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Em 1843, antes da estreia de Frei Luís de Sousa, Garrett leu, em conferência, a “Memória ao
Conservatório Real”, texto onde o autor apresenta a obra, e explica a escolha da classificação
da sua obra – Drama (os sentimentos são levados ao extremo).
Neste sentido, referiu que se contentou para a sua obra «com o título modesto de drama» e
classificou-a como uma «composição de forma e índole nova». Conclui-se, assim, que Frei Luís
de Sousa é um drama quanto à forma e uma tragédia quanto ao conteúdo.
De acordo com a classificação de Frei Luís de Sousa, a peça apresenta características que a
aproximam quer do drama romântico quer da tragédia clássica.
Principais características do drama romântico:
• drama em prosa;
• apologia da liberdade poética em relação ao rigor histórico (adaptações da história);
• valorização da identidade nacional (patriotismo);
• valorização do indivíduo e seu drama;
• sebastianismo;
• a crença em agouros e superstições populares;
• referência constante ao cristianismo;
• missão social (vertente didática);
• relação entre a problemática política e os problemas individuais.
Principais características trágicas da obra:
• número reduzido de personagens;
• personagens de elevado estatuto social e moral-nobreza;
• desperta sentimentos de terror e piedade;
• presença de momentos e presságios trágicos;
• concentração espacial: afunilamento progressivo do espaço (Palácio Manuel Sousa
Coutinho-» Palácio D. João Portugal -» Parte Baixa do Palácio de D. João -» Capela)
• concentração temporal: a ação desenrola-se em pouco mais de uma semana,
vereificando-se o afunilamento do tempo (sexta-feira);
• presença de elementos trágicos: hybris, ágon, peripeteia, ananké, pathos, climax,
anagnorisis, katastrophé.
Elementos da Tragédia Ação trágica em Frei Luís de Sousa
Hybris (desafio)
D. Madalena de Vilhena apaixonou-se
por Manuel de Sousa Coutinho ainda
casada com D. João de Portugal.
Casamento de D. Madalena com Manuel
(incerteza quanto à morte do primeiro
marido)
Incendio do palácio (desafio às leis
políticas).
Ágon (conflito/dilema)
D.Madalena: culpada por amar Manuel
ainda casada com D. João.
Telmo Pais: dividido entre o amor por
Maria de Noronha e por D. João.
Peripeteia (peripécia/mudança)
O incendio provoca a mudança de
palácio: precipitação dos
acontecimentos.
A chegada do romeiro (D. João) : altera a
ordem familiar.
Ananké (destino)
Comanda inexoravelmente o destino das
personagens: o incendio do palácio de
Manuel de Sousa serve para encaminhar
as personagens até ao ponto em que o
destino as quer apanhar: a casa de D.
João de Portugal.
Pathos (sofrimento)
O sofrimento atinge todos os
protagonistas: D. Madalena (culpas e
dúvidas angustiantes); Manuel de Sousa
(revolta e indignação, sofre pela filha);
Telmo Pais (angústias); Frei Jorge (sofre
pela família); Maria de Noronha (a
doença, os presságios, o sofrimento
final).
Climax (auge) Final do Ato II: o romeiro informa que D.
João se encontra vivo.
Anagnorisis (reconhecimento) A identificação do romeiro como sendo
D. João de Portugal.
Katastrophé (catástrofe)
A morte de Maria de Noronha.
Separação do casal e morte para o
mundo.
Indícios Trágicos
Os indícios trágicos são sinais da fatalidade que se avizinha ou pressente. Os indícios ou
presságios podem surgir sob a forma de acontecimentos, comportamentos, comentários,
alusões ou informações que nem sempre são entendidos pelas personagens como sinais de
tragicidade.
Ao longo da ação de Frei Luís de Sousa, há várias situações e elementos que contribuem para a
criação de um ambiente de medo e de suspeita e que funcionam como uma espécie de
preparação para o desenlace trágico.
Exemplos:
• Leitura dos versos do episódio de Inês de Castro de Os Lusíadas, Luís de Camões: fim
trágico dos Amores.
• A idade de Maria: 13 anos.
• O Sebastianismo: a crença no regresso do rei/ a crença de Telmo no regresso de D. João
de Portugal.
• O retrato de Manuel de Sousa que é consumido pelas chamas: destruição.
• A mudança para o Palácio de D. João de Portugal: pronúncio da desgraça.
• Os números 3,7,21.
• O tempo: sexta-feira.
• A situação dos Condes de Vimioso: Soror Joana.
A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
O patriotismo é um dos temas de Frei Luís de Sousa. A ação do drama é marcada pela situação
do País em fins do século XVI, época em que se encontra sob dominação de Espanha, e pelos
sentimentos de amor nacional que esta realidade política desperta nas personagens.
A situação política de Portugal tem grande importância na ação da peça, tendo em conta que D.
Manuel de Sousa Coutinho, Telmo e Maria desejam a independência do Reino e não aceitam a
governação espanhola; o protagonista recusa-se mesmo a colaborar com os governadores ao
serviço do rei estrangeiro e a afronta-os incendiando a sua própria casa.
Frei Luís de Sousa apresenta uma reflexão sobre a nação portuguesa, uma nação que tinha sido
grande mas que, na época histórica da ação do drama, perdera a soberania política e se
encontrava em estado de hibernação, esperando ressurgir… caso ainda fosse possível.
A peça constrói a ideia de que Portugal deixou de existir durante a Dinastia Filipina e é um mero
fantasma que alguns creem poder ressuscitar: o Reino perdeu a sua independência e espera
recuperá-la com a chegada de D. Sebastião, que, na verdade, morreu na Batalha de Alcácer-
Quibir.
A família de D. Manuel de Sousa Coutinho representa simbolicamente a tragédia coletiva de
Portugal. Os protagonistas, Maria e Telmo, anseiam pela liberdade e pelo ressurgimento da
pátria.
Por outro lado, o novo Portugal, representado por D. Manuel, D. Madalena e Maria, acaba por
não ser a solução para o problema da Nação, pois estas personagens morrem (física ou
simbolicamente) e com eles morre a esperança de futuro de um novo Paí
Mito do Sebastianismo
Devemos assinalar o patriotismo de Garrett, que exprime nesta peça o seu sentimento nacional,
o orgulho por temas pátrios e o seu combate pela liberdade.
A ação de Frei Luís de Sousa decorre vinte e um anos após a histórica Batalha de Alcácer-Quibir
(1578), em que morreu o rei D. Sebastião e parte da nobreza nacional.
A batalha teve consequências diretas na perda da soberania nacional, pois Portugal foi
politicamente anexado a Espanha em 1580, porque não havia descendentes.
O sebastianismo consiste, inicialmente, na crença de que o jovem rei, que morre em Alcácer-
Quibir, regressará não só para recuperar a independência de Portugal como também para dar
um novo impulso ao Reino a fim de conseguir que esta saia do estado de ruína e marasmo em
que se encontra.
Nesta vertente, trata-se de uma crença pois parte do princípio de que a salvação da pátria e de
um povo está nas mãos de uma figura (histórica ou lendária) e que ela fará renascer a Nação a
partir das cinzas e a conduzirá num caminho glorioso.
Em Frei Luís de Sousa, D. João de Portugal não regressa de Alcácer-Quibir, é feito prisioneiro e
só voltará vinte e um anos depois à Pátria, com D. Madalena casada em segundas núpcias,
desencadeando assim as consequências trágicas que se conhecem.
D. João alude simbolicamente a D. Sebastião, e o seu regresso serve para especular sobre as
consequências do regresso do antigo rei. Nesta peça de Garrett, o sebastianismo é perspetivado
de forma crítica e negativa.
Personagens:
ATO I – PALACIO MANUEL SOUSA COUTINHO
Logo no primeiro ato, sabemos que a ação se produz num espaço interior, num palácio, numa
câmara de habitação nobre, arejada e humanizada, uma divisão luminosa que constitui, como a
leitura comprova, o centro de uma vida familiar estável. Trata-se de um espaço íntimo e familiar.
Nesta sala, para além de elementos que apontam para um certo luxo e elegância, destaca-se um
objeto de considerável valor simbólico: um quadro, com um retrato masculino, um retrato de
um cavaleiro da Ordem de Malta, o dono da casa, Manuel de Sousa Coutinho. A descrição
minuciosa deste espaço de intimidade vem contribuir também para a integração da ação num
período histórico preciso, o século XVII, bem como para radicar as personagens numa
determinada classe social: a aristocracia
ATO II – PALÁCIO D.JOÃO DE PORTUGAL
Para impedir que a sua casa fosse ocupada pelos governantes espanhóis [...], Manuel de Sousa
Coutinho, homem bravo, corajoso, destemido e bom português, num gesto de coragem e
patriotismo lança fogo à sua habitação. [...] Aquele gesto de patriotismo e de heroísmo vai
revelar-se de uma maldade imensa, já que vai obrigar à mudança para um novo espaço: o Palácio
de D. João de Portugal. Há nesta mudança de espaço qualquer coisa de simbólico e claramente
fatal: ao regressar ao palácio do seu primeiro marido, D. Madalena está a dar um passo para
reencontrar o passado. E é Manuel de Sousa Coutinho que a lança nesse encontro com o
passado. E é Manuel de Sousa Coutinho que, imbuído de desmedido patriotismo, acaba por
acelerar o desfecho trágico. Ao calor, afeto e luminosidade que se desprendiam do primeiro
cenário, sucedem-se a frieza e a austeridade de um salão despido, pouco confortável, escuro,
sem qualquer marca de humanização. Também aqui, um paralelo que reside nos retratos,
figurações simbólicas de Camões, D. João de Portugal e D. Sebastião [...]. O palácio de D. João
de Portugal revela-se um espaço opressivo, um espaço que propicia a partilha de inquietações
interiores a Maria e a Telmo, um espaço que faz avolumar o clima trágico que se sente pairar
sobre aquela família desde o primeiro momento. Espaço de confidência, não deixa de ser
também um espaço de revelação e de reencontro com o passado, contribuindo para o avolumar
do “pathos”, sofrimento, que atinge o seu ponto culminante com o reconhecimento do Romeiro.
ATO III – PALÁCIO D.JOÃO DE PORTUGAL
Se a situação dramática do incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho originou a
mudança de espaço que ocorre do Ato I para o II, o que origina a mudança de cenário que se
verifica agora é este reconhecimento de um passado que surge num presente, a interpor-se à
realização de um futuro. É, assim, num espaço marcadamente religioso ainda mais austero,
fechado, frio e noturno do que o anterior que nos encontramos no início do terceiro e último
ato. A presença da cruz, símbolo do sacrifício de Jesus Cristo, aponta desde o princípio para um
sacrifício, neste caso o de toda uma família e para a ideia cristã de remição [...]. Ao contrário do
que fora hábito nos dois atos anteriores, no último ato assistimos ainda mais a uma diminuição
do espaço que nos é indicada pela didascália da cena X [...]. Podemos concluir que o fechamento
do espaço acompanha, em Frei Luís de Sousa, o avolumar da tragédia e que, à medida que esta
se vai revelando, os elementos profanos vão sendo progressivamente substituídos pelos
religiosos.
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Frei Luis de Sousa- Resumo R.pdf

  • 1. Em 1843, antes da estreia de Frei Luís de Sousa, Garrett leu, em conferência, a “Memória ao Conservatório Real”, texto onde o autor apresenta a obra, e explica a escolha da classificação da sua obra – Drama (os sentimentos são levados ao extremo). Neste sentido, referiu que se contentou para a sua obra «com o título modesto de drama» e classificou-a como uma «composição de forma e índole nova». Conclui-se, assim, que Frei Luís de Sousa é um drama quanto à forma e uma tragédia quanto ao conteúdo. De acordo com a classificação de Frei Luís de Sousa, a peça apresenta características que a aproximam quer do drama romântico quer da tragédia clássica. Principais características do drama romântico: • drama em prosa; • apologia da liberdade poética em relação ao rigor histórico (adaptações da história); • valorização da identidade nacional (patriotismo); • valorização do indivíduo e seu drama; • sebastianismo; • a crença em agouros e superstições populares; • referência constante ao cristianismo; • missão social (vertente didática); • relação entre a problemática política e os problemas individuais. Principais características trágicas da obra: • número reduzido de personagens; • personagens de elevado estatuto social e moral-nobreza; • desperta sentimentos de terror e piedade; • presença de momentos e presságios trágicos; • concentração espacial: afunilamento progressivo do espaço (Palácio Manuel Sousa Coutinho-» Palácio D. João Portugal -» Parte Baixa do Palácio de D. João -» Capela) • concentração temporal: a ação desenrola-se em pouco mais de uma semana, vereificando-se o afunilamento do tempo (sexta-feira); • presença de elementos trágicos: hybris, ágon, peripeteia, ananké, pathos, climax, anagnorisis, katastrophé. Elementos da Tragédia Ação trágica em Frei Luís de Sousa Hybris (desafio) D. Madalena de Vilhena apaixonou-se por Manuel de Sousa Coutinho ainda casada com D. João de Portugal. Casamento de D. Madalena com Manuel (incerteza quanto à morte do primeiro marido) Incendio do palácio (desafio às leis políticas).
  • 2. Ágon (conflito/dilema) D.Madalena: culpada por amar Manuel ainda casada com D. João. Telmo Pais: dividido entre o amor por Maria de Noronha e por D. João. Peripeteia (peripécia/mudança) O incendio provoca a mudança de palácio: precipitação dos acontecimentos. A chegada do romeiro (D. João) : altera a ordem familiar. Ananké (destino) Comanda inexoravelmente o destino das personagens: o incendio do palácio de Manuel de Sousa serve para encaminhar as personagens até ao ponto em que o destino as quer apanhar: a casa de D. João de Portugal. Pathos (sofrimento) O sofrimento atinge todos os protagonistas: D. Madalena (culpas e dúvidas angustiantes); Manuel de Sousa (revolta e indignação, sofre pela filha); Telmo Pais (angústias); Frei Jorge (sofre pela família); Maria de Noronha (a doença, os presságios, o sofrimento final). Climax (auge) Final do Ato II: o romeiro informa que D. João se encontra vivo. Anagnorisis (reconhecimento) A identificação do romeiro como sendo D. João de Portugal. Katastrophé (catástrofe) A morte de Maria de Noronha. Separação do casal e morte para o mundo. Indícios Trágicos Os indícios trágicos são sinais da fatalidade que se avizinha ou pressente. Os indícios ou presságios podem surgir sob a forma de acontecimentos, comportamentos, comentários, alusões ou informações que nem sempre são entendidos pelas personagens como sinais de tragicidade. Ao longo da ação de Frei Luís de Sousa, há várias situações e elementos que contribuem para a criação de um ambiente de medo e de suspeita e que funcionam como uma espécie de preparação para o desenlace trágico. Exemplos: • Leitura dos versos do episódio de Inês de Castro de Os Lusíadas, Luís de Camões: fim trágico dos Amores. • A idade de Maria: 13 anos. • O Sebastianismo: a crença no regresso do rei/ a crença de Telmo no regresso de D. João de Portugal. • O retrato de Manuel de Sousa que é consumido pelas chamas: destruição. • A mudança para o Palácio de D. João de Portugal: pronúncio da desgraça. • Os números 3,7,21. • O tempo: sexta-feira. • A situação dos Condes de Vimioso: Soror Joana.
  • 3. A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica O patriotismo é um dos temas de Frei Luís de Sousa. A ação do drama é marcada pela situação do País em fins do século XVI, época em que se encontra sob dominação de Espanha, e pelos sentimentos de amor nacional que esta realidade política desperta nas personagens. A situação política de Portugal tem grande importância na ação da peça, tendo em conta que D. Manuel de Sousa Coutinho, Telmo e Maria desejam a independência do Reino e não aceitam a governação espanhola; o protagonista recusa-se mesmo a colaborar com os governadores ao serviço do rei estrangeiro e a afronta-os incendiando a sua própria casa. Frei Luís de Sousa apresenta uma reflexão sobre a nação portuguesa, uma nação que tinha sido grande mas que, na época histórica da ação do drama, perdera a soberania política e se encontrava em estado de hibernação, esperando ressurgir… caso ainda fosse possível. A peça constrói a ideia de que Portugal deixou de existir durante a Dinastia Filipina e é um mero fantasma que alguns creem poder ressuscitar: o Reino perdeu a sua independência e espera recuperá-la com a chegada de D. Sebastião, que, na verdade, morreu na Batalha de Alcácer- Quibir. A família de D. Manuel de Sousa Coutinho representa simbolicamente a tragédia coletiva de Portugal. Os protagonistas, Maria e Telmo, anseiam pela liberdade e pelo ressurgimento da pátria. Por outro lado, o novo Portugal, representado por D. Manuel, D. Madalena e Maria, acaba por não ser a solução para o problema da Nação, pois estas personagens morrem (física ou simbolicamente) e com eles morre a esperança de futuro de um novo Paí Mito do Sebastianismo Devemos assinalar o patriotismo de Garrett, que exprime nesta peça o seu sentimento nacional, o orgulho por temas pátrios e o seu combate pela liberdade. A ação de Frei Luís de Sousa decorre vinte e um anos após a histórica Batalha de Alcácer-Quibir (1578), em que morreu o rei D. Sebastião e parte da nobreza nacional. A batalha teve consequências diretas na perda da soberania nacional, pois Portugal foi politicamente anexado a Espanha em 1580, porque não havia descendentes. O sebastianismo consiste, inicialmente, na crença de que o jovem rei, que morre em Alcácer- Quibir, regressará não só para recuperar a independência de Portugal como também para dar um novo impulso ao Reino a fim de conseguir que esta saia do estado de ruína e marasmo em que se encontra. Nesta vertente, trata-se de uma crença pois parte do princípio de que a salvação da pátria e de um povo está nas mãos de uma figura (histórica ou lendária) e que ela fará renascer a Nação a partir das cinzas e a conduzirá num caminho glorioso. Em Frei Luís de Sousa, D. João de Portugal não regressa de Alcácer-Quibir, é feito prisioneiro e só voltará vinte e um anos depois à Pátria, com D. Madalena casada em segundas núpcias, desencadeando assim as consequências trágicas que se conhecem. D. João alude simbolicamente a D. Sebastião, e o seu regresso serve para especular sobre as consequências do regresso do antigo rei. Nesta peça de Garrett, o sebastianismo é perspetivado de forma crítica e negativa.
  • 5. ATO I – PALACIO MANUEL SOUSA COUTINHO Logo no primeiro ato, sabemos que a ação se produz num espaço interior, num palácio, numa câmara de habitação nobre, arejada e humanizada, uma divisão luminosa que constitui, como a leitura comprova, o centro de uma vida familiar estável. Trata-se de um espaço íntimo e familiar. Nesta sala, para além de elementos que apontam para um certo luxo e elegância, destaca-se um objeto de considerável valor simbólico: um quadro, com um retrato masculino, um retrato de um cavaleiro da Ordem de Malta, o dono da casa, Manuel de Sousa Coutinho. A descrição minuciosa deste espaço de intimidade vem contribuir também para a integração da ação num período histórico preciso, o século XVII, bem como para radicar as personagens numa determinada classe social: a aristocracia
  • 6.
  • 7. ATO II – PALÁCIO D.JOÃO DE PORTUGAL Para impedir que a sua casa fosse ocupada pelos governantes espanhóis [...], Manuel de Sousa Coutinho, homem bravo, corajoso, destemido e bom português, num gesto de coragem e patriotismo lança fogo à sua habitação. [...] Aquele gesto de patriotismo e de heroísmo vai revelar-se de uma maldade imensa, já que vai obrigar à mudança para um novo espaço: o Palácio de D. João de Portugal. Há nesta mudança de espaço qualquer coisa de simbólico e claramente fatal: ao regressar ao palácio do seu primeiro marido, D. Madalena está a dar um passo para reencontrar o passado. E é Manuel de Sousa Coutinho que a lança nesse encontro com o passado. E é Manuel de Sousa Coutinho que, imbuído de desmedido patriotismo, acaba por acelerar o desfecho trágico. Ao calor, afeto e luminosidade que se desprendiam do primeiro cenário, sucedem-se a frieza e a austeridade de um salão despido, pouco confortável, escuro, sem qualquer marca de humanização. Também aqui, um paralelo que reside nos retratos, figurações simbólicas de Camões, D. João de Portugal e D. Sebastião [...]. O palácio de D. João de Portugal revela-se um espaço opressivo, um espaço que propicia a partilha de inquietações interiores a Maria e a Telmo, um espaço que faz avolumar o clima trágico que se sente pairar sobre aquela família desde o primeiro momento. Espaço de confidência, não deixa de ser também um espaço de revelação e de reencontro com o passado, contribuindo para o avolumar do “pathos”, sofrimento, que atinge o seu ponto culminante com o reconhecimento do Romeiro.
  • 8.
  • 9. ATO III – PALÁCIO D.JOÃO DE PORTUGAL Se a situação dramática do incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho originou a mudança de espaço que ocorre do Ato I para o II, o que origina a mudança de cenário que se verifica agora é este reconhecimento de um passado que surge num presente, a interpor-se à realização de um futuro. É, assim, num espaço marcadamente religioso ainda mais austero, fechado, frio e noturno do que o anterior que nos encontramos no início do terceiro e último ato. A presença da cruz, símbolo do sacrifício de Jesus Cristo, aponta desde o princípio para um sacrifício, neste caso o de toda uma família e para a ideia cristã de remição [...]. Ao contrário do que fora hábito nos dois atos anteriores, no último ato assistimos ainda mais a uma diminuição do espaço que nos é indicada pela didascália da cena X [...]. Podemos concluir que o fechamento do espaço acompanha, em Frei Luís de Sousa, o avolumar da tragédia e que, à medida que esta se vai revelando, os elementos profanos vão sendo progressivamente substituídos pelos religiosos.