Este documento relata o caso de um paciente admitido no CTI após cirurgia abdominal que desenvolveu piora respiratória e edema pulmonar após receber transfusão sanguínea. Exames apontaram para o diagnóstico de TRALI (Síndrome de Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão). O paciente teve boa evolução após suporte ventilatório e foi extubado com sucesso.

2. Especialização médica de Terapia Intensiva

5. Ao exame:

6. Hipocorado (++/4+), desidratado (+/4+), eupnéico em ar ambiente, acianótico, anictérico, orientado.

8. Htc – 34,2%

9. GL – 15.500

10. Bastoes – 25%

11. Seg – 55%

12. Plaquetas – 412000

13. Ureia – 78

14. Creatinina – 1,1

15. Potassio – 4,0

16. Sodio - 142

17. Fosforo – 3,8

18. Calcio – 4,4

19. Magnesio – 1,6

20. Lactato – 20

21. Gasometria arterial

22. pH – 7,41

23. PO2 – 120

24. PCO2 – 27,5

25. HCO3 – 18

26. BE – 5,6 negativo

29. 04/06: Evoluindo sem intercorrências, estável hemodinâmicamente, bom padrão respiratório em ar ambiente,afebril diurese satisfatória, mantendo resíduo gástrico aumentado,melhora dos vômitos, recebendo NPT a 42ml/h. Tº axilar máxima = 36,2º

30. Exames laboratoriais:

31. -> Queda Hemoglobina – (11,2 -> 7,8)

32. -> Gasometria arterial com boas trocas (pH- 7,4 / PCO2 – 35,8 / HCO3 – 24 / PO2 – 101) lactato - 8

34. 06/06 Diurno: Estável hemodinâmicamente, bom padrão respiratório em ar ambiente,afebril, sem intercorrências, diurese preservada, débito mínimo na GTT, exames laboratoriais normais, com Hemoblobina baixa (6,9mg/dl). Tº axilar máxima 36,4º

38. Edema agudo pulmonar ?

39. Tromboembolismo pulmonar ?

40. Síndrome coronariana aguda ?

43. pH – 7,45

44. PO2 – 56,6

45. PCO2 – 26,5

46. HCO3 – 18,5

47. BE – 4,4 negativo

48. Sat – 88,5%

49. PCR – 12

50. Lactato – 14

51. Hb – 9,1

52. Htc – 30,2%

53. GL – 21.000

54. Bastoes – 18%

55. Seg – 57%

56. Linf – 21%

57. Eos - 2%

58. Mielócito – 0 %

59. Metamielocitos – 0 %

61. Creatinina – 1,3

62. Potassio – 3,3

63. Sodio – 156

64. Troponina < 0,01

65. CPK – 104

67. Exame de fácil realização com boa demostração das estruturas

68. Função sistólica do VE normal, sem áreas fibróticas, hipocinéticas, complacência normal, sem déficit de relaxamento. FEV = 69%

69. Estruturas valvares bem visualizadas normais

70. VCI diâmetro de 1,4cm, sem variabilidade respiratória

71. Sem sinais de espessamento ou derrame pericárdico

72. Conclusão:

74. Estudadas veias femurais comuns, superficiais e profundas, popliteas, junções safeno femurais e poplíteas parvas, veias tibiais, peroneiras

75. Todos os vasos com calibre normal, curso retilíneo, paredes finas e lisas

76. Conclusão:

79. Transfusion-Related Acute Lung Injury (TRALI)

80. Definição Transfusion-related acute lung injury (TRALI) is a clinical syndrome that presents as acute hypoxemia and noncardiogenic pulmonary edema during or afterblood transfusion.

82. 1957 - Brittingham TE. Immunologic studies on leukocytes. (Observou infiltrado pulmonar em comum no RX dos casos relatos)

83. 1966 - Philipps E, Fleischner FG no CHEST(3 casos com pouco volume transfundido e edema pulmonar significante)

84. 1970 - Ward HN noAnn Intern Med. (descreveu casos que chamou de pneumonite leucocitaria, possivelmente por anticorpos do doador)

85. Thompson et al noN Engl J Med (identificou antigenos antileucocitario no sangue do doador em pacientes com congestão pulmonar após transfusão)James..S ; Transfusion MedicineVolume 25, Issue 1 , Pages 66-75, January 2011

87. Condição clínica muitas vezes não reconhecida e pouco valorizada pelos profissionais da saúde.

88. Sabidamente subnotificada aos serviços de hemoterapia.

91. Alterações radiológicas típicas;

92. Ausência de sinais de insuficiência ventricular esquerda.

94. Diagnóstico do TRALI

96. Hipoxemia definida por P/F < 300

97. Sem evidências de insuficiência ventricular esquerda

100. Suporte ventilatório adequado de acordo com a necessidade

101. Quando necessária ventilação mecânica usar estratégia protetora com volume corrente mais baixo e PEEP elevada

102. Estabilização hemodinâmica nos caso de hipotensão com fluidos IV e quando necessário utilizar vasopressores

103. Diuréticos não devem ser utilizados a menos que haja evidência de sobrecarga hídrica

105. Melhora clínica/radiológica é descrita com variação de 2 a 7 dias com média de 4 dias.

106. Resolução do quadro sem haver danos estruturais do parênquima pulmonar.Ganjic. Et al Am J Respir Crit Care Med 2007;176:886–891.

107. E o nosso paciente ?

109. Recebeu a segunda unidade do concentrado de hemáceas 07/06 as 3:30am

110. Relembrando -> IOT em 08/06

111. Em 13/06 estava em ventilação espontânea bem adaptado com parametros mínimos PSV – 10 ; PEEP – 6 ; FiO2 – 0,3

112. RX de 15/06 normal

113. Extubado em 17/06 com sucesso sem necessidade de VNI ou reintubação futura.

116. Equipe multidisciplinar da UTI e do banco de sangue, devem sempre lembrar, suspeitar e valorizar o TRALI.

117. Conceito e critérios do “TRALI possível”

118. Notificação correta dos casos suspeitos