SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 50
Síndrome de Cushing
Discente: Raíssa Gomes Castro e Souza
Turma E
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE ENDOCRINOLOGIA
Docente: Profª. Drª. Monike Lourenço Dias Rodrigues
Goiânia, 2019
Roteiro de Apresentação
1. INTRODUÇÃO
2. ASPECTOS CLÍNICOS
3. ETIOLOGIAE CLASSIFICAÇÃO
4. DIAGNÓSTICO
5. TRATAMENTO
6. CASO CLÍNICO
1. Introdução
Definições
Síndrome de Cushing
Conjunto de sinais e sintomas
decorrentes da exposição prolongada a
níveis elevados de glicocorticoides
MELMED et al., 2016 ; KASPER et al., 2017.
Doença de Cushing
Síndrome de Cushing
secundária a adenoma
hipofisário corticotrófico
HIPOTÁLAMO
ADENO-HIPÓFISE
CRH
CÓRTEX ADRENAL
ACTH
Zona fasciculada Cortisol:
Controle da liberação de gligocorticoide: eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Estressores (emocionais ou físicos)
Ritmo
circadiano
hipoglicemia
hipotensão
febre
trauma
efeitos sistêmicos
KASPER et al., 2017.
Zona
reticulada:
andrógenos
Zona glomerulosa:
aldosterona*
Efeitos
do cortisol
Sistema cardiovascular
⬆ Receptores adrenérgicos
⬆ Sensibilidade às catecolaminas
⬆ Retenção de água e sal
Metabolismo
⬆ Proteólise
⬆ Gliconeogênese
⬆ Lipólise: liberação de AGL
⬇️ Captação de glicose pelo
músculo
Pele/músculo/tecido conjuntivo
⬆ Catabolismo proteico /
quebra de colágeno
Osso e metabolismo do cálcio
⬇️ Massa óssea
⬇️Absorção intestinal de
cálcio
⬆ Excreção renal de cálcio
Sistema endócrino
⬇️ Liberação de FSH e LH
⬇️ Secreção pulsátil de GnRH
⬇️ Secreção de GH
SNC
Depressão
Psicose
Sistema imune
Ação anti-inflamatória e imunossupressora
(estabiliza lisossomos)
MELMED et al., 2016 ; KASPER et al., 2017.
Distribuição de gordura
⬆ Gordura visceral (maior
expressão de GR no omento
comparado ao tecido
subcutâneo)
2. Quadro Clínico
Obesidade centrípeta
Fácies em “lua cheia”
(cushingoide)
Giba de búfalo (acúmulo de
gordura retrocervical e
supraclavicular)
Distribuição de gordura
MELMED et al., 2016.
● Pele e tecido conjuntivo
○ Degradação do colágeno: estrias violáceas largas (> 1 cm)
○ Adelgaçamento da pele e exposição do tecido vascular subcutâneo: fácies
pletórica
Depleção proteica : alto valor discriminatório
MELMED et al., 2016
Equimoses espontâneas
Depleção proteica : alto valor discriminatório
● Músculo
○ Atrofia (braços e pernas delgados)
○ Fraqueza proximal, particularmente
em membros inferiores e cintura
escapular
MELMED et al., 2016
● Excesso de andrógenos (na SC ACTH-dependente)
○ Hirsutismo (áreas andrógeno-sensíveis)
○ Acne
Disfunção gonadal
● Inibição do GnRH, FSH e LH
○ Hipogonadismo hipogonadotrófico:
irregularidades menstruais, amenorreia
Hiperandrogenismo
MELMED et al., 2016 ; VILAR 2016.
Outras manifestações
Metabólicas e cardiovasculares: HAS,
intolerância à glicose, hiperlipidemia
Eventos tromboembólicos
Osteopenia e osteoporose
SNC: depressão, psicose, problemas
cognitivos, insônia
Efeitos relacionados ao excesso de ACTH:
hiperpigmentação cutânea
Hipocalemia: mais
marcante na ACTH-
dependente
Infecções de pele
Crianças: ganho de peso
generalizado e
comprometimento do
crescimento
MELMED et al., 2016 ; VILAR, 2016.
Diabetes
(35-94%)
Distúrbios
psiquiátricos
(45%)
Obesidade troncular
79-97%
Fraqueza proximal
56-90%
Estrias abdominais
(50-64%)
Pletora
78-
89%
Equimoses
60-77%
Osteopenia ou
fratura
48-83%
Hipertensão
arterial
74-90%
Distúrbios
menstruais
69-86%
Fácies em
“lua cheia”
88-92%
VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
3. Etiologia e Classificação
Tumores adrenais
Hiperplasia adrenal
nodular pigmentada
primária
Hiperplasia adrenal
macronodular
Síndrome de Cushing: classificação
ACTH-dependente (80%)
Doença de Cushing (80% das
causas ACTH-dependentes)
Síndrome de ACTH ectópico
(SAE)
Tumor ectópico secretor de CRH
ACTH-independente (20%)
EXÓGENA / IATROGÊNICA ENDÓGENA
Altos níveis de
ACTH circulante Baixos níveis de
ACTH circulante
Causa mais
comum
ANTUNES, 2015; MELMED et al., 2016.
Síndrome de Cushing Exógena / Iatrogênica
● Uso prolongado (> 3 semanas) de altas
doses de glicocorticoide por via oral,
parenteral, intranasal ou cutânea
○ > 7,5 mg prednisona
○ > 0,75 mg dexametasona
○ > 30 mg hidrocortisona
● Quadro clínico:
○ Manifestações do hipercortisolismo
○ Supressão do ACTH e atrofia
adrenocortical bilateral
■ ACTH
■ Cortisol
ANTUNES, 2015 ; VILAR, 2016.
Corticoide
Doença de Cushing
❖ Adenoma hipofisário secretor de ACTH
❖ 65-70% dos casos de SC endógena (80-90% ACTH
dependente)
❖ As células tumorais são parcialmente autônomas: perda da
contra-regulação normal do eixo HHA
❖ Alteração no ritmo circadiano de secreção do cortisol
❖ Microadenomas (< 1 cm) respondem pela maioria dos casos -
macroadenomas: 10-20%
❖ Sexo feminino (M:H = 8:1), 20-40 anos
ipófis
Tumor
drenal
Rim
MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Harvey Cushing, 1932:
“diabetes of bearded
women”
Síndrome do ACTH Ectópico (SAE)
● Tumor não-hipofisário secretor de ACTH (geralmente maligno) - síndrome
paraneoplásica
○ Mais comum: carcinoma pulmonar de células pequenas
○ Outros: tumores carcinoides brônquicos, tímicos ou pancreáticos
● 5 a 10% dos casos de SC endógena
● Sexo masculino
● 40-60 anos
● Pode se manifestar da maneira clássica,
porém, há casos em que a clínica é distinta, sem o
fenótipo cushingoide típico:
○ hiperpigmentação cutaneomucosa
○ fraqueza muscular súbita e intensa
○ perda de peso
○ hipocalemia ANTUNES, 2015 ; VILAR, 2016.
Síndrome de Cushing
Adrenal
TUMORES
Unilaterais
Proliferação de células da zona fasciculada -> excesso de
cortisol -> supressão do ACTH e CRH -> atrofia da glândula
contralateral
As células tumorais são integralmente autônomas
1.
ADENOMAS (20%)
< 3 cm
Mais comuns em mulheres
(M:H = 4:1)
Pico de incidência: 35 anos
Em geral secretam apenas
cortisol
CARCINOMAS (6%)
Grandes (> 6 cm)
M:H = 1,5:1
Incidência: infância, adolescência, final da vida
Principal causa de SC em crianças
Marcante hiperandrogenismo (secretam múltiplos
hormônios adrenais)
VILAR, 2016.
Síndrome
de Cushing Adrenal
HIPERPLASIAS
MICRONODULAR
Doença Adrenal Nodular Pigmentada
Primária (PPNAD) (< 2%)
Complexo de Carney (90%) –
hiperpigmentação cutânea (lentigens),
mixomas cardíacos, disfunções
endócrinas
Sexo feminino
Múltiplos pequenos nódulos (< 6 mm)
pigmentados
MACRONODULAR
Hiperplasia Adrenal
Macronodular Primária
(< 2%)
NEM 1 (35%)
Nódulos > 1 cm
Mulheres (M:H = 2,5:1)
50-60 anos
2. raras
bilaterais
MACHADO, 2006; VILAR, 2016.
hereditárias
Outras causas de hipercortisolismo
Síndrome de Cushing Subclínica
❖ 5-30% dos pacientes com incidentalomas adrenais
❖ Evolução benigna, raramente evolui para a SC
manifesta
❖ Condições associadas: obesidade, hipertensão, DM2,
dislipidemia e redução da densidade mineral óssea
CAETANO; VILAR; KATER, 2007 ; TERZOLO; PIA; REIMONDO, 2011; VILAR, 2016.
Níveis de cortisol acima da faixa da
normalidade na ausência do fenótipo
clássico do hipercortisolismo. O
hipercortisolismo é determinado por um
incidentaloma adrenal.
Estados de pseudo-cushing (EPC)
Depressão Maior
Alcoolismo crônico
Apneia Obstrutiva do
Sono
DM mal-controlado
Transtorno do pânico,
ansiedade crônica
Hiperativação do eixo HHA e secreção
aumentada de CRH
ACTH Cortisol
❖ Fenótipo clínico Cushing símile, com hipercortisolismo leve ou moderado
❖ Secundário a condições que levam à produção aumentada de cortisol
ANDROULAKIS; KALTSAS; CHROUSOS, 2015; VILAR, 2016.
4. Diagnóstico
Diagnóstico
1. Excluir causas exógenas
2. Confirmar
hipercortisolismo
3. Investigar etiologia
Pico: 8h30 (> 18 mcg/ dl)
Nadir: 00h00 (< 2 mcg / dl)
Secreção fisiológica de cortisol
MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Confirmação do hipercortisolismo
Confirmação do hipercortisolismo
Dosagem de cortisol livre
❖ Duas coletas com intervalo de 24 a 48h
❖ Alta sensibilidade e especificidade,
simples e acessível
Cortisol livre urinário de 24h (UFC)
1. 2.
❖ 3 a 4 amostras
❖ Alta sensibilidade e especificidade
para SC quando valores 3 a 4x > VR*
*No pseudocushing, o cortisol urinário pode vir
aumentado em até 4 vezes acima do VR
VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Cortisol salivar às 23h (LNSC)
Recomendações para
confirmação do
hipercortisolismo
Teste de supressão com baixas doses de dexametasona (1 mg) - overnight
Normal: supressão do ACTH e redução dos níveis de cortisol ( VR: < 1,8 μg/dℓ)
Síndrome de Cushing: níveis de cortisol permanecem elevados (> 5 μg/dℓ:
altamente sugestivo)
Deve-se realizar pelo menos dois testes
funcionais de triagem de alta sensibilidade
VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Definição da etiologia do hipercortisolismo
ACTH dependente ou independente ?
Dosagem de ACTH basal
Suprimido (< 10 pg/mℓ) : causas adrenais Exames de imagem
Normal (10-20 pg/mℓ) ou elevado (> 20 pg/mℓ)
Adenoma hipofisário
Secreção ectópica de ACTH (SAE)
Pseudocushing (EPC)
1.
VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Prosseguir para testes
dinâmicos não-invasivos
Testes dinâmicos não-invasivos
2.
Teste de supressão com altas doses de dexametasona
❖ Cortisol suprimido: adenoma hipofisário
❖ Cortisol permanece elevado: SAE
Estimulação com CRH
❖ Elevação do ACTH e do cortisol: adenoma hipofisário
❖ Sem resposta: tumores ectópicos
VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Testes dinâmicos não-invasivos
Teste da desmopressina (DDAVP)
❖ Análogo da vasopressina que se liga aos receptores de adenomas
corticotróficos e estimula a produção de ACTH
❖ Indicação: distinção entre DC e pseudocushing
2.
VILAR, 2016.
Exames de imagem
Se ACTH-dependente
Suspeita de DC:
❖ RNM de sela túrcica
(sensibilidade de 50-
60%)
Suspeita de SAE:
❖ TC / RNM pescoço,
tórax e abdome
Se ACTH-independente
TC de adrenais
VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
Exames de imagem:
RNM de sela túrcica
Microadenoma corticotrófico
▷ Hipointenso em T1
▷ Não se intensifica
após contraste
VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
ACTH dependente - hipofisário ou ectópico ?
Cateterismo bilateral de seios petrosos
inferiores (BIPSS)
❖ Teste mais confiável na diferenciação entre
fontes hipofisárias e não hipofisárias de
ACTH
❖ Calcula gradiente entre ACTH no seio que
drena a hipófise e ACTH no sangue
periférico ( se gradiente > 2:1 = DC)
INDICAÇÃO: na SC ACTH-dependente,
quando exames de imagem e laboratório
inconclusivos
Cateter
Cateter
VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
5. Tratamento
SC Exógena
● Suspender a medicação e procurar outra alternativa de tratamento
● Retirar gradualmente, permitindo a recuperação das adrenais
● Risco da descontinuação súbita
○ Insuficiência adrenal
○ Recorrência da doença de base
○ Síndrome de retirada de corticoides
ROMANHOLI; SALGADO, 2007.
Doença de Cushing
Cirurgia hipofisária (adenomectomia seletiva transesfenoidal)
▷ Efeito colateral mais frequente: hipopituitarismo
▷ Pós-op: reposição com corticoide até que o eixo HHA se recupere
Tratamentos de segunda linha
● Terapia medicamentosa (no pré-op ou em casos refratários)
▷ Inibidores da esteroidogênese adrenal: cetoconazol
▷ Neuromoduladores da secreção de ACTH: pasireotida - ligante do
receptor somatostatinérgico presente nos adenomas
Tratamento de primeira linha
● Radioterapia / radiocirurgia estereotáxica
● Adrenalectomia bilateral VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
Sd ACTH Ectópico
● Ressecção cirúrgica do tumor
● Tratamento do hipercortisolismo:
farmacoterapia ou
adrenalectomia bilateral
SC Adrenal
● Adenoma
○ Adrenalectomia
○ Reposição com
glicocorticoides até que a
glândula contralateral se
recupere
● Carcinoma
○ Excisão cirúrgica radical
○ Abordagem multidisciplinar:
radioterapia e farmacoterapia
(o mitotano destrói a
glândula)
VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
Resumo
❖ Principais causas de Síndrome de Cushing:
1. Exógena
2. Tumor na hipófise
3. Tumor nas adrenais
4. Tumor no pulmão
❖ Quadro clínico: obesidade centrípeta, fácies pletórica de lua cheia, intolerância a
glicose, HAS, sintomas de depleção proteica (são os mais específicos)
❖ Diagnóstico: descartar uso de corticoides.
1. Pelo menos dois testes de alta sensibilidade para confirmar hipercortisolismo.
2. Para investigar etiologia: ACTH basal, supressão em altas doses de dxt, testes de
estimulação de ACTH e exames de imagem
3. Cateterismo de seios petrosos se restar dúvida
❖ Tratamento: a primeira escolha para qualquer etiologia endógena é a cirurgia
Referências
ANDROULAKIS, Ioannis; KALTSAS, Gregory; CHROUSOS, George. Pseudo-Cushing’s
States. Endotext. May 8, 2015.
ANTUNES, Daniela Espíndola. Doenças das Suprarrenais. In: PORTO, Celmo Celeno.
Semiologia Médica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. pp. 829-832.
CAETANO, Maria Silvia S.; VILAR, Lucio; KATER, Claudio E. Síndrome de Cushing
Subclínica em Populações de Risco. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia &
Metabologia, Volume 51, Número 8, 2007.
KASPER et al. Medicina Interna de Harrison. 19ª edição. Porto Alegre: AMGH Editora
Ltda., 2017.
LONSER, Russell R.; NIEMAN, Lynnette; OLDFIELD, Edward H. Cushing’s disease:
pathobiology, diagnosis and management.Journal of Neurosurgery, Volume 126, pp.
404-417, 2017.
Referências
MACHADO, Márcio Carlos. Estudo da expressão do receptor da vasopressina
(AVPR1B), do receptor do hormônio liberador de corticotrofina (CRHR1) e do receptor
dos secretagogos de GH (GHSR-1a) em pacientes portadores da síndrome de Cushing
ACTH-dependente: correlação clínico-molecular. 2006. 158f. Dissertação (Doutorado
em Ciências). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
MELMED, Shlomo et al. Williams Textbook of Endocrinology. Thirteenth edition.
Philadelphia: Elsevier, 2016.
NIEMAN, Lynnette K. The Diagnosis of Cushing's Syndrome: An Endocrine Society
Clinical Practice Guideline. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism,
Volume 93, Issue 5, pp. 1526-1540, 11 Mar 2008.
ROMANHOLI, Daniella J.P.C.; SALGADO, Luiz Roberto. Síndrome de Cushing
exógena e retirada de glicocorticóides. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia &
Metabologia, São Paulo, Volume 51, Número 8, nov 2007.
Referências
TERZOLO, M.; PIA, A.; REIMONDO, G. Subclinical Cushing’s syndrome: definition
and management. Clinical Endocrinology, Volume 76, Issue 1, pp. 12-18, 11 oct 2011.
VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2016.
Obrigada !
Contato: gcsraissa@gmail.com
Caso clínico...
Caso Clínico
HDA: Mulher, 21 anos, branca, natural e procedente de São Paulo queixa-se de aumento
de pilificação em face e tronco, há 1 ano, acompanhado de hipertensão arterial, aumento de
apetite e de peso, rarefação e queda de cabelos, estrias no abdome e nas mamas e amenorréia.
EXAME FÍSICO:
Peso = 66 kg Altura = 150 cm IMC= 29,3 kg / m² PA = 140 x 110 mmHg Pulso = 70 bpm
Fácies cushingóide, acne e lanugem discreta e difusa na face.
Obesidade centrípeta com estrias violáceas em abdome e equimoses em MMII.
Deposição de gordura supra-clavicular e cervical posterior (giba). Aumento de pêlos em face,
abdome superior e inferior.
8:00h 16:00h 23:00h
Ritmo de Cortisol (ug/dl): 20,7 21,6 19,8
Teste de supressão com dexametasona:
Cortisol (mcg/dl)
1 mg (overnight) 20,0
Cortisol na urina de 24 horas: 1.813,00 mcg/L ( VR de 30 – 250 )
Caso Clínico: exames complementares
Caso Clínico: exames complementares
Teste do oCRH (hormônio liberador de ACTH)
Cortisol (ug/dl) ACTH (pg/ml)
basal 16,4 < 5,0
30" 16,3 5,1
60" 15,4 5,4
90" 14,9 < 5,0
120" 14,7 < 5,0
Caso Clínico: exames complementares
Testosterona total : 91 ng/dL ( VR 2 – 72 )
Androstenediona: 6,0 ng/dL (VR 1,4 – 4,4)
RM de sela túrcica: sem alterações
Questões 1. Classifique a síndrome de hipercortisolismo endógeno e exógeno.
2. Quais os mecanismos de hipertensão e de amenorréia nesta doença?
3. Qual(is) o(s) teste(s) diagnóstico(s) mais sensíveis para definição de
hipercortisolismo?
4. Caso os andrógenos (testosterona e androstenediona) e os níveis de
cortisol em todos os testes viessem em níveis baixos ou indetectáveis,
qual a provável causa de hipercortisolismo nessa paciente?
5. Qual o exame mais importante para definição diagnóstica nessa fase da
investigação nesta paciente?

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Exames de Laboratório
Exames de LaboratórioExames de Laboratório
Exames de LaboratórioSheyla Amorim
 
12 diureticos ds
12 diureticos ds12 diureticos ds
12 diureticos dsMeninacerta
 
Hipertensão arterial sistêmica
Hipertensão arterial sistêmicaHipertensão arterial sistêmica
Hipertensão arterial sistêmicaj2012p
 
Gasometria arterial
Gasometria arterialGasometria arterial
Gasometria arterialresenfe2013
 
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor Robson
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor RobsonCasos clínicos de síndrome metabólica - Professor Robson
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor RobsonProfessor Robson
 
Insuficiência cardíaca
Insuficiência cardíacaInsuficiência cardíaca
Insuficiência cardíacadapab
 
Avaliação Cardiovascular
Avaliação CardiovascularAvaliação Cardiovascular
Avaliação Cardiovascularresenfe2013
 
Seminario sobre Tireóide
Seminario sobre TireóideSeminario sobre Tireóide
Seminario sobre TireóideSú Carreiro
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPaulo Alambert
 
Cirrose Hepática
Cirrose HepáticaCirrose Hepática
Cirrose Hepáticaivanaferraz
 
Semiologia 02 roteiro prático de anamnese e exame físico
Semiologia 02   roteiro prático de anamnese e exame físicoSemiologia 02   roteiro prático de anamnese e exame físico
Semiologia 02 roteiro prático de anamnese e exame físicoJucie Vasconcelos
 
DERRAME PLEURAL - Caso Clínico
DERRAME PLEURAL - Caso ClínicoDERRAME PLEURAL - Caso Clínico
DERRAME PLEURAL - Caso ClínicoBrenda Lahlou
 
Exames laboratoriais
Exames laboratoriaisExames laboratoriais
Exames laboratoriaisresenfe2013
 
Hipertensao Arterial Caso Clínico Professor Robson
Hipertensao Arterial   Caso Clínico    Professor RobsonHipertensao Arterial   Caso Clínico    Professor Robson
Hipertensao Arterial Caso Clínico Professor RobsonProfessor Robson
 

Mais procurados (20)

Exames de Laboratório
Exames de LaboratórioExames de Laboratório
Exames de Laboratório
 
12 diureticos ds
12 diureticos ds12 diureticos ds
12 diureticos ds
 
Hipertensão arterial sistêmica
Hipertensão arterial sistêmicaHipertensão arterial sistêmica
Hipertensão arterial sistêmica
 
Gasometria arterial
Gasometria arterialGasometria arterial
Gasometria arterial
 
Aterosclerose
AteroscleroseAterosclerose
Aterosclerose
 
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor Robson
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor RobsonCasos clínicos de síndrome metabólica - Professor Robson
Casos clínicos de síndrome metabólica - Professor Robson
 
Insuficiência cardíaca
Insuficiência cardíacaInsuficiência cardíaca
Insuficiência cardíaca
 
Síndrome Metabólica
Síndrome MetabólicaSíndrome Metabólica
Síndrome Metabólica
 
Avaliação Cardiovascular
Avaliação CardiovascularAvaliação Cardiovascular
Avaliação Cardiovascular
 
Doença de Addison
Doença de AddisonDoença de Addison
Doença de Addison
 
Seminario sobre Tireóide
Seminario sobre TireóideSeminario sobre Tireóide
Seminario sobre Tireóide
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivas
 
Cirrose Hepática
Cirrose HepáticaCirrose Hepática
Cirrose Hepática
 
Hipertensão
Hipertensão Hipertensão
Hipertensão
 
Semiologia 02 roteiro prático de anamnese e exame físico
Semiologia 02   roteiro prático de anamnese e exame físicoSemiologia 02   roteiro prático de anamnese e exame físico
Semiologia 02 roteiro prático de anamnese e exame físico
 
DERRAME PLEURAL - Caso Clínico
DERRAME PLEURAL - Caso ClínicoDERRAME PLEURAL - Caso Clínico
DERRAME PLEURAL - Caso Clínico
 
Aula 6 - B
Aula 6 - BAula 6 - B
Aula 6 - B
 
Exames laboratoriais
Exames laboratoriaisExames laboratoriais
Exames laboratoriais
 
Hipertensao Arterial Caso Clínico Professor Robson
Hipertensao Arterial   Caso Clínico    Professor RobsonHipertensao Arterial   Caso Clínico    Professor Robson
Hipertensao Arterial Caso Clínico Professor Robson
 
Hipertireodismo e Tireoidites
Hipertireodismo e Tireoidites   Hipertireodismo e Tireoidites
Hipertireodismo e Tireoidites
 

Semelhante a Síndrome de Cushing (1).pptx

Semelhante a Síndrome de Cushing (1).pptx (20)

INSUFICIÊNCIA ADRENAL.pptx
INSUFICIÊNCIA ADRENAL.pptxINSUFICIÊNCIA ADRENAL.pptx
INSUFICIÊNCIA ADRENAL.pptx
 
Distúrbios da adrenal
Distúrbios da adrenalDistúrbios da adrenal
Distúrbios da adrenal
 
Corticóides
CorticóidesCorticóides
Corticóides
 
Doença Ovariana Policística
Doença Ovariana PolicísticaDoença Ovariana Policística
Doença Ovariana Policística
 
Obesidade visceral doença hepática gordurosa não alcoólica dhgna sintomas,alt...
Obesidade visceral doença hepática gordurosa não alcoólica dhgna sintomas,alt...Obesidade visceral doença hepática gordurosa não alcoólica dhgna sintomas,alt...
Obesidade visceral doença hepática gordurosa não alcoólica dhgna sintomas,alt...
 
Função das adrenais veterinária
Função das adrenais veterináriaFunção das adrenais veterinária
Função das adrenais veterinária
 
Aula de Patologia do Sistema Endócrino
Aula de Patologia do Sistema EndócrinoAula de Patologia do Sistema Endócrino
Aula de Patologia do Sistema Endócrino
 
Diabetes 2 e HAS - Um estudo de caso
Diabetes 2 e HAS - Um estudo de casoDiabetes 2 e HAS - Um estudo de caso
Diabetes 2 e HAS - Um estudo de caso
 
Caso clinico doença de addisson
Caso clinico doença de addissonCaso clinico doença de addisson
Caso clinico doença de addisson
 
Sd de cushing
Sd de cushingSd de cushing
Sd de cushing
 
Tumores hipofisarios
Tumores hipofisariosTumores hipofisarios
Tumores hipofisarios
 
diabetes
diabetesdiabetes
diabetes
 
HAS e DM- Saúde do idoso.pdf
HAS e DM- Saúde do idoso.pdfHAS e DM- Saúde do idoso.pdf
HAS e DM- Saúde do idoso.pdf
 
Hipertensão Arterial Sistêmica
Hipertensão Arterial SistêmicaHipertensão Arterial Sistêmica
Hipertensão Arterial Sistêmica
 
Sessao clinica 2
Sessao clinica 2Sessao clinica 2
Sessao clinica 2
 
Hipertensão na gestação
Hipertensão na gestaçãoHipertensão na gestação
Hipertensão na gestação
 
Caso clínico
Caso clínicoCaso clínico
Caso clínico
 
hipertensao
hipertensaohipertensao
hipertensao
 
Sepse
SepseSepse
Sepse
 
Em Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue IIEm Tempos De Dengue II
Em Tempos De Dengue II
 

Último

Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 
Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointwylliamthe
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfFidelManuel1
 

Último (6)

Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 
Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power point
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdfManual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
Manual-de-protocolos-de-tomografia-computadorizada (1).pdf
 

Síndrome de Cushing (1).pptx

  • 1. Síndrome de Cushing Discente: Raíssa Gomes Castro e Souza Turma E UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE ENDOCRINOLOGIA Docente: Profª. Drª. Monike Lourenço Dias Rodrigues Goiânia, 2019
  • 2. Roteiro de Apresentação 1. INTRODUÇÃO 2. ASPECTOS CLÍNICOS 3. ETIOLOGIAE CLASSIFICAÇÃO 4. DIAGNÓSTICO 5. TRATAMENTO 6. CASO CLÍNICO
  • 4. Definições Síndrome de Cushing Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da exposição prolongada a níveis elevados de glicocorticoides MELMED et al., 2016 ; KASPER et al., 2017. Doença de Cushing Síndrome de Cushing secundária a adenoma hipofisário corticotrófico
  • 5. HIPOTÁLAMO ADENO-HIPÓFISE CRH CÓRTEX ADRENAL ACTH Zona fasciculada Cortisol: Controle da liberação de gligocorticoide: eixo hipotálamo-hipófise-adrenal Estressores (emocionais ou físicos) Ritmo circadiano hipoglicemia hipotensão febre trauma efeitos sistêmicos KASPER et al., 2017. Zona reticulada: andrógenos Zona glomerulosa: aldosterona*
  • 6. Efeitos do cortisol Sistema cardiovascular ⬆ Receptores adrenérgicos ⬆ Sensibilidade às catecolaminas ⬆ Retenção de água e sal Metabolismo ⬆ Proteólise ⬆ Gliconeogênese ⬆ Lipólise: liberação de AGL ⬇️ Captação de glicose pelo músculo Pele/músculo/tecido conjuntivo ⬆ Catabolismo proteico / quebra de colágeno Osso e metabolismo do cálcio ⬇️ Massa óssea ⬇️Absorção intestinal de cálcio ⬆ Excreção renal de cálcio Sistema endócrino ⬇️ Liberação de FSH e LH ⬇️ Secreção pulsátil de GnRH ⬇️ Secreção de GH SNC Depressão Psicose Sistema imune Ação anti-inflamatória e imunossupressora (estabiliza lisossomos) MELMED et al., 2016 ; KASPER et al., 2017. Distribuição de gordura ⬆ Gordura visceral (maior expressão de GR no omento comparado ao tecido subcutâneo)
  • 8. Obesidade centrípeta Fácies em “lua cheia” (cushingoide) Giba de búfalo (acúmulo de gordura retrocervical e supraclavicular) Distribuição de gordura MELMED et al., 2016.
  • 9. ● Pele e tecido conjuntivo ○ Degradação do colágeno: estrias violáceas largas (> 1 cm) ○ Adelgaçamento da pele e exposição do tecido vascular subcutâneo: fácies pletórica Depleção proteica : alto valor discriminatório MELMED et al., 2016 Equimoses espontâneas
  • 10. Depleção proteica : alto valor discriminatório ● Músculo ○ Atrofia (braços e pernas delgados) ○ Fraqueza proximal, particularmente em membros inferiores e cintura escapular MELMED et al., 2016
  • 11. ● Excesso de andrógenos (na SC ACTH-dependente) ○ Hirsutismo (áreas andrógeno-sensíveis) ○ Acne Disfunção gonadal ● Inibição do GnRH, FSH e LH ○ Hipogonadismo hipogonadotrófico: irregularidades menstruais, amenorreia Hiperandrogenismo MELMED et al., 2016 ; VILAR 2016.
  • 12. Outras manifestações Metabólicas e cardiovasculares: HAS, intolerância à glicose, hiperlipidemia Eventos tromboembólicos Osteopenia e osteoporose SNC: depressão, psicose, problemas cognitivos, insônia Efeitos relacionados ao excesso de ACTH: hiperpigmentação cutânea Hipocalemia: mais marcante na ACTH- dependente Infecções de pele Crianças: ganho de peso generalizado e comprometimento do crescimento MELMED et al., 2016 ; VILAR, 2016.
  • 13. Diabetes (35-94%) Distúrbios psiquiátricos (45%) Obesidade troncular 79-97% Fraqueza proximal 56-90% Estrias abdominais (50-64%) Pletora 78- 89% Equimoses 60-77% Osteopenia ou fratura 48-83% Hipertensão arterial 74-90% Distúrbios menstruais 69-86% Fácies em “lua cheia” 88-92% VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
  • 14. 3. Etiologia e Classificação
  • 15. Tumores adrenais Hiperplasia adrenal nodular pigmentada primária Hiperplasia adrenal macronodular Síndrome de Cushing: classificação ACTH-dependente (80%) Doença de Cushing (80% das causas ACTH-dependentes) Síndrome de ACTH ectópico (SAE) Tumor ectópico secretor de CRH ACTH-independente (20%) EXÓGENA / IATROGÊNICA ENDÓGENA Altos níveis de ACTH circulante Baixos níveis de ACTH circulante Causa mais comum ANTUNES, 2015; MELMED et al., 2016.
  • 16. Síndrome de Cushing Exógena / Iatrogênica ● Uso prolongado (> 3 semanas) de altas doses de glicocorticoide por via oral, parenteral, intranasal ou cutânea ○ > 7,5 mg prednisona ○ > 0,75 mg dexametasona ○ > 30 mg hidrocortisona ● Quadro clínico: ○ Manifestações do hipercortisolismo ○ Supressão do ACTH e atrofia adrenocortical bilateral ■ ACTH ■ Cortisol ANTUNES, 2015 ; VILAR, 2016. Corticoide
  • 17. Doença de Cushing ❖ Adenoma hipofisário secretor de ACTH ❖ 65-70% dos casos de SC endógena (80-90% ACTH dependente) ❖ As células tumorais são parcialmente autônomas: perda da contra-regulação normal do eixo HHA ❖ Alteração no ritmo circadiano de secreção do cortisol ❖ Microadenomas (< 1 cm) respondem pela maioria dos casos - macroadenomas: 10-20% ❖ Sexo feminino (M:H = 8:1), 20-40 anos ipófis Tumor drenal Rim MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017. Harvey Cushing, 1932: “diabetes of bearded women”
  • 18. Síndrome do ACTH Ectópico (SAE) ● Tumor não-hipofisário secretor de ACTH (geralmente maligno) - síndrome paraneoplásica ○ Mais comum: carcinoma pulmonar de células pequenas ○ Outros: tumores carcinoides brônquicos, tímicos ou pancreáticos ● 5 a 10% dos casos de SC endógena ● Sexo masculino ● 40-60 anos ● Pode se manifestar da maneira clássica, porém, há casos em que a clínica é distinta, sem o fenótipo cushingoide típico: ○ hiperpigmentação cutaneomucosa ○ fraqueza muscular súbita e intensa ○ perda de peso ○ hipocalemia ANTUNES, 2015 ; VILAR, 2016.
  • 19. Síndrome de Cushing Adrenal TUMORES Unilaterais Proliferação de células da zona fasciculada -> excesso de cortisol -> supressão do ACTH e CRH -> atrofia da glândula contralateral As células tumorais são integralmente autônomas 1. ADENOMAS (20%) < 3 cm Mais comuns em mulheres (M:H = 4:1) Pico de incidência: 35 anos Em geral secretam apenas cortisol CARCINOMAS (6%) Grandes (> 6 cm) M:H = 1,5:1 Incidência: infância, adolescência, final da vida Principal causa de SC em crianças Marcante hiperandrogenismo (secretam múltiplos hormônios adrenais) VILAR, 2016.
  • 20. Síndrome de Cushing Adrenal HIPERPLASIAS MICRONODULAR Doença Adrenal Nodular Pigmentada Primária (PPNAD) (< 2%) Complexo de Carney (90%) – hiperpigmentação cutânea (lentigens), mixomas cardíacos, disfunções endócrinas Sexo feminino Múltiplos pequenos nódulos (< 6 mm) pigmentados MACRONODULAR Hiperplasia Adrenal Macronodular Primária (< 2%) NEM 1 (35%) Nódulos > 1 cm Mulheres (M:H = 2,5:1) 50-60 anos 2. raras bilaterais MACHADO, 2006; VILAR, 2016. hereditárias
  • 21. Outras causas de hipercortisolismo
  • 22. Síndrome de Cushing Subclínica ❖ 5-30% dos pacientes com incidentalomas adrenais ❖ Evolução benigna, raramente evolui para a SC manifesta ❖ Condições associadas: obesidade, hipertensão, DM2, dislipidemia e redução da densidade mineral óssea CAETANO; VILAR; KATER, 2007 ; TERZOLO; PIA; REIMONDO, 2011; VILAR, 2016. Níveis de cortisol acima da faixa da normalidade na ausência do fenótipo clássico do hipercortisolismo. O hipercortisolismo é determinado por um incidentaloma adrenal.
  • 23. Estados de pseudo-cushing (EPC) Depressão Maior Alcoolismo crônico Apneia Obstrutiva do Sono DM mal-controlado Transtorno do pânico, ansiedade crônica Hiperativação do eixo HHA e secreção aumentada de CRH ACTH Cortisol ❖ Fenótipo clínico Cushing símile, com hipercortisolismo leve ou moderado ❖ Secundário a condições que levam à produção aumentada de cortisol ANDROULAKIS; KALTSAS; CHROUSOS, 2015; VILAR, 2016.
  • 25. Diagnóstico 1. Excluir causas exógenas 2. Confirmar hipercortisolismo 3. Investigar etiologia Pico: 8h30 (> 18 mcg/ dl) Nadir: 00h00 (< 2 mcg / dl) Secreção fisiológica de cortisol MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
  • 27. Confirmação do hipercortisolismo Dosagem de cortisol livre ❖ Duas coletas com intervalo de 24 a 48h ❖ Alta sensibilidade e especificidade, simples e acessível Cortisol livre urinário de 24h (UFC) 1. 2. ❖ 3 a 4 amostras ❖ Alta sensibilidade e especificidade para SC quando valores 3 a 4x > VR* *No pseudocushing, o cortisol urinário pode vir aumentado em até 4 vezes acima do VR VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017. Cortisol salivar às 23h (LNSC)
  • 28. Recomendações para confirmação do hipercortisolismo Teste de supressão com baixas doses de dexametasona (1 mg) - overnight Normal: supressão do ACTH e redução dos níveis de cortisol ( VR: < 1,8 μg/dℓ) Síndrome de Cushing: níveis de cortisol permanecem elevados (> 5 μg/dℓ: altamente sugestivo) Deve-se realizar pelo menos dois testes funcionais de triagem de alta sensibilidade VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
  • 29. Definição da etiologia do hipercortisolismo
  • 30. ACTH dependente ou independente ? Dosagem de ACTH basal Suprimido (< 10 pg/mℓ) : causas adrenais Exames de imagem Normal (10-20 pg/mℓ) ou elevado (> 20 pg/mℓ) Adenoma hipofisário Secreção ectópica de ACTH (SAE) Pseudocushing (EPC) 1. VILAR, 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017. Prosseguir para testes dinâmicos não-invasivos
  • 31. Testes dinâmicos não-invasivos 2. Teste de supressão com altas doses de dexametasona ❖ Cortisol suprimido: adenoma hipofisário ❖ Cortisol permanece elevado: SAE Estimulação com CRH ❖ Elevação do ACTH e do cortisol: adenoma hipofisário ❖ Sem resposta: tumores ectópicos VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
  • 32. Testes dinâmicos não-invasivos Teste da desmopressina (DDAVP) ❖ Análogo da vasopressina que se liga aos receptores de adenomas corticotróficos e estimula a produção de ACTH ❖ Indicação: distinção entre DC e pseudocushing 2. VILAR, 2016.
  • 33. Exames de imagem Se ACTH-dependente Suspeita de DC: ❖ RNM de sela túrcica (sensibilidade de 50- 60%) Suspeita de SAE: ❖ TC / RNM pescoço, tórax e abdome Se ACTH-independente TC de adrenais VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016 ; LONSER; NIEMAN; OLDFIELD, 2017.
  • 34. Exames de imagem: RNM de sela túrcica Microadenoma corticotrófico ▷ Hipointenso em T1 ▷ Não se intensifica após contraste VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
  • 35. ACTH dependente - hipofisário ou ectópico ? Cateterismo bilateral de seios petrosos inferiores (BIPSS) ❖ Teste mais confiável na diferenciação entre fontes hipofisárias e não hipofisárias de ACTH ❖ Calcula gradiente entre ACTH no seio que drena a hipófise e ACTH no sangue periférico ( se gradiente > 2:1 = DC) INDICAÇÃO: na SC ACTH-dependente, quando exames de imagem e laboratório inconclusivos Cateter Cateter VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
  • 37. SC Exógena ● Suspender a medicação e procurar outra alternativa de tratamento ● Retirar gradualmente, permitindo a recuperação das adrenais ● Risco da descontinuação súbita ○ Insuficiência adrenal ○ Recorrência da doença de base ○ Síndrome de retirada de corticoides ROMANHOLI; SALGADO, 2007.
  • 38. Doença de Cushing Cirurgia hipofisária (adenomectomia seletiva transesfenoidal) ▷ Efeito colateral mais frequente: hipopituitarismo ▷ Pós-op: reposição com corticoide até que o eixo HHA se recupere Tratamentos de segunda linha ● Terapia medicamentosa (no pré-op ou em casos refratários) ▷ Inibidores da esteroidogênese adrenal: cetoconazol ▷ Neuromoduladores da secreção de ACTH: pasireotida - ligante do receptor somatostatinérgico presente nos adenomas Tratamento de primeira linha ● Radioterapia / radiocirurgia estereotáxica ● Adrenalectomia bilateral VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
  • 39. Sd ACTH Ectópico ● Ressecção cirúrgica do tumor ● Tratamento do hipercortisolismo: farmacoterapia ou adrenalectomia bilateral SC Adrenal ● Adenoma ○ Adrenalectomia ○ Reposição com glicocorticoides até que a glândula contralateral se recupere ● Carcinoma ○ Excisão cirúrgica radical ○ Abordagem multidisciplinar: radioterapia e farmacoterapia (o mitotano destrói a glândula) VILAR, 2016 ; MELMED et al., 2016.
  • 40. Resumo ❖ Principais causas de Síndrome de Cushing: 1. Exógena 2. Tumor na hipófise 3. Tumor nas adrenais 4. Tumor no pulmão ❖ Quadro clínico: obesidade centrípeta, fácies pletórica de lua cheia, intolerância a glicose, HAS, sintomas de depleção proteica (são os mais específicos) ❖ Diagnóstico: descartar uso de corticoides. 1. Pelo menos dois testes de alta sensibilidade para confirmar hipercortisolismo. 2. Para investigar etiologia: ACTH basal, supressão em altas doses de dxt, testes de estimulação de ACTH e exames de imagem 3. Cateterismo de seios petrosos se restar dúvida ❖ Tratamento: a primeira escolha para qualquer etiologia endógena é a cirurgia
  • 41. Referências ANDROULAKIS, Ioannis; KALTSAS, Gregory; CHROUSOS, George. Pseudo-Cushing’s States. Endotext. May 8, 2015. ANTUNES, Daniela Espíndola. Doenças das Suprarrenais. In: PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. pp. 829-832. CAETANO, Maria Silvia S.; VILAR, Lucio; KATER, Claudio E. Síndrome de Cushing Subclínica em Populações de Risco. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, Volume 51, Número 8, 2007. KASPER et al. Medicina Interna de Harrison. 19ª edição. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda., 2017. LONSER, Russell R.; NIEMAN, Lynnette; OLDFIELD, Edward H. Cushing’s disease: pathobiology, diagnosis and management.Journal of Neurosurgery, Volume 126, pp. 404-417, 2017.
  • 42. Referências MACHADO, Márcio Carlos. Estudo da expressão do receptor da vasopressina (AVPR1B), do receptor do hormônio liberador de corticotrofina (CRHR1) e do receptor dos secretagogos de GH (GHSR-1a) em pacientes portadores da síndrome de Cushing ACTH-dependente: correlação clínico-molecular. 2006. 158f. Dissertação (Doutorado em Ciências). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006. MELMED, Shlomo et al. Williams Textbook of Endocrinology. Thirteenth edition. Philadelphia: Elsevier, 2016. NIEMAN, Lynnette K. The Diagnosis of Cushing's Syndrome: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Volume 93, Issue 5, pp. 1526-1540, 11 Mar 2008. ROMANHOLI, Daniella J.P.C.; SALGADO, Luiz Roberto. Síndrome de Cushing exógena e retirada de glicocorticóides. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, Volume 51, Número 8, nov 2007.
  • 43. Referências TERZOLO, M.; PIA, A.; REIMONDO, G. Subclinical Cushing’s syndrome: definition and management. Clinical Endocrinology, Volume 76, Issue 1, pp. 12-18, 11 oct 2011. VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
  • 46. Caso Clínico HDA: Mulher, 21 anos, branca, natural e procedente de São Paulo queixa-se de aumento de pilificação em face e tronco, há 1 ano, acompanhado de hipertensão arterial, aumento de apetite e de peso, rarefação e queda de cabelos, estrias no abdome e nas mamas e amenorréia. EXAME FÍSICO: Peso = 66 kg Altura = 150 cm IMC= 29,3 kg / m² PA = 140 x 110 mmHg Pulso = 70 bpm Fácies cushingóide, acne e lanugem discreta e difusa na face. Obesidade centrípeta com estrias violáceas em abdome e equimoses em MMII. Deposição de gordura supra-clavicular e cervical posterior (giba). Aumento de pêlos em face, abdome superior e inferior.
  • 47. 8:00h 16:00h 23:00h Ritmo de Cortisol (ug/dl): 20,7 21,6 19,8 Teste de supressão com dexametasona: Cortisol (mcg/dl) 1 mg (overnight) 20,0 Cortisol na urina de 24 horas: 1.813,00 mcg/L ( VR de 30 – 250 ) Caso Clínico: exames complementares
  • 48. Caso Clínico: exames complementares Teste do oCRH (hormônio liberador de ACTH) Cortisol (ug/dl) ACTH (pg/ml) basal 16,4 < 5,0 30" 16,3 5,1 60" 15,4 5,4 90" 14,9 < 5,0 120" 14,7 < 5,0
  • 49. Caso Clínico: exames complementares Testosterona total : 91 ng/dL ( VR 2 – 72 ) Androstenediona: 6,0 ng/dL (VR 1,4 – 4,4) RM de sela túrcica: sem alterações
  • 50. Questões 1. Classifique a síndrome de hipercortisolismo endógeno e exógeno. 2. Quais os mecanismos de hipertensão e de amenorréia nesta doença? 3. Qual(is) o(s) teste(s) diagnóstico(s) mais sensíveis para definição de hipercortisolismo? 4. Caso os andrógenos (testosterona e androstenediona) e os níveis de cortisol em todos os testes viessem em níveis baixos ou indetectáveis, qual a provável causa de hipercortisolismo nessa paciente? 5. Qual o exame mais importante para definição diagnóstica nessa fase da investigação nesta paciente?

Notas do Editor

  1. determinando concentrações séricas elevadas de cortisol, perda da contra-regulação normal do eixo HHA e alteração no ritmo circadiano de cortisol
  2. *O principal fator que estimula a secreção de aldosterona é a angiotesina II. O ACTH estimula em pequena monta. The negative feedback effect depends on the dose, potency, half-life, and duration of administration of the glucocorticoid and has important physiologic and diagnostic consequences A produção dos glicocorticoides e dos androgênios suprarrenais encontra-se sob o controle do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HHSR), enquanto os mineralocorticoides são regulados pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAA). A síntese de glicocorticoides está sob controle inibitório por feedback do hipotálamo e da hipófise (Fig. 406.2). A liberação hipotalâmica do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) ocorre em resposta ao estresse endógeno ou exógeno. O CRH estimula a clivagem do polipeptídeo de 241 aminoácidos, a pro-opiomelanocortina (POMC) pela pró-hormônio convertase 1 (PC1) específica da hipófise, produzindo o peptídeo de 39 aminoácidos, o ACTH. O ACTH é liberado pelas células corticotróficas da adeno-hipófise e atua como regulador central da síntese de cortisol, com efeitos adicionais de curto prazo sobre a síntese de mineralocorticoides e de androgênios suprarrenais. A liberação de CRH e, mais tarde, de ACTH, ocorre de modo pulsátil, seguindo um ritmo circadiano sob o controle do hipotálamo, especificamente de seu núcleo supraquiasmático (NSQ), com regulação adicional por uma complexa rede de genes-relógio específicos de células. Refletindo o padrão de secreção do ACTH, a secreção suprarrenal de cortisol exibe um ritmo circadiano distinto, começando a aumentar nas primeiras horas da manhã antes do despertar, com níveis máximos pela manhã e baixos níveis no final da tarde Under normal conditions, circulating cortisol provides physiological control of this endocrine axis by its negative feedback inhibition on hypothalamic CRH and pituitary ACTH secretion.1
  3. Efeito chave: diminuição da utilização de glicose às custas de catabolismo proteico e lipídico Glucocorticoids increase blood pressure by a variety of mechanisms involving actions on the kidney and vasculature. 153 In vascular smooth muscle, they increase sensitivity to pressor agents such as catecholamines and angiotensin II while reducing nitric oxide–mediated endothelial dilatation. Angiotensinogen synthesis is increased by glucocorticoids. 154 In the kidney, depending on the activity of HSD11B2, cortisol can act on the distal nephron to cause sodium retention and potassium loss (mediated via the MR).1
  4. Ausente na obesidade comum, tem alto valor diagnóstico The typical, almost pathognomonic, red-purple livid striae greater than 1 cm in width are most frequently found on the abdomen but may also be present on the upper thighs, breasts, and arms. They are very common in younger patients and less so in those older than 50 years of age. They must be differentiated from the paler, less pigmented striae that occur as a result of pregnancy (striae gravidarum) or in association with rapid weight loss. Skin pigmentation is rare in Cushing disease but common in the ectopic ACTH syndrome. It arises because of overstimulation of melanocyte receptors by ACTH and possibly POMC-derived peptides.
  5. Hypercortisolism results in thinning of the skin and separation and exposure of the subcutaneous vascular tissue. On examination, wrinkling of the skin on the dorsum of the hand may be seen, resulting in a “cigarette paper” appearance (Liddle sign). Minimal trauma may result in bruising, which frequently resembles the appearance of senile purpura. The plethoric appearance of the patient with Cushing syndrome is secondary to the thinning of the skin185 combined with loss of facial subcutaneous fat and is not caused by true polycythemia. Acne and papular lesions may occur over the face, chest, and back. Myopathy and bruising are two of the most discriminatory features of the syndrome.176 The myopathy of Cushing syndrome involves the proximal muscles of the lower limbs and the shoulder girdle.186 Complaints of weakness, such as inability to climb stairs or get up from a deep chair, are relatively uncommon, but testing for proximal myopathy by asking the patient to rise from a crouching position often reveals the problem.
  6. Gonadal dysfunction is common, with menstrual irregularity in females and loss of libido in both sexes. Hirsutism is frequently found in female patients, as is acne. The most common form of hirsutism is vellus hypertrichosis on the face; this type should be distinguished from the darker, terminal differentiated hirsutism that may occur because of ACTH-mediated adrenal androgen excess. Hypogonadotropic hypogonadism occurs because of a direct inhibitory effect of cortisol on GnRH pulsatility and LH/FSH secretion, and it is reversible on correction of the hypercortisolism.1
  7. Em crianças, os estigmas clássicos da SC podem não estar presentes e o ganho de peso associado ao retardo de crescimento são os achados mais proeminentes para a suspeita da síndrome
  8. https://thejns.org/view/journals/j-neurosurg/126/2/article-p404.xml
  9. A síndrome de Cushing endógena resulta de uma hiperprodução de glicocorticóides pelo córtex da adrenal. Em 15 a 20% dos casos, essa produção é independente do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), sendo dependente do ACTH nos casos restantes Dois tipos de SC de natureza endógena podem ocorrer. No primeiro, o hipercortisolismo decorre da estimulação do córtex suprarrenal por excesso de ACTH, condição conhecida como SC ACTH-dependente. Iatrogenic Cushing syndrome is common,170,175 occurring to some degree in most patients taking long-term corticosteroid therapy. Endogenous causes of Cushing syndrome are rare and result in loss of the normal feedback mechanism of the HPA axis and the normal circadian rhythm of cortisol secretion.
  10. A careful drug history is required to exclude iatrogenic Cushing syndrome. Development of the features of Cushing syndrome depends on the dose, duration, and potency of the corticosteroids used in clinical practice. ACTH is rarely prescribed, but long-term administration will also result in cushingoid features. Some features, such as an increase in intraocular pressure, cataracts, benign intracranial hypertension, aseptic necrosis of the femoral head, osteoporosis, and pancreatitis, are more common in iatrogenic than endogenous Cushing syndrome, whereas other features, notably hypertension, hirsutism, and oligomenorrhea/ amenorrhea, are less prevalent.
  11. Liberação hipofisária excessiva de ACTH -> hiperplasia adrenal -> hipercortisolismo Perda do ritmo circadiano: anterior pituitary gland continuously (resulting in loss of normal diurnal secretory rhythm) secretes excess levels of ACTH (large red arrow). células são parcialmente autonomas ou seja, elas nao respondem ao feeback negativo normal do cortisol, mas quando estimulada em doses muito altas por corticoides exogenos, produzem menos hormônio
  12. Clínica: podem não ocorrer as características cushingoides típicas, predominando os sintomas consumptivos e certas manifestações do hipercortisolismo: hipocalemia ??
  13. As células tumorais são autônomas -> proliferam e funcionam independentemente de qualquer sinal Principal causa de SC na faixa etária pediátrica Picos de incidencia? infnacia, adolescencia, fina da vida
  14. ACTH dependente ACTH independente
  15. IA: patient bears an adrenal adenoma detected serendipitously without any previous suspect of adrenal disease Excesso de cortisol sem sinais ou sintomas clássicos de hipercortisolismo Presente em 5-30% dos pacientes com massas adrenais (incidentalomas - adenoma adrenal silencioso) Estado caracterizado por níveis cortisol acima do normal, na ausência do fenótipo característico do hipercortisolismo. Produção autônoma de cortisol por incidentalomas adrenais , em níveis insuficientes para determinar o quadro cushingoide diagnostico: supressao com baixas doses de dxt demonstra integridade do feedback
  16. Gravidez: níveis de estrógeno acima do normal Sinais e sintomas de hipercortisolismo, corroborados por alterações laboratoriais Não é entretanto, secundário a distúrbios no eixo HHA Secundário a condições que levam à produção aumentada de cortisol Nessas situações, existe hiperativação do eixo HHA, com estimulação central ao nível do hipotálamo, com secreção aumentada de CRH refere-se a certas condições que se manifestam com um fenótipo clínico e/ou laboratorial similar ao da síndrome de Cushing, associado a hipercortisolismo leve ou moderado (ou seja, valor do cortisol livre urinário, no máximo, 3 a 4 vezes o limite superior da normalidade). However, such patients lack the specific signs of endogenous hypercortisolism (thinning of the skin, bruising and proximal myopathy) Pseudo-Cushing's syndrome is a medical condition in which patients display the signs, symptoms, and abnormal hormone levels seen in Cushing's syndrome. However, pseudo-Cushing's syndrome is not caused by a problem with the hypothalamic-pituitary-adrenal axis as Cushing's is; it is mainly an idiopathic condition, however a cushingoid appearance is sometimes linked to excessive alcohol consumption.[1] Elevated levels of total cortisol can also be due to estrogen found in oral contraceptive pills that contain a mixture of estrogen and progesterone. Estrogen can cause an increase of cortisol-binding globulin and thereby cause the total cortisol level to be elevated, but they don’t display the clinical phenotype of Cushing’s syndrome.  OCPs increase total cortisol concentrations by increasing circulating CBG without affecting the unbound fraction (1). Women on OCPs may hence display elevated serum total cortisol concentrations without increased cortisol activity.  Levels of cortisol and ACTH both elevated 24-hour urinary cortisol levels elevated Dexamethasone suppression test[3] Late night salivary cortisol (LNSC)[4] Loss of diurnal variation in cortisol levels (seen only in true Cushing's Syndrome) High mean corpuscular volume and gamma-glutamyl transferase may be clues to alcoholism Polycystic Ovarian Syndrome should be ruled out; PCOS may have similar symptoms
  17. The starting point should be to investigate patients in whom there is a high clinical index of suspicion for the diagnosis of Cushing syndrome, focusing on the features that are most discriminating for the condition Widespread indiscriminate biochemical screening in obese, hypertensive, and diabetic populations is not recommended. Very few laboratories have developed methods for the measurement of free serum cortisol.252 Because more than 90% of serum cortisol is protein bound, the results of the conventional assay are affected by drugs and by conditions that alter CBG levels.
  18. Circadian Rhythm of Plasma Cortisol. In normal subjects, plasma cortisol levels are at their highest early in the morning and reach a nadir (<50 nmol/L [<2 μg/dL] in a nonstressed subject) at about midnight.255 This circadian rhythm is lost in patients with Cushing syndrome; in the majority, the 9 AM plasma cortisol is normal but nocturnal levels are raised. a midnight cortisol level greater than 200 nmol/L (>7.5 μg/dL) indicates Cushing syndrome.
  19. ACTH dependente ACTH independente
  20. UFC: This is an integrated measure of plasma free cortisol: as cortisol secretion increases, the binding capacity of CBG is exceeded, resulting in a disproportionate rise in urinary free cortisol. (EPC elevado até 3-4x) Esses exames podem incluir aumento da excreção de cortisol livre na urina de 24 horas em três coletas separadas, incapacidade de suprimir de maneira apropriada o cortisol pela manhã após exposição noturna à dexametasona e evidências de perda do ritmo circadiano de cortisol com níveis elevados à meia-noite, o momento em que a secreção está fisiologicamente mais baixa Very few laboratories have developed methods for the measurement of free serum cortisol.252 Because more than 90% of serum cortisol is protein bound, the results of the conventional assay are affected by drugs and by conditions that alter CBG levels. This circadian rhythm is lost in patients with Cushing syndrome; in the majority, the 9 AM plasma cortisol is normal but nocturnal levels are raised. Random morning plasma cortisol levels are therefore of little value in making the diagnosis, whereas a midnight cortisol level greater than 200 nmol/L (>7.5 μg/ dL) indicates Cushing syndrome.
  21. Consiste na determinação do cortisol sérico às 8h após ingestao de 1 mg de dexametasona entre 23h e 24h (overnight) SC: perda da inibição por retroalimentação do cortisol normal sobre o eixo HHA -> CORTISOL permaece elevado Confirmado o hipercortisolismo, o passo seguinte é determinar a sua causa
  22. Uma vez confirmada a SC endógena, mede-se o ACTH em duas ocasiões e, estando ele suprimido, parte-se para a investigação de doença adrenal pela tomografia computadorizada (TC) de abdome. SAE e tumores adrenais: totalmente autônomos : a produção de cortisol não será suprimida pela dexa em nenhuma dose
  23. Adenomas hipofisários: são parcialmente autônomos (doses mais altas de DXT fazem feedback negativo) SAE e tumores adrenais: totalmente autônomos : a produção de cortisol não será suprimida pela dexa em nenhuma dose CRH: This strategy was based on the assumption that CD is caused by well-differentiated adenomas derived from pituitary corticotrophs and that these adenomas should have receptors for CRH and the cellular constituents necessary to respond to CRH stimulation (a positive response is set arbitrarily at a 50% or more increase in ACTH and 20% or more increase in cortisol). Alternatively, ectopic ACTH-secreting tumors are derived from nonpituitary tissues and generally do not respond to CRH.
  24. Sem resposta: tumores ectópicos (esses tumores inibem o eixo HHA)
  25. exames de imagem
  26. https://eje.bioscientifica.com/view/journals/eje/173/1/R35.xml
  27. Teste mais confiável na diferenciação entre fontes hipofisárias e não hipofisárias de ACTH
  28. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000800014 https://issuu.com/joaohc/docs/manual_cushing/8 https://www.youtube.com/watch?v=FR2r30NXzng “exogenous cushing syndrome treatment”
  29. https://www.slideshare.net/sabuaugustine10/cushings-syndrome-71921693 After selective removal of a microadenoma, the surrounding corticotrophs are usually suppressed (Fig. 15-30). As a result, plasma cortisol levels are less than 30 nmol/L (<1 μg/dL) postoperatively, and ongoing glucocorticoid replacement therapy is required. The HPA axis usually (but not invariably) exhibits gradual recovery, and glucocorticoid therapy is needed until this occurs (Fig. 15-31). A nonsuppressed plasma cortisol postoperatively suggests that the patient is not in remission even though cortisol secretion may have fallen to normal or subnormal values. também ressaltar que a ressecção cirúrgica do tumor hipofisário em pacientes com DC é geralmente seguida por um hipocortisolismo transitório ou, menos comumente, permanente. Em caso de hipocortisolismo transitório, é necessária a reposição de glicocorticoides até a recuperação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal, que pode ocorrer até 18 meses após a cirurgia; o hipocortisolismo permanente exige um tratamento ao longo da vida com glicocorticoides. Hypocortisolism occurs after successful adenomectomy and reflects suppression of the normal pituitary corticotrophs by long-standing hypercortisolism. Typically, the suppressed normal pituitary gland corticotrophs in the hypothalamic-pituitary-adrenal axis typically do not recover normal function for 6–12 months. During this time, patients receive physiological glucocorticoid replacement (typically, hydrocortisone 10–12 mg/m2 daily, given twothirds in the morning and one-third in the afternoon). Restoration of hypothalamic-pituitary-adrenal axis function is assessed by return of normal morning cortisol levels (greater than 18 mg/dl) and/or a normal cortisol response to ACTH-stimulation. Hydrocortisone is then discontinued.
  30. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2386281/
  31. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2386281/ http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1696/sindrome_de_cushing.htm
  32. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2386281/ http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1696/sindrome_de_cushing.htm