1. Falar é a melhor opção!
Telma Lima – Psicóloga
CRP 10/06971
2. Setembro Amarelo
É uma campanha de conscientização sobre a prevenção do
suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a
respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas
formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde
2015, por meio de identificação de locais públicos e
particulares com a cor amarela e ampla divulgação de
informações.
CVV
3. A primeira medida
preventiva é a educação:
é preciso deixar de ter
medo de falar sobre o
assunto, derrubar tabus
e compartilhar
informações ligadas ao
tema.
(CVV, 2013)
4.
5. O que é suicídio?
“Ato deliberado, intencional, de causar morte a si mesmo;
iniciado e executado por uma pessoa que tem clara noção ou
forte expectativa de que o desfecho seja fatal e resulte em sua
própria morte.”
É um transtorno multidimensional, que resulta de uma
interação complexa entre fatores ambientais, sociais,
fisiológicos, genéticos e psicológicos.
(BERTOLOTE, 2012; OMS, 2000)
6. O que é o suicídio?
Com origem no latim - sui (si mesmo) e caederes (ação de matar)
– o termo suicídio foi usado pela primeira vez como vocábulo pelo
escritor inglês Sir Thomas Browne, no livro Religio Medici (Religião
do Médico), em 1643. Mas foi o abade francês Desfontaines quem
definiu o termo, em 1737. Porém, desde os tempos antes de Cristo são
muitas as referências ao ato de suicidar-se.
Estudos na área da psicologia, sociologia, antropologia e filosofia se
debruçam sobre o tema e buscam desvendar os motivos que levam
uma pessoa a cometer um suicídio. Conceitos de fracasso, solidão,
coragem, moralidade e sofrimento perpassam nas questões sobre a
morte voluntária, como diziam os escritos da Grécia Antiga.
8. Para pensar!
⚫Como costumo reagir diante de pessoas que tentam o
suicídio, estou mais próximo do senador romano, do
pregador medieval ou do cientista da modernidade?
9. MAIS DE 800 MIL
tiram a própria vida
por ano
SEGUNDA MAIOR CAUSA
de morte entre jovens de 15 a
29 anos
+12 MIL
tiram a própria
vida, em
média, por ano
A DEPRESSÃO É A
PRINCIPAL CAUSA DE
INCAPACIDADE EM TODO
O MUNDO e contribui de
forma importante para a carga
global de doenças.
HOMENS
Terceira maior causa
entre 15 a 29 anos
MULHERES
Oitava maior causa entre 15 a
29 anos
10. O QUE É DEPRESSÃO?
• É um distúrbio mental caracterizado por pelo
menos duas semanas de depressão que esteja
presente na maior parte das situações.
• É muitas vezes acompanhado de
baixa autoestima, perda de interesse em
atividades de outra forma aprazíveis, pouca
energia e dor sem uma causa definida.
• As pessoas podem ocasionalmente
manifestar delírios ou alucinações.
• Episódios de depressão podem se apresentar
separados por um intervalo de vários anos em
que o comportamento é normal
11. COMO CONFIRMAR A DEPRESSÃO?
• Humor deprimido anormal para ela, por 2 sem, na ≥ parte do dia, quase todos os dias.
• Perda de interesse ou prazer por atividades que normalmente são agradáveis;
• Sensação de fadiga e energia diminuída.
OUTROS SINTOMAS:
• Perda da confiança ou autoestima;
• Sentimentos de culpa excessiva ou autoreprovação;
• Problemas de sono, principalmente insônia/não volta a dormir/sonolência
• Pensamento recorrente de morte ou suicídio ou qualquer comportamento suicida;
• Diminuição da concentração ou capacidade de pensar, havendo indecisão;
• Excesso de agitação ou lentificação na realização das atividades;
• Alteração do apetite, com diminuição ou aumento, alteração do peso;
• Perda do desejo sexual;
• Depressão pior pela manhã;
• Perda de peso (5% ou mais do peso corporal no último mês);
• Irritabilidade e ansiedade excessivas.
• LEVE : 2+2 MODERADA: 2 + 3 ou 4 GRAVE: 3 + ↑ 4
12. TRISTEZA OU DEPRESSÃO?
Tem um motivo justificável, e
a pessoa sabe por que está
triste, podendo ser um
desapontamento ou um
fracasso pessoal,
É temporária, e diminui à
medida que o tempo passa
ou a causa da tristeza se
afasta
Há sintomas de vontade de
chorar, sentimento de
impotência, desmotivação e
angústia.
Não tem uma causa clara, a
pessoa não sabe o motivo da
tristeza e de achar que tudo
está sempre ruim. É
desproporcional.
É persistente na maior parte
do dia e todos os dias por,
pelo menos, 14 dias;
Além de tristeza, há perda do
interesse por atividades
agradáveis, energia
diminuída, além de outros,
como pensamento suicida,
baixa autoestima e
sentimento de culpa.
13. Normalmente, a pessoa tem necessidade de aliviar pressões
externas como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão,
ansiedade, medo, fracasso, humilhação etc.
O comportamento suicida tem sido frequentemente associado a
quadros de transtornos psiquiátricos, como depressão e
esquizofrenia, ou ao abuso de álcool e outras drogas (ABP, 2014).
(CVV, 2013; ABP, 2014)
“Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida.”
Augusto Cury
O que leva alguém ao
suicídio?
14. Sintomas depressivos mais associados ao suicídio: prejuízo da autoestima,
e resolver
sentimentos de desesperança e incapacidade de enfrentar
problemas.
Esses sintomas podem não estar presentes no início do quadro,
mas à medida que a depressão vai se tornando mais grave, a baixa
da autoestima vai piorando, vão surgindo sentimentos de inutilidade
e, progressivamente, o indivíduo vai ficando mais desesperado.
Ballone (2003)
Depressão e suicídio
15. Fatores de risco
Tentativa prévia de suicídio:
Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já
haviam tentado previamente. Pacientes que
passaram por tentativa previamente tem de cinco a
seis vezes mais chances de tentar novamente.
Doença mental:
Suponham que muitas vezes as pessoas tenham uma
doença mental não diagnosticada, frequentemente
não tratada ou não tratada de forma adequada.
Se destacam:
• depressão;
• transtorno bipolar;
• alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas;
• transtornos de personalidade e esquizofrenia.
Outros fatores de risco
• Desesperança,
desespero, desamparo e
impulsividade;
• Gênero;
• Idade;
• Doenças clínicas não
psiquiátricas;
• Eventos adversos na infância e
na adolescência;
• História familiar e genética;
• Fatores sociais;
17. ●Transtornos mentais: Depressão, Transtorno Afetivo Bipolar,
Transtornos de Personalidade; Esquizofrenia, Transtornos de
Ansiedade; Comorbidades.
●Sociodemográficos: Sexo masculino; entre 15 e 35, e acima de 70
anos; estratos econômicos extremos; desempregados; aposentados;
isolamento; migrantes.
●Psicológicos: perdas recentes e de figuras parentais na infância;
dinâmica familiar conturbada; datas importantes; p
ersonalidade com
traços significativos de impulsividade, agressividade, humor lábil.
●Condições clínicas incapacitantes: doenças orgânicas
incapacitantes; dor crônica; lesões desfigurantes perenes; epilepsia;
trauma medular; neoplasias malignas; PVHA.
18. ● Boa autoestima;
●Adaptabilidade;
●Suporte familiar;
●Laços sociais;
●Sanidade mental;
●Estar empregado;
●Ter filhos;
●Casado;
●Ser positivo a mudanças;
●Resiliência;
●Espiritualidade elevada;
FATORES DE PROTEÇÃO AO SUICÍDIO
19. O comportamento suicida pode ser
dividido nas seguinte situações:
●Ideação suicida: seria a motivação intelectual que leva ao suicídio .
●Ato suicida: seria uma alteração na conduta do indivíduo, que faz com que
ele aja, intencionalmente buscando provocar a própria morte.
●Tentativa de suicídio: é a situação onde o indivíduo não morre em
decorrência do ato suicida.
●Risco de suicídio: é a probabilidade de que a ideação suicida leve ao ato
suicida.
20. Regra dos 4D
São quatro os sentimentos principais de quem pensa em
se matar. Todos começam com a letra “D”:
➢Depressão;
➢Desesperança;
➢Desamparo;
➢Desespero.
Frases de alerta + 4D, é
preciso investigar
cuidadosamente o risco
de suicídio.
22. •Ambivalência: o desejo de viver e o desejo de morrer batalham numa
gangorra nos indivíduos suicidas. Há uma urgência de sair da dor de viver
e um desejo de viver.
•Impulsividade: o impulso para cometer suicídio é transitório e dura
alguns minutos ou horas. É usualmente desencadeado por eventos
negativos do dia-a-dia.
•Rigidez: pessoas suicidas pensam rígida e drasticamente.
(OMS, 2000)
Características psicopatológicas comuns no
estado mental suicida
27. (OMS, 2000)
Sentimentos Pensamentos
Tristeza, depressão “Eu preferia estar morto”
Solidão “Eu não posso fazer nada”
Desamparo “Eu não agüento mais”
Desesperança “Eu sou um perdedor e um
peso pros outros.”
Auto-desvalorização “Os outros vão ser mais
felizes sem mim.”
29. COMO LIDAR COM A PERDA?
Se teve alguém na sua vida que se suicidou, provavelmente sente culpa e
sente que carrega consigo o peso dessa vida perdida.
É natural que sinta que podia ter agido de forma diferente, que podia ter
feito coisas diferentes. Poderá sentir que deveria ter notado os sinais.
Gostaríamos de lhe propor que parasse por momentos e ficasse com esta
ideia: uma pessoa que se suicida está em grande sofrimento.
Enquanto amigos e familiares, podemos fazer o que está ao nosso alcance
para demonstrar a importância que a vida dessa pessoa tem para nós. Mas
muitas vezes os sinais são difíceis de detectar, e mesmo que os tivesse
reconhecido, isso não seria uma garantia de que as coisas teriam sido
diferentes. Em último caso, a decisão é sempre da pessoa que comete o ato
– a culpa não é sua. A responsabilidade pelo que aconteceu, não estava nas
suas mãos. Permita-se aceitar seus sentimentos.
30. COMO AGIR COM O OUTRO E COMIGO
Validar a vivência de desespero, sua história de vida.
Compreender os motivos que o levam a colocar o suicídio como uma opção;
Olhar para os problemas sem os julgar, decompô-los em partes menores;
Analisar as crenças subjacentes à convicção de que não existem outras
alternativas;
Desenvolver formas de comunicar os seus problemas aos outros; CVV
Desenvolver estratégias de relaxamento que o possam tranquilizar no seu dia-
a-dia e em situações de crise; autoconhecimento.
Promover a discussão de cenários futuros mais satisfatórios.
Encaminhar/procurar atendimento medico especializado. HC 24h.
Chamar o corpo de bombeiros.
31. Uma proporção substancial de pessoas que cometem o
suicídio morrem sem nunca terem visto um profissional de
saúde mental.
Sabemos hoje que praticamente 100% dos suicidas tinham uma
doença mental, muitas vezes não diagnosticada e não tratada.
De fato, dos que morrem por suicídio, cerca de 50% a 60%
nunca se consultaram com um profissional de saúde mental
ao longo da vida.
ABP, 2014
Atendimento profissional
32. Marx (1846) in “Sobre o suicídio”:
“[...] sintoma de uma sociedade
doente, que necessita de uma transformação
radical [...] Cada indivíduo está isolado dos
demais, é um entre milhões, numa espécie de
solidão em massa. As pessoas agem entre si
como estranhas, numa relação de hostilidade
mútua: nessa sociedade de luta e
competição impiedosas, de guerra
de todos contra todos, somente
resta ao indivíduo é ser vítima ou carrasco.
Eis, portanto, o contexto social que explica o
desespero e o suicídio”
(MARX, 2006, p. 15-16))
33. DEPRESSÃO E SUICÍDIO
Repertório Sociocultural – Autores e obras
• Na obra "Inferno", de Dante Alighieri, o escritor escreve que os suicidas estão
condenados a se transformarem em árvores e os melancólicos são “uma seita de fracos,
importunos ante Deus e seus inimigos”. Já para os monges, ela seria uma virtude que
levaria a uma reflexão sobre a consciência interior.
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, no livro “A sociedade do
cansaço”, mostra como o indivíduo se autoexplora na tentativa de
otimizar o seu desempenho profissional. E essa cobrança causa
frustração por ele não conseguir aquilo que realmente deseja. Em sua
opinião, passou-se do “dever fazer” para o “poder fazer”. “Vive- se com
a angústia de não estar fazendo tudo o que poderia ser feito”, e se
você não é um vencedor, a culpa é sua. A consequência de tudo isso
é “a alienação de si mesmo”, que no físico se traduz em anorexias,
compulsão alimentar, consumo exagerado de produtos ou
entretenimento, depressão.
34. Pesquisas sobre prevenção apontam para o fato
que o desfecho nefasto pode ser evitado, na
maioria das vezes, caso haja o devido
acolhimento ao sofrimento, e acompanhamento
da situação.
BRASIL, 2013
Acolhimento do
indivíduo
35. Fontes de Apoio
OMS, 2000
Família
Amigos
Escola
Grupos de
apoio
CAPS
Serviços de
saúde
36. Onde buscar
ajuda?
• Serviços de Saúde
(CAPS e Unidades Básicas de Saúde)
• Emergência
(Samu 192, UPA, Pronto Socorro e FHCGV)
•Centro de Valorização da Vida – CVV
(188 ou www.cvv.org.br)
(CVV, 2018)
37. QUE RECURSOS VOCÊ DISPÕE?
• Exercite o autoamor;
• Faça atividade física;
• Alimente-se corretamente;
• Peça ajuda para as pequenas atividades;
• Identifique o que melhora seu humor e
implemente essas práticas;
• Mude a sua maneira de encarar os fatos
da vida;
• Integre-se em atividades sociais;
• Faça o bem.
38. “Em Busca de Sentido”
Viktor Frankl, prefácio da edição de 1984.
“Não procurem o sucesso. Quanto mais o procurarem e o transformarem
num alvo, mais vocês vão errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não
pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito
colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou
como subproduto da rendição pessoal a outro ser.”
“Nós que vivemos nos campos de concentração podemos lembrar de homens
que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu ultimo
pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram
prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a
última das liberdades humanas – escolher sua attitude em qualquer
circunstância, escolher o próprio caminho.”
39. Referências
• BERTOLOTE, J. M. O suicídio e sua prevenção. São Paulo: Unesp, 2012.
• ABP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Suicídio: informando para prevenir, Brasília, DF: CFM: ABP,
2014.
• BOTEGA, BOTEGA, N. J. Crise Suicida. São Paulo: Artmed, 2015.
N. J. Crise Suicida. São Paulo: Artmed, 2015.
• CVV – CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA. Falando abertamente sobre suicídio. São Paulo, 2013.
• Organização Mundial da Saúde. Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da saúde em atenção
primária. Genebra, 2000.
• CVV – CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA. Suicídio – Saber, Agir e Prevenir. São Paulo, 2017.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental. Brasília, DF, 2013. (Cadernos de atenção básica, n. 34).
• MARX, Karl. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
• SUS. Suicídio. Saber, agir e prevenir. Acesso em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/20/Folheto-jornalistas-15x21cm.pdf.
Folheto Jornalistas. 2017
• José Tadeu Arantes. Expressão não verbal ajuda a diagnosticar a depressão. Agência FAPESP. 22. Fevereiro.
2016.
40. “Todas as pessoas que você conhece estão enfrentando batalhas que
vocênão sabe nada a respeito. Sejagentil, sempre.”
Obrigada pela atenção!