O documento discute os fatores de risco e proteção para o suicídio, com foco nos policiais. Apresenta dados sobre taxas globais e no Brasil, e explica que estressores inerentes à profissão policial, como perigo constante e privação do sono, os tornam mais propensos ao suicídio. Também aponta que acesso às armas de fogo facilita tentativas letais entre esses agentes.
3. O Relatório Global Para Prevenção do
Suicídio da OMS aponta que mais de
800 mil pessoas se matam anualmente
ao redor do mundo, perfazendo uma
taxa de 11,4 mortes para cada 100 mil
habitantes. Isso equivale a uma morte a
cada 40 segundos.
Brasil no ranking como 8º país em
número de suicídios. 11.821 suicídios
registrados de 9.198 homens e 2.623
mulheres.
Índia - 258 mil óbitos.
China - 120,7 mil.
EUA - 43 mil.
Rússia - 31 mil.
Japão - 29 mil.
Coreia do Sul - 17 mil.
Paquistão -13 mil.
4. No Brasil a mortalidade anual
decorrente de suicídios vem
se aproximando do número
de óbitos decorrentes da
Aids. Em 2014 a Aids matou
12.575. No mesmo período
suicidaram 11.821 pessoas.
No mundo, o suicídio foi a 2ª
causa de morte entre
pessoas de 15 e 29 anos,
ficando atrás dos acidentes
de trânsito, que são
responsáveis pelo maior
número de mortes nesta faixa
etária. (PERASSO, 2015).
5. Todo caso de morte que
resulta direta ou
indiretamente de um ato,
positivo ou negativo,
realizado pela própria vítima
e que ela saiba que
produziria esse resultado.
Há um
comportamento
suicida que envolve
a tomada de
decisão.
A tentativa se enquadra como
o ato suicida interrompido.
6.
7. Todo um comportamento suicida
envolve um processo de
tomada de decisão, que se
dá através da:
Intenção suicida;
Ideação manifestada;
Tentativa;
Consumação.
(Suicídio nas forças policiais: um estudo
comparativo na PSP, GNRe PJ. Porto, 2007).
9. Pensamento, ameaças
e plano: Trata-se do
primeiro estágio do
comportamento suicida
e engloba dois
momentos distintos: a
formulação de
pensamentos e
ameaças de
autodestruição
objetivando a morte e a
etapa de elaboração de
um plano, um
planejamento para que o
10. Fase em que o indivíduo
utiliza meios capazes de
ceifar sua vida.
Observa-se:
O grau de intenção
manifesta de morrer;
A gravidade médica do
ato pretendido;
O método empregado.
11. Representa o sucesso do
indivíduo na sua tentativa
de ceifar a própria vida, é a
tentativa bem-sucedida.
Estima-se ainda que
apenas 10% dos tentantes
obtenham êxito.
A consecução não significa
que a ajuda ofertada foi
falha.
(CORDEIRO,2010, p. 47-48 apud NUNES DA SILVA,
2014, p. 23 Marcha soldado - sonhos, pressão de
dilemas: do que são feitos os novos policiais
militares
de SP.).
13. Caracterizado pela fraca interação do agente
com seu meio social. Seus vínculos são tão
frágeis que o levam a uma grande
desmotivação, o que progride para a
depressão.
Falta razão de ser.
Baixa frustração à perda de pessoas ou objetos
de afeto.
14. Marcado pela interação
social extremamente forte
agente para com a
comunidade que o cerca.
Assim, sua ocorrência se
dá por um motivo maior
que o
próprio indivíduo, o suicida
atua em prol da
comunidade a que
pertence, de modo que tira
a própria vida para não
representar um fardo em
seu meio social.
15. Quando a sociedade deixa
de regular a vida do
indivíduo e suas
demandas pessoais,
financeiras, emocionais ou
afetivas não se sustentam
mais na situação social
que se apresenta.
Diante de uma quebra
brusca de um padrão
social, o qual implica na
imagem que a pessoa
sustenta diante de uma
coletividade.
Mais recorrente entre os policiais
18. relacionam-se com o nível
de consciência do agente.
Através do seu discurso é
possível avaliar o estado
de saúde mental atual
(níveis de consciência e
estado e de juízo).
Pensamento e
planejamento
19. Tentativa e
Execução
Deve-se observar o grau
de ação sobre o
planejamento e quão cedo
o ato está para ser
realizado.
É importante acionar o
sistema de apoio social da
pessoa (família, amigos
etc.)
(BRASIL, 2006, p. 57Prevenção do suicídio
Vídeo socorro
20.
21. Natureza da sua profissão;
O risco de vida;
A desregulação do sono;
A privação de convívio
familiar;
Por conta de fatores
estressores os
policiais estão mais
propensos ao
cometimento do
suicídio que a maioria
das demais profissões.
22. Além dos fatores pessoais
que podem levar qualquer
pessoa ao cometimento do
ato suicida, os policiais
lidam com fatores
organizacionais que
influenciam esse
comportamento.
A estrutura
organizacional;
A cultura policial;
O isolamento social;
A imagem pública
negativa;
O stress;
O acesso à arma.
23. a estrutura
organizacional das
corporações policiais
limita a liberdade
(inclusive de expressão)
dos integrantes da
força, gerando
frustração nos policiais
e, consequentemente,
remetendo os agentes a
pensamentos negativos,
levando-os, por fim, à
infelicidade.
24. O status de polícia
constante pode trazer
prejuízo em outros
papéis ou identidades
sociais.
Pode proporcionar um
afastamento da
sociedade e
enfraquecer
importantes vínculos
que funcionariam como
fatores protetores do
suicídio policial.
25. A atividade repressora da força estatal
tende a causar uma resistência por uma
parcela da sociedade.
O avanço de políticas liberais também
favorece a perda da tradição de
legitimidade, culminando com o
aumento da hostilização por parte de
alguns setores da comunidade.
O fato dos agentes constituírem a última
barreira entre o cumprimento da lei e a
consecução do ato delituoso, põe a
ação policial em cheque, principalmente
quando a mídia enfatiza os aspectos
negativos da atuação policial.
26. O perigo;
O sentimento de
inutilidade; O convívio
com as mazelas sociais;
O desprezo social;
O trabalho por turnos de
serviço;
A morte de parceiros em
serviço.
O stress desencadeia uma série
de desequilíbrios químicos no
organismo, responsáveis pelo
aparecimento de várias
doenças físicas e mentais.
27. As armas são o método eleito em
95% dos suicídios na polícia. O policial
que decide tirar a própria vida possui
um meio de alta letalidade para atingir
seu intento, o que afasta o medo de
sobreviver com sequelas e sofrer
ainda mais do que já vinha sofrendo.
Acredita que o suicídio porá fim aos
seus problemas e a arma o ajuda a
resolver isso com mais facilidade. Fica,
portanto, encorajado a se matar.
O acesso à arma em tempo integral
também influencia na prática suicida
por policiais
28.
29. Os sentimentos indicativos de risco suicida:
• Depressão;
• Desesperança;
• Desamparo;
• Desespero
4D do suicídio
30. • Status socioeconômico e nível de educação baixos;
• Perda de emprego;
• Stress social;
• Problemas com o funcionamento da família,
relações sociais e sistemas de apoio;
• Trauma, tal como abuso físico e sexual;
• Perdas pessoais;
• Perturbações mentais tais como depressão, perturbações
da personalidade, esquizofrenia e abuso de álcool e de
substâncias;
• Sentimentos de baixa autoestima ou de desesperança;
• Questões de orientação sexual (tais como
homossexualidade);
31. • Comportamentos idiossincráticos;
• Pouco discernimento, falta de controle da
impulsividade, e comportamentos
autodestrutivos;
• Poucas competências para enfrentar
problemas;
• Doença física e dor crônica;
• Exposição ao suicídio de outras pessoas;
• Acesso a meios para conseguir fazer-se
mal;
• Acontecimentos destrutivos e violentos
(tais como guerra ou desastres
catastróficos).
32.
33. Vínculos saudáveis com
pessoas, família e
instituições;
Existência de um projeto de
vida com metas alcançáveis;
Modelos sociais que
promovam a valorização da
vida e da saúde
física e mental;
Ambiente de trabalho
saudável;
Autoestima elevada;
Exercício da espiritualidade;
Manejo razoável do humor e
do estado de ansiedade;
34.
35. 1. O primeiro passo é achar um lugar adequado,
onde uma conversa tranquila possa ser mantida com
privacidade razoável. Preocupar-se com o local já é
uma forma de demonstrar acolhimento.
36. 2. Reserve o tempo necessário e apropriado.
Pessoas com ideação suicida usualmente
necessitam de mais tempo e paciência para deixar
de se sentirem um fardo. É preciso também estar
disponível emocionalmente para lhes dar atenção.
37. 3. Ouça com atenção. A escuta é por si só o maior
passo para reduzir o nível de desespero suicida. O
objetivo é preencher uma lacuna criada pela
desconfiança, pelo desespero e pela perda de
esperança e dar à pessoa um acolhimento no
presente, um conforto diante de sua dor
existencial.
Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de
não-julgamento é fundamental para facilitar a
comunicação.
38. 4.Entenda os sentimentos da pessoa (empatia).
• Dê mensagens não verbais de aceitação e respeito.
• Expresse respeito pelas opiniões e pelos valores da
pessoa.
• Converse honestamente e com autenticidade.
• Mostre sua preocupação, seu cuidado e sua afeição.
• Focalize nos sentimentos da pessoa.
39. •Tente não interromper
frequentemente.
• Não demonstre que está chocado
ou muito emocionado.
• Não diga que você está ocupado.
• Não Faça o problema parecer
trivial.
• Não trate a pessoa de uma maneira
que possa colocá-la numa posição
de
inferioridade.
• Não diga simplesmente que tudo
vai ficar bem. Opte em dizer que
entende a dor e a situação que a
5. Jamais emita qualquer juízo de valor e qualquer
julgamento;
40.
41. 1) Preste atenção nas frases de
alerta, como: “Eu preferia estar
morto”; “Eu não aguento mais”,
entre outras;
2) Providencie um ambiente
reservado e seguro para
conversar com a pessoa;
3) Ouça atentamente os
problemas, buscando identificar
aspectos do estado mental do
agente, do seu plano suicida e
de seu sistema de apoio social;
4) Emita sinais não verbais de
aprovação durante o diálogo,
como um breve aceno de
cabeça validando o que o
policial está contando; e olhe
sempre nos olhos dele.
5) Promova uma comunicação
empática, demonstrando
interesse pelo que está sendo
dito.
42. 6) Tente apresentar perspectivas
positivas para a situação sem,
contudo, fazer o sofrimento
parecer algo trivial;
7) Jamais menospreze o
sofrimento apresentado e nem
use expressões que o
inferiorizem;
8) Nunca utilize a hierarquia
para tentar impor sua forma de
pensar;
9) Nunca emita julgamentos
acerca da situação, mesmo que
de forma não-verbal;
43. Cabo PM Rafael Almeida
Psicólogo clínico - CRP04/45541
almeidaquerfalar@gmail.com