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Fundamentos pistemológicos da Medicina
2.1. Problemas Fundamentais
da Teoria do Conhecimento
Luiz Salvador de Miranda Sá Jr.
A ciência, entendida como conhecimento científico, é uma modalidade superior de
conhecimento junto com o conhecimento filosófico. Pode-se sustentar que o
conhecimento científico constitui o momento mais refinado do desenvolvimento
cognitivo, momento que possibilita o conhecimento do mundo e de si com a maior
fidedignidade e validade que é possível em cada momento histórico. Contudo, é
necessário que se afirme que tal conhecimento não é o melhor por ser científico ou
simplesmente porque é chamado assim; é chamado científico exatamente porque é o
mais válido e confiável.
Há muito se reconhecem alguns problemas conceituais considerados os mais
essenciais para fundamentar qualquer teoria do conhecimento. De fato, como matéria
de cogitação filosófica, o conhecimento humano se estrutura a partir da identificação e
da solução de seis problemas fundamentais que estão relacionados com ele. Estas
questões são chamadas assim porque suas respostas alicerçam tudo o que se sabe
sobre o processo cognitivo como cogitação filosófica e porque predeterminam o
resultado das demais elaborações mentais sobre este tema. A questão essencial da
diferença qualitativa que existe entre o conhecimento, atributo caracteristicamente
humano e a aprendizagem animal já foi atratada anteriormente.
Como matéria de cogitação filosófica, o conhecimento humano se estrutura a partir da
identificação e da solução de oito problemas fundamentais que estão relacionados com
seu entendimento. Estas questões são chamadas assim porque suas respostas
alicerçam tudo o que se sabe sobre o processo cognitivo como cogitação filosófica e
porque predeterminam o resultado das demais elaborações mentais sobre este tema.
Os oito problemas fundamentais do conhecimento humano são:
= o problema da possibilidade de conhecer (cognoscibilidade),
= o problema da estrutura do conhecimento,
= o problema da origem do conhecimento (gênese cognitiva),
= o problema da natureza do conhecimento,
= a possibilidade do conhecimento intuitivo (valor da intuição) e
= o problema da da aparência e da essência do conhecimento,
= problema da forma e conteúdo do conhecimento,
= problema da verdade no conhecimento (a veracidade e verossimilitude ou
verossimilhança).
Estas questões constituem o alicerce de qualquer Teoria do Conhecimento, pois s
decisões toma dasem cada uma delas delineia a gnosiologia de quem as toma.
Quem quer que pretenda se dedicar seriamente ao estudo do conhecimento terá que
se debruçar sobre cada uma dessas questões e tomas uma decisão sobre cada uma
delas. Por isto, os temas listados acima configuram as questões que podem ser tidas
como as mais fundamentais para o estudo do conhecimento, porque as respostas
dadas a cada uma delas e ao seu conjunto circunscrevem aquilo que pode ser
considerado mais importante e de mais básico sobre este assunto. Sem que estejam
adequadamente resolvidas, não há quem possa prosseguir este estudo. E, além disto,
as respostas configurarão um modelo doutrinário que há de dirigir as opiniões sobre o
conhecimento, sobre o homem e sobre a sociedade humana. Inclusive os aspectos
filosóficos e políticos que assinalam a inserção de cada ser humano nesta sociedade.
Também oor isto. pode-se afirmar que existem muitas formas de conhecimento
embutidas nestas três grande categorias. Por isto, falando estritamente, é possível
dizer que existem conhecimento vulgares, conhecimentos filosóficos e conhecimentos
científicos e não apenas um só conhecimento em cada uma dessas modalidades
principais.
Isto porque, as respostas a estas questões circunscrevem o que há de mais importante
e mais básico sobre este assunto e seu conjunto configura uma posição doutrinária e,
assim, cada um destes pontos de vista define uma modalidade especial de
conhecimento. Sem que estejam adequadamente resolvidas, não se pode prosseguir
neste estudo. E cada conjunto de respostas caracteriza uma determinada posição
doutrinária frente à Gnosiologia e à Epistemologia. Este haverá de ser a primeira lição
deste capítulo, existem tantas gnosiologias (e, portanto, epistemologias e filosofias)
quantos forem os conjuntos possíveis a que se chegue respondedo a estas
indagações. Por isto, muito mais do que por qualquer outra coisa, o conhecimento
filosófico é aberto.
O problema da cognoscibilidade ou a possibilidade de alguém conhecer realmente
algum objeto é o mais essencial e o mais básico de todos eles; pois, caso o
conhecimento for impossível, toda esta temática que se segue estará
irremediavelmente prejudicada. Será possível ao ser humano conhecer alguma objeto,
ter rteza sobre algo? O o que julga conhecer é uma iusão de sua mente? Esta pergunta
sobre a cognoscicibilidade do mundo, da natureza, da sociedade e dos Homens
contém inteiramente o conteúdo essencial da discussão sobre a possibilidade de
alguém conhecer realmente alguma coisa em si ou em seu mundo circundante. Além
de ser o questionamento mais essencial e o mais básico de todas as questões teóricas
relacionadas com os processos da cognição e com a capacidade cognitiva. Aqui está o
primeio passo de toda e qualquer filosofia. Da resposta a esta pergunta, dependem
todas as outras questões que foram apontadas. Pois, se o conhecimento for
impossível, toda esta temática que se segue estará irremediavelmente prejudicada.
Tendo-se o conhecimento como inexistente, não haverá porque ou como prosseguir
neste trabalho.
O estudo da teoria do conhecimento deve presumir o reconhecimento de sua
cognoscibilidade. Só se pode elabora uma teoria sobre algo existente ou possível de
existir. Segue-se a questão da origem do conhecimento; isto é, sendo possível, o
conhecimento será um processo elaborado pelo ser cognoscente (aquele que conhece)
ou uma qualidade do objeto do conhecimento que se impõe a ele? O será um processo
que envolve a ambos (ser cognoscente e objeto do conhecimento)? A seguir se impõe
uma opinião sobre a origem do conhecimento e dos instrumentos naturais,
psicossociais ou artificiais empregados para conhecer.
Existem três grandes grupos de teses sobre o assunto:
- a dos que supõem o conhecimento como unicamente biológico-individual;
- a dos que pretendem o conhecimento unicamente como construção cultural; e
- a dos que explicam o conhecimento como síntese dialética das propostas
anteriores.
Esta questão opõe os que supõem o conhecimento como atributo exclusivamente
decorrente das sensações e da experiência aos que o supõem consequência
unicamente da razão, do raciocínio; aos que pretendem a cognoscibilidade devida
unicamente à intuição; e os que pretendem o conhecimento verdadeiro como
decorrente de qualquer destes mecanismos (ainda que suponham que algum ou alguns
deles sejam mais eficientes ou mais freqüentes). Por fim, segue-se a investigação
sobre a veracidade e a verossimilitude do conhecimento humano, principalmente do
conhecimento científico. O que significa pensar sobre que a confiança que o
conhecimento, seja científico ou filosófico, faz por onde merecer de que o tenha
elaborado e, principalmente, daqueles a que ele é comunicado.
Assim como não existe apenas uma Filosofia, também não existe apenas uma teoria
do conhecimento, elas são numerosas. Veja-se como e porque isso se dá. Todos os
problemas mencionados provocam respostas diferentes e sempre relacionadas com o
estado do conhecimento de cada época, os interesses sociais em jogo, a influência das
ideologias e dos interesses individuais ou sociais de quem responde. As diferentes
combinações obtidas dessas respostas sobre o conhecimento definem a gnosiologia e
a epistemologia de uma pessoa que estude esta matéria.
Porque não existe apenas uma teoria do conhecimento, mas muitas, pelo menos tantas
quantas forem as possibilidades de combinações dessas respostas. E as diferentes
configurações produzidas pelas diversas combinações delas que irão definir cada uma
delas. Questão que opõe os adeptos do conhecimento como atributo exclusivamente
sensorial e da experiência, aos que supoõem o conhecimento como consequência
unicamente do raciocínio, os que pretendem a cognoscibilidade como atributo
decorrente apenas da intuição e, para terminar, os que pretendem o conhecimento
verdadeiro como possivelmente decorrente de qualquer um destes mecanismos e de
diversos ou de todos deles (ainda que suponham que algum ou alguns destes sejam
mais eficientes que os demais).
Por fim, segue-se a investigação sobre a veracidade e a verossimilitude do
conhecimento humano, principalmente do conhecimento científico. Isto é, da relação do
conhecimento com a verdade. O quanto aquilo que se conhce é ou pode ser realmente
verdadeiro. Trata-se de determinar a possibilidade de se encontrar a verdade das
coisas através do conhecimento que se obtém sobre elas. Todos estes problemas, tais
como foram formulados, costumam provocar respostas muito diferentes, que se
mostram, quase sempre, relacionadas com o estado do conhecimento de cada época,
das influências ideológicas reinantes na cultura ou na subcultura de cada respondedor,
e dos interesses individuais ou sociais de quem se manifesta.
A seguir, descreve-se, ainda que breve e esquematicamente, o que há de mais
fundamental nestes problemas básicos, de modo a permitir entender o que seria uma
teoria do conhecimento de forma suficientemente clara para ser entendida por qualquer
pessoal que se disponha a fazê-lo.
O Problema da Cognoscibilidade
Cognoscibilidade (ou possibilidade de conhecer algo – coisa ou construto) é a
qualidade daquilo que pode ser conhecido. O estudo genérico da possibilidade de
conhecer tem sido um dos temais mais candentes da filosofia de todos os tempos.
Aparentemente, o problema fisosófico mais importante relativo ao conhecimento
consiste em saber se é possível ao ser humano conhecer realmente alguma coisa do
mundo e de si mesmo. Se o sujeito do conhecimento realmente sabe o que pensa
saber, ou se é unicamente iludido pelos seus sentidos e confunde estas ilusões com
conhecimento do mundo. O conhecimento é um fenômeno real ou será uma simples
ilusão da consciência de quem julga conhecer?
O primeiro problema que pode ser identificado na teoria do conhecimento reside em
saber se o conhecimento realmente existe; se será realmente possível haver uma
relação cognoscente entre o ser humano e o mundo, estabelecendo que a relação
cognoscente seria uma relação especial entre o sujeito e o objeto do conhecimento
(pelo qual aquele pode saber sobre este). Em resumo, o ser humano pode realmente
conhecer o mundo e a si mesmo? O conhecimento será uma realidade para quem o
experimenta ou uma mera fantasia sua? É realmente possível alguém conhecer o que
quer que seja?
Por isso, o problema controvertido mais importante da teoria do conhecimento reside
em saber se será realmente possível haver uma relação especial entre o sujeito e os
objetos a que dedica seu interesse. Uma relação cognoscente entre o ser humano e o
mundo, estabelecendo que a relação cognoscente seria uma relação especial entre o
sujeito e o objeto do conhecimento (pelo qual aquele pode saber sobre este). O estudo
genérico da possibilidade de conhecer tem sido um dos temas mais candentes da
filosofia em todos os tempos e ão se restringe à Teoria do Conhecimento. Como está
assentado sobre outros temas propedêuticos dos quais decorre, muitas proposições
suas estão predefinidas em pressupostos apriori.
Existem três respostas possíveis para o problema epistemológico da cognoscibilidade e
estas três respostas são formuladas por três tipos diferentes de pensadores, a saber:
√ os que afirmam que o mundo pode ser conhecido (os dogmáticos, os materialistas e
os idealistas objetivos);
√ os que afirmam que o conhecimento é impossível (os agnósticos e os idealistas
subjetivos); e
√ os que julgam que os objetos e fenômenos que ocorrem no mundo podem ser
conhecido, mas nunca de maneira confiável e eficientemente (cépticos, subjetivistas,
objetivistas, relativistas, pragmatistas e utilitaristas).
O dogmatismo é uma modalidade radical de cognoscibilismo, os dogmáticos sustentam
que todo conhecimento é evidente por si mesmo, tal como se apresenta aos sentidos, à
atividade racional ou à intuição do ser cogoscente. Pois, todos estes pontos de vista e
qualquer combinação deles induzem ao dogmatismo. Além dessses, também existe o
dogmatismo dos que acreditam no conhecimento revelado, nas crenças místicas, no
produto do chamado pensamento mágico.
Entretanto, a rigor, não se pode reconhecer esta modalidade de elaboração como
conhecimento, tal como este está sendo aqui definido, porque se trata de superstição
que, rigorosamente, não deve ser chamada do conhecimento.
Entretanto, a rigor, não se pode reconhecer esta modalidade de elaboração como
conhecimento, tal como este está sendo aqui definido. Essa é uma variedade
particular de dogmatismo, o dogmatismo religioso. Mas também existem outras
estruturas dogmáticas, como a política, a da personalidade psicopática fanática, a das
super-compensações neuróticas e autoritárias do sentimento de inferioridade.
Os solipsismos e outros tipos de idealismo subjetivo negam a possibilidade de conhecer,
pretendem que as limitações sensoriais e racionais dos seres humanos e suas
peculiaridades individuais incomunicáveis, impedem o conhecimento objetivo. Para o
solipsista o conhecimento não passa de uma ilusão, como o sonho. O solipsismo pode
abranger todos os objetos e fenômenos do mundo, ou pode se referir apenas a um
grupo deles (fenômenos sociais e psicológicos), por exemplo, há quem acredite na
realidade dos fenômenos naturais, mas neguem realidade aos conceitos (e outras
elaborações mentais) ou aos fenômenos e processos sociais porque estes careceriam
de objetividade;
O ceticismo afirma a impossibilidade de conhecer. Para os cépticos, o sujeito não pode
apreender o objeto cognitivamente. Suas posições variam do ceticismo absoluto (que
se confunde com o solipsismo) a diversos tipos de ceticismo relativo. Existem outras
modalidades mais de ceticismo, tais como o ceticismo lógico que nega possibilidade do
conhecimento metafísico; ou o ceticismo metódico que pretende chegar ao
conhecimento verdadeiro afastando-se do falso; e o ceticismo sistemático que recusa a
possibilidade de alguém atingir algum conhecimento verdadeiro e exato sobre algo.
O subjetivismo. O subjetivismo consiste na afirmação de que só a introspecção pode
conduzir ao conhecimento. A posição subjetivista limita o conhecimento ao
conhecimento que o sujeito tem acerca de si mesmo, sobretudo, de sua subjetividade;
para eles o conhecimento se limita ao auto-conhecimento; o conhecimento sobre o
outro seria modelado sobre o conhecimento que alguém tenha sobre si mesmo e o
conhecimento intuitivo, uma crença por analogia a si próprio. Os solipsismo e os
intuicionismos são formas radicais de subjetivismo.
Do ponto de vista histórico, o intuicionismo parece ter sido a primeira maneira dos
seres humanos enfrentarem a busca do conhecimento dos fatos que não são
evidentes por si mesmos. O intuicionismo é a modalidade de dogmatismo que crie
nos fenômenos denominados intuições ou insights inteiramente independentes da
razão, da percepção ou da experiência.
Os solipsismos e outros tipos de idealismo subjetivo negam a possibilidade de conhecer,
pretendem que as limitações sensoriais e racionais humanas e suas peculiaridades
individuais incomunicáveis, impedem o conhecimento objetivo. Os mais radicais negam
a existência do mundo exterior ao sujeito e reduem o mundo real àmente que pensa
iludiando-se que está percebendo. Qualquer tipo de solipsismo pode abranger todos os
objetos e fenômenos do mundo, ou se referir a um grupo deles (fenômenos sociais e
psicológicos). Há quem acredite na realidade dos fenômenos naturais, mas negue
realidade aos conceitos (e outras elaborações mentais) ou aos fenômenos e processos
sociais porque careceriam de objetividade (negam a subjetividade na teoria e na
prática);
O objetivismo. O objetivismo sustenta a posição douytinária oposta, ao menos no que
respeita ao conhecimento da natureza, para eles o objeto impõe ao sujeito aquilo que
ele pode conhecer; para os objetivistas o conhecimento verdadeiro deve se abster de
todo conceito valorativo (por isto, cede ao subjetivismo o terreno da investigação
filosófica, social e humana, negando-lhes terreno na aquisição do conhecimento sobre
a natureza).
O relativismo. Os relativistas negam a possibilidade d e qualquer conhecimento absoluto,
sustentam-no dependente da influência dos fatores do meio e de outras
circunstâncias(como a ideologia e outras condições culturais).
O pragmatismo ou utilitarismo. Os pragmatistas sustentam que o conhecimento deve ser
tido como verdadeiro enquanto for útil aos propósitos para os quais está sendo
elaborado; para eles, a utilidade (ou pragmaticidade) sustenta a validade de qualquer
modalidade de conhecimento.
O materialismo dialético e o materialismo emergente. Desde Marx, a posição dialética sobre a
cognoscibilidade implica em distinguir: as totalidades de seus segmentos particulares,
as coisas de suas propriedades e relações, o fenômeno (aparência) da essência, a
forma do conteúdo e relacionar a modalidade de conhecimento com o critério de
verdade empregado em sua aferição.
Bunge propõe o materialismo emergente, uma visão materialista e evolucionista do
mundo e do homem bastante adequada aos conhecimento científicos contemporâneos.
O realismo ou materialismo emergentista de Mario Bunge consiste em uma teoria que
sustenta a materialidade do mundo e que pretende que as qualidades novas dos entes
biológicos emergem no processo evolutivos.
E o realismo clássico dos ideólogos católicos também sustenta a realidade da
cognoscibilidade. Mas acreditam também na realidade de Deus e buscam meios para
provar sua existência. Por muito tempo combateram o conhecimento científico
com todos os recursos que dispunham. Hoje, adotam a tese das duas verdades: a da
fé e a da ciência e defendem este dualismo gnosiológico a despeito das contradições
de suscita. Para os materialistas dialéticos e os emergentistas (Bunge) existem dois
critérios de verdade: o critério ideal (coerência das proposições) e o critério factual
(compatibilidade com a realidade).
Os positivistas (empiristas, pragmatistas) dirigem sua atenção para as coisas materiais
por si mesmas, enquanto o pensamento dialético se dirige para as coisas como
reultantes de suas relações, pressupondo que as relações fazem as coisas. Enquanto
os primeiros consideram as coisas que estudam como se fossem ou estivessem
isoladas e incomunicáveis, os segundos as concebem como algo em interação.
Os fenomenistas, baseados nas limitações e imperfeições dos recursos senso-perceptivos
dos seres humanos, sustentam que as pessoas não conhecem verdadeiramente os
objetos materiais do mundo, mas apenas têm uma impressão mais ou menos vaga
delas através da percepção dos fenômenos que os expressam.
Como já se viu, denomina-se fenômeno à maneira pela qual alguma coisa se
apresenta aos sentidos (sua aparência, as informações sensoriais que comunica ao
observador), enquanto a essência se refere às suas propriedades que pudesem ser
consideradas essenciais e as relações mais importantes daquela coisa material
(objeto conhecido).
A fenomenologia (inclusive a técnica fenomenológica de elaboração da história clínica, que
foi tão importante no momento descritivista do conhecimento cjínico) deve ser
diferenciada do fenomenologismo (exagero, superestimação ou exclusividade dos
procedimentos fenomenológicos para conhecer).
O Problema da Origem do Conhecimento
As primeira explicações sobre a origem do conhecimento foram sobrenaturais. A
tradição judaico-cristã aponta para a desobediência das primeiras criaturas humanas
quando comeram um fruto proibido pela divindade que as teria criado à sua imagem e
semelhança.
Dados mais confiáveis indicam que os seres humanos sempre manifestaram vocação
para conhecer o mundo e a si mesmos e esta característica parece ser devida a
alguma herança ancestral, anterior à emergência da humanidade. Além da
necessidade de resolver os problemas que a natureza e os outros humanos colocam
diante de si, os primatas são conhecidos pela sua aguçada curiosidade para com o
mundo que o cerca, inclusive para as situações que ele mesmo cria ou complica. Além
do que o ser humano sempre manifestou notável capacidade para transformar esses
conhecimento em coisas úteis. Inclusive, sempre evindenciou especial pendor e grande
interesse em conhecer como se conhece e inventar artefatos que lhe permitam
conhecer mais e melhor os objetos de sua curiosidade.
Quando se trata de conhecer as enfermidades e os recursos para ajudar os enfermos,
tal tendência se revela muito ampliada. Ainda que não se saiba com precisão como
isso se dá, existem diversas propostas doutrinárias para tentar explicar como os
instrumentos anatômicos, fisiológicos e psicológicos humanos conhecidos atuariam
para que alguém possa conhecer alguma coisa ou construto no mundo, dentro e fora
de si, e portanto, de qual seja a origem do conhecimento humano. Estas possibilidades
explicativas são muito numerosas e situá-las extensivamente neste texto foge aos
objetivos de sua realização.
Originalmente e por muito tempo, reconheceram-se duas maneiras fundamentais de
conhecer:
- primeiro, o conhecimento obtido através das imagens produzidas pelas funções
sensoriais (impressivo-gnósicas) na consciência; e,
- segundo, o conhecimento produzido pelo processamento racional das
informações novas ou pré-existentes, inclusive pelas idéias proporcionadas
imediatamente pelas informações sensoriais ou senso-perceptivas.
O que redundou o aparecimento de dois reducionismos: o sensualismo e o
racionalismo. Mas também propiciou uma concepção sintética: a dialética.
O filósofos e cientistas materialistas tendem a superar a perspectiva dualista que
separa estas duas modalidades de conhecimento e os considera como vertentes
sintetizáveis no procedimento cognitivo. Pode-se sustentar sem grande dificuldade
que tais canais cognitivos não são isoláveis nem auto-excludentes. Configuram uma
unidade funcional. De qualquer maneira todo (ou quase todo) conhecimento um
pouco mais complexo se produz pela interação de elementos cognitivos sensoriais e
racionais, ainda que a um destes possa estar reservada uma atividade imperceptível
ou unicamente virtual.
A partir daqueles pontos originais, surgiram outras opiniões para explicar como os
instrumentos humanos atuam para alguém conhecer algum objeto de estudo e,
portanto, de qual seja a origem do conhecimento humano. Estas possibilidades
explicativas são muito numerosas e situá-las extensivamente neste texto foge aos
objetivos de sua realização, por isto, elegeram-se algumas delas, levando em conta
sua aceitação.
Aqui e agora, por causa das limitações deste trabalho, mencionam-se quatro destes
sistemas de explicação:
√ = um primeiro sistema de explicações atribui o conhecimento unicamente à
experiência sensorial (sensualismo, empirismo);
√ = um segundo, o atribui exclusivamente à razão, ao raciocínio (o racionalismo);
√ = um terceiro grupo, propõe a intuição como única fonte do conhecimento confiável
(intuicionismo), que inclui aqueles que julgam que todas as pessoas nascem com todas
as informações que poderão adquirir - e que elas apenas se exteriorizarão, quando isso
se fizer necessário ou oportuno (intuicionismo); e
√ = um quarto grupo atribui o conhecimento a todos estes processos, porque nenhum
deles exclui os demais (ainda que façam restrições às intuição, a não ser como fonte
de hipóteses, como acontece com o intelectualismo, o realismo crítico, o materialismo
emergentista e o materialismo dialético).
Como resultado direto e imediato da separação dualista estabelecida entre o sujeito e o
objeto do conhecimento científico (e de sua intervenção), deu-se na ciência positivista
da modernidade uma outra escisão, essencial do seu ponto de vista: a distinção radical
entre o conhecimento sensível (obtido pelos sentidos e pela experiência) e o
conhecimento racional (que frutifica a partir das conclusões obtidas através do
raciocínio lógico). Um subproduto do dualismo cartesiano, tendência filosófica que
separa o corpo da mente, o espírito da matéria, o real do ideal.
O sensualismo sustenta que todo conhecimento se origina nas sensações e se
limitam a elas (o caráter material das sensações fez com que o sensualismo fosse
impropriamente confundido com o materialismo filosófico ainda que mecanicista).
O empirismo ou empiricismo é variante do sensualismo e consiste na doutrina que
situa a experiência do homem no mundo como fonte de todo seu conhecimento.
O racionalismo situa na razão (e não na experiência ou sensações) a fonte do
conhecimento.
Intuição é definida como a apreensão imediata e direta da realidade, sem qualquer
intermediação dos sentidos, da razão ou qualquer outro recurso; o intuicionismo
consiste na corrente de opinião que superestima ou exclusivisa a intuição como
fonte de conhecimento, para os intuicionistas o único conhecimento confiável será
o que provém da intuição. Uma modalidade do intuicionismo caracteriza-se como
fenomenologista e têm no noumeno (a aparência do objeto) como elemento
mobilizador da intuição (apreensão automática da verdade independente das
sensações do da razão).
O intelectualismo, o racionalismo crítico e o materialismo dialético consistem em
posições mais ou menos ecléticas erigidas a partir das três anteriores que
concebem o conhecimento como originado na razão, na experiência e nas
sensações (pois, as próprias percepções são mais que soma de sensações, nas
verdade, consistem em sínteses inteligentes e afetivamente determinadas).
Convém recordar a diferença essencial entre o ecletismo (busca da verdade sem
qualquer preocupação com a doutrina na qual ele se origina), do sincretismo (mistura
de componentes cognitivos incompatíveis para demonstrar um ponto de vista) é o
caráter lógico do primeiro.
Como se pode ver, não existe uma resposta única resposta que tenha aprovação
unânime acerca da origem do conhecimento humano e de sua explicação. Deixando de
lado as concepções supersticiosas que situam-na em alguma divindade, é possível
identificar diversas posições naturais e contraditórias acerca do tema. A questão central
parece ser a seguinte: existem duas modalidades possíveis de conhecimento, uma
teórica, especulativa, racional e mediata; e outra, imediata e sensível (decorrente
imediatamente das sensações e percepções).
Como em muitas outras situações análogas ou semelhantes, também aqui, na
resolução deste problema, a verdade também parece estar no meio e não nos
extremos teóricos. Outro fato que chama a atenção nos clássicos, é a omissão
freqüente da afetividade, principalmente como elemento da motivação, na explicação
do processo cognitivo.
A partir daí, abrem-se quatro teorias pretendendo explicar a origem do conhecimento:
- o monismo sensorialista, que reduz o conhecimento à experiência sensorial;
- o monismo racionalista, que restringe o conhecimento à experiência racional, ao
resultado do raciocínio;
- o dualismo sustenta a possibilidade de coexistirem, alternada ou
simultaneamente, as duas modalidades de conhecimento e
- o eclético sustenta que todo conhecimento contém elementos sensoriais e
racionais, teóricos e empíricos. E que a síntese cognitiva resultante deste
processo deve ser mais confiável do que a que resulte do emprego de um
desses elementos. Unicamente na dependência dos resursos de aferição da
fidedignidade e da validade de seus resultados.
É verdade, muitos superestimam o conhecimento sensorial ou o exclusivisam. Um
exagero que a explicação histórica torna inteligível, mas pernicioso do ponto de
vista de quem sustenta a unicidade da vida mental e da atividade psicológica. Na sua
origem reside o fato de muita especulação ter sido apresentada como se fosse
teoria ou conhecimento racional. Isso talvez explique, mas não justifica o erro
criticado aqui.
A razão coexiste com a sensorialidade desde o primeiro instante da elaboração dos
diferentes níveis de síntese perceptiva com a qual se transforma a sensação
(entidade virtual) em percepção (entidade real). O raciocínio inicia na construção da
síntese perceptiva e atua até nas conclusões finais dos procedimentos e processos
inteligentes.
A dimensão intelectiva do espírito humano influencia mais ou menos poderosamente
todas as demais manifestações psicológicas, tais como a senso-percepcão, a
imaginação, a memória, a consciência, a psicomotricidade e a afetividade. Esta última
situação configura a mal chamada inteligência emocional. Que melhor denominada seria
como a dimensão inteligente da emoção, da emotividade ou da afetividade.
Quando se reduz a possibilidade cognitiva às sensações (sensorialismo), à experiência
(pragmatismo) ou ao raciocínio (racionalismo), en todos estes casos superestimando o
processo adotado e subestimando o outro, comete-se um reducionismo limitador da
capacidade cognitiva por amputação deliberada de uma de suas estruturas essenciais.
Senso-percepção, intelecto e memória são atividades essenciais complementares da
cognição. Ainda que não se possa ou deva duvidar da influência da afetividade nela.
O pragmatismo é a tendência filosófica que emprega um critério de utilidade para
substituir o critério de verdade. Para eles, uma proposição deve ser tida como
verdadeira enquanto for útil. Por isto, para estes operadores, as definições
operacionais são reconhecidas por sua utilidade, não pela sua validade.
O pragmatismo e o empirismo abandonam o antigo conceito de verdade que
considera verdadeiro o que for consoante com a realidade (a concordância do
pensamento com o ser) e valoriza a atividade e a pragmaticidade, a utilidade do
conhecimento. Para eles, a verdade deixa de ser considerado como um valor
teórico e passa a ser tida uma expressão que possa ser tida como útil.
O pensamento inteligente (ou pensamento lógico) fundamenta toda atividade racional
dos seres humanos, uma das atividades organísmicas que os diferenciam de todos
demais seres da série animal; o pensamento inteligente se inicia na senso-perpecção e
se completa no raciocínio abstrato, atributo neuronal e apanágio funcional da atividade
nervosa da espécie humana. Neste ponto, deve-se abrir um parêntese para considerar
que a expressão racionalismo (que serve para designar o ponto de vista filosófico que
exclusivisa a razão ou o intelecto como fonte do conhecimento, muitas vezes se
emprega como substituto de racionalidade (que significa o emprego da razão,
qualidade de tudo que decorre da capacidade racional. E isso pode causar muita
confusão em quem não estiver atento para isto. Ao menos quem fala e escreve em
português não deve confundir racionalidade com racionalismo.
Tudo isto posto, também se deve levar em conta que a sensibilidade inteligente, a
atividade psicomotora inteligente e o pensamento inteligente (sendo possível incluir a
afetividade inteligente – que muitos denominam um tanto impropriamente de
inteligência emocional) são categorias essenciais ao entendimento da existência
humana e seu desempenho cognitivo, reforçando-se a ampliando-se mutamente
durante toda existência. Existência fincada em seus dois alicerces: a natureza e a
cultura.
Não parece ser possível entender a realidade humana, seja genérica, sejaparticular de
alguns conjuntos humanos, ou seja a atividade de cada um dos indivíduos humanos
singular, sem ter presente que toda sua atividade depende da interação dialética dos
seguintes processos: o natural e o sócio-cultural, o objetivo e o subjetivo, o sensorial e
racional, o reacional e o espontäneo, o concreto e abstrato, a conduta e a consciência,
a consciência e a acão, a instintividade e a vontade, a vontade e os atos voluntários.
Quando se pretende reduzir o homem a um animal (ser unicamente natural, objetivo,
sensorial, reacional, material, conduta e instintividade) este caminho veterinário mais
desencaminha que encaminha o pensamento e o conhecimento. No caso contrário, ao
pretender especular um homem ideal (cultural, subjetivo, sentimental, racional,
consciente e voluntário, distante da natureza), obtém-se o desvio oposto. O ser
humano é cidadão desses dois mundos, vive em ambos simultaneamente: o mundo da
natureza e o mundo da cultura. Existe nas interações e mas contradições deste dois
meios. Não será humano se assim não for.
O naturalismo e o culturalismo, entendidos como procedimentos reducionistas que
reduzem o ser humano a uma destas suas dimensões de sua existência, são
inaceitáveis no estudo da realidade humana. Tantos dos seres humanos enfermos
como nos hígidos.
Também é costume pragmatista de empregar a noção de aplicabilidade prática dos
conhecimentos, tanto imediata como mediata, para classificar o processo de conhecer
e a produção cognitiva que resulta dele. Isto é, classificar os conhecimentos a partir de
sua possibilidade de aplicação imediata ou mediata. Para eses, as informações
cognitivas aplicáveis mais ou menos imediatamente se diferenciam qualitativamente
das não imediatamente aplicáveis. O que induziu uma classificação muito empregada
há muito tempo pelos positivistas pragmatistas de diferenciar os conhecimentos em:
conhecimento teórico e conhecimento prático. E muitos tendem a considerar estas duas
modalidades do conhecer como se fossem qualidades diferentes do saber.
Não se deve omitir aqui, ainda que este não seja o ponto essencial deste momento, a
relação que existe entre o conhecimento e a consciência que conhece; nem do caráter
comportamental dos conteúdos com os processos cognitivos e nem sua racionalidade
essencial , porque são fenômenos de reação a um estímulo; nem, muito menos,
dissociar sua utilidade imediata da mediata.
O entendimento das enfermidades (inclusive das enfermidades mentais e da conduta),
bem como o de qualquer outra faceta essencial da humanidade ou do ser humano só
pode ser dado pela integração destas duas vertentes, as derivadas da teoria e da
prática, em uma síntese dialética. Teoria e prática como categorias aparentemente
opostas que se integram em uma única realidade inseparável. Os pragmatistas
sustentam a primazia da prática e os racionalistas, da teoria. Mas ambos parecem
equivocados, pois o conhecimento pode estar nas duas vias. O melhor caminho é
sintetizá-los.
Importa destacar o significado do instrumental técnico construído para ampliar as
possibilidades perceptivas humanas (tais como as lentes de aumento e de
aproximação, que foram os primeiros destes recursos, depois, apareceram os
amplificadores sonoros e outros detectores de imagens muito mais poderosos que os
existentes até então, como os microscópios eletrônicos) ou os que lhes acrecentam
novas possibilidades qualitativas (raios x, instrumentos de captação e registro de ondas
elétricas e campos eletro-magnéticos, por exemplo).
Acrescentem-se os recursos lógicos, matemáticos e materiais que ampliaram
imensamente as possibilidades racionais humanas, inclusive os que lhes permitem um
grande número de operações complexas em períodos extremamente curtos de tempo
(como os procedimentos estatísticos e os instrumentos de processamento eletrônico de
dados).
Não existe uma resposta única resposta que tenha aprovação unânime dos estudiosos
acerca da origem do conhecimento humano e de sua explicação. Deixando de lado as
concepções supersticiosas que situam-na em alguma divindade, é possível identificar
diversas posições naturais e contraditórias acerca do tema. A questão central parece
ser a seguinte: existem duas modalidades possíveis de conhecimento, uma teórica,
especulativa, racional e mediata; e outra, imediata e sensível (decorrente
imediatamente das sensações e percepções).
Como em muitas outras situações análogas ou semelhantes, também aqui, na
resolução deste problema, a verdade também parece estar no meio e não nalgum
dos extremos teóricos surgidos do estudo desta matéria.
Também chama a atenção a tendência a ignorar a vontade de quem estuda
epistemologia no resultado de sua atividade.
A ignorar a voluntariedade e a vontade, fazem caso omisso de duas mais
importantes característica da humanidade.
A Natureza do Conhecimento
Trata-se de responder à indagação: o que é o conhecimento? Qual sua característica
mais essencuk e mais geral? O que, a rigor, significa construir uma definição científica
para o conhecimento. Parte importante do processo de conhecer o conhecimento,
como qualidade humana que permite conhecer.
A questão da definição como instrumento para conhecer será tratada adiante,
quando se tratar especificamente do assunto. Contudo, para facilitar o trabalho do
leitor, adiante-se o seguinte.
Para definir um objeto qualquer, primeiro encontra-se um bom definiendum, (para
os propósitos daquele procedimento definidor) que consiste em uma categoria geral
na qual aquele objeto esteja inteiramente contido; depois, em segundo lugar, se lhe
atribui uma diferença específica (estabelece-se uma qualidade ou característica que
individualize o objeto da definição dentro da classe geral em que foi ordenado).
Uma definição tecnicamente perfeita permite que só o objeto que está sendo
definido seja situado nela. Ainda que um mesmo objeto possa ser bem definido com
mais de uma categoria geral (definiendum) e mais de uma diferença específica
(definiens).
Tome-se a clássica definição aristotélica de homem, considerada como modelo de
definição científica: o homem é um animal racional. Definendum, o homem (objeto
da definição) e definiens, animal (a classe geral mais próxima) e racional (a qualidade
especificadora).
A primeira explicação para a natureza do conhecimento parece ter sido mágica e
sobrenatural. O conhecimento seria presente de alguma divindade ou manifestação de
algo sobrenatural que o formeceria às pessoas. As primeiras tentativas de obter
explicações naturais (ou quase) para a capacidade que têm os humanos de conhecer
se desdobraram em duas vertentes: a platônica e a aristotélica.
Platão supunha que os conhecimentos que uma pessoa viesse a ter em sua vida já
estariam pré-formados em sua mente. Os processos de conhecer configurariam
experiência de descobertas. Ao longo de sua vida, as pessoas iriam descobrindo as
mensagens que estariam previamente excritas em sua mente.
Para Aristóteles, os conhecimento seriam construções humanas. Ao longo de suas
biografias, os humanos construiriam seu cabedal de conhecimento, acumulando-os em
sua mente que seria, originalmente, vazia- a noção de tabula das. Para ele, o saber ce
onhecimento não preexistiria na mente do seu agente, como querem os platônicos e
idealistas de todos os gêneros ou se é uma constução do ser cognoscente. Imitação,
reflexo, representação. Todas as outras soluções que vieram depois destas, em
essência, repetiram uma destas duas.
No que respeita a natureza do conhecimento, os materialistas têm-no como reflexo
dinâmico na consciência das coisas do mundo, suas propriedades e do que acontece a
elas. Assim, o conhecimento teria duas vertentes, uma vertente objetiva (o objeto do
conhecimento) e outra, subjetiva o procedimento mental de conhecer (refletindo na
consciência a coisa conhecida) e o resultado deste processo, o conhecimento
assimilado na mente (resultante deste processo reflexo de conhecer). Outros
especialmente os fenomenistas, denominam representação ao que os materialistas
chamam reflexo.
A Aparência e da Essência do Conhecimento
Mais um aspecto da dinâmica do conhecimento é a discrepância entre a aparência e a
essência dos objetos. A aparência das coisas materiais se refere às manifestações
exteriores, derivadas diretamente dos sentidos do observador; nem sempre
corresponde à sua essência (conjunto das características, conexões e relações mais
profundas que determinam os traços principais da existência de um sistema material).
Também costuma ser denominado fenômeno. Isto é, as impressões perceptivas e as
conclusões do raciocínio nem sempre conduzem ao conhecimento da realidade. Por
isso, Marx afirmou que se a aparência das coisas fosse idêntica à sua essência, a
ciência seria completamente desnecessária. E Também neste sentido que o primeiro
aforisma hipocrático reza que “a arte é longa, a vida é breve, a ocasião é fugidia e a
experiência, enganadora”.
A ciência existe para superar as discrepâncias entre a aparência e a essência e entre a
forma e o conteúdo das coisas, das pessoas, dos acontecimentos e das situações. A
maior parte do esforço dos construtores da Metodologia, especialmente da Metodologia
Científica, consiste em descobrir, criar e aperfgeiçoar recursos capazes de superar
essa contradição que existe entre a aparência e a essência dos objetos materiais.
Na Antigüidade e ao longo da Idade Média, acreditava-se que a Terra tivesse sido
posto pela divindade criadora bem no centro do universo. De todo o universo e não
apenas do sistema solar. Pretendia-se que o sol e os outros astros girassem em volta
dela. Isso era o que informavam os sentidos acerca de sua aparência e algumas
informações bíblicas.
No Renascimento, descobriu-se o contrário. Não bastasse a Reforma protestante,
desfez-se também a cosmologia católica que vigorava até então e que colocava a
Terra no centro do universo, supondo que todo o resto existia à sua volta. A teoria
heliocêntrica do sistema solar e a ausência de um centro universal fizetam recurar
ainda mais as teorias supersticiosas.
O golpe seguinte foi o evolucionismos darwiniano pondo por terra a super-simplificação
criacionista dos dogmatistas religiosos. Não foi só a Terra que deixos de ser o centro
do universo. Seguiu-se a teoria freudiana da sexualidade infantil, derrubando o mito da
inocência natural do filhote humano. A vulgarização da consciência da igualdade
essencial dos machos e das fêmeas da espécie humana e da igualdade essencial das
pessoas de todas as raças completaram o trabalho de libertar a condição humana de
seus últimos grandes mitos.
No início do século XX, os cientistas acreditavam, a partir do conhecimento disponível,
que os átomos eram as menores partículas existentes na natureza e que seriam
indivisíveis, como se diz em sua designação. Depois, descobriu-se que os átomos
eram fracionáveis (o que resultou na energia atômica) e que era compostos por
elementos menores, as partículas elementares sub-atômicas, as quais passaram a ser
consideradas como as menores frações da matéria; e também acreditadas como
indivisíveis. Sendo de se supor que essa seja apenas a primeira camada de seus
componentes.
Entretanto, este conhecimento também já foi desmentido, sabe-se, hoje, que as
partículas sub-atômicas elementares também têm uma estrutura de componentes mais
elementares na qual não se distinguem as partículas das ondas, a matéria tangível da
energia. O que põe fim a antigas disputas para explicar a natureza do mundo como a
relação matéria e energia, corpúsculos e ondas também são bons exemplos das
perpectivas dualista e monista da natureza.
Esta questão tem como fulcro a problema da prioridade com respeito à relação sujeito-
objeto (inclusive na relação cognoscente – a relação para conhecer). O sujeito
determina o objeto (quem conhece produz o conhecimento?) ou, ao contrário, o objeto
determina o sujeito (os fatos se impõem à consciência de quem, por isto, passa a
aconhecê-los?) Esta pergunta é respondida de maneira diferentes por diferentes
tendências doutrinárias e ideológicas.A resposta objetivista (ou objetiva) é que o objeto
determina o conhecimento do sujeito; no processo de conhecer, o objeto é algo
independente do sujeito que o reconstrói em sua consciência. A teoria da tábula rasa
de Aristóteles.
Os subjetivistas (ou subjetivos) spretendem que os conhecimento já preexistem na sub-
consciência das pessoas ou que o sujeito cognoscente cria o objeto de seu
conhecimento que são apenas mobilizados pelo processo cognitivo (teoria platônica do
conhecimento inato, pre-existente no espírito do sujeto cognoscente). Platão supunha
que os conhecimentos já preexistem na sub-consciência das pessoas e são apenas
mobilizados pelo processo cognitivo (teoria do conhecimento inato).
A resposta subjetivista também se afirma na noção da primazia do objeto, consiste em
afirmar que o sujeito cria o objeto que julga apreender, em negar realidade e, em última
análise, em negar até a objetividade de tudo o que estiver sendo conhecido. Afirma que
o conhecimento é produto exclusivo da atividade mental do sujeito, independe de um
objeto, pois, este nem mesmo existe ou, se existir, não guarda correspondência
necessária com o conhecimento que pode ter sobre ele.
A resposta realista afirma a primazia do objeto sobre o sujeito (pois existe
independente do sujeito) e integra sua subjetividade como reflexo, imagem ou
representação do objeto que está sendo conhecido volutária ou involuntariamente,
direta ou indiretamente. Pois a consciência, tanto pode criar (na imaginação) quanto
refletir (na percepção, na evocação), como pode criar voluntária ou involuntariamente.
A criação artística deve ser um exemplo emblemático da criação voluntária. E os
sonhos, da criação involuntária, espontânea.
A resposta fenomenológica há de ser que é impossível conhecer as coisas como são,
apenas como parecem, como se apresentam à sensibilidade do observador e como ele
pode representá-las em sua consciência.
O termo fenômeno costuma ser empregado na linguagem científica e filosófica com
dois sentidos:
- um primeiro, mais amplo e mais amplamente utilizado, que se refere a tudo o que
acontece aos objetos (tudo o que puder ser conhecido pelo sujeito; e,
- um segundo, bem mais restrito, já visto antes, como um termo específico e típico
da fenomenologia, significando a aparência das coisas como elas se apresentam aos
sentidos de quem as observa e estuda, ou seja, o resultado da apreciação imediata e
superficial das coisas.
Em Ontologia materialista designa-se como coisa ao objeto material e como
construto tudo que o investigador atribua ele – como suas propriedades, funções,
qualidades ou o que quer que suceda a ele.
Os fenomenologistas empregam o termo fenômeno (seguramente, a mais importante de
suas categorias) com o sentido específico de maneira pela qual as coisas se
apresentam aos sentidos de quem as observa, conhece ou reconhece. Com o sentido
oposto de essência (e, mesmo, de conteúdo). Por isto, as fenomenologias e os
fenomenologismos (de esquerda e de direita) podem se situar como modalidades
especiais de ceticismo filosófico. Quem não é fenomenologista emprega o termo
fenômenos para designar ps acontecimentos que sucedem aos objetos.
O termo fenômeno tem na linguagem científica e filosófica dois sentidos: um, mais
amplo e mais amplamente usado, que se refere a tudo o que acontece aos objetos
(tudo que puder ser conhecido pelo sujeito; e, outro, mais restrito, já visto como
específico da fenomenologia, significando a aparência dos objetos de conhecimento,
como eles se apresentam aos sentidos de quem as observa, o resultado da
apreciação imediata e superficial das coisas.
Neste sentido mais amplo, pode-se denominar de fenômeno todas as ações das coisas,
tudo o que acontece a um objeto do conhecimento e pode ser percebido.
A grande contribuição da fenomenologia para as ciências factuais há de ter sido a
sistematização do momento descritivo do conhecimento, etapa indispensável antes
da explicação. Contribuição que deve ter decorrido da crença alimentada por
aquela escola na impossibilidade da explicação.
A Forma e o Conteúdo do Conhecimento
O que se denomina forma em filosofia do conhecimento, a noção de forma corresponde
à de estrutura material ou externa de um objeto, suas qualidades acidentais, como a
distribuição espacial de seus elementos contituintes; enquanto a noção de conteúdo (ou
substância) se refere às qualidades que fazem aquela coisa ser o que é.
No caso particular da Medicina, quando se trata de aplicar estas categorias às
enfermidades, notadamente em seu diagnóstico, a forma seria dada por seus sintomas
e outros elementos acidentais, enquanto, a substância seria constituída pelos fatores
etiológicos e mecanismos patogênicos. Noutro plano, a anatomia encerraria os
elementos de forma e a fisiologia os de conteúdo.
Como parece óbvio, forma e conteúdo se completam e existem como categorias
dialéticas que só devem se pensadas como uma unidade real, por mais que pareçam
diferentes ou distantes.
As noções de forma e conteúdo e as diferentes concepções que os cultivadores das
diferentes doutrinas filosóficas fazem destas categorias podem se manifestar em
praticamente todas as modalidades da cultura (inclusive na arte, na ciência, na
filosofia).
Os reducionismos que exclusivisam ou exageram a importância da forma se
denominam formalismos.
O formalismo consiste no comportamento reducionista pelo qual se superestima a forma
em detrimento da substância ou conteúdo no estudo de qualquer onjeto. Em Medicina,
a principal manifestação deste reducionismo parecem ser o descicionismo e o
fisicalismo.
O descricionismo consiste no reducionismo positivista que pretende ser a descrição dos
objetos e dos fenômenos o único dever cognitivo da ciência (dos cientistas), devendo-
se prescindir da explicação e negar a previsão como finalidades da ciência ou da
atividade de quem se dedique a ela.
Importantes subprodutos do descricionismo são o operacionalismo e o
quantificacionismo, que têm as definições operacionais e a quantificação dos dados
como condições sine qua non para a atividade científica. Mesmo que as descrições
operacionais e as quantificações sejam de qualidades contingentes e sem qualquer
importância para produzir conclusões aceitavelmente válidas.
O fisicalismo é o reducionismo característico do positivismo lógico que sustenta que a
validade e a autencidade de qualquer proposição científica depende de suia
possibilidade de ser expressa na linguagem da física (daí sua denominação). As
proposições que não admitem este tratamento são recusadas como não científicas.
Todas estas posições doutrinárias conservam em comum o sensualismo e o
empirismo, característicos de todas as doutrinas positivistas. O positivismo surgiu
como justa reação à filosofia e à ciência especulativas, mas exagerou na dose, caindo
no desvio oposto. Confundiu todo uso da razão com o racionalismo especulativo.
Ao recusarem o psicologicismo dos que especulavam com as idéias, os positivistas
substituíram os recursos da Psicologia pelos da Física e da Matemática como únicos
recursos comunicativos adequados para expressar os conteúdos científicos.
O Problema do Conhecimento Intuitivo
Este problema consiste em saber se, além de um conhecimento sensível, de um
conhecimento discursivo e de um conhecimento racional, também existe um
conhecimento intuitivo indepenente das sensações e da razão (insight). A defesa da
existência de conhecimento intuitivo presume que o produto da intuição possa ser
classificado como uma forma de conhecimento.
Aqui, na verdade não se trata de discutir a existência da intuição, mas de decidir se os
fenômenos intuitivos devem ser tidos como manifestações particulares do
conhecimento ou se devem ser pareados com as especulações.
1
Para muitos existencialistas, fenomenologistas e, sobretudo para os psicoanalistas, a
intuição (que eles chamam interpretação) pode e deve ser considerada como
modalidade de conhecimento.
Os condutistas, como todos os objetivistas, não aceitam o produto subjetivo da
intuição como manifestação cognitiva (muitos, os mais intransigentes, negam sua
existência.
Os idealistas estão propensos a opinarem pela validade das intuições e este é
sempre um viés a ser identificado em suas posições neste tema. Os materialistas
situam-se no campo oposto.
A intuição, como já se viu anteriormente, consiste na compreensão global e instantânea
de um objeto do conhecimento que seria baseada em uma capacidade especial de
formar uma impressão global e imediata sobre um objeto de esudo; inclui o insight,
noção que se refere à compreensão súbita de uma situação ou resolução instantânea
de um problema. A noção de intuição se opõe às de impressão analítica (modalidade
de decodificação da expressão), conceito, dedução ou outro tipo de raciocínio ou
inferência lógica).
Intuicionismo é a doutrina filosófica baseada exclusivamente ou quase na importância da
intuição no processo de conhecer (os fenomenologistas, inclusive os psicoanalistas,
que são fenomenistas também).
Para os objetivistas (como os behavouristas e neo condutistas) e muitos realistas
(como muitos reflexologistas), que renegam todo emprego da intuição (a não ser
para levantar hipóteses experimentais), basta recorrer uma única vez à intuição para
merecer a designação de intuicionista.
1
) Existe um trabalho brasileiro muito interessante sobre o assunto: Bazarian, J., Intuição Heurística, Ed. Alfa-
Ômega, S.Paulo, 1986.
Os racionalistas extremados negam qualquer valor à intuição como forma de
conhecer; ainda que outros, menos radicais, admitam que a intuição pode fornecer
hipóteses a serem testadas objetivamente; mas só poderão ser tidas como
conhecimentos depois de testadas objetivamente na prática experimental ou da
observação ou, ainda, demonstradas racionalmente por algum procedimento lógico
de comprovação teórica.
Os intuicionistas (Bérgson e Freud) afirmam que o conhecimento sensível e o
conhecimento racional somente informam mecanicamente sobre a realidade e esta
informação é imperfeita e insuficiente; que somente a intuição pode levar o
conhecimento a penetrar o objeto e desvendar sua essência e, por isto, explicá-lo
em sua plenitude.
O conceito de compreensão, tal como empregado em psicologia pela maioria dos
autores, costuma estar impregnado de intuicionismo, não sendo raro que autores
psicoanalistas mencionem compreensão ou compreender quando estão se referindo
a intuição e intuir (o que nem sempre é percebido por um leitor incauto). No
sentido estrito com que se emprega em psicologia, muito mais que simplesmente
entender (estabelecimento de conexões explicativas), compreender significa
apreensão empática (sempre mais ou menos intuitiva) da essência de um objeto,
seja uma coisa material, um processo ou um construto.
O Problema Cognitivo da Verdade
O problema cognitivo da verdade é um dos problemas mais importantes da teoria do
conheciment, notadamente da Epistemologia, pela própria natureza desta discipina. Há
de ser mais detalhado no capítulo seguinte, contudo algumas informações devem ser
adiantadas aqui.
A possibilidade de saber a possibilidade de verdade (na natureza, na sociedade ou nos
seres humanos e em seu pensamento) ou a de estabelecer um certo teor ou
probabilidade de verdade em uma proposição, em um conhecimento ou em uma
informação, talvez seja o mais candente dos problemas de ciência em geral e da
epistemologia, em particular.
Entendendo-se a epistemologia (ou teoria do conhecimento científico) como ramo da
gnosiologia que estuda a construção do conhecimento científico. E a gnosiologia (ou
teoria do conhecimento) como o ramo da filosofia que trata do conhecimento em geral.
A possibilidade de uma informação ser verdadeira é avaliada em termo de veracidade e
verossimilitude e medida em termos de probabilidade.
A veracidade (grau de verdade contida em uma assertiva), a verossimilitude (probabilidade
de ser igual ao verdadeiro) e as possibilidades heurísticas e preditivas da observação são
reconhecidamente inferiores ao da experimentação. Provavelmente por causa disto, a
observação seja considerada como aplicação metodológica secundária e
desimportante na ciência por quem emprega a experimentação.
Analogamente, por sua maior probabilidade de veracidade demonstrada com seu
emprego nas ciências naturais, a experimentação vem sendo considerada por muitos
como o instrumento natural da verificação, mas alguns radicalizaram demais esta
tendência, e para estes, o método experimental é tido como o único instrumento da
verificação, portanto, desqualificando-se e excluindo-se a observação do arsenal da
metodologia científica destinada à comprobabilidade.
Pela influência desta influência da ideologia naturalista e de interesses materiais
concretos de muitos investigadores (como o acesso às verbas de pesquisa de
organismos oficiais ou privados), a experimentação foi promovida por muitos a
metodologia exclusiva das ciências factuais, restando à observação, no máximo, o
papel secundário de possibilitar o levantamento das hipóteses a serem verificadas
experimentalmente. Pretender que somente a experimentação deva ser considerada
como metodologia respeitável, financiável ou aceitável é uma tendência ideológica que deve
ser combatida por sua parcialidade.
Esta tendência integra a chamada ideologia neo-naturalista e pretende fazer crer que as
ciências naturais são o modelo obrigatório para as demais e que a metodologia das
ciências sociais seria insuficiente para produzir verdades científicas. Na Medicina esta
ideologia se revela muito claramente no esforço, muitas vezes comovente de seus
autores, de apresentar a epidemiologia, uma típica interciência de fronteira entre as
ciências sociais e as biológicas, como ciência natural. O mesmo acontece com o assim
chamado método clínico.
O teor de verdade reconhecido em uma proposição é denominado veracidade.
Enquanto que a semelhança de uma proposição com a verdade se denomina
verossimilitude.
Os filósofos que se contentam com a verossimelhança ou verossimilitude cognitiva
(conceitos que se referem à aparência de veracidade), como acontece com os
fenomenistas em geral, pretendem ser impossível ter certeza na identidade com a
realidade como critério de veracidade de um conceito ou de uma proposição, pois
têm a realidade como algo inacessível.
Enquanto que muitos os realistas e os materialistas confiam na possibiolidade desta
relação existir e ser reconhecida. Sustentam que tal correlação pode ser verificada
pela avaliação dos critérios empregados em seu estabelecimento.
O que transforma o problema epistemológico em um problema metodológico.
Outros, pretendem que os métodos e critérios de verossimilitude devem ser tidos
por suficientes desde que forneçam a maior probabilidade possível de consonância
coma realidade.
O principal problema teórico aparecido aqui consiste em verificar se basta existir
semelhança entre o pensamento e a realidade ou se esta relação que caracteriza a
existência da verdade deve ser, necessariamente, de identidade. Se, para ser
considerado verdadeiro, basta que um conceito ou uma proposição se assemelhe com
a realidade ou se deve ser idêntico a ela. Considerar as diferenças entre os conceitos
de semelhança e identidade parece ser o fulcro desta questão.
Acontece que o conceito de semelhança (ou similitude) entre o pensamento e a
realidade a que ele se refere é, além de impreciso, icapaz de satisfazer a definição de
veracidade e, muito menos ainda, o de identidade. Porquanto, desde outro lado, a
certeza de identidade entre os dois, parece ser impossível de se obter em um número
muito grande de casos, senão em todos eles.
Já que os conceitos de semelhança e identidade se mostram incapazes de permitir o
estabelecimento da veracidade e como a veracidade é importante para estabelecer o
conhecimento comum (gnose, do gr. gnosis) em conhecimento científico (ou verdadeiro,
episteme), tratouse de estabelecer um novo critério: o de correspondência entre o
pensamento expresso por um conceito ou uma proposição, e a realidade. E a
correspondência se expressa pelo critério que for considerado como mais confiável e
mais válido em cada caso concreto.
Neste caso, a possibilidade de conhecer a verdade em um conceito ou em uma
proposição se expressa por uma de duas maneiras:
- pela consonância com a realidade ou
- pela probabilidade de ser verdadeira ou pela satisfação dos critérios lógicos ou
convencionados que devam ser considerados finais e irrevogáveis para o seu
estabelecimento.
Situações que confluem para o critério de verdade como coerência, como mostra
Adjukiewicz),
2
quando se atinge a verdade por meios lógicos, como se faz na
demonstração de uma equação ou de uma argumentação lógica.
Outro fato que parece claro é que o critério final e irretorquível de estabelecimento da
veracidade não é igual em todos casos. Tal critério de verdade depende do tipo de
verdade a ser considerado: a verdade factual (a correspondência com a realidade); a
verdade lógica (a racionalidade lógica da conclusão inferida em um raciocínio); a
verdade convencional (a fidelidade com o convencionado) e a verdade narrativa (mais
ou menos influenciada pela subjetividade do narrador). Como se pode verificar, cada
tipo de conhecimento impõe seu critério de verdade. Como se há de ver adiante.
Para os dialéticos existem três critérios de verdade:
- o critério ideal (coerência das proposições) que é usado nas ciência formais;
- o critério factual (compatibilidade com a realidade), típico das ciências factuais; e
- o critério convencional (o que foi convencionado como realidade), como os nomes das
2
Adjukiewicz, K., Introducción a la Filosofia (p. 26).
pessoas e das coisas, por exemplo.
Noutro plano de avaliação o conceito de verdade pode conter diversos significados na
dependência do tipo de disciplina em que esteja sendo tratada: em gnosiologia e em
epistemologia, como já se viu, a verdade se opõe ao erro; quando se estuda lógica, a
verdade se opõe à contradição; quando se trata de uma convenção, a verdade se opõe
ao não convencionado; nos estdos ontológicos, opôe-se à falsidade; enquanto que em
moral e em ética, coloca-se em oposição à mentira (desde que deliberada, pois uma
inverdade involuntária, quando avaliada moral eou eticamente, configura um engano).

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2.3. fundamento epistemológicos da medicna - problemas fundamentais do conh2eciment

  • 1. Fundamentos pistemológicos da Medicina 2.1. Problemas Fundamentais da Teoria do Conhecimento Luiz Salvador de Miranda Sá Jr. A ciência, entendida como conhecimento científico, é uma modalidade superior de conhecimento junto com o conhecimento filosófico. Pode-se sustentar que o conhecimento científico constitui o momento mais refinado do desenvolvimento cognitivo, momento que possibilita o conhecimento do mundo e de si com a maior fidedignidade e validade que é possível em cada momento histórico. Contudo, é necessário que se afirme que tal conhecimento não é o melhor por ser científico ou simplesmente porque é chamado assim; é chamado científico exatamente porque é o mais válido e confiável. Há muito se reconhecem alguns problemas conceituais considerados os mais essenciais para fundamentar qualquer teoria do conhecimento. De fato, como matéria de cogitação filosófica, o conhecimento humano se estrutura a partir da identificação e da solução de seis problemas fundamentais que estão relacionados com ele. Estas questões são chamadas assim porque suas respostas alicerçam tudo o que se sabe sobre o processo cognitivo como cogitação filosófica e porque predeterminam o resultado das demais elaborações mentais sobre este tema. A questão essencial da diferença qualitativa que existe entre o conhecimento, atributo caracteristicamente humano e a aprendizagem animal já foi atratada anteriormente. Como matéria de cogitação filosófica, o conhecimento humano se estrutura a partir da identificação e da solução de oito problemas fundamentais que estão relacionados com
  • 2. seu entendimento. Estas questões são chamadas assim porque suas respostas alicerçam tudo o que se sabe sobre o processo cognitivo como cogitação filosófica e porque predeterminam o resultado das demais elaborações mentais sobre este tema. Os oito problemas fundamentais do conhecimento humano são: = o problema da possibilidade de conhecer (cognoscibilidade), = o problema da estrutura do conhecimento, = o problema da origem do conhecimento (gênese cognitiva), = o problema da natureza do conhecimento, = a possibilidade do conhecimento intuitivo (valor da intuição) e = o problema da da aparência e da essência do conhecimento, = problema da forma e conteúdo do conhecimento, = problema da verdade no conhecimento (a veracidade e verossimilitude ou verossimilhança). Estas questões constituem o alicerce de qualquer Teoria do Conhecimento, pois s decisões toma dasem cada uma delas delineia a gnosiologia de quem as toma. Quem quer que pretenda se dedicar seriamente ao estudo do conhecimento terá que se debruçar sobre cada uma dessas questões e tomas uma decisão sobre cada uma delas. Por isto, os temas listados acima configuram as questões que podem ser tidas como as mais fundamentais para o estudo do conhecimento, porque as respostas dadas a cada uma delas e ao seu conjunto circunscrevem aquilo que pode ser considerado mais importante e de mais básico sobre este assunto. Sem que estejam adequadamente resolvidas, não há quem possa prosseguir este estudo. E, além disto, as respostas configurarão um modelo doutrinário que há de dirigir as opiniões sobre o conhecimento, sobre o homem e sobre a sociedade humana. Inclusive os aspectos
  • 3. filosóficos e políticos que assinalam a inserção de cada ser humano nesta sociedade. Também oor isto. pode-se afirmar que existem muitas formas de conhecimento embutidas nestas três grande categorias. Por isto, falando estritamente, é possível dizer que existem conhecimento vulgares, conhecimentos filosóficos e conhecimentos científicos e não apenas um só conhecimento em cada uma dessas modalidades principais. Isto porque, as respostas a estas questões circunscrevem o que há de mais importante e mais básico sobre este assunto e seu conjunto configura uma posição doutrinária e, assim, cada um destes pontos de vista define uma modalidade especial de conhecimento. Sem que estejam adequadamente resolvidas, não se pode prosseguir neste estudo. E cada conjunto de respostas caracteriza uma determinada posição doutrinária frente à Gnosiologia e à Epistemologia. Este haverá de ser a primeira lição deste capítulo, existem tantas gnosiologias (e, portanto, epistemologias e filosofias) quantos forem os conjuntos possíveis a que se chegue respondedo a estas indagações. Por isto, muito mais do que por qualquer outra coisa, o conhecimento filosófico é aberto. O problema da cognoscibilidade ou a possibilidade de alguém conhecer realmente algum objeto é o mais essencial e o mais básico de todos eles; pois, caso o conhecimento for impossível, toda esta temática que se segue estará irremediavelmente prejudicada. Será possível ao ser humano conhecer alguma objeto, ter rteza sobre algo? O o que julga conhecer é uma iusão de sua mente? Esta pergunta sobre a cognoscicibilidade do mundo, da natureza, da sociedade e dos Homens contém inteiramente o conteúdo essencial da discussão sobre a possibilidade de alguém conhecer realmente alguma coisa em si ou em seu mundo circundante. Além de ser o questionamento mais essencial e o mais básico de todas as questões teóricas relacionadas com os processos da cognição e com a capacidade cognitiva. Aqui está o primeio passo de toda e qualquer filosofia. Da resposta a esta pergunta, dependem
  • 4. todas as outras questões que foram apontadas. Pois, se o conhecimento for impossível, toda esta temática que se segue estará irremediavelmente prejudicada. Tendo-se o conhecimento como inexistente, não haverá porque ou como prosseguir neste trabalho. O estudo da teoria do conhecimento deve presumir o reconhecimento de sua cognoscibilidade. Só se pode elabora uma teoria sobre algo existente ou possível de existir. Segue-se a questão da origem do conhecimento; isto é, sendo possível, o conhecimento será um processo elaborado pelo ser cognoscente (aquele que conhece) ou uma qualidade do objeto do conhecimento que se impõe a ele? O será um processo que envolve a ambos (ser cognoscente e objeto do conhecimento)? A seguir se impõe uma opinião sobre a origem do conhecimento e dos instrumentos naturais, psicossociais ou artificiais empregados para conhecer. Existem três grandes grupos de teses sobre o assunto: - a dos que supõem o conhecimento como unicamente biológico-individual; - a dos que pretendem o conhecimento unicamente como construção cultural; e - a dos que explicam o conhecimento como síntese dialética das propostas anteriores. Esta questão opõe os que supõem o conhecimento como atributo exclusivamente decorrente das sensações e da experiência aos que o supõem consequência unicamente da razão, do raciocínio; aos que pretendem a cognoscibilidade devida unicamente à intuição; e os que pretendem o conhecimento verdadeiro como decorrente de qualquer destes mecanismos (ainda que suponham que algum ou alguns deles sejam mais eficientes ou mais freqüentes). Por fim, segue-se a investigação sobre a veracidade e a verossimilitude do conhecimento humano, principalmente do conhecimento científico. O que significa pensar sobre que a confiança que o conhecimento, seja científico ou filosófico, faz por onde merecer de que o tenha
  • 5. elaborado e, principalmente, daqueles a que ele é comunicado. Assim como não existe apenas uma Filosofia, também não existe apenas uma teoria do conhecimento, elas são numerosas. Veja-se como e porque isso se dá. Todos os problemas mencionados provocam respostas diferentes e sempre relacionadas com o estado do conhecimento de cada época, os interesses sociais em jogo, a influência das ideologias e dos interesses individuais ou sociais de quem responde. As diferentes combinações obtidas dessas respostas sobre o conhecimento definem a gnosiologia e a epistemologia de uma pessoa que estude esta matéria. Porque não existe apenas uma teoria do conhecimento, mas muitas, pelo menos tantas quantas forem as possibilidades de combinações dessas respostas. E as diferentes configurações produzidas pelas diversas combinações delas que irão definir cada uma delas. Questão que opõe os adeptos do conhecimento como atributo exclusivamente sensorial e da experiência, aos que supoõem o conhecimento como consequência unicamente do raciocínio, os que pretendem a cognoscibilidade como atributo decorrente apenas da intuição e, para terminar, os que pretendem o conhecimento verdadeiro como possivelmente decorrente de qualquer um destes mecanismos e de diversos ou de todos deles (ainda que suponham que algum ou alguns destes sejam mais eficientes que os demais). Por fim, segue-se a investigação sobre a veracidade e a verossimilitude do conhecimento humano, principalmente do conhecimento científico. Isto é, da relação do conhecimento com a verdade. O quanto aquilo que se conhce é ou pode ser realmente verdadeiro. Trata-se de determinar a possibilidade de se encontrar a verdade das coisas através do conhecimento que se obtém sobre elas. Todos estes problemas, tais como foram formulados, costumam provocar respostas muito diferentes, que se mostram, quase sempre, relacionadas com o estado do conhecimento de cada época, das influências ideológicas reinantes na cultura ou na subcultura de cada respondedor, e dos interesses individuais ou sociais de quem se manifesta.
  • 6. A seguir, descreve-se, ainda que breve e esquematicamente, o que há de mais fundamental nestes problemas básicos, de modo a permitir entender o que seria uma teoria do conhecimento de forma suficientemente clara para ser entendida por qualquer pessoal que se disponha a fazê-lo. O Problema da Cognoscibilidade Cognoscibilidade (ou possibilidade de conhecer algo – coisa ou construto) é a qualidade daquilo que pode ser conhecido. O estudo genérico da possibilidade de conhecer tem sido um dos temais mais candentes da filosofia de todos os tempos. Aparentemente, o problema fisosófico mais importante relativo ao conhecimento consiste em saber se é possível ao ser humano conhecer realmente alguma coisa do mundo e de si mesmo. Se o sujeito do conhecimento realmente sabe o que pensa saber, ou se é unicamente iludido pelos seus sentidos e confunde estas ilusões com conhecimento do mundo. O conhecimento é um fenômeno real ou será uma simples ilusão da consciência de quem julga conhecer? O primeiro problema que pode ser identificado na teoria do conhecimento reside em saber se o conhecimento realmente existe; se será realmente possível haver uma relação cognoscente entre o ser humano e o mundo, estabelecendo que a relação cognoscente seria uma relação especial entre o sujeito e o objeto do conhecimento (pelo qual aquele pode saber sobre este). Em resumo, o ser humano pode realmente conhecer o mundo e a si mesmo? O conhecimento será uma realidade para quem o experimenta ou uma mera fantasia sua? É realmente possível alguém conhecer o que quer que seja? Por isso, o problema controvertido mais importante da teoria do conhecimento reside em saber se será realmente possível haver uma relação especial entre o sujeito e os objetos a que dedica seu interesse. Uma relação cognoscente entre o ser humano e o mundo, estabelecendo que a relação cognoscente seria uma relação especial entre o sujeito e o objeto do conhecimento (pelo qual aquele pode saber sobre este). O estudo
  • 7. genérico da possibilidade de conhecer tem sido um dos temas mais candentes da filosofia em todos os tempos e ão se restringe à Teoria do Conhecimento. Como está assentado sobre outros temas propedêuticos dos quais decorre, muitas proposições suas estão predefinidas em pressupostos apriori. Existem três respostas possíveis para o problema epistemológico da cognoscibilidade e estas três respostas são formuladas por três tipos diferentes de pensadores, a saber: √ os que afirmam que o mundo pode ser conhecido (os dogmáticos, os materialistas e os idealistas objetivos); √ os que afirmam que o conhecimento é impossível (os agnósticos e os idealistas subjetivos); e √ os que julgam que os objetos e fenômenos que ocorrem no mundo podem ser conhecido, mas nunca de maneira confiável e eficientemente (cépticos, subjetivistas, objetivistas, relativistas, pragmatistas e utilitaristas). O dogmatismo é uma modalidade radical de cognoscibilismo, os dogmáticos sustentam que todo conhecimento é evidente por si mesmo, tal como se apresenta aos sentidos, à atividade racional ou à intuição do ser cogoscente. Pois, todos estes pontos de vista e qualquer combinação deles induzem ao dogmatismo. Além dessses, também existe o dogmatismo dos que acreditam no conhecimento revelado, nas crenças místicas, no produto do chamado pensamento mágico. Entretanto, a rigor, não se pode reconhecer esta modalidade de elaboração como conhecimento, tal como este está sendo aqui definido, porque se trata de superstição que, rigorosamente, não deve ser chamada do conhecimento. Entretanto, a rigor, não se pode reconhecer esta modalidade de elaboração como conhecimento, tal como este está sendo aqui definido. Essa é uma variedade particular de dogmatismo, o dogmatismo religioso. Mas também existem outras estruturas dogmáticas, como a política, a da personalidade psicopática fanática, a das super-compensações neuróticas e autoritárias do sentimento de inferioridade.
  • 8. Os solipsismos e outros tipos de idealismo subjetivo negam a possibilidade de conhecer, pretendem que as limitações sensoriais e racionais dos seres humanos e suas peculiaridades individuais incomunicáveis, impedem o conhecimento objetivo. Para o solipsista o conhecimento não passa de uma ilusão, como o sonho. O solipsismo pode abranger todos os objetos e fenômenos do mundo, ou pode se referir apenas a um grupo deles (fenômenos sociais e psicológicos), por exemplo, há quem acredite na realidade dos fenômenos naturais, mas neguem realidade aos conceitos (e outras elaborações mentais) ou aos fenômenos e processos sociais porque estes careceriam de objetividade; O ceticismo afirma a impossibilidade de conhecer. Para os cépticos, o sujeito não pode apreender o objeto cognitivamente. Suas posições variam do ceticismo absoluto (que se confunde com o solipsismo) a diversos tipos de ceticismo relativo. Existem outras modalidades mais de ceticismo, tais como o ceticismo lógico que nega possibilidade do conhecimento metafísico; ou o ceticismo metódico que pretende chegar ao conhecimento verdadeiro afastando-se do falso; e o ceticismo sistemático que recusa a possibilidade de alguém atingir algum conhecimento verdadeiro e exato sobre algo. O subjetivismo. O subjetivismo consiste na afirmação de que só a introspecção pode conduzir ao conhecimento. A posição subjetivista limita o conhecimento ao conhecimento que o sujeito tem acerca de si mesmo, sobretudo, de sua subjetividade; para eles o conhecimento se limita ao auto-conhecimento; o conhecimento sobre o outro seria modelado sobre o conhecimento que alguém tenha sobre si mesmo e o conhecimento intuitivo, uma crença por analogia a si próprio. Os solipsismo e os intuicionismos são formas radicais de subjetivismo. Do ponto de vista histórico, o intuicionismo parece ter sido a primeira maneira dos seres humanos enfrentarem a busca do conhecimento dos fatos que não são evidentes por si mesmos. O intuicionismo é a modalidade de dogmatismo que crie nos fenômenos denominados intuições ou insights inteiramente independentes da razão, da percepção ou da experiência.
  • 9. Os solipsismos e outros tipos de idealismo subjetivo negam a possibilidade de conhecer, pretendem que as limitações sensoriais e racionais humanas e suas peculiaridades individuais incomunicáveis, impedem o conhecimento objetivo. Os mais radicais negam a existência do mundo exterior ao sujeito e reduem o mundo real àmente que pensa iludiando-se que está percebendo. Qualquer tipo de solipsismo pode abranger todos os objetos e fenômenos do mundo, ou se referir a um grupo deles (fenômenos sociais e psicológicos). Há quem acredite na realidade dos fenômenos naturais, mas negue realidade aos conceitos (e outras elaborações mentais) ou aos fenômenos e processos sociais porque careceriam de objetividade (negam a subjetividade na teoria e na prática); O objetivismo. O objetivismo sustenta a posição douytinária oposta, ao menos no que respeita ao conhecimento da natureza, para eles o objeto impõe ao sujeito aquilo que ele pode conhecer; para os objetivistas o conhecimento verdadeiro deve se abster de todo conceito valorativo (por isto, cede ao subjetivismo o terreno da investigação filosófica, social e humana, negando-lhes terreno na aquisição do conhecimento sobre a natureza). O relativismo. Os relativistas negam a possibilidade d e qualquer conhecimento absoluto, sustentam-no dependente da influência dos fatores do meio e de outras circunstâncias(como a ideologia e outras condições culturais). O pragmatismo ou utilitarismo. Os pragmatistas sustentam que o conhecimento deve ser tido como verdadeiro enquanto for útil aos propósitos para os quais está sendo elaborado; para eles, a utilidade (ou pragmaticidade) sustenta a validade de qualquer modalidade de conhecimento. O materialismo dialético e o materialismo emergente. Desde Marx, a posição dialética sobre a cognoscibilidade implica em distinguir: as totalidades de seus segmentos particulares, as coisas de suas propriedades e relações, o fenômeno (aparência) da essência, a forma do conteúdo e relacionar a modalidade de conhecimento com o critério de
  • 10. verdade empregado em sua aferição. Bunge propõe o materialismo emergente, uma visão materialista e evolucionista do mundo e do homem bastante adequada aos conhecimento científicos contemporâneos. O realismo ou materialismo emergentista de Mario Bunge consiste em uma teoria que sustenta a materialidade do mundo e que pretende que as qualidades novas dos entes biológicos emergem no processo evolutivos. E o realismo clássico dos ideólogos católicos também sustenta a realidade da cognoscibilidade. Mas acreditam também na realidade de Deus e buscam meios para provar sua existência. Por muito tempo combateram o conhecimento científico com todos os recursos que dispunham. Hoje, adotam a tese das duas verdades: a da fé e a da ciência e defendem este dualismo gnosiológico a despeito das contradições de suscita. Para os materialistas dialéticos e os emergentistas (Bunge) existem dois critérios de verdade: o critério ideal (coerência das proposições) e o critério factual (compatibilidade com a realidade). Os positivistas (empiristas, pragmatistas) dirigem sua atenção para as coisas materiais por si mesmas, enquanto o pensamento dialético se dirige para as coisas como reultantes de suas relações, pressupondo que as relações fazem as coisas. Enquanto os primeiros consideram as coisas que estudam como se fossem ou estivessem isoladas e incomunicáveis, os segundos as concebem como algo em interação. Os fenomenistas, baseados nas limitações e imperfeições dos recursos senso-perceptivos dos seres humanos, sustentam que as pessoas não conhecem verdadeiramente os objetos materiais do mundo, mas apenas têm uma impressão mais ou menos vaga delas através da percepção dos fenômenos que os expressam. Como já se viu, denomina-se fenômeno à maneira pela qual alguma coisa se apresenta aos sentidos (sua aparência, as informações sensoriais que comunica ao observador), enquanto a essência se refere às suas propriedades que pudesem ser consideradas essenciais e as relações mais importantes daquela coisa material (objeto conhecido). A fenomenologia (inclusive a técnica fenomenológica de elaboração da história clínica, que foi tão importante no momento descritivista do conhecimento cjínico) deve ser
  • 11. diferenciada do fenomenologismo (exagero, superestimação ou exclusividade dos procedimentos fenomenológicos para conhecer). O Problema da Origem do Conhecimento As primeira explicações sobre a origem do conhecimento foram sobrenaturais. A tradição judaico-cristã aponta para a desobediência das primeiras criaturas humanas quando comeram um fruto proibido pela divindade que as teria criado à sua imagem e semelhança. Dados mais confiáveis indicam que os seres humanos sempre manifestaram vocação para conhecer o mundo e a si mesmos e esta característica parece ser devida a alguma herança ancestral, anterior à emergência da humanidade. Além da necessidade de resolver os problemas que a natureza e os outros humanos colocam diante de si, os primatas são conhecidos pela sua aguçada curiosidade para com o mundo que o cerca, inclusive para as situações que ele mesmo cria ou complica. Além do que o ser humano sempre manifestou notável capacidade para transformar esses conhecimento em coisas úteis. Inclusive, sempre evindenciou especial pendor e grande interesse em conhecer como se conhece e inventar artefatos que lhe permitam conhecer mais e melhor os objetos de sua curiosidade. Quando se trata de conhecer as enfermidades e os recursos para ajudar os enfermos, tal tendência se revela muito ampliada. Ainda que não se saiba com precisão como isso se dá, existem diversas propostas doutrinárias para tentar explicar como os instrumentos anatômicos, fisiológicos e psicológicos humanos conhecidos atuariam para que alguém possa conhecer alguma coisa ou construto no mundo, dentro e fora de si, e portanto, de qual seja a origem do conhecimento humano. Estas possibilidades explicativas são muito numerosas e situá-las extensivamente neste texto foge aos objetivos de sua realização. Originalmente e por muito tempo, reconheceram-se duas maneiras fundamentais de conhecer:
  • 12. - primeiro, o conhecimento obtido através das imagens produzidas pelas funções sensoriais (impressivo-gnósicas) na consciência; e, - segundo, o conhecimento produzido pelo processamento racional das informações novas ou pré-existentes, inclusive pelas idéias proporcionadas imediatamente pelas informações sensoriais ou senso-perceptivas. O que redundou o aparecimento de dois reducionismos: o sensualismo e o racionalismo. Mas também propiciou uma concepção sintética: a dialética. O filósofos e cientistas materialistas tendem a superar a perspectiva dualista que separa estas duas modalidades de conhecimento e os considera como vertentes sintetizáveis no procedimento cognitivo. Pode-se sustentar sem grande dificuldade que tais canais cognitivos não são isoláveis nem auto-excludentes. Configuram uma unidade funcional. De qualquer maneira todo (ou quase todo) conhecimento um pouco mais complexo se produz pela interação de elementos cognitivos sensoriais e racionais, ainda que a um destes possa estar reservada uma atividade imperceptível ou unicamente virtual. A partir daqueles pontos originais, surgiram outras opiniões para explicar como os instrumentos humanos atuam para alguém conhecer algum objeto de estudo e, portanto, de qual seja a origem do conhecimento humano. Estas possibilidades explicativas são muito numerosas e situá-las extensivamente neste texto foge aos objetivos de sua realização, por isto, elegeram-se algumas delas, levando em conta sua aceitação. Aqui e agora, por causa das limitações deste trabalho, mencionam-se quatro destes sistemas de explicação: √ = um primeiro sistema de explicações atribui o conhecimento unicamente à experiência sensorial (sensualismo, empirismo); √ = um segundo, o atribui exclusivamente à razão, ao raciocínio (o racionalismo); √ = um terceiro grupo, propõe a intuição como única fonte do conhecimento confiável (intuicionismo), que inclui aqueles que julgam que todas as pessoas nascem com todas
  • 13. as informações que poderão adquirir - e que elas apenas se exteriorizarão, quando isso se fizer necessário ou oportuno (intuicionismo); e √ = um quarto grupo atribui o conhecimento a todos estes processos, porque nenhum deles exclui os demais (ainda que façam restrições às intuição, a não ser como fonte de hipóteses, como acontece com o intelectualismo, o realismo crítico, o materialismo emergentista e o materialismo dialético). Como resultado direto e imediato da separação dualista estabelecida entre o sujeito e o objeto do conhecimento científico (e de sua intervenção), deu-se na ciência positivista da modernidade uma outra escisão, essencial do seu ponto de vista: a distinção radical entre o conhecimento sensível (obtido pelos sentidos e pela experiência) e o conhecimento racional (que frutifica a partir das conclusões obtidas através do raciocínio lógico). Um subproduto do dualismo cartesiano, tendência filosófica que separa o corpo da mente, o espírito da matéria, o real do ideal. O sensualismo sustenta que todo conhecimento se origina nas sensações e se limitam a elas (o caráter material das sensações fez com que o sensualismo fosse impropriamente confundido com o materialismo filosófico ainda que mecanicista). O empirismo ou empiricismo é variante do sensualismo e consiste na doutrina que situa a experiência do homem no mundo como fonte de todo seu conhecimento. O racionalismo situa na razão (e não na experiência ou sensações) a fonte do conhecimento. Intuição é definida como a apreensão imediata e direta da realidade, sem qualquer intermediação dos sentidos, da razão ou qualquer outro recurso; o intuicionismo consiste na corrente de opinião que superestima ou exclusivisa a intuição como fonte de conhecimento, para os intuicionistas o único conhecimento confiável será o que provém da intuição. Uma modalidade do intuicionismo caracteriza-se como fenomenologista e têm no noumeno (a aparência do objeto) como elemento mobilizador da intuição (apreensão automática da verdade independente das sensações do da razão). O intelectualismo, o racionalismo crítico e o materialismo dialético consistem em posições mais ou menos ecléticas erigidas a partir das três anteriores que concebem o conhecimento como originado na razão, na experiência e nas sensações (pois, as próprias percepções são mais que soma de sensações, nas verdade, consistem em sínteses inteligentes e afetivamente determinadas).
  • 14. Convém recordar a diferença essencial entre o ecletismo (busca da verdade sem qualquer preocupação com a doutrina na qual ele se origina), do sincretismo (mistura de componentes cognitivos incompatíveis para demonstrar um ponto de vista) é o caráter lógico do primeiro. Como se pode ver, não existe uma resposta única resposta que tenha aprovação unânime acerca da origem do conhecimento humano e de sua explicação. Deixando de lado as concepções supersticiosas que situam-na em alguma divindade, é possível identificar diversas posições naturais e contraditórias acerca do tema. A questão central parece ser a seguinte: existem duas modalidades possíveis de conhecimento, uma teórica, especulativa, racional e mediata; e outra, imediata e sensível (decorrente imediatamente das sensações e percepções). Como em muitas outras situações análogas ou semelhantes, também aqui, na resolução deste problema, a verdade também parece estar no meio e não nos extremos teóricos. Outro fato que chama a atenção nos clássicos, é a omissão freqüente da afetividade, principalmente como elemento da motivação, na explicação do processo cognitivo. A partir daí, abrem-se quatro teorias pretendendo explicar a origem do conhecimento: - o monismo sensorialista, que reduz o conhecimento à experiência sensorial; - o monismo racionalista, que restringe o conhecimento à experiência racional, ao resultado do raciocínio; - o dualismo sustenta a possibilidade de coexistirem, alternada ou simultaneamente, as duas modalidades de conhecimento e - o eclético sustenta que todo conhecimento contém elementos sensoriais e racionais, teóricos e empíricos. E que a síntese cognitiva resultante deste processo deve ser mais confiável do que a que resulte do emprego de um desses elementos. Unicamente na dependência dos resursos de aferição da fidedignidade e da validade de seus resultados.
  • 15. É verdade, muitos superestimam o conhecimento sensorial ou o exclusivisam. Um exagero que a explicação histórica torna inteligível, mas pernicioso do ponto de vista de quem sustenta a unicidade da vida mental e da atividade psicológica. Na sua origem reside o fato de muita especulação ter sido apresentada como se fosse teoria ou conhecimento racional. Isso talvez explique, mas não justifica o erro criticado aqui. A razão coexiste com a sensorialidade desde o primeiro instante da elaboração dos diferentes níveis de síntese perceptiva com a qual se transforma a sensação (entidade virtual) em percepção (entidade real). O raciocínio inicia na construção da síntese perceptiva e atua até nas conclusões finais dos procedimentos e processos inteligentes. A dimensão intelectiva do espírito humano influencia mais ou menos poderosamente todas as demais manifestações psicológicas, tais como a senso-percepcão, a imaginação, a memória, a consciência, a psicomotricidade e a afetividade. Esta última situação configura a mal chamada inteligência emocional. Que melhor denominada seria como a dimensão inteligente da emoção, da emotividade ou da afetividade. Quando se reduz a possibilidade cognitiva às sensações (sensorialismo), à experiência (pragmatismo) ou ao raciocínio (racionalismo), en todos estes casos superestimando o processo adotado e subestimando o outro, comete-se um reducionismo limitador da capacidade cognitiva por amputação deliberada de uma de suas estruturas essenciais. Senso-percepção, intelecto e memória são atividades essenciais complementares da cognição. Ainda que não se possa ou deva duvidar da influência da afetividade nela. O pragmatismo é a tendência filosófica que emprega um critério de utilidade para substituir o critério de verdade. Para eles, uma proposição deve ser tida como verdadeira enquanto for útil. Por isto, para estes operadores, as definições operacionais são reconhecidas por sua utilidade, não pela sua validade. O pragmatismo e o empirismo abandonam o antigo conceito de verdade que considera verdadeiro o que for consoante com a realidade (a concordância do pensamento com o ser) e valoriza a atividade e a pragmaticidade, a utilidade do conhecimento. Para eles, a verdade deixa de ser considerado como um valor teórico e passa a ser tida uma expressão que possa ser tida como útil. O pensamento inteligente (ou pensamento lógico) fundamenta toda atividade racional dos seres humanos, uma das atividades organísmicas que os diferenciam de todos
  • 16. demais seres da série animal; o pensamento inteligente se inicia na senso-perpecção e se completa no raciocínio abstrato, atributo neuronal e apanágio funcional da atividade nervosa da espécie humana. Neste ponto, deve-se abrir um parêntese para considerar que a expressão racionalismo (que serve para designar o ponto de vista filosófico que exclusivisa a razão ou o intelecto como fonte do conhecimento, muitas vezes se emprega como substituto de racionalidade (que significa o emprego da razão, qualidade de tudo que decorre da capacidade racional. E isso pode causar muita confusão em quem não estiver atento para isto. Ao menos quem fala e escreve em português não deve confundir racionalidade com racionalismo. Tudo isto posto, também se deve levar em conta que a sensibilidade inteligente, a atividade psicomotora inteligente e o pensamento inteligente (sendo possível incluir a afetividade inteligente – que muitos denominam um tanto impropriamente de inteligência emocional) são categorias essenciais ao entendimento da existência humana e seu desempenho cognitivo, reforçando-se a ampliando-se mutamente durante toda existência. Existência fincada em seus dois alicerces: a natureza e a cultura. Não parece ser possível entender a realidade humana, seja genérica, sejaparticular de alguns conjuntos humanos, ou seja a atividade de cada um dos indivíduos humanos singular, sem ter presente que toda sua atividade depende da interação dialética dos seguintes processos: o natural e o sócio-cultural, o objetivo e o subjetivo, o sensorial e racional, o reacional e o espontäneo, o concreto e abstrato, a conduta e a consciência, a consciência e a acão, a instintividade e a vontade, a vontade e os atos voluntários. Quando se pretende reduzir o homem a um animal (ser unicamente natural, objetivo, sensorial, reacional, material, conduta e instintividade) este caminho veterinário mais desencaminha que encaminha o pensamento e o conhecimento. No caso contrário, ao pretender especular um homem ideal (cultural, subjetivo, sentimental, racional, consciente e voluntário, distante da natureza), obtém-se o desvio oposto. O ser
  • 17. humano é cidadão desses dois mundos, vive em ambos simultaneamente: o mundo da natureza e o mundo da cultura. Existe nas interações e mas contradições deste dois meios. Não será humano se assim não for. O naturalismo e o culturalismo, entendidos como procedimentos reducionistas que reduzem o ser humano a uma destas suas dimensões de sua existência, são inaceitáveis no estudo da realidade humana. Tantos dos seres humanos enfermos como nos hígidos. Também é costume pragmatista de empregar a noção de aplicabilidade prática dos conhecimentos, tanto imediata como mediata, para classificar o processo de conhecer e a produção cognitiva que resulta dele. Isto é, classificar os conhecimentos a partir de sua possibilidade de aplicação imediata ou mediata. Para eses, as informações cognitivas aplicáveis mais ou menos imediatamente se diferenciam qualitativamente das não imediatamente aplicáveis. O que induziu uma classificação muito empregada há muito tempo pelos positivistas pragmatistas de diferenciar os conhecimentos em: conhecimento teórico e conhecimento prático. E muitos tendem a considerar estas duas modalidades do conhecer como se fossem qualidades diferentes do saber. Não se deve omitir aqui, ainda que este não seja o ponto essencial deste momento, a relação que existe entre o conhecimento e a consciência que conhece; nem do caráter comportamental dos conteúdos com os processos cognitivos e nem sua racionalidade essencial , porque são fenômenos de reação a um estímulo; nem, muito menos, dissociar sua utilidade imediata da mediata. O entendimento das enfermidades (inclusive das enfermidades mentais e da conduta), bem como o de qualquer outra faceta essencial da humanidade ou do ser humano só pode ser dado pela integração destas duas vertentes, as derivadas da teoria e da prática, em uma síntese dialética. Teoria e prática como categorias aparentemente opostas que se integram em uma única realidade inseparável. Os pragmatistas sustentam a primazia da prática e os racionalistas, da teoria. Mas ambos parecem
  • 18. equivocados, pois o conhecimento pode estar nas duas vias. O melhor caminho é sintetizá-los. Importa destacar o significado do instrumental técnico construído para ampliar as possibilidades perceptivas humanas (tais como as lentes de aumento e de aproximação, que foram os primeiros destes recursos, depois, apareceram os amplificadores sonoros e outros detectores de imagens muito mais poderosos que os existentes até então, como os microscópios eletrônicos) ou os que lhes acrecentam novas possibilidades qualitativas (raios x, instrumentos de captação e registro de ondas elétricas e campos eletro-magnéticos, por exemplo). Acrescentem-se os recursos lógicos, matemáticos e materiais que ampliaram imensamente as possibilidades racionais humanas, inclusive os que lhes permitem um grande número de operações complexas em períodos extremamente curtos de tempo (como os procedimentos estatísticos e os instrumentos de processamento eletrônico de dados). Não existe uma resposta única resposta que tenha aprovação unânime dos estudiosos acerca da origem do conhecimento humano e de sua explicação. Deixando de lado as concepções supersticiosas que situam-na em alguma divindade, é possível identificar diversas posições naturais e contraditórias acerca do tema. A questão central parece ser a seguinte: existem duas modalidades possíveis de conhecimento, uma teórica, especulativa, racional e mediata; e outra, imediata e sensível (decorrente imediatamente das sensações e percepções). Como em muitas outras situações análogas ou semelhantes, também aqui, na resolução deste problema, a verdade também parece estar no meio e não nalgum dos extremos teóricos surgidos do estudo desta matéria. Também chama a atenção a tendência a ignorar a vontade de quem estuda epistemologia no resultado de sua atividade. A ignorar a voluntariedade e a vontade, fazem caso omisso de duas mais importantes característica da humanidade.
  • 19. A Natureza do Conhecimento Trata-se de responder à indagação: o que é o conhecimento? Qual sua característica mais essencuk e mais geral? O que, a rigor, significa construir uma definição científica para o conhecimento. Parte importante do processo de conhecer o conhecimento, como qualidade humana que permite conhecer. A questão da definição como instrumento para conhecer será tratada adiante, quando se tratar especificamente do assunto. Contudo, para facilitar o trabalho do leitor, adiante-se o seguinte. Para definir um objeto qualquer, primeiro encontra-se um bom definiendum, (para os propósitos daquele procedimento definidor) que consiste em uma categoria geral na qual aquele objeto esteja inteiramente contido; depois, em segundo lugar, se lhe atribui uma diferença específica (estabelece-se uma qualidade ou característica que individualize o objeto da definição dentro da classe geral em que foi ordenado). Uma definição tecnicamente perfeita permite que só o objeto que está sendo definido seja situado nela. Ainda que um mesmo objeto possa ser bem definido com mais de uma categoria geral (definiendum) e mais de uma diferença específica (definiens). Tome-se a clássica definição aristotélica de homem, considerada como modelo de definição científica: o homem é um animal racional. Definendum, o homem (objeto da definição) e definiens, animal (a classe geral mais próxima) e racional (a qualidade especificadora). A primeira explicação para a natureza do conhecimento parece ter sido mágica e sobrenatural. O conhecimento seria presente de alguma divindade ou manifestação de algo sobrenatural que o formeceria às pessoas. As primeiras tentativas de obter explicações naturais (ou quase) para a capacidade que têm os humanos de conhecer se desdobraram em duas vertentes: a platônica e a aristotélica. Platão supunha que os conhecimentos que uma pessoa viesse a ter em sua vida já estariam pré-formados em sua mente. Os processos de conhecer configurariam experiência de descobertas. Ao longo de sua vida, as pessoas iriam descobrindo as mensagens que estariam previamente excritas em sua mente. Para Aristóteles, os conhecimento seriam construções humanas. Ao longo de suas
  • 20. biografias, os humanos construiriam seu cabedal de conhecimento, acumulando-os em sua mente que seria, originalmente, vazia- a noção de tabula das. Para ele, o saber ce onhecimento não preexistiria na mente do seu agente, como querem os platônicos e idealistas de todos os gêneros ou se é uma constução do ser cognoscente. Imitação, reflexo, representação. Todas as outras soluções que vieram depois destas, em essência, repetiram uma destas duas. No que respeita a natureza do conhecimento, os materialistas têm-no como reflexo dinâmico na consciência das coisas do mundo, suas propriedades e do que acontece a elas. Assim, o conhecimento teria duas vertentes, uma vertente objetiva (o objeto do conhecimento) e outra, subjetiva o procedimento mental de conhecer (refletindo na consciência a coisa conhecida) e o resultado deste processo, o conhecimento assimilado na mente (resultante deste processo reflexo de conhecer). Outros especialmente os fenomenistas, denominam representação ao que os materialistas chamam reflexo. A Aparência e da Essência do Conhecimento Mais um aspecto da dinâmica do conhecimento é a discrepância entre a aparência e a essência dos objetos. A aparência das coisas materiais se refere às manifestações exteriores, derivadas diretamente dos sentidos do observador; nem sempre corresponde à sua essência (conjunto das características, conexões e relações mais profundas que determinam os traços principais da existência de um sistema material). Também costuma ser denominado fenômeno. Isto é, as impressões perceptivas e as conclusões do raciocínio nem sempre conduzem ao conhecimento da realidade. Por isso, Marx afirmou que se a aparência das coisas fosse idêntica à sua essência, a ciência seria completamente desnecessária. E Também neste sentido que o primeiro aforisma hipocrático reza que “a arte é longa, a vida é breve, a ocasião é fugidia e a experiência, enganadora”. A ciência existe para superar as discrepâncias entre a aparência e a essência e entre a
  • 21. forma e o conteúdo das coisas, das pessoas, dos acontecimentos e das situações. A maior parte do esforço dos construtores da Metodologia, especialmente da Metodologia Científica, consiste em descobrir, criar e aperfgeiçoar recursos capazes de superar essa contradição que existe entre a aparência e a essência dos objetos materiais. Na Antigüidade e ao longo da Idade Média, acreditava-se que a Terra tivesse sido posto pela divindade criadora bem no centro do universo. De todo o universo e não apenas do sistema solar. Pretendia-se que o sol e os outros astros girassem em volta dela. Isso era o que informavam os sentidos acerca de sua aparência e algumas informações bíblicas. No Renascimento, descobriu-se o contrário. Não bastasse a Reforma protestante, desfez-se também a cosmologia católica que vigorava até então e que colocava a Terra no centro do universo, supondo que todo o resto existia à sua volta. A teoria heliocêntrica do sistema solar e a ausência de um centro universal fizetam recurar ainda mais as teorias supersticiosas. O golpe seguinte foi o evolucionismos darwiniano pondo por terra a super-simplificação criacionista dos dogmatistas religiosos. Não foi só a Terra que deixos de ser o centro do universo. Seguiu-se a teoria freudiana da sexualidade infantil, derrubando o mito da inocência natural do filhote humano. A vulgarização da consciência da igualdade essencial dos machos e das fêmeas da espécie humana e da igualdade essencial das pessoas de todas as raças completaram o trabalho de libertar a condição humana de seus últimos grandes mitos. No início do século XX, os cientistas acreditavam, a partir do conhecimento disponível, que os átomos eram as menores partículas existentes na natureza e que seriam indivisíveis, como se diz em sua designação. Depois, descobriu-se que os átomos eram fracionáveis (o que resultou na energia atômica) e que era compostos por elementos menores, as partículas elementares sub-atômicas, as quais passaram a ser consideradas como as menores frações da matéria; e também acreditadas como
  • 22. indivisíveis. Sendo de se supor que essa seja apenas a primeira camada de seus componentes. Entretanto, este conhecimento também já foi desmentido, sabe-se, hoje, que as partículas sub-atômicas elementares também têm uma estrutura de componentes mais elementares na qual não se distinguem as partículas das ondas, a matéria tangível da energia. O que põe fim a antigas disputas para explicar a natureza do mundo como a relação matéria e energia, corpúsculos e ondas também são bons exemplos das perpectivas dualista e monista da natureza. Esta questão tem como fulcro a problema da prioridade com respeito à relação sujeito- objeto (inclusive na relação cognoscente – a relação para conhecer). O sujeito determina o objeto (quem conhece produz o conhecimento?) ou, ao contrário, o objeto determina o sujeito (os fatos se impõem à consciência de quem, por isto, passa a aconhecê-los?) Esta pergunta é respondida de maneira diferentes por diferentes tendências doutrinárias e ideológicas.A resposta objetivista (ou objetiva) é que o objeto determina o conhecimento do sujeito; no processo de conhecer, o objeto é algo independente do sujeito que o reconstrói em sua consciência. A teoria da tábula rasa de Aristóteles. Os subjetivistas (ou subjetivos) spretendem que os conhecimento já preexistem na sub- consciência das pessoas ou que o sujeito cognoscente cria o objeto de seu conhecimento que são apenas mobilizados pelo processo cognitivo (teoria platônica do conhecimento inato, pre-existente no espírito do sujeto cognoscente). Platão supunha que os conhecimentos já preexistem na sub-consciência das pessoas e são apenas mobilizados pelo processo cognitivo (teoria do conhecimento inato). A resposta subjetivista também se afirma na noção da primazia do objeto, consiste em afirmar que o sujeito cria o objeto que julga apreender, em negar realidade e, em última análise, em negar até a objetividade de tudo o que estiver sendo conhecido. Afirma que o conhecimento é produto exclusivo da atividade mental do sujeito, independe de um
  • 23. objeto, pois, este nem mesmo existe ou, se existir, não guarda correspondência necessária com o conhecimento que pode ter sobre ele. A resposta realista afirma a primazia do objeto sobre o sujeito (pois existe independente do sujeito) e integra sua subjetividade como reflexo, imagem ou representação do objeto que está sendo conhecido volutária ou involuntariamente, direta ou indiretamente. Pois a consciência, tanto pode criar (na imaginação) quanto refletir (na percepção, na evocação), como pode criar voluntária ou involuntariamente. A criação artística deve ser um exemplo emblemático da criação voluntária. E os sonhos, da criação involuntária, espontânea. A resposta fenomenológica há de ser que é impossível conhecer as coisas como são, apenas como parecem, como se apresentam à sensibilidade do observador e como ele pode representá-las em sua consciência. O termo fenômeno costuma ser empregado na linguagem científica e filosófica com dois sentidos: - um primeiro, mais amplo e mais amplamente utilizado, que se refere a tudo o que acontece aos objetos (tudo o que puder ser conhecido pelo sujeito; e, - um segundo, bem mais restrito, já visto antes, como um termo específico e típico da fenomenologia, significando a aparência das coisas como elas se apresentam aos sentidos de quem as observa e estuda, ou seja, o resultado da apreciação imediata e superficial das coisas. Em Ontologia materialista designa-se como coisa ao objeto material e como construto tudo que o investigador atribua ele – como suas propriedades, funções, qualidades ou o que quer que suceda a ele. Os fenomenologistas empregam o termo fenômeno (seguramente, a mais importante de suas categorias) com o sentido específico de maneira pela qual as coisas se apresentam aos sentidos de quem as observa, conhece ou reconhece. Com o sentido oposto de essência (e, mesmo, de conteúdo). Por isto, as fenomenologias e os fenomenologismos (de esquerda e de direita) podem se situar como modalidades especiais de ceticismo filosófico. Quem não é fenomenologista emprega o termo fenômenos para designar ps acontecimentos que sucedem aos objetos.
  • 24. O termo fenômeno tem na linguagem científica e filosófica dois sentidos: um, mais amplo e mais amplamente usado, que se refere a tudo o que acontece aos objetos (tudo que puder ser conhecido pelo sujeito; e, outro, mais restrito, já visto como específico da fenomenologia, significando a aparência dos objetos de conhecimento, como eles se apresentam aos sentidos de quem as observa, o resultado da apreciação imediata e superficial das coisas. Neste sentido mais amplo, pode-se denominar de fenômeno todas as ações das coisas, tudo o que acontece a um objeto do conhecimento e pode ser percebido. A grande contribuição da fenomenologia para as ciências factuais há de ter sido a sistematização do momento descritivo do conhecimento, etapa indispensável antes da explicação. Contribuição que deve ter decorrido da crença alimentada por aquela escola na impossibilidade da explicação. A Forma e o Conteúdo do Conhecimento O que se denomina forma em filosofia do conhecimento, a noção de forma corresponde à de estrutura material ou externa de um objeto, suas qualidades acidentais, como a distribuição espacial de seus elementos contituintes; enquanto a noção de conteúdo (ou substância) se refere às qualidades que fazem aquela coisa ser o que é. No caso particular da Medicina, quando se trata de aplicar estas categorias às enfermidades, notadamente em seu diagnóstico, a forma seria dada por seus sintomas e outros elementos acidentais, enquanto, a substância seria constituída pelos fatores etiológicos e mecanismos patogênicos. Noutro plano, a anatomia encerraria os elementos de forma e a fisiologia os de conteúdo. Como parece óbvio, forma e conteúdo se completam e existem como categorias dialéticas que só devem se pensadas como uma unidade real, por mais que pareçam diferentes ou distantes. As noções de forma e conteúdo e as diferentes concepções que os cultivadores das diferentes doutrinas filosóficas fazem destas categorias podem se manifestar em praticamente todas as modalidades da cultura (inclusive na arte, na ciência, na filosofia).
  • 25. Os reducionismos que exclusivisam ou exageram a importância da forma se denominam formalismos. O formalismo consiste no comportamento reducionista pelo qual se superestima a forma em detrimento da substância ou conteúdo no estudo de qualquer onjeto. Em Medicina, a principal manifestação deste reducionismo parecem ser o descicionismo e o fisicalismo. O descricionismo consiste no reducionismo positivista que pretende ser a descrição dos objetos e dos fenômenos o único dever cognitivo da ciência (dos cientistas), devendo- se prescindir da explicação e negar a previsão como finalidades da ciência ou da atividade de quem se dedique a ela. Importantes subprodutos do descricionismo são o operacionalismo e o quantificacionismo, que têm as definições operacionais e a quantificação dos dados como condições sine qua non para a atividade científica. Mesmo que as descrições operacionais e as quantificações sejam de qualidades contingentes e sem qualquer importância para produzir conclusões aceitavelmente válidas. O fisicalismo é o reducionismo característico do positivismo lógico que sustenta que a validade e a autencidade de qualquer proposição científica depende de suia possibilidade de ser expressa na linguagem da física (daí sua denominação). As proposições que não admitem este tratamento são recusadas como não científicas. Todas estas posições doutrinárias conservam em comum o sensualismo e o empirismo, característicos de todas as doutrinas positivistas. O positivismo surgiu como justa reação à filosofia e à ciência especulativas, mas exagerou na dose, caindo no desvio oposto. Confundiu todo uso da razão com o racionalismo especulativo. Ao recusarem o psicologicismo dos que especulavam com as idéias, os positivistas substituíram os recursos da Psicologia pelos da Física e da Matemática como únicos recursos comunicativos adequados para expressar os conteúdos científicos. O Problema do Conhecimento Intuitivo Este problema consiste em saber se, além de um conhecimento sensível, de um conhecimento discursivo e de um conhecimento racional, também existe um
  • 26. conhecimento intuitivo indepenente das sensações e da razão (insight). A defesa da existência de conhecimento intuitivo presume que o produto da intuição possa ser classificado como uma forma de conhecimento. Aqui, na verdade não se trata de discutir a existência da intuição, mas de decidir se os fenômenos intuitivos devem ser tidos como manifestações particulares do conhecimento ou se devem ser pareados com as especulações. 1 Para muitos existencialistas, fenomenologistas e, sobretudo para os psicoanalistas, a intuição (que eles chamam interpretação) pode e deve ser considerada como modalidade de conhecimento. Os condutistas, como todos os objetivistas, não aceitam o produto subjetivo da intuição como manifestação cognitiva (muitos, os mais intransigentes, negam sua existência. Os idealistas estão propensos a opinarem pela validade das intuições e este é sempre um viés a ser identificado em suas posições neste tema. Os materialistas situam-se no campo oposto. A intuição, como já se viu anteriormente, consiste na compreensão global e instantânea de um objeto do conhecimento que seria baseada em uma capacidade especial de formar uma impressão global e imediata sobre um objeto de esudo; inclui o insight, noção que se refere à compreensão súbita de uma situação ou resolução instantânea de um problema. A noção de intuição se opõe às de impressão analítica (modalidade de decodificação da expressão), conceito, dedução ou outro tipo de raciocínio ou inferência lógica). Intuicionismo é a doutrina filosófica baseada exclusivamente ou quase na importância da intuição no processo de conhecer (os fenomenologistas, inclusive os psicoanalistas, que são fenomenistas também). Para os objetivistas (como os behavouristas e neo condutistas) e muitos realistas (como muitos reflexologistas), que renegam todo emprego da intuição (a não ser para levantar hipóteses experimentais), basta recorrer uma única vez à intuição para merecer a designação de intuicionista. 1 ) Existe um trabalho brasileiro muito interessante sobre o assunto: Bazarian, J., Intuição Heurística, Ed. Alfa- Ômega, S.Paulo, 1986.
  • 27. Os racionalistas extremados negam qualquer valor à intuição como forma de conhecer; ainda que outros, menos radicais, admitam que a intuição pode fornecer hipóteses a serem testadas objetivamente; mas só poderão ser tidas como conhecimentos depois de testadas objetivamente na prática experimental ou da observação ou, ainda, demonstradas racionalmente por algum procedimento lógico de comprovação teórica. Os intuicionistas (Bérgson e Freud) afirmam que o conhecimento sensível e o conhecimento racional somente informam mecanicamente sobre a realidade e esta informação é imperfeita e insuficiente; que somente a intuição pode levar o conhecimento a penetrar o objeto e desvendar sua essência e, por isto, explicá-lo em sua plenitude. O conceito de compreensão, tal como empregado em psicologia pela maioria dos autores, costuma estar impregnado de intuicionismo, não sendo raro que autores psicoanalistas mencionem compreensão ou compreender quando estão se referindo a intuição e intuir (o que nem sempre é percebido por um leitor incauto). No sentido estrito com que se emprega em psicologia, muito mais que simplesmente entender (estabelecimento de conexões explicativas), compreender significa apreensão empática (sempre mais ou menos intuitiva) da essência de um objeto, seja uma coisa material, um processo ou um construto. O Problema Cognitivo da Verdade O problema cognitivo da verdade é um dos problemas mais importantes da teoria do conheciment, notadamente da Epistemologia, pela própria natureza desta discipina. Há de ser mais detalhado no capítulo seguinte, contudo algumas informações devem ser adiantadas aqui. A possibilidade de saber a possibilidade de verdade (na natureza, na sociedade ou nos seres humanos e em seu pensamento) ou a de estabelecer um certo teor ou probabilidade de verdade em uma proposição, em um conhecimento ou em uma informação, talvez seja o mais candente dos problemas de ciência em geral e da epistemologia, em particular. Entendendo-se a epistemologia (ou teoria do conhecimento científico) como ramo da gnosiologia que estuda a construção do conhecimento científico. E a gnosiologia (ou teoria do conhecimento) como o ramo da filosofia que trata do conhecimento em geral. A possibilidade de uma informação ser verdadeira é avaliada em termo de veracidade e
  • 28. verossimilitude e medida em termos de probabilidade. A veracidade (grau de verdade contida em uma assertiva), a verossimilitude (probabilidade de ser igual ao verdadeiro) e as possibilidades heurísticas e preditivas da observação são reconhecidamente inferiores ao da experimentação. Provavelmente por causa disto, a observação seja considerada como aplicação metodológica secundária e desimportante na ciência por quem emprega a experimentação. Analogamente, por sua maior probabilidade de veracidade demonstrada com seu emprego nas ciências naturais, a experimentação vem sendo considerada por muitos como o instrumento natural da verificação, mas alguns radicalizaram demais esta tendência, e para estes, o método experimental é tido como o único instrumento da verificação, portanto, desqualificando-se e excluindo-se a observação do arsenal da metodologia científica destinada à comprobabilidade. Pela influência desta influência da ideologia naturalista e de interesses materiais concretos de muitos investigadores (como o acesso às verbas de pesquisa de organismos oficiais ou privados), a experimentação foi promovida por muitos a metodologia exclusiva das ciências factuais, restando à observação, no máximo, o papel secundário de possibilitar o levantamento das hipóteses a serem verificadas experimentalmente. Pretender que somente a experimentação deva ser considerada como metodologia respeitável, financiável ou aceitável é uma tendência ideológica que deve ser combatida por sua parcialidade. Esta tendência integra a chamada ideologia neo-naturalista e pretende fazer crer que as ciências naturais são o modelo obrigatório para as demais e que a metodologia das ciências sociais seria insuficiente para produzir verdades científicas. Na Medicina esta ideologia se revela muito claramente no esforço, muitas vezes comovente de seus autores, de apresentar a epidemiologia, uma típica interciência de fronteira entre as ciências sociais e as biológicas, como ciência natural. O mesmo acontece com o assim chamado método clínico.
  • 29. O teor de verdade reconhecido em uma proposição é denominado veracidade. Enquanto que a semelhança de uma proposição com a verdade se denomina verossimilitude. Os filósofos que se contentam com a verossimelhança ou verossimilitude cognitiva (conceitos que se referem à aparência de veracidade), como acontece com os fenomenistas em geral, pretendem ser impossível ter certeza na identidade com a realidade como critério de veracidade de um conceito ou de uma proposição, pois têm a realidade como algo inacessível. Enquanto que muitos os realistas e os materialistas confiam na possibiolidade desta relação existir e ser reconhecida. Sustentam que tal correlação pode ser verificada pela avaliação dos critérios empregados em seu estabelecimento. O que transforma o problema epistemológico em um problema metodológico. Outros, pretendem que os métodos e critérios de verossimilitude devem ser tidos por suficientes desde que forneçam a maior probabilidade possível de consonância coma realidade. O principal problema teórico aparecido aqui consiste em verificar se basta existir semelhança entre o pensamento e a realidade ou se esta relação que caracteriza a existência da verdade deve ser, necessariamente, de identidade. Se, para ser considerado verdadeiro, basta que um conceito ou uma proposição se assemelhe com a realidade ou se deve ser idêntico a ela. Considerar as diferenças entre os conceitos de semelhança e identidade parece ser o fulcro desta questão. Acontece que o conceito de semelhança (ou similitude) entre o pensamento e a realidade a que ele se refere é, além de impreciso, icapaz de satisfazer a definição de veracidade e, muito menos ainda, o de identidade. Porquanto, desde outro lado, a certeza de identidade entre os dois, parece ser impossível de se obter em um número muito grande de casos, senão em todos eles. Já que os conceitos de semelhança e identidade se mostram incapazes de permitir o estabelecimento da veracidade e como a veracidade é importante para estabelecer o conhecimento comum (gnose, do gr. gnosis) em conhecimento científico (ou verdadeiro,
  • 30. episteme), tratouse de estabelecer um novo critério: o de correspondência entre o pensamento expresso por um conceito ou uma proposição, e a realidade. E a correspondência se expressa pelo critério que for considerado como mais confiável e mais válido em cada caso concreto. Neste caso, a possibilidade de conhecer a verdade em um conceito ou em uma proposição se expressa por uma de duas maneiras: - pela consonância com a realidade ou - pela probabilidade de ser verdadeira ou pela satisfação dos critérios lógicos ou convencionados que devam ser considerados finais e irrevogáveis para o seu estabelecimento. Situações que confluem para o critério de verdade como coerência, como mostra Adjukiewicz), 2 quando se atinge a verdade por meios lógicos, como se faz na demonstração de uma equação ou de uma argumentação lógica. Outro fato que parece claro é que o critério final e irretorquível de estabelecimento da veracidade não é igual em todos casos. Tal critério de verdade depende do tipo de verdade a ser considerado: a verdade factual (a correspondência com a realidade); a verdade lógica (a racionalidade lógica da conclusão inferida em um raciocínio); a verdade convencional (a fidelidade com o convencionado) e a verdade narrativa (mais ou menos influenciada pela subjetividade do narrador). Como se pode verificar, cada tipo de conhecimento impõe seu critério de verdade. Como se há de ver adiante. Para os dialéticos existem três critérios de verdade: - o critério ideal (coerência das proposições) que é usado nas ciência formais; - o critério factual (compatibilidade com a realidade), típico das ciências factuais; e - o critério convencional (o que foi convencionado como realidade), como os nomes das 2 Adjukiewicz, K., Introducción a la Filosofia (p. 26).
  • 31. pessoas e das coisas, por exemplo. Noutro plano de avaliação o conceito de verdade pode conter diversos significados na dependência do tipo de disciplina em que esteja sendo tratada: em gnosiologia e em epistemologia, como já se viu, a verdade se opõe ao erro; quando se estuda lógica, a verdade se opõe à contradição; quando se trata de uma convenção, a verdade se opõe ao não convencionado; nos estdos ontológicos, opôe-se à falsidade; enquanto que em moral e em ética, coloca-se em oposição à mentira (desde que deliberada, pois uma inverdade involuntária, quando avaliada moral eou eticamente, configura um engano).