhecidos os valores
                                 e      a

                          µ    cos µ sen µ     tg µ
                          0      1     0         0
                               p                 p
                         30±     3=2 1=2      1= 3
                               p     p
                         45±     2=2   2=2       1
                                     p         p
                         60±    1=2    3=2        3
                         90±     0     1   n~o se de¯ne
                                            a

          _
      Se P Q ¶ um arco de um c¶
             e                ³rculo de raio r, correspondente a um ^ngulo central de
                                                                    a
                                _
abertura ®, o comprimento c de P Q ¶ dado por
                                    e
                         c = r ¢ (medida de ® em radianos)



                                                   Q

                                                       c
                                       O   α
                                               r
                                                       P




              Figura 11.2. c = r ¢ ® (quando ® ¶ medido em radianos).
                                               e

                                     _
     Assim, o comprimento c do arco P Q ¶ diretamente proporcional a r e a ®. Quando
                                        e
       ±
® = 360 , temos
                     c = comprimento da circunfer^ncia = 2¼ ¢ r
                                                 e

     Assim sendo,
                 360± = 360 graus = 2¼ radianos, ou seja 180± = ¼
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                             95

                                                                      _
      Se r = 1 = uma unidade de comprimento, o comprimento c do arco P Q ¶
                                                                         e
simplesmente a medida de ® em radianos.
      A ¶rea do setor circular de ^ngulo central ® tamb¶m ¶ proporcional a ®. Quando
        a                         a                    e e
® = 2¼, temos a ¶rea de um c¶
                  a             ³rculo de raio r: A = ¼r2 . Assim, um setor circular de
                             ® 2
abertura ®, tem ¶rea A® = ¢ r (® em radianos).
                a
                             2

11.1.2     Trigonometria anal¶
                             ³tica

Para de¯nir as fun»~es trigonom¶tricas de vari¶vel real, consideramos um sistema carte-
                   co            e            a
siano ortogonal de coordenadas no plano. Nele, consideramos a circunfer^ncia de
                                                                              e
          2     2
equa»~o x + y = 1 (de centro em (0; 0) e raio 1). Esta circunfer^ncia ¶ o que
     ca                                                                 e      e
chamaremos de c¶  ³rculo trigonom¶trico.
                                 e
       Dado um n¶mero real ®, tomamos A = (1; 0) e demarcamos, no c¶
                   u                                                    ³rculo trigo-
nom¶trico, um ponto P® tal que a medida do percurso de A a P® , sobre o c¶
     e                                                                         ³rculo
trigonom¶trico, ¶ igual a j®j (¯gura 11.3). Teremos o percurso AP® passando uma ou
         e       e
v¶rias vezes pelo ponto A, quando j®j > 2¼.
 a
                                 _
A partir do ponto A, o percurso AP® ¶ feito no sentido anti-hor¶rio (contr¶rio ao
                                      e                            a          a
sentido do movimento dos ponteiros do rel¶gio) se ® > 0, e ¶ feito no sentido hor¶rio
                                         o                 e                     a
(no mesmo sentido do movimento dos ponteiros do rel¶gio) se ® < 0. Tal percurso ¶
                                                     o                              e
um arco orientado. Dizemos que ® ¶ a medida alg¶brica do arco orientado AP® .
                                  e              e
       Assim, por exemplo, P¼ = P¡¼ = (¡1; 0), P¼=2 = (0; 1), P¡¼=2 = (0; ¡1),
          p     p              p
P¼=4 = ( 2=2; 2=2), P¼=3 = ( 3=2; 1=2), e P0 = (1; 0) = P2¼ = P2n¼ , para cada
inteiro n.
     Sendo ® 2 R, consideremos P® = (x® ; y® ), de¯nido como acima. De¯nimos

                             x® = cos ® = cosseno de ®;
                             y® = sen ® = seno de ®

      Para estendermos a de¯ni»~o de tangente de ® a arcos orientados ®, tomamos
                                  ca
um eixo y 0 , paralelo ao eixo y, de origem O0 = A, orientado positivamente para cima,
no qual usaremos a mesma escala de medidas do eixo y. Sendo ® 2 R, consideramos
a reta OP® . Se ® 6¼ § n¼, para todo n 2 Z, esta reta intercepta o eixo y 0 em T® .
                     = 2
Sendo t® a abcissa de T® no eixo y 0 , de¯nimos

                              t® = tg ® = tangente de ®
                    sen ®
Assim sendo, tg ® =       .
                    cos ®
     Se 0 < ® < ¼=2, os valores cos ®, sen ®, e tg ® coincidem com aqueles das
de¯ni»~es geom¶tricas de cosseno, seno e tangente, dadas na se»~o 11.1.1.
     co       e                                               ca
     Tamb¶m de¯nem-se as fun»~es trigonom¶tricas
         e                  co           e
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                           96


                                          y

                                                   P = (x α ,y α )
                                                    α

                                                            α
                                                                     x
                                         O                   A=(1,0)




                                    Figura 11.3.

                                          y             y'
                                                   P            Tα
                                                    α


                                                        α
                                                                     x
                                          O                     O' = A




               Figura 11.4. No sistema Oxy, T® = (1; t® ) = (1; tg ®).


                                     cos ®
         cotangente de ® = cotg ® =                          (® 6n¼; 8n 2 Z)
                                                                =
                                    sen ®
                                      1                           ¼
            secante de ® = sec ® =                           (® 6 + n¼; 8n 2 Z)
                                                                =
                                   cos ®                          2
                                        1
         cossecante de ® = cosec ® =                         (® 6n¼; 8n 2 Z)
                                                                =
                                      sen ®
      Na ¯gura 11.5, ilustramos geom¶tricamente as seis fun»~es trigonom¶tricas de um
                                      e                    co           e
arco ® no primeiro quadrante, isto ¶, satisfazendo 0 < ® < ¼=2.
                                   e
     Listamos abaixo algumas f¶rmulas uteis, envolvendo as fun»oes trigonom¶tricas.
                                o     ¶                       c~           e
                  2           2     2           2     2          2
Aqui e sempre, cos a = (cos a) , sen a = (sen a) , tg a = (tg a) , etc.

  1. cos2 a + sen2 a = 1 (isto porque x2 + ya = 1)
                                       a
                                            2


  2. 1 + tg2 a = sec2 a (dividindo-se ambos os membros da equa»~o 1 por cos2 a)
                                                              ca
     1+cotg a = cosec a (dividindo-se ambos os membros da equa»~o 1 por sen2 a)
             2         2
                                                                 ca
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                                                         97


                                                         y               y'

                                                             cotg α
                                                                                                   x'

                                                                   P              tg α
                            cosec α                          1
                                                                    α
                                          sen α                          α
                                                                         A                              x
                                                  O cos α
                                                              sec α




  Figura 11.5. Geometria das seis fun»~es trigonom¶tricas, no primeiro quadrante.
                                     co           e

                                      y
                               1                      y = sen x

              -π                                                         3 π /2
                                    0        π /2             π                          2π                 x
                               -1



                                      y
                                                                                              y = cos x
                                1
                   - π /2                                             3π /2
                                    0      π /2               π                          2π                 x
                               -1



                                                  y




                                                                         y = tg x
                                             1
                             - π /2                                                3π /2
                                                  0 π /4          π /2        π               x
                                                    -1




             Figura 11.6. Gr¶¯cos das fun»~es seno, cosseno e tangente.
                            a            co

  3. sen(a + b) = sen a cos b + sen b cos a
     sen(a ¡ b) = sen a cos b ¡ sen b cos a
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                              98


      cos(a + b) = cos a cos b ¡ sen a sen b
      cos(a ¡ b) = cos a cos b + sen a sen b

  4. cos(¡a) = cos a, sen(¡a) = ¡ sen a
              sen(¡a)   ¡ sen a
     tg(¡a) =         =         = ¡ tg a
              cos(¡a)    cos a
  5. sen 2a = sen(a + a) = 2 sen a cos a
     cos 2a = cos(a + a) = cos2 a ¡ sen2 a
                ¡      ¢                 ¡   ¢
  6. cos a = sen ¼ ¡ a , sen a = cos ¼ ¡ a
                  2                        2




11.2      O primeiro limite fundamental
Vamos admitir que as seis fun»~es trigonom¶tricas s~o cont¶
                             co           e        a      ³nuas nos pontos onde est~o
                                                                                   a
de¯nidas.
      Na pr¶xima aula estaremos de¯nindo as fun»~es trigonom¶tricas inversas e cal-
            o                                     co            e
culando as derivadas de todas as fun»~es trigonom¶tricas. Para calcular a derivada de
                                     co           e
sen x, e ent~o calcular as derivadas das demais fun»~es trigonom¶tricas, deduziremos
            a                                       co            e
primeiramente o seguinte resultado, chamado na literatura do c¶lculo de primeiro limite
                                                              a
fundamental.

Proposi»~o 11.1 (Primeiro limite fundamental)
       ca

                                         sen x
                                     lim       =1
                                     x!0   x



Demonstra»~o. Seja ® um n¶mero real, 0 < ® < ¼=2, e consideremos, no c¶
          ca                 u                                          ³rculo
                       _
trigonom¶trico, o arco AP de comprimento ®, sendo A = (1; 0) e P = P® .
        e
      Sejam P 0 a proje»~o ortogonal do ponto P no eixo x (P P 0 ? Ox), e T a interse»~o
                       ca                                                            ca
                          0
da reta OP com o eixo y das tangentes.
                             _
      Temos ent~o P P 0 < AP , ou seja sen ® < ®.
                 a
     Al¶m disso, a ¶rea do setor circular AOP ¶ dada por A® = ® r2 = ® .
       e           a                          e               2      2
                                                                      tg ®
     A ¶rea do tri^ngulo OAT ¶ dada por ¢ = 1 OA ¢ AT =
       a          a          e              2                          2
                                                                           .
                                      tg ®
     Obviamente A® < ¢, da¶ ® <
                          ³ 2          2
                                           ,   e portanto ® < tg ®.
     Sumarizando, sendo 0 < ® < ¼=2,

                                   sen ® < ® < tg ®
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                             99


                                                        y'
                                           y                 T
                                                   P

                                               1
                                                        α
                                                                   x
                                           O       P'        A




                                    Figura 11.7.

                                       ®        tg ®       1
Como sen ® > 0, temos ent~o 1 <
                             a             <          =        . Comparando os inversos
                                    sen ®      sen ®     cos ®
dos tr^s termos, obtemos
       e
                                           sen ®
                                  cos ® <          <1
                                              ®
Para ¡¼=2 < ® < 0 tamb¶m valem as desigualdades acima, j¶ que, se 0 < ® < ¼=2,
                           e                                     a
                     sen(¡®)     ¡ sen ®      sen ®
cos(¡®) = cos ® e              =          =         .
                        ¡®          ¡®          ®
       Agora faremos uso de um teorema sobre limites (que s¶ pode ser demonstrado a
                                                               o
partir de um tratamento formal da teoria de limites), o teorema do confronto ou teorema
do sandu¶ ³che:

Teorema 11.1 (Teorema do confronto, ou teorema do sandu¶       ³che) Sendo I ½
R um intervalo, sendo a 2 I, e f , g e h fun»oes de¯nidas para x 2 I, x 6a, se
                                            c~                          =
f (x) · g(x) · h(x) para todo x 2 I; x 6a, e se lim f(x) = lim h(x) = L, ent~o
                                       =                                     a
                                                        x!a            x!a
lim g(x) = L. Vale o mesmo resultado para limites laterais (neste caso, a pode ser o
x!a
 extremo inferior ou superior do intervalo I). Vale o mesmo resultado se a = +1 ou
 ¡1.
                                                     sen ®
      No nosso caso, temos f (®) = cos ®, g(®) =           e h(®) = 1, todas de¯nidas
                                                       ®
para ¡¼=2 < ® < ¼=2, ® 60, satifazendo f(®) < g(®) < h(®).
                           =
      Temos lim f(®) = lim cos ® = 1, e lim h(®) = lim 1 = 1.
             ®!0         ®!0              ®!0                ®!0

      Portanto lim g(®) = 1, ou seja,
               ®!0
                                        sen ®
                                    lim       =1
                                    ®!0   ®

                                         sen x
     Veremos adiante que o resultado lim       = 1, primeiro limite fundamental, ¶
                                                                                 e
                                     x!0   x
imprescind¶ para a dedu»~o das derivadas das fun»~es trigonom¶tricas. Note que as
          ³vel          ca                      co             e
»~           ¶
Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental                                               100


desigualdades sen x < x < tg x, empregadas no c¶lculo desse limite, s¶ fazem sentido
                                                 a                   o
se x 2 R, quando ent~o jxj ¶ a medida de um arco orientado (em radianos), em um
                        a   e
c¶
 ³rculo trigonom¶trico.
                e
                                                                     ¡     ¢
                                                                          1 n
      O segundo limite fundamental ¶ aquele j¶ visto na aula 9, lim 1 + n = e.
                                   e         a
                                                                                 n!+1




11.3      Problemas
                                                                         sen x
  1. Calcule os seguintes limites, lembrando-se de que lim                 x
                                                                                 = 1.
                                                                   x!0

               sen(x=3)           sen ax            sen2 2t              sen x
       (a) lim            (b) lim           (c) lim             (d) lim
           x!0     x          x!0   bx          t!0    t2           x!¼ x ¡ ¼
                 sen2 t                             1 ¡ cos ax          sen 3x
       (e) lim            (f) lim x cotg x (g) lim              (h) lim
           t!0 1 ¡ cos t      x!0               x!0       bx        x!0 sen 5x
                       2           sen x
     (i) lim x sen       (j) lim           (k) lim x ¢ cos(1=x)
         x!+1         x      x!+1    x         x!0
                                                     sen(x=3)               sen(x=3)
     Respostas. (a) 1=3. Sugest~o. Fa»a lim
                               a     c                  x       = lim 3 ¢     x=3         (b) a=b   (c) 4
                                               x!0                x!0
     (d) ¡1. Sugest~o. Fa»a primeiramente a mudan»a de vari¶vel x ¡ ¼ = y.
                    a       c                           c      a                                    (e) 1.
                    sen2 t         sen2 t(1+cos t)
     Sugest~o. lim 1¡cos t = lim (1¡cos t)(1+cos t) (f) 1 (g) 0 (h) 3=5 (i) 2
           a                                                                                         (j) 0.
                 t!0        t!0
                           1   sen x       1
     Sugest~o. Se x > 0, ¡ x ·
           a                     x     ·   x    (k) 0. Sugest~o. Mostre que lim jx cos(1=x)j =
                                                             a
                                                                                        x!0
     0, considerando que jx cos(1=x)j · jxj, e use o teorema do confronto (teorema 11.1).

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Calculo1 aula11

  • 1. Aula 11 Fun»~es trigonom¶tricas e o co e primeiro limite fundamental" Nesta aula estaremos fazendo uma pequena revis~o de fun»oes trigonom¶tricas e apre- a c~ e sentando um limite que lhes determina suas derivadas. 11.1 Pequena revis~o de trigonometria a 11.1.1 Trigonometria geom¶trica e Consideremos os tri^ngulos ABC e A0 B 0 C 0 da ¯gura 11.1. Os dois tri^ngulos s~o a a a semelhantes, pois seus ^ngulos internos s~o iguais (congruentes). Assim, temos a a AB AB 0 BC B0C 0 BC B0C 0 = ; = ; = AC AC 0 AC AC 0 AB AB 0 AB Assim, sendo ABC um tri^ngulo ret^ngulo, como na ¯gura 11.1 as raz~es a a o AC , BC BC ^ e AB dependem somente da abertura µ = A. AC C' C θ A B B' Figura 11.1. Chamamos 93
  • 2. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 94 AB cateto adjacente ao ^ngulo µ a cosseno de µ = cos µ = = AC hipotenusa BC cateto oposto ao ^ngulo µ a seno de µ = sen µ = = AC hipotenusa BC cateto oposto ao ^ngulo µ a tangente de µ = tg µ = = AB cateto adjacente ao ^ngulo µ a sen µ Deduz-se imediatamente que tg µ = . cos µ Da trigonometria do ensino m¶dio, s~o bem conhecidos os valores e a µ cos µ sen µ tg µ 0 1 0 0 p p 30± 3=2 1=2 1= 3 p p 45± 2=2 2=2 1 p p 60± 1=2 3=2 3 90± 0 1 n~o se de¯ne a _ Se P Q ¶ um arco de um c¶ e ³rculo de raio r, correspondente a um ^ngulo central de a _ abertura ®, o comprimento c de P Q ¶ dado por e c = r ¢ (medida de ® em radianos) Q c O α r P Figura 11.2. c = r ¢ ® (quando ® ¶ medido em radianos). e _ Assim, o comprimento c do arco P Q ¶ diretamente proporcional a r e a ®. Quando e ± ® = 360 , temos c = comprimento da circunfer^ncia = 2¼ ¢ r e Assim sendo, 360± = 360 graus = 2¼ radianos, ou seja 180± = ¼
  • 3. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 95 _ Se r = 1 = uma unidade de comprimento, o comprimento c do arco P Q ¶ e simplesmente a medida de ® em radianos. A ¶rea do setor circular de ^ngulo central ® tamb¶m ¶ proporcional a ®. Quando a a e e ® = 2¼, temos a ¶rea de um c¶ a ³rculo de raio r: A = ¼r2 . Assim, um setor circular de ® 2 abertura ®, tem ¶rea A® = ¢ r (® em radianos). a 2 11.1.2 Trigonometria anal¶ ³tica Para de¯nir as fun»~es trigonom¶tricas de vari¶vel real, consideramos um sistema carte- co e a siano ortogonal de coordenadas no plano. Nele, consideramos a circunfer^ncia de e 2 2 equa»~o x + y = 1 (de centro em (0; 0) e raio 1). Esta circunfer^ncia ¶ o que ca e e chamaremos de c¶ ³rculo trigonom¶trico. e Dado um n¶mero real ®, tomamos A = (1; 0) e demarcamos, no c¶ u ³rculo trigo- nom¶trico, um ponto P® tal que a medida do percurso de A a P® , sobre o c¶ e ³rculo trigonom¶trico, ¶ igual a j®j (¯gura 11.3). Teremos o percurso AP® passando uma ou e e v¶rias vezes pelo ponto A, quando j®j > 2¼. a _ A partir do ponto A, o percurso AP® ¶ feito no sentido anti-hor¶rio (contr¶rio ao e a a sentido do movimento dos ponteiros do rel¶gio) se ® > 0, e ¶ feito no sentido hor¶rio o e a (no mesmo sentido do movimento dos ponteiros do rel¶gio) se ® < 0. Tal percurso ¶ o e um arco orientado. Dizemos que ® ¶ a medida alg¶brica do arco orientado AP® . e e Assim, por exemplo, P¼ = P¡¼ = (¡1; 0), P¼=2 = (0; 1), P¡¼=2 = (0; ¡1), p p p P¼=4 = ( 2=2; 2=2), P¼=3 = ( 3=2; 1=2), e P0 = (1; 0) = P2¼ = P2n¼ , para cada inteiro n. Sendo ® 2 R, consideremos P® = (x® ; y® ), de¯nido como acima. De¯nimos x® = cos ® = cosseno de ®; y® = sen ® = seno de ® Para estendermos a de¯ni»~o de tangente de ® a arcos orientados ®, tomamos ca um eixo y 0 , paralelo ao eixo y, de origem O0 = A, orientado positivamente para cima, no qual usaremos a mesma escala de medidas do eixo y. Sendo ® 2 R, consideramos a reta OP® . Se ® 6¼ § n¼, para todo n 2 Z, esta reta intercepta o eixo y 0 em T® . = 2 Sendo t® a abcissa de T® no eixo y 0 , de¯nimos t® = tg ® = tangente de ® sen ® Assim sendo, tg ® = . cos ® Se 0 < ® < ¼=2, os valores cos ®, sen ®, e tg ® coincidem com aqueles das de¯ni»~es geom¶tricas de cosseno, seno e tangente, dadas na se»~o 11.1.1. co e ca Tamb¶m de¯nem-se as fun»~es trigonom¶tricas e co e
  • 4. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 96 y P = (x α ,y α ) α α x O A=(1,0) Figura 11.3. y y' P Tα α α x O O' = A Figura 11.4. No sistema Oxy, T® = (1; t® ) = (1; tg ®). cos ® cotangente de ® = cotg ® = (® 6n¼; 8n 2 Z) = sen ® 1 ¼ secante de ® = sec ® = (® 6 + n¼; 8n 2 Z) = cos ® 2 1 cossecante de ® = cosec ® = (® 6n¼; 8n 2 Z) = sen ® Na ¯gura 11.5, ilustramos geom¶tricamente as seis fun»~es trigonom¶tricas de um e co e arco ® no primeiro quadrante, isto ¶, satisfazendo 0 < ® < ¼=2. e Listamos abaixo algumas f¶rmulas uteis, envolvendo as fun»oes trigonom¶tricas. o ¶ c~ e 2 2 2 2 2 2 Aqui e sempre, cos a = (cos a) , sen a = (sen a) , tg a = (tg a) , etc. 1. cos2 a + sen2 a = 1 (isto porque x2 + ya = 1) a 2 2. 1 + tg2 a = sec2 a (dividindo-se ambos os membros da equa»~o 1 por cos2 a) ca 1+cotg a = cosec a (dividindo-se ambos os membros da equa»~o 1 por sen2 a) 2 2 ca
  • 5. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 97 y y' cotg α x' P tg α cosec α 1 α sen α α A x O cos α sec α Figura 11.5. Geometria das seis fun»~es trigonom¶tricas, no primeiro quadrante. co e y 1 y = sen x -π 3 π /2 0 π /2 π 2π x -1 y y = cos x 1 - π /2 3π /2 0 π /2 π 2π x -1 y y = tg x 1 - π /2 3π /2 0 π /4 π /2 π x -1 Figura 11.6. Gr¶¯cos das fun»~es seno, cosseno e tangente. a co 3. sen(a + b) = sen a cos b + sen b cos a sen(a ¡ b) = sen a cos b ¡ sen b cos a
  • 6. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 98 cos(a + b) = cos a cos b ¡ sen a sen b cos(a ¡ b) = cos a cos b + sen a sen b 4. cos(¡a) = cos a, sen(¡a) = ¡ sen a sen(¡a) ¡ sen a tg(¡a) = = = ¡ tg a cos(¡a) cos a 5. sen 2a = sen(a + a) = 2 sen a cos a cos 2a = cos(a + a) = cos2 a ¡ sen2 a ¡ ¢ ¡ ¢ 6. cos a = sen ¼ ¡ a , sen a = cos ¼ ¡ a 2 2 11.2 O primeiro limite fundamental Vamos admitir que as seis fun»~es trigonom¶tricas s~o cont¶ co e a ³nuas nos pontos onde est~o a de¯nidas. Na pr¶xima aula estaremos de¯nindo as fun»~es trigonom¶tricas inversas e cal- o co e culando as derivadas de todas as fun»~es trigonom¶tricas. Para calcular a derivada de co e sen x, e ent~o calcular as derivadas das demais fun»~es trigonom¶tricas, deduziremos a co e primeiramente o seguinte resultado, chamado na literatura do c¶lculo de primeiro limite a fundamental. Proposi»~o 11.1 (Primeiro limite fundamental) ca sen x lim =1 x!0 x Demonstra»~o. Seja ® um n¶mero real, 0 < ® < ¼=2, e consideremos, no c¶ ca u ³rculo _ trigonom¶trico, o arco AP de comprimento ®, sendo A = (1; 0) e P = P® . e Sejam P 0 a proje»~o ortogonal do ponto P no eixo x (P P 0 ? Ox), e T a interse»~o ca ca 0 da reta OP com o eixo y das tangentes. _ Temos ent~o P P 0 < AP , ou seja sen ® < ®. a Al¶m disso, a ¶rea do setor circular AOP ¶ dada por A® = ® r2 = ® . e a e 2 2 tg ® A ¶rea do tri^ngulo OAT ¶ dada por ¢ = 1 OA ¢ AT = a a e 2 2 . tg ® Obviamente A® < ¢, da¶ ® < ³ 2 2 , e portanto ® < tg ®. Sumarizando, sendo 0 < ® < ¼=2, sen ® < ® < tg ®
  • 7. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 99 y' y T P 1 α x O P' A Figura 11.7. ® tg ® 1 Como sen ® > 0, temos ent~o 1 < a < = . Comparando os inversos sen ® sen ® cos ® dos tr^s termos, obtemos e sen ® cos ® < <1 ® Para ¡¼=2 < ® < 0 tamb¶m valem as desigualdades acima, j¶ que, se 0 < ® < ¼=2, e a sen(¡®) ¡ sen ® sen ® cos(¡®) = cos ® e = = . ¡® ¡® ® Agora faremos uso de um teorema sobre limites (que s¶ pode ser demonstrado a o partir de um tratamento formal da teoria de limites), o teorema do confronto ou teorema do sandu¶ ³che: Teorema 11.1 (Teorema do confronto, ou teorema do sandu¶ ³che) Sendo I ½ R um intervalo, sendo a 2 I, e f , g e h fun»oes de¯nidas para x 2 I, x 6a, se c~ = f (x) · g(x) · h(x) para todo x 2 I; x 6a, e se lim f(x) = lim h(x) = L, ent~o = a x!a x!a lim g(x) = L. Vale o mesmo resultado para limites laterais (neste caso, a pode ser o x!a extremo inferior ou superior do intervalo I). Vale o mesmo resultado se a = +1 ou ¡1. sen ® No nosso caso, temos f (®) = cos ®, g(®) = e h(®) = 1, todas de¯nidas ® para ¡¼=2 < ® < ¼=2, ® 60, satifazendo f(®) < g(®) < h(®). = Temos lim f(®) = lim cos ® = 1, e lim h(®) = lim 1 = 1. ®!0 ®!0 ®!0 ®!0 Portanto lim g(®) = 1, ou seja, ®!0 sen ® lim =1 ®!0 ® sen x Veremos adiante que o resultado lim = 1, primeiro limite fundamental, ¶ e x!0 x imprescind¶ para a dedu»~o das derivadas das fun»~es trigonom¶tricas. Note que as ³vel ca co e
  • 8. »~ ¶ Funcoes trigonometricas e o primeiro limite fundamental 100 desigualdades sen x < x < tg x, empregadas no c¶lculo desse limite, s¶ fazem sentido a o se x 2 R, quando ent~o jxj ¶ a medida de um arco orientado (em radianos), em um a e c¶ ³rculo trigonom¶trico. e ¡ ¢ 1 n O segundo limite fundamental ¶ aquele j¶ visto na aula 9, lim 1 + n = e. e a n!+1 11.3 Problemas sen x 1. Calcule os seguintes limites, lembrando-se de que lim x = 1. x!0 sen(x=3) sen ax sen2 2t sen x (a) lim (b) lim (c) lim (d) lim x!0 x x!0 bx t!0 t2 x!¼ x ¡ ¼ sen2 t 1 ¡ cos ax sen 3x (e) lim (f) lim x cotg x (g) lim (h) lim t!0 1 ¡ cos t x!0 x!0 bx x!0 sen 5x 2 sen x (i) lim x sen (j) lim (k) lim x ¢ cos(1=x) x!+1 x x!+1 x x!0 sen(x=3) sen(x=3) Respostas. (a) 1=3. Sugest~o. Fa»a lim a c x = lim 3 ¢ x=3 (b) a=b (c) 4 x!0 x!0 (d) ¡1. Sugest~o. Fa»a primeiramente a mudan»a de vari¶vel x ¡ ¼ = y. a c c a (e) 1. sen2 t sen2 t(1+cos t) Sugest~o. lim 1¡cos t = lim (1¡cos t)(1+cos t) (f) 1 (g) 0 (h) 3=5 (i) 2 a (j) 0. t!0 t!0 1 sen x 1 Sugest~o. Se x > 0, ¡ x · a x · x (k) 0. Sugest~o. Mostre que lim jx cos(1=x)j = a x!0 0, considerando que jx cos(1=x)j · jxj, e use o teorema do confronto (teorema 11.1).