1. 1
Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica
1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
1.2. Análise comparativa de duas teorias explicativas do
conhecimento
Regência nº 13
2º Período
11º C
Orientadora Cooperante:Dr.ª Blandina Lopes
Professora Estagiária:Rafaela Francisca Cardoso
Porto, 2016
2. 2
Dados de Identificação
Disciplina: Filosofia Ano de Escolaridade: 11º Turma: C
Tema: O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica
Unidade: Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
Subunidade: Análise comparativa de duas teorias explicativas do
conhecimento
Sumário: Sistematização do tema: racionalismo vs empirismo. Breve
referência ao dogmatismo vs ceticismo e ao fundacionalismo.
Introdução ao estudo do Racionalismo de René Descartes.
Data: 11/03/2016 Duração: 50 minutos Regência nº: 13 Lição nº: 66
Objetivos gerais:
Compreender os problemas relativos á definição de
conhecimento como relação entre um sujeito e um objeto;
Caracterização e análise de duas teorias explicativas do
conhecimento;
Confrontar duas possibilidades do conhecimento: dogmatismo
vs ceticismo;
Introduzir e enquadrar o racionalismo de René Descartes,
introduzindo-se através do método.
Objetivos específicos:
Caracterizar o racionalismo e o empirismo, relacionando-os
com o fundacionalismo;
Contrapor o “dogmatismo” do “ceticismo”, tendo em conta as
várias aceções dos termos;
Compreender, de forma introdutória, o método de Descartes.
3. 3
Conteúdos
Programáticos
Objetivos/Competências Conceitos nucleares Recursos/Estratégias Avaliação Tempo
- O conhecimento e a
racionalidade
científica e
tecnológica:
1. Descrição e
interpretação da
atividade cognoscitiva
1.1. Estrutura do ato de
conhecer
1.2. Análise
comparativa de duas
teorias explicativas do
conhecimento
Caraterizar o
Racionalismo e o
Empirismo como duas
teorias explicativas do
conhecimento;
Compreender a
correlação patente do
fundacionalismo tanto
no que se refere ao
racionalismo como ao
empirismo;
Ceticismo;
Conhecimento;
Crença;
Dogmatismo;
Empirismo;
Fundacionalismo;
Juízo a posteriori;
Juízo a priori.
Sumário;
Computador (programa
Microsoft PowerPoint);
Textos para análise
intitulados por: “O
Racionalismo e o
Empirismo”; “A estrutura do
conhecimento e justificação –
o fundacionalismo;
Pontualidade;
Material;
Integração com os
colegas;
Comportamento;
Participação
pertinente
(autónoma e
apropriada);
5 min
15min
20 min
10 min
4. 4
Diferenciar duas
possibilidades do
conhecimento:
Dogmatismo vs.
Ceticismo;
Compreender a
importância do
racionalismo
cartesiano na temática
do conhecimento.
Manual adotado: Borges, J.F.,
Paiva, M., & Tavares, O (s.d).
Contextos Filosofia 11º Ano.
Porto: Porto Editora. Pp (145
– 154);
Conclusões a ditar aos
estudantes;
Vídeo - A história da
Matemática (fonte: BBC).
Adequação e
articulação dos
conceitos
previamente
adquiridos;
Rigor e qualidade
das respostas
dadas.
5. 5
Fundamentação científica
A presente aula insere-se na unidade IV – O conhecimento e a racionalidade
científica e tecnológica, mais especificamente o tema 1 – Descrição e interpretação da
atividade cognoscitiva: análise comparativa de duas teorias explicativas do
conhecimento.
No seguimento de aulas anteriores, a aula terá inicio por forma a sistematizar as
duas escolas de pensamento que na história da epistemologia estiveram fortemente
ligadas sobre os problemas da origem e da possibilidade do conhecimento, ou seja,
tem que ver com o que constitui o meio fundamental para se conhecer, bem como o
valor inerente a esse conhecimento, nesta medida, uma das escolas é escola
racionalista e a outra é a escola “empirista”.
Sendo que a racionalista, de um modo sistematizado, defende que a razão é a
principal fonte responsável pelos nossos conhecimento, sendo o seu paradigma a
matemática e a lógica, onde verdades logicamente necessárias e universalmente
válidas chegam por inferência dedutiva – sendo o conhecimento a priori
determinante, enquanto que por oposição, o empirismo defende, e aqui mais uma vez
de forma breve, que é a experiência sensível, ajudada, quando necessário, por
instrumentos, a fonte do nosso conhecimento – sendo o conhecimento a posteriori
determinante. Neste sentido, serão introduzidas duas possibilidades de conhecimento,
pois não parece correto afirmar que o conhecimento não é possível, afinal todos
conhecemos alguma coisa seja acerca de nós próprios ou do mundo que nos envolve.
Desta forma, questionar a possibilidade de conhecimento é o mesmo que
questionar se o sujeito é capaz de apreender efetivamente o objeto, como resposta a
este questionamento sobre a possibilidade ou impossibilidade de conhecimento,
encontramos o dogmatismo e o ceticismo, como o dogmatismo se insere na linha
racionalista, este vai responder de imediato que sim: o sujeito é capaz de apreender
“Umas pessoas dizem que só o que vem dos sentidos é
verdadeiro, outras dizem que só é verdadeiro o que é
inteligível, outras dizem que alguns objetos dos sentidos e
alguns objetos inteligíveis são verdadeiros. Poderão eles
afirmar, então, que a controvérsia pode ser decidida?”
-Sexto Empírico
6. 6
efetivamente o objeto, afinal “é para ele naturalmente compreensível que o sujeito, a
natureza cognoscente, apreende o seu objeto.”1; ao contrário, o ceticismo responde, na
sua forma radical, que essa possibilidade é, por eles, negada totalmente.
O dogmatismo, relacionando-se implicitamente com o racionalismo e, portanto,
baseando-se num conhecimento a priori, consiste essencialmente na crença de que o
ser humano é capaz de atingir o conhecimento verdadeiro, absoluto e evidente. Por
outro lado, o ceticismo, tendo que ver implicitamente com o empirismo e, portanto,
baseando-se no conhecimento a posteriori, consiste em colocar a dúvida à
possibilidade do ser humano atingir conhecimentos absolutos e absorvidos como
efetivamente certos.
Ao falarmos em empirismo ou em racionalismo, é importante ter em conta que
ambas as possíveis origens do conhecimento, têm o seu enquadramento naquilo a que
se pode chamar fundacionalismo, representando os mesmos (racionalismo e
empirismo), dois tipos de fundacionalismo diferentes. Na medida em que, o
fundacionalismo é essencialmente uma perspetiva segundo a qual o conhecimento se
ergue e desenvolve a partir de fundamentos certos, seguros, indubitáveis, sendo esses
fundamentos as crenças básicas (crenças essas que não carecem de justificação e
assim podem justificar as crenças não-básicas, sem que seja necessário apresentar
razões adicionais que as justifiquem).
Desta forma, a valorização das crenças básicas passa pelo facto de que estas são
capazes de justificação que dê termino à regressão infinita de justificação, pois
autojustificam-se, servindo como base sólida sobre a qual podemos edificar as nossas
restantes crenças. Os fundacionalistas, comparam assim o conhecimento a um edifício
que, de modo a não ruir, deve se alicerçar em crenças autoevidentes.
Estas questões, relativas ao problema da origem do conhecimento, bem como do
problema da possibilidade do mesmo, serão trabalhadas com maior profundida em
aulas próximas, através da exposição do pensamento de dois filósofos que aludem,
respetivamente, e de forma exemplar, ao racionalismo e ao empirismo: fundando-se
assim, um filósofo nas bases do dogmatismo e outro, por oposição, nas bases do
ceticismo. Trabalharemos então no decorrer das seguintes aulas, dois filósofos que se
1 Retirado do manual adotado: J. Hessen. (1960). Teoria do Conhecimento. Coimbra: Arménio Amado,
p.37.
7. 7
debruçam sobre toda a temática acerca da possibilidade do conhecimento: René
Descartes e David Hume.
Será, na presente aula, feita uma introdução ao primeiro filósofo aqui enunciado:
René Descartes, filósofo francês (1596-1650), tem destaque no programa de Filosofia
e, portanto adquire total pertinência dando continuidade aos conteúdos que o
antecedem, nomeadamente, pela forma explicita a que nos alude ao racionalismo e,
portanto, ao dogmatismo como primazia de uma das suas descobertas de que há algo
que de não precisamos de duvidar, portanto, assume a existência do conhecimento
verdadeiro e inato. Esta introdução ao filósofo francês será feita inicialmente com
alusão à sua biografia para que os estudantes se sintam enquadrados para,
posteriormente, em aulas seguintes assimilarem os conteúdos referentes ao próprio
com maior flexibilidade e rigor.
Esta introdução ao modelo cartesiano será feita através do recurso a vídeo:
subdividindo-se em dois, um retrata então a biografia principal de Descartes, sendo
essa apresentação feita pelo próprio e, de seguida, será apresentado um outro vídeo
(fonte BBC) que pretende ilustrar o processo do seu método inspirado na matemática,
considerando-a Descartes capaz de com as suas proposições exatas, assumir um
caráter evidente ao conhecimento, e assim, alcançar uma verdade indubitável que
tanto desejava e ansiava.
Através da dúvida cartesiana, momento fundamental do método, Descartes
recusará todas as crenças em que notarmos a menor suspeita de incerteza, desta
forma, é necessário colocar tudo em causa: o processo é fundamentalmente a busca
por princípios fundamentais e indubitáveis, pressupondo um corte radical com os
fundamentos do conhecimento, como refere Nigel Warburton, “a resposta mais
famosa e importante à questão cética foi dada por Descartes.”2
Em toda estes conteúdos programáticos que têm vindo a ser abordados em aula,
é fundamental que se compreenda a importância da reflexão crítica e da vontade de ir
mais além do que consideramos serem as nossas limitações, ter em conta a não
aceitação do que nos é imposto sem fundamento aparente, procurando sempre uma
verdade fundacional, não nos encontrássemos nós na Filosofia, a sempre amiga fiel da
sabedoria.
2 Warburton, N. (2007). Elementos básicos da filosofia. Lisboa: Gradiva. Trad. Desidério Murcho e
Aires de Almeida.
8. 8
Fundamentação pedagógico-didática
A presente aula insere-se na unidade IV – O conhecimento e a racionalidade
científica e tecnológica, mais especificamente o tema 1 – Descrição e interpretação da
atividade cognoscitiva: análise comparativa de duas teorias explicativas do
conhecimento. Os recursos/estratégias pensados têm em consideração os conteúdos
programáticos a abordar e os objetivos propostos.
É importante referir que a presente aula dá continuidade aos conteúdos relativos
às duas doutrinas filosóficas: racionalismo e empirismo. Num sentido de
sistematização dos mesmos, será projeto um quadro síntese com as ideias
fundamentais abordadas na aula anterior acerca do texto de Johannes Hessen, retirado
da obra “Teoria do Conhecimento”, por forma a compreender se os estudantes
assimilaram bem o conjunto do texto, posteriormente à análise do mesmo que já tinha
sido trabalhada anteriormente em aula.
Seguidamente, será introduzida a explicitação no que concerne ao dogmatismo,
bem como ao ceticismo e ainda às diferenças claras que residem entre os dois, numa
linha de continuidade da sistematização feita anteriormente, interligando
sucessivamente racionalismo e dogmatismo, tal como ceticismo e empirismo. Esta
explicitação será trabalhada com recurso a PowerPoint, uma vez que é considerado
um recurso pertinente devido à variabilidade de conteúdos didáticos que permite
inserir.
Como é de notar, tomar-se-á como uso recorrente o meio visual, que nesta aula,
será essencialmente utilizado para que se enquadre de forma mais consistente e
“A disciplina é, pois, meramente negativa, a saber, a ação pela
qual se remove o elemento selvagem do homem; a instrução é,
pelo contrário, a parte positiva da educação.”
- Immanuel Kant
9. 9
espontânea uma relação estudante - professor estagiário ao longo da apresentação e
explicitação dos presentes conteúdos. Sendo particularmente utilizado em momentos
de exposição de conteúdos fundamentais, no qual se pretende suscitar nos discentes o
interesse por um conjunto de pressupostos teóricos que possibilitem a compreensão
do todo no que se refere ao “sumo” desta aula.
Dois dos presentes slides do PowerPoint em questão irão conter definições
breves, estas retiradas do Dicionário Escolar de Filosofia, com o objetivo de que os
estudantes compreendam de forma diferente e mais clara o que caracteriza e distingue
o dogmatismo e o ceticismo.
De seguida, será distribuído um texto de Célia Teixeira, retirado da obra
intitulada por “Uma Introdução por Disciplinas”, que tem por objetivo introduzir o
fundacionalismo. A opção de recurso a texto é muito fluente e, de todo, pertinente nas
aulas de Filosofia, na medida em que, este permite uma reflexão crítica e, portanto
mais aprofundada, dos conteúdos por parte dos estudantes. Além de que possibilita
uma discussão mais alargada acerca de determinada ideia, o que por si, é bastante
enriquecedor tanto no conhecimento, como no desenvolvimento integral da turma.
Nesta linha do trabalho de texto em sala de aula, considero ainda relevante,
destacar que o mesmo “(...) permitirá apreciar as capacidades de detetar elementos
essências tais como: tema/problema, tese/posição do autor, argumentos/provas
despendidos e também apreciar as capacidades de contrapor posições alternativas e
explicitar argumentos/provas pertinentes”.3
No termo da leitura, proceder-se-á à leitura individual por parte dos estudantes,
para depois ser mais fácil que estes compreendam o texto com clareza, para posterior
leitura e análise conjunta. Na possibilidade de um diálogo sobre o texto, que visa um
sentido de procura e de uma reflexão consistente que vá de encontro aos conteúdos
que motivam a aula.
O professora irá incidir o foco de todo o diálogo, para que os estudantes
alcancem, desde logo, um entendimento acerca do que caracteriza o fundacionalismo,
numa linha justificativa que procura responder ao porquê do racionalismo e do
empirismo se enquadrarem naquilo a que podemos então chamar fundacionalismo e
que mostra como uma estrutura que se ergue e desenvolve a partir de fundamentos
certos, seguros e indubitáveis.
3 Henriques, F., Vicente, J., Barros, M. (2001). Programa de Filosofia 10 e 11º Anos, pág. 23
10. 10
Por fim, e de modo a introduzir o filósofo francês René Descartes como
ilustração clara do racionalismo (dogmatismo), serão projetados dois vídeos, estes
pretendem suscitar interesse por parte dos estudantes, sendo um recurso com
potencialidades a nível áudio e visual, uma vez que, “também os meios audiovisuais
podem ser objeto de múltiplas utilizações na aula de Filosofia e contribuírem para o
desenvolvimento de diversas competências”. 4
A aula irá ser conduzida pela apresentação dos conteúdos teóricos em
PowerPoint, em consonância com o diálogo orientado5, tendo sempre em linha de
conta, a ambiguidade que a mesma comporta e, por isso, é fundamental um particular
cuidado para que os conteúdos sejam, ou cheguem ao estudantes, de forma cuidada.
Pois como sugeriu João Boavida, “a tentativa de proporcionar o ensino-
aprendizagem da filosofia através de um projeto a levar a efeito, cria uma relação
diferente do aluno com os problemas, uma abordagem pessoal, motivada e dinâmica,
que se aproxima mais daquilo que a filosofia deve ser, do que a transmissão de
conteúdos.”6 Projeto este que pode e deve ser encarado por um professor que tem
como objetivo primário a aprendizagem efetiva nos mais variados níveis dos seus
estudantes.
4 Idem, p. 18
5 A utilização da estratégia de diálogo orientado tem como objetivo atenção à linguagem como papel
ativo de umcaminho mais fácil até à compreensão. Como sugere Manuel Maria Carrilho, “a linguagem
é vista como sendo sempre, no seu uso, resolução de problemas”.
6 Boavida, J. (2010). Educação Filosófica – Sete Ensaios. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra.
11. 11
Bibliografia
Abagnano, N. (1998). Dicionário de Filosofia. Ed. Martins Fontes. São Paulo.
Abrunhosa, M., Leitão, M. (2008). Um outro olhar sobre o mundo. Porto:
Edições ASA.
Almeida, A. (2003). Dicionário Escolar de Filosofia. Lisboa: Plátano Editora.
Almeida, A. (2007). Arte de Pensar 11º ano – Vol. 2. Lisboa: Didática
Editora.
Almeida, A., Murcho, D. (2014). 50 Lições de Filosofia 11.º Ano. Didática
Editora.
Amorim, C., Pires, C. (2012). Percursos 11º Ano. Areal Editores.
Boavida, J. (2010). Educação Filosófica – Sete Ensaios. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra.
Borges, J.F., Paiva, M., &Tavares, O. (2014). Novos Contextos 11º Ano.
Porto: Porto Editora.
Damásio, A. (2011). O Erro de Descartes. Editor: Temas e Debates.
Descartes, R. (2008). Discurso do Método. Textos filosóficos: edições 70.
Descartes, R. (2010). Os Princípios da Filosofia. Filosofia e Ensaios:
Guimarães Editores.
Henriques, F., Vicente, J., Barros, M. (2001). Programa de Filosofia 10 e 11º
Anos.
Khun, T. (1996). A Estrutura da revolução científica. São Paulo: Perspectiva.
Silva, M. R. (1978). O mito cartesiano e outros ensaios. São Paulo: Hucitec.
Warburton, N. (1998). Elementos Básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva.
22. 22
Anexo II – Slides do PowerPoint utilizado na presente aula
A N Á LISE C O M PA RA TIVA D E D UA S TEO RIA S
EXPLIC A TIVA S D O C O N HEC IM EN TO
DESCRIÇÃO E INTREPRETAÇÃO DA
ATIVIDADE COGNOSCITIVA
11ºano
CONCLUSÕES
Racionalismo (de ratio = razão)
• Um c o n h e c im e n t o só m e re c e n a
re a lid a d e e st e n o m e , q u a n d o é
logicamente necessário e universalmente
válido;
• Posição epistemológica/ gnosiológica que
vê no pe nsa me nto / ra zã o, a fo nte
exclusiva do conhecimento (verdadeiro);
• Pe rsp e t iv a c rít ic a : é u m m o d e lo
exclusivista / redutor e dogmático;
• A m a te m á tic a c o m o m o d e lo d e
conhecimento.
Empirismo (empiria = experiência)
• Todos os nossos conceitos (mesmo os mais
g e ra is e a b st ra t o s) p roc e d e m d a
experiência );
• O fundamento do conhecimento é a
experiência ;
• O c onhec imento do mundo obtém-se
através de impressões sensoriais;
• A consciência cognoscente tira os seus
c o n t e ú d o s e x c l u si v a m e n t e d a
experiência ;
• As ciências naturais como modelo de
conhecimento.
(Texto 1)
23. 23
Os empriricos, à maneira das formigas, acomodam
e usam as previsões; os racionalistas, à maneira das
aranhas, extraem de si mesmos o que lhes serve
para a teia ; a abelha apresenta a posiç ão
intermédia: recolhe a matería prima das flores do
jardim e do campo e com os seus próprios recursos
a transforma e digere.
- Francis Bacon
24. 24
DOGMATISMO (DOGMA)
“ Uma afirmação ou teoria cujo partidário se recusa a
discutir e para a qual não apresenta quaisquer razões
sólidas. Por exemplo: quem defende que os animais não
têm direitos porque são animais, e se recusa a discutir o
tema, está a afirmar um dogma. Neste sentido, a filosofia, a
ciência e as artes opõem-se ao pensamento dogmático
dado que tendem a favorecer a diversidade e a discussão
aberta.”
In Dicionário Escolar de Filosofia
CETICISMO:
“ A perspectiva que nega total ou parcialmente a
possibilidade do conhecimento. De acordo com o
cético, se bem procurarmos, encontramos sempre boas
razões para duvidar mesmo das nossas crenças mais
fortes.”
In Dicionário Escolar de Filosofia
25. 25
(Texto 2)
FUNDACIONALISMO
O Conhec imento deve ser c onc ebido
como uma estrutura que se ergue e se
d esenvolve a p a rtir d e fundamentos
certos, seguros e indubitáveis.
RAZÃO
Combinação da
RAZÃO e da
EXPERIÊNCIA
EXPERIÊNCIA
RACIONALISMO EMPIRISMO
VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
A PRIORI
VALORIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO A
POSTERIORI
DESCARTES
1596-1650
q Nasceu na cidade francesa de La Haye
(Touraine);
q Filósofo, matemático e físico do séc. XVII;
q Principais obras:
ü Discurso do Método
ü Meditações
ü Geometria
ü Tratado da Luz
ü As paixões da Alma
q Designado como fundador da filosofia
moderna e «pai»da matemática
moderna, foi um dos pensadores mais
influentes da história da cultura
ocidental.
q Dá importância à Gnosiologia (Teoria do
Conhecimento)
26. 26
q Para Descartes, o desenvolvimento de uma nova ciência exige
um exame do conhecimento (a rejeição da física aristotélica que
ganhou força durante séculos e o reconhecimento das teorias de
Galileu);
q Descartes dispõe-se a compreender a causa daquilo que nos faz
erra r q ua nd o c onhec emos a lg o (remete p a ra a dúvida
metódica);
q Desconfia de todo o saber do seu tempo (desordenado e
baseado em falsos princípios) e debruça-se sobre as causas e
formas do erro desse conhecimento. Esse erro tem origem em
duas atitudes:
- prevenção
- precipitação
28. 28
Anexo III – Textos para análise em aula
Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
Ano letivo 2015-16
O Racionalismo e o Empirismo
“A posição epistemológica que vê no pensamento, na razão, a fonte principal do conhecimento humano, chama-se
racionalismo (de ratio=razão). Segundo ele, um conhecimento só merece na realidade este nome, quando é logicamente
necessário e universalmente válido. Quando a nossa razão julga que uma coisa tem que se assim e que não pode ser de
outro modo, que tem de ser assim, portanto, sempre e em todas as partes, então e só então, nos encontramos ante um
verdadeiro conhecimento, na opinião do racionalismo. Um conhecimento desse tipo apresenta-se-nos por exemplo quando
formulamos o juízo “o todo é maior do que a parte”, ou o juízo “todos os corpos são extensos”. Em ambos os casos vemos
com evidência que tem de ser assim e que a razão se contradizia a si mesma se quisesse sustentar o contrário. E porque
tem de ser assim, é também sempre e em todas as partes assim. Estes juízos possuem pois uma necessidade lógica e uma
validade universal rigorosa. (…) Formulamos o juízo “todos os corpos são extensos” representando o conceito de corpo e
descobrindo nele a nota de extensão. Este juízo não se funda pois em qualquer experiência, mas sim no pensamento. Daqui
resulta, portanto que os juízos fundados no pensamento, os juízos que procedem da razão, possuem necessidade lógica e
validade universal; os outros, pelo contrário, não a possuem. Todo o verdadeiro conhecimento se funda deste modo –
assim conclui o racionalismo –, no pensamento. (…)
Uma forma determinada do conhecimento serviu evidentemente de modelo à interpretação racionalista do
conhecimento. Não é difícil dizer qual é: é o conhecimento matemático. Este é, com efeito, um conhecimento
predominantemente conceptual e dedutivo. (…) O pensamento impera com absoluta independência de toda a experiência,
seguido somente as suas próprias leis. Todos os juízos que formula distinguem-se, além disso, pelas características da
necessidade lógica e da validade universal. (…)
O mérito do racionalismo consiste em ter visto e ter feito sobressair com energia o significado do factor racional
no conhecimento humano. Mas é exclusivista ao fazer do pensamento a fonte única ou própria do conhecimento. Como
vimos, isto harmoniza-se com o seu ideal de conhecimento, segundo o qual todo o verdadeiro conhecimento possui
necessidade lógica e validade universal. Mas justamente este ideal é exclusivista, pois é tirado de uma forma determinada
do conhecimento, do conhecimento matemático. Outro defeito do racionalismo (…) consiste em respirar do espírito do
dogmatismo. (…)
O empirismo (de empeiria=experiência) opõe-se à tese do racionalismo (segundo a qual o pensamento, a razão, é a
verdadeira fonte de conhecimento), a antítese que diz: a única fonte de conhecimento humano é a experiência. (…) A
consciência cognoscente não tira os seus conteúdos da razão; tira-os exclusivamente da experiência. O espírito humano
está por natureza vazio; é uma tabua rasa, uma folha em branco onde a experiência escreve. Todos os nossos conceitos,
incluindo os mais gerais e abstratos, precedem da experiência.
Enquanto o racionalismo se deixa levar por uma ideia determinada, por uma ideia de conhecimento, o empirismo
parte dos factos concretos. (…) Enquanto os racionalistas procedem da matemática a maior parte das vezes, a história do
empirismo revela que os seus defensores procedem quase sempre das ciências naturais. Isto é compreensível. Nas ciências
naturais a experiência representa o papel decisivo. Nelas trata-se sobretudo de comprovar exatamente os factos, mediante
uma cuidadosa observação. O investigador está completamente entregue à experiência. É muito natural que quem trabalha
de preferência ou exclusivamente com este método das ciências naturais, tenha tendência para de antemão colocar o factor
empírico sobre o racional. Enquanto que o filósofo de orientação matemática chega facilmente a considerar o pensamento
como fonte única do conhecimento, o filósofo que vem das ciências naturais tenderá para considerar a experiência como
fonte e base de todo o conhecimento humano. (…)
O significado do empirismo para a história do problema do conhecimento consiste em ter assinalado com energia
a importância da experiência perante o desdém do racionalismo por este factor do conhecimento. Mas o empirismo
substitui um extremo pelo outro, fazendo da experiência a única fonte do conhecimento.»
Hessen, Johannes. (1980). Teoria do conhecimento. Adaptado. Pp. 60-68.
*O empirismo insere-se numa perspetiva cética moderada quanto à possibilidade/limites do conhecimento.
*O ceticismo radical defende a impossibilidade total de conhecimento. O ceticismo moderado reconhece ser
possível conhecer parte da realidade, mas com limites, no caso do empirismo, os limites da experiência.
29. 29
Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
Ano letivo 2015-16
A estrutura do conhecimento e justificação - o fundacionalismo
O debate sobre a estrutura do conhecimento e justificação é antes de mais um debate
que defende que o conhecimento requer justificação, pois sem justificação (epistémica) não há
conhecimento. Quando perguntamos se uma crença está justificada, queremos saber que
razões existem para acreditar que essa crença é verdadeira. Quanto mais fortes forem as razões
de alguém a favor da verdade de uma determinada crença, maior é o seu suporte epistémico,
ou maior é o nível de justificação dessa crença. Se a cadeia justificativa regride ao infinito as
nossas crenças parecem não estar justificadas. Existem várias teorias da justificação, mas uma
das mais comuns e a presente quer no racionalismo quer no empirismo é o fundacionismo.
De acordo com o fundacionalismo, as crenças justificadas são estruturadas da mesma
forma que um edifício: elas estão divididas numa fundação e numa superestrutura que se
sustenta nessa mesma fundação. A fundação é constituída por crenças básicas ao passo que a
superestrutura é constituída por crenças não básicas, as quais recebem a sua justificação a
partir das crenças básicas da fundação. Mas podemos colocar o problema destas crenças não
poderem ser válidas porque carecem elas mesmas de justificação. Para o fundacionalismo as
crenças “base” são autojustificáveis. Existem assim crenças fundacionais ou básicas ou
crenças não inferencialmente justificadas e as crenças não básicas ou inferencialmente
justificáveis por outras crenças.
Fontes: TEIXEIRA, Célia. (2013). Epistemologia in Filosofia, Uma Introdução por Disciplinas. Lisboa. Edições 70, pp 99-
140.
Stanford: http://plato.stanford.edu/entries/epistemology/#WIK consultado a 23/01/2015
30. 30
Anexo IV – Textos para breve leitura do 1º parágrafo como forma de
enriquecimentos aos conteúdos trabalhados
31. 31
Anexo V – Conclusões a ditar
Dogmatismo:
O dogmatismo é, essencialmente, a corrente ideológica que defende podermos chegar
à verdade suma de algo. O dogmatismo filosófico pode ser visto como uma doutrina
fundamentada em princípios, através dos quais se chega à verdade, sem, contudo,
haver a necessidade de submeter, em qualquer momento do processo de
conhecimento, as conclusões à crítica ou à validação.
Ceticismo:
O ceticismo pode ser dito como a doutrina filosófica que defende a incapacidade da
mente humana de chegar, com certeza plena, a alguma verdade geral ou especulativa.
Subdividindo-se:
O ceticismo pirroniano ou absoluto, defende que é impossível o sujeito
conhecer verdadeiramente qualquer coisa, pois, segundo este, nós não
somos capazes de desenvolver um entendimento intelectual do objeto.
O ceticismo mitigado, contudo, não estabelece a impossibilidade
absoluta do conhecimento, porém como irrealizável a construção de
um saber exato, de modo que não se pode afirmar se um juízo é certo
ou errado, mas apenas se ele é ou não verosímil.
32. 32
ANEXO VI – Grelha de observação/avaliação dos estudantes