O documento discute os fatores de risco e proteção para suicídio entre agentes de segurança pública, incluindo policiais militares. Transtornos mentais como depressão e dependência de álcool, além de estressores inerentes à profissão como turnos de trabalho e perigo constante, aumentam o risco de suicídio entre esses profissionais. O documento também fornece diretrizes para a avaliação e intervenção com pessoas em risco de suicídio.
Fatores de risco e prevenção do suicídio entre agentes de segurança
1. PRONTOS PARA MATAR
E PARA MORRER!
O suicídio e suas implicações entre os Agentes de
Segurança Pública
PlanodePrevençãoeAcompanhamentoa
MilitaresemSituaçãodeRiscoeAssistência
PsicológicaaosFamiliaresVitimados
Por Rafael Almeida
Psicólogo Clínico
CRP04/45541
3. • SUI : SI MESMO
• CAEDES : AÇÃO DE MATAR
“É o ato de matar a si mesmo”
(Browne,1642)
ETIMOLOGIA
4. • Sempre houve: O homem enquanto ser pensante;
• Todos os sexos; todas as faixas etárias;
• Todas as classes sociais: perda do status;
• Todas as civilizações e culturas.
AHISTÓRIA
5. A IGREJA
• Heresia;
• Stº Agostinho (533 D.C)
proíbe homenagem;
• Dá à Igreja e ao Estado os
bens do suicida;
• Cria aversão e horror ao ato;
• Séc. XI, São Bruno:
“mártires de satã”.
6. CONSEQUÊNCIAS Os corpos passam a ser tratados
cruelmente nas diferentes sociedades
• Inglaterra: enterrados de bruços
com estacas no peito;
• França: arrastados
por cavalos pelas ruas
da cidade.
7. • Séc. XVII e XVIII: Diminui a repressão
devido a nova legislação;
• Igreja mais tolerante;
• Família tem o direito
de loucura para livrar-se
das punições.
REVOLUÇÃOFRANCESA
8. • Séc. XIX : As questões foram
remetidas às condições
sociais e não mais à
moralidade.
ESTUDOS
9. Epidemiologia (OMS)
• 1 milhão de pessoas cometeram suicídio no
ano de 2000;
• A cada 40s uma pessoa pratica o ato;
• A cada 03s uma atenta contra a própria vida;
• Está entre as 10 causas de morte mais
frequente em todas as idades;
• É a 3ª causa de morte entre 15 e 35 anos;
• Existem10 tentativas para cada ato
consumado;
• 4 tentativas NÃO conhecidas para cada uma
registrada,
• Maior ocorrência na faixa etária de 15 aos 35
anos.
10. O SUICÍDIO É UM
DRAMA PESSOAL
QUE TRANSCORRE
NUM PALCO DE
RELAÇÕES
INTERPESSOAIS,
EM UM AMBIENTE
SOCIAL, POLÍTICO
E CULTURAL.
11. O FENÔMENO
Não existe uma única explicação.
Vários são os fatores associados.
• Fatores psicológicos;
• Fatores sociais;
• Fatores ambientais;
• Fatores familiares;
• Fatores culturais;
• Fatores genéticos
12. FATORES DE RISCO
• Psicológico
• Doenças
• Sociodemográficos e ambientais
• Conflitos familiares
• Mitos
13. Fatores
• A maioria tem um transtorno mental
diagnosticável;
• O suicídio e o comportamento suicida
são mais frequentes em pacientes
psiquiátricos;
• A maioria não procura um profissional
de saúde mental.
Psicológicos
14. DOENÇAS
• Depressão (todas as formas);
• Transtorno de personalidade (Anti-
social, Borderline com traços de
impulsividade, agressividade e
frequentes alterações do humor);
• Alcoolismo;
• Esquizofrenia;
• Transtorno Mental Orgânico.
15. • O álcool diminui a crítica e
aumenta a impulsividade
• Cerca de um terço dos casos
de suicídio estão ligados à
dependência do álcool
• 5 a 10% das pessoas dependentes
de álcool terminam sua vida pelo
suicídio
• No momento do ato suicida
muitos se encontravam alcoolizados
ALCOOLISMO
16. • Entre as crises, quando paciente
percebe e não elabora limitações
acarretadas pela doença.
• Durante a crise, ao responder a
vozes de comando (alucinações) que
o levam a se matar.
• No período logo após a alta
hospitalar.
ESQUIZOFRÊNIA
Períodos de maior risco
18. Conflitos familiares
• Problemas interpessoais
(discussão com esposa, namorado, filhos);
• Rejeição
(separação);
• Perdas
(luto, status);
• Problemas com o trabalho
(demissão, aposentadoria,
dificuldades financeiras);
• Mudanças na sociedade
(políticas e econômicas);
• Vergonha
(falência, vícios).
19. Mitos
• Quem fala não faz;
• Quem quer se matar, se mata;
• Suicídios ocorrem sem avisos;
• A melhora após a crise
significa que o risco passou;
• Nem todos os suicídios podem
ser evitados;
• Uma vez suicida, sempre
suicida.
20. O Comportamento suicida é
por sua natureza psíquica,
invariavelmente um grito de
dor e um pedido de socorro
21. Implicações
• Para cada suicídio, há em média, 5 ou 6
pessoas próximas que sofrem consequências
emocionais, sociais e econômicas;
• Aumento do ônus global ocasionado por
doenças devido à tentativas de suicídio.
22. Suicídio e Transtornos Mentais
Análise de 15.629 casos de suicídio
Transtornos do humor
35.8%
Esquizofrenia
10.6%
Transtornos relacionados
ao uso de substâncias
22.4%
Sem diagnóstico 3.2%
Transtornos de
personalidade
11.6%
Bertolote e cols., 2003
23. Depressão
Transtorno de personalidade
Impulsividade,
Agressividade
Variação súbita do humor
Dependência de álcool / drogas
Esquizofrenia
97% DAS PESSOAS QUE COMETEM SUICÍDIO TÊM UM
TRANSTORNO MENTAL
27. • Ter uma ocupação/emprego
• Rede social real (interdependência)
• Capacidade de enfrentamento
• Religiosidade
• Proximidade com a família
• Percepção otimista da vida
• Gravidez maternidade
28. AVALIAÇÃO DE PACIENTES
COM RISCO DE SUICÍDIO
1 Ouvir atentamente
2 Conhecer fatores de risco
3 Fazer algumas perguntas
GERAIS
ESPECÍFICAS
29. Se eu perguntar
sobre suicídio...
Posso induzir um
suicídio?
Vou ter que carregar
o problema da pessoa?
?
32. Fatores de Risco às Tentativas de Suicídio
na Polícia Militar do Rio de Janeiro
(Miranda, 2012).
Insatisfação com a instituição em relação às condições
de trabalho.
Falta de reconhecimento profissional pela sociedade.
Transferências de unidade sem a concordância ou aviso
prévio ao policial.
Baixo nível de sociabilidade informal entre colegas de
turma e dificuldades de relacionamento na família.
Baixa confiança interpessoal nos colegas de serviço.
Indicadores de depressão e ansiedade.
Pesadelos e problemas com o sono.
Acesso à arma de fogo.
33. Fatores considerados como estressores
próprios da ocupação.
(Stack, 2001)
O trabalho em turnos,
Os sentimentos públicos antipoliciais,
A deficiência ou malogro das cortes de justiça
em punir os criminosos presos pela polícia
O constante perigo do trabalho.
34. AVALIAÇÃO
DE PACIENTES
COM RISCO DE
SUICÍDIO
Uma série de elementos do trabalho
policial levam à vivência de tensão. O eixo
do sofrimento psíquico desta categoria
profissional reside [...] no trânsito
permanente dos policiais sobre uma linha
divisória que separa o “controle” do
“descontrole”.
(Amador, 2002)
35. ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS
SIGNIFICATIVAS
A atividade policial exige do profissional um
gerenciamento permanente de seus
sentimentos. Ele deve, durante todo o tempo,
controlar não apenas sua agressividade, mas
também “o pensar e o não-pensar, o sentir e o
não-sentir, o agir e o não-agir”.
Nesse contexto, há uma prescrição
determinante para a violência como uma forma
de descarga motora decorrente do acúmulo da
tensão que quando auto e hetero dirigida
culmina no autoextermínio.
Isso supõe a violência como um fenômeno que
não deriva exclusivamente das características
de personalidade do sujeito.
(Amador, 2002)
36. FRASESDEALERTA • Dificuldades frequentes para dormir.
• Episódios de agressividade ou
irritabilidade.
• Aumento da ansiedade.
• Atitudes que expressem inquietação e
aumento do nível de angústia.
• Ter passado por situações vexatórias ou
humilhação pública.
37. FRASESDEALERTA
• “Eu preferia estar morto”
• “Eu não posso fazer nada”
• “Eu não aguento mais”
• “Eu sou um perdedor e um peso para os
outros”
• “Os outros vão ser mais felizes sem mim”
39. • Oferecer apoio emocional sem
julgamentos
• Trabalhar sentimentos e não situações
• Focalizar aspectos positivos da pessoa
• Procure abordar os temas que geram
angústia mas sob outra perspectiva, a do
desgaste como algo passageiro, ou dos
pontos positivos da pessoa que diante da
situação figuram em segundo plano.
AÇÃONECESSÁRIA
41. Apresenta pensamentos e planos que
contemplem o suicídio, mas não tem vontade
para executá-los imediatamente.
42. • Oferecer apoio emocional.
• Entenda que os sentimentos são mais
profundos que as ideias.
• Focalize nos aspectos positivos da
pessoa.
• Focalize os sentimentos de
ambivalência.
• Explore alternativas ante ao
suicídio.
• Contratos são importantes.
AÇÃONECESSÁRIA
43. • Encaminhe a pessoa para avaliação de um
profissional visando a necessidade de medicação.
• Peça autorização a ela para conversar com sua
família, amigos e/ou colegas a fim de reforçar
seu apoio.
• Entenda seu foco.
Negocie com sinceridade, explique e
peça o aval do paciente para todas as
medidas a serem tomadas.
45. A pessoa tem um plano definido, tem os
meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo
prontamente.
Muitas vezes já tomou algumas providências
prévias (cartas, pagamento de contas,
testamento) e parece estar se despedindo.
46. • Desarmá-la de imediato.
• Acionar a equipe de acompanhamento.
• Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la
sozinha.
• Gentilmente falar com ela
constantemente.
• Fazer um contrato, como descrito
anteriormente, tente ganhar tempo.
AÇÃONECESSÁRIA
47. Evite abordar a questão da
internação, pois ela poderá ser
compulsória e isso aumentará o
estresse da pessoa.
49. • Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;
• Ser afetuoso e acolhedor;
• Leve a situação a sério e verifique o
grau de risco;
• Pergunte sobre tentativas anteriores;
• Pergunte sobre o plano de suicídio;
• Explore as outras saídas, além do
suicídio;
Interaja
50. • Remova os meios, pelos quais a pessoa
possa se matar;
• Tome atitudes, consiga ajuda;
• Ganhe tempo – faça um contrato;
• Identifique outras formas de dar apoio
emocional;
• Fique com a pessoa.
Atue
52. O QUE NÃO FAZER
• Ignorar a situação;
• Esboçar reação de descrédito, incentivo
ou apatia.
• Encarar o paciente como um problema;
• Falar que tudo vai ficar bem, prometendo
algo que vá além de sua capacidade de
compreensão;
Nãosejaapático
53. O QUE NÃO FAZER
• Ignorar a situação;
• Esboçar reação de descrédito, incentivo
ou apatia.
• Encarar o paciente como um problema;
• Falar que tudo vai ficar bem, prometendo
algo que vá além de sua capacidade de
compreensão;
Nãosejaapático
55. Referências Bibliográficas
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policiais militares- um estudo em Saúde Mental e Trabalho. 2005. 247f. Dissertação
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