SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 26
1
COORDENAÇÃO DE SERVIÇO SOCIAL
ACADÊMICO: LOCIMAR MASSALAI
SUPERVISORA DE ESTÁGIO
SUPERVISORA DE CAMPO
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL II
(INTERVENÇÃO)
Ji-Paraná, 2010
2
LOCIMAR MASSALAI
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL II
(INTERVENÇÃO)
Relatório Final de Estágio (Intervenção)
apresentado na disciplina de Estágio
Supervisionado em Serviço Social II
realizado no.....
Ji-Paraná/2010
3
SUMÁRIO
Introdução...............................................................................................................................04
Relatando ...............................................................................................................................07
À guisa de conclusão ..............................................................................................................18
Referências .............................................................................................................................19
Anexos ....................................................................................................................................20
4
Iniciando a prosa!
No campo que se abre entre a página, o olho e o
espírito, descobrimos que ler é pensar a partir das
palavras de um outro.
(Mezan, 1987:343)
Penso que o grande objetivo nosso, quando optamos por estagiar no fórum foi o de
entender como funcionava a dinâmica de trabalho das assistentes sociais nesta instituição, a
partir de seu viés interdisciplinar porque atuam ali assistentes sociais e psicólogas. É de nosso
entender que o objetivo precípuo do estágio é ajudar o acadêmico conhecer uma instituição
onde atuam assistentes sociais e a partir daí, colocar em prática as competências previstas para
sua futura atuação que deverão ser norteadas pelo saber teórico adquiro no curso que lhe
permitirá entender a instituição onde irá estagiar e as teias de relações e contradições que nela
se estabelecem, expressão da sociedade onde está inserida.
E a atitude primeira, além da postura ética, bom senso é a de se manter uma
permanente postura investigativa a partir do conhecimento teórico e técnico. Ora, estagiar no
Fórum e dentro dele, no Núcleo Psicossocial foi perceber profissionais trabalhadoras em
serviços de natureza pública, na esfera judiciária, em si mesma, plena de conflitos e de novas
demandas para a realidade contemporânea. Uma instituição onde as ações cotidianas do
assistente social e das psicólogas se concretizam através de atendimentos à população usuária
e também aos próprios funcionários outros do fórum que vem até o núcleo pedir ajuda e
orientações. As riquezas das informações contidas nas falas das assistentes sociais trazem
elementos que revelam o cotidiano da prática e expressam situações de questões sociais
presentes dentro da sociedade Jiparanaense e que são de certa forma, expressões de injustiças
presentes em todo o País.
O estágio de observação foi uma experiência e tanto porque foi significativo. Abriu
horizontes. O estágio II, da intervenção veio dar continuidade a este processo para se entender
com maior profundidade o alcance da prática das assistentes sociais e psicólogas do núcleo
psicossocial.
O relatório que segue está estruturado da seguinte forma: em primeiro lugar vem o
relato das observações e acompanhamento da prática diária da assistente social e somente
depois vem a proposta de intervenção reflexiva e participação em eventos que promovem a
5
formação continuada ou formação em serviço a partir da tematização da prática, isto é, a partir
das situações que são vivenciadas em cada dia e carecem de aprofundamento, revisão, pelo
seu próprio significado e importância. Este relato é apenas registro simbólico da experiência
do estágio, pois sua grandeza escapa da incapacidade que têm as palavras de traduzir certas
situações vivenciadas, que, por serem singulares se tornam arquétipos de situações universais.
Aqui cabe bem o pensamento de Lewgoy (2009:158) em seu livro “Supervisão de Estágio em
Serviço Social: desafios para a formação e o exercício profissional” que foi a referência maior
como suporte de posturas e atitudes no estágio falando da necessidade de ler o cotidiano:
Tal atitude implica reflexão ontológica, ultrapassando o conformismo, característico da
aceitação espontânea da cotidianidade, aspectos presentes no contexto do estágio que
irão se refletir no processo de supervisão. Desvelar a objetividade de tais conflitos
permite que não sejam tratados como problemas subjetivos, cuja resolução depende da
vontade singular. Para que a ética se realize como saber ontológico é necessário que
conserve sua perspectiva totalizante e crítica, capaz de desmistificar as formas
reificadas de ser e de pensar.
É sempre muito exigente manter uma postura ética quando o que temos que fazer é
olhar criticamente determinada situação que nos é posta, pois estamos no estágio de olhos
atentos. É preciso sensibilidade e bom senso. A gente aprende ser assim. E tenho dito!
6
Cronograma das atividades que foram propostas no estágio II de Intervenção
Acompanhar o
trabalho cotidiano
das assistentes
sociais;
Adquirir o
máximo de
informações
possíveis na
coleta de
dados.
Entrevistas, visitas e observações
Realizar
observação
participante no
Núcleo
Psicossocial
Observar o
trabalho da
assistente
social com
relação ao
fazer
profissional.
Realizar visita domiciliar e participar direta ou
Indiretamente nas entrevistas.
Organizar
momento de
estudos, reflexões
e encontros
Participar do XV
Enapa
Provocar
espaço de
reflexão sobre
a prática
profissional
Realizar encontro com Núcleo de Ji-Paraná e Alvorada
Do Oeste sobre os procedimentos utilizados no Núcleo.
Envolver uma assistente social, assessora da Juíza “D”
e estagiário para participar do XV Enapa.
7
RELATANDO
Desde o primeiro momento da segunda parte do meu estágio no Fórum, leia-se,
estágio de intervenção estive consciente de que era uma continuidade ao estágio de
observação e enquanto praticava a intervenção, observava a realidade e como estagiário,
silenciava diante do não compreendido, mas que no momento certo questionava, provocava
uma discussão acerca da situação que me parecia necessária aprofundar. Mesmo sabendo que
estagiar no Núcleo Psicossocial era algo um pouco “artificial”, procurei com muita
intensidade mergulhar naquela realidade e me sentir um pouco como as assistentes sociais e
psicólogas tratando, encaminhando problemas relacionados com tantas questões que
envolviam as mais realidades diversas dos usuários.
Houve tantas trocas e nelas uma satisfação muito grande de termos sido parceiros da
aprendizagem, pois Lewgoy (2009:136) declara que “não há aprendizagem passiva. Toda
aprendizagem é ativa; é o resultado da ação de determinado sujeito sobre determinado objeto,
ou seja, é produto de interação do sujeito com o objeto, porque os conceitos não são
aprendidos mecanicamente, mas evoluem com o auxílio de uma potente atividade mental por
parte do próprio aluno”. E isto é verdade, na interação ativa e dinâmica com as assistentes
sociais e psicólogas crescemos muito. Aprofundamos quanto a visão do ser e fazer do
assistente social seus limites, riquezas e contradições.
Para se compreender a totalidade da vida social que é permeada pelas relações sociais
é preciso romper com a visão fetichizada.
Lewgoy (2009) fala ainda que por uma série de limitações os estagiários que são
alunos, geralmente têm dificuldade de romper com o espontaneísmo porque não percebem as
contradições do real e da sua processualidade.
Na seguinte situação que relatamos, é preciso “ler” o que se esconde atrás da situação
enfrentada pela assistente social e que marca seu ser e fazer: “Quando de uma visita a
assistente social encaminhou a seguinte solução: “Aos olhos humanos não têm solução, só por
Deus mesmo, fazendo referência à situação da família de S. 12 anos com necessidade
educativa especial e que mora em um barraco em situação de pobreza e miséria extremas. Foi
nossa primeira visita do dia. Mãe comprometida com deficiência mental, pai, idoso e
alcoólatra, dois filhos menores. O pai agrediu fisicamente a criança em nossa frente. A
8
assistente social não tem claro como encaminhar nesta situação. Em relação aos dois menores:
adoção? Abrigo? Retirada provisória? E “S”, como fica? O que fazer com ela?”
Interessante assinalar aqui o que Fávero (2005:28/29) pontua sobre a visão de mundo e
postura que o assistente social tem ao realizar seu trabalho e de como este fica marcado por
ela:
O estudo, a pesquisa que o assistente social realiza a respeito de determinados
fatos ou situação não são, porém, conduzidos com neutralidade, e sim
condicionados por sua consciência, por sua visão de mundo, pela maneira como
pensa, com age, como identifica os acontecimentos com que se depara. O seu
saber, que se transforma em ações concretas envolvendo a vida de crianças e
adolescentes, está em relação intrínseca com o poder e, dependendo dos
critérios que utiliza para estudar e avaliar determinadas situações direciona seu
parecer, influindo de forma determinante sobre a decisão a ser tomada com
relação à trajetória, ao destino da criança ou adolescente sujeito ou objeto da
investigação.
Diante da situação acima citada, apenas uma dentre tantas vivenciadas, que serve com
modelo exemplar, gosto da fala da Lewgoy (2009:158) e me ative constantemente a elas e
discutimos a supervisora de campo e eu várias vezes para o perigo de se confundir certas
situações.
“É fundamental ter em conta que o aluno deve ser capacitado para o
enfrentamento dos desafios do exercício profissional na condição de estagiário,
nunca como substituto do profissional no campo de estágio. (...) o estágio não é
um lugar onde o aluno exerce o papel de substituto do profissional, mas um
espaço em que reafirma sua formação, não uma condição de empregado, mas de
estudante estagiário. A capacitação do aluno para o enfrentamento dos desafios
do exercício profissional vai sendo articulado na concretude do estágio, à
medida que ocorre a compreensão da unidade entre teoria e realidade e pelo
entendimento de que, nele, a condição do aluno não é a mesma de muitas
instituições, que confundem “estágio” com “emprego” e “estagiários” com
“empregados”. Instala-se aí uma idéia distorcida dessa função, pelo abuso na
utilização de estagiários em situações em que o aprendizado nem sempre está
em primeiro plano.
Planejando visitas, colaborando com os relatórios, sentando com as assistentes sociais
e psicólogas, sempre ficou clara que a intenção primeira do estágio era de fato a
aprendizagem. Tanto minha como a delas. Na anotação que segue, fica clara que esta troca de
saberes, aconteceu de fato.
Conversamos sobre a situação da adolescente “K” que foi abusada sexualmente pelo
companheiro da mãe biológica e que atualmente mora com um tio avô. O programa de
enfrentamento contra a violência da criança e do adolescente já vinha acompanhando o caso
9
há três meses. É nítida a falta de intercâmbio entre os órgãos públicos que trabalham com
estas situações.
Segundo a assistente social, o trabalho é feito em ilhas isoladas, fragmentando o
processo. Há uma descontinuidade. A psicóloga que também estava na roda de conversa
“informal” explica que acontece a fragilização dos sujeitos. Tomou como exemplo a
adolescente violentada sexualmente: a adolescente fica repetindo constantemente sua história
de violência e abuso, o que acaba criando uma situação de violência sobre violência. Explica
que isto cristaliza a violência. Esta fala, que foi uma reflexão espontânea, mas que deveria ser
sistematizada através de momentos de estudo revela a necessidade de momentos de parada
para se pensar sobre o trabalho de cada dia.
Essa relação pedagógica que se estabeleceu entre supervisor e aluno foi sentida como
uma relação de apoio e troca de saberes. Como venho de uma experiência significativa de
escola pública, durante o processo do estágio aconteceram essas trocas de figurinhas e
complementaridade. Eu com meus saberes e experiências no campo da educação e elas outras
com seus saberes, formação profissional e visão de mundo. Foi uma relação sustentada pelo
compromisso e responsabilidade no desvelamento de inseguranças e temores que confirmou a
experiência do estágio, como campo significativo de aprendizagem em sua abrangência
maior, o que Lewgoy (2009:140) expressa com muita propriedade quando fala da importância
do espaço do estágio como situação de criatividade e crescimento para o acadêmico:
A intenção é que ele se torne capaz de intervir na realidade, tarefa que é
complexa, porém gera novos saberes, os quais exigem mais do que
simplesmente se adaptar a ela. É por isso que não parece possível nem aceitável,
a posição ingênua ou neutra de quem estuda. O aluno, ao se inserir na realidade,
não está no mundo de luvas na mão, apenas constatando realidades; ao
contrário, precisa tomar decisões, fazer escolhas e intervir na realidade.
Situação que pode ser comprovada no seguinte relato feito durante o processo do
estágio, que foi registrado no diário de campo: “hoje vamos às visitas. Bairro São Bernardo,
Rua Goiabeira. Todas as ruas têm nomes de frutas. Ruas esburacadas. Primeira família
visitada: suspeita de abuso e atentado violento ao pudor. Encontramos a avó materna da
criança na rua. Disse-nos: “vamos nos mudar daqui ninguém olha pela gente, quando chove
aqui vira uma tristeza só”. “A gente não tem emprego e pega o que aparece mesmo para
fazer”. “A gente trabalha para os políticos e quando vai pedir votos o povo diz para a gente:
porque você não vem arrumar estas ruas primeiro para gente e depois pedir votos”. “O faro-
10
fino falou uma coisa e ele tem razão: os políticos só aparecem na hora de pedir votos”. As
duas profissionais do núcleo psicossocial atendem o caso.
A psicóloga trabalha com a criança e a assistente social com a mãe. A psicóloga se
afasta para conversar com a criança enquanto a assistente social entrevista a avó. Enquanto a
psicóloga conversava com a mãe da criança, solicitou-nos que nos ocupássemos com a
criança. Como tínhamos lápis, pincel e papel na bolsa, tudo “deu certo”. Não falta um
pedagogo na equipe? Nem vou me aprofundar nesta questão (risos). Interessante nosso
contato com a criança. Interage tranquilamente conosco e responde às provocações de
maneira ativa. O linguajar não é o de sua idade. Segue abaixo o relato que fizemos a pedido
da psicóloga para auxiliar no seu relatório geral.
A psicóloga nos pede um relatório sobre o atendimento e realizamos. É este que segue:
“Na interação com a criança “J”, de cinco anos, percebemos que responde com coerência e
nexo às perguntas que lhe são feitas; interage com os brinquedos e com o estagiário. É afetiva
e tem aparentemente um linguajar mais maduro do que lhe deveria corresponder o de sua
idade. Falou de toda a sua família citando nomes. Desenhou toda a família, exceto o avô
paterno que não foi mencionado. Quando questionada em relação à escola que freqüenta
demonstrou satisfação e alegria, dizendo que gosta da professora e dos coleguinhas,
afirmando que adora ir para a escola. Durante todo o tempo em que esteve interagindo com o
estagiário conversou animadamente e não demonstrou timidez ou apatia. Brincava com uma
boneca e a partir da situação de que ela, a boneca, estava doente, e ao transportar-se ao mundo
de faz de conta reproduzia situações vivenciadas pela família no seu contexto cotidiano.”
Um dos grandes desafios percebidos durante o processo de observação e
acompanhamento do trabalho das assistentes sociais, parte integrante da etapa de intervenção,
foi o de compreender e localizar quais são os velhos e novos desafios de sua ação.
Entendemos que para isto acontecer é urgente fazer uma análise de como se produz a questão
social em nossa vida. Desafio também de decifrar, com certeza, decifrar as contradições do
cotidiano que aparecem de forma tão velada sobre a questão social, ao que Iamamoto,
(2002:31) desafia: “ampliar as possibilidades de atuação e atribuir dignidade ao trabalho do
assistente social, porque ele não trabalha com fragmentos da vida social”. Isto pode ser
comprovado na seguinte situação vivenciada no estágio: “Chegamos ao fórum às 14 horas,
“X” estava sozinha elaborando relatórios. Falou conosco assim: “é das políticas da rede que
11
não funcionam”. Estou cansada emocionalmente. É frustrante. Cobram a gente coisas que não
podemos dar”. Fávero (2005:8) caracteriza bem este lamento quando reflete que:
Lidando freqüentemente com situações emergenciais que exigem a prontidão da
ação, contando com escassos recursos alternativos à intervenção legal e
coercitiva, com poucos espaços para reflexões críticas sobre suas ações, o
assistente social tem sua prática muitas vezes rotinizada, muitas vezes levando-
o a um ativismo esgotante, que impede a percepção clara dos objetivos e
estratégias que se perseguem e dos resultados que se obtém. Essa realidade
contribui para a naturalização ou banalização da pobreza e, não raro, termina se
sobrepondo à coletivização de práticas singulares que se pautam num saber
crítico e em posturas comprometidas com mudanças na realidade.
A partir das constatações de que o trabalho das assistentes sociais é esgotante, da falta
de espaços para refletir e trocar experiências, de uma prática bastante fragmentada foi que
realizamos o terceiro objetivo do nosso estágio de intervenção que foi o de provocar espaços
de reflexão e aprofundamento. Muito mais do que provocar ações artificiais, de momentos, a
intenção neste objetivo foi o de provocar situações de reflexão no desenrolar das atividades
que estavam sendo acompanhadas. Vamos exemplificar isto através de falas que foram
anotadas no diário de campo. “Interessante, estamos aproveitando o momento do lanche,
aproximadamente 30 minutos para fazer sempre uma reflexão sobre o trabalho e as atividades
realizadas ou por realizar. Ou sobre as mais variadas situações vivenciadas no cotidiano que
envolve o trabalho do núcleo psicossocial.” (anotação feita no diário de campo dia
03.03.2010, logo no início do estágio II).
Eis o resumo de um dia de visitas e das provocações que foram sendo feitas:
“visitamos uma mãe cujos filhos estavam abrigados. Dois foram devolvidos para a mãe e um
ficou no CREAS. “não entendo porque”, questiona a assistente social. Encontramos a mãe na
rua com um pequeno no colo. A filha adolescente estava dormindo. Perdeu a bolsa no
JICREDI porque faltou mais do que o permitido e quando retornou o professor disse: “você já
não tem mais condições de passar, já não tem mais jeito”. Perguntamos se sabia ler, ao que
respondeu: “mais ou menos, engulo algumas letras”. Disse que faltou na escola porque foi
numa fazenda ver um serviço e não deu para voltar a tempo. A mãe da adolescente repetia
constantemente o mesmo refrão: “Eu faço a minha parte, me esforço, faço faxina, agora
milagres eu não posso fazer”. A adolescente quer ir para a “Guarda Mirim” ao que a assistente
social demonstrou contentamento. Uma pergunta que nos fazemos: quem acompanha a
proposta da guarda mirim? Que proposta ela tem? Quem questiona haja vista que é
12
subvencionada com dinheiro público? Segundo notícia, veiculada no site
http://www.ocombatente.com.br/noticia/119/vice-governador-joao-cahulla-participa-da-
formatura-da-guarda-mirim-em-ji-parana diz que “A Guará-Mirim é uma entidade sem fins
lucrativos, que desenvolve várias atividades com o objetivo de prevenir a criminalidade e
oferecer um atendimento de qualidade para as crianças e adolescentes, com conteúdos ligados
a cidadania, socialização, cultura e lazer”, comentou o pastor-presidente da Guarda-Mirim,
Avelino Pompeu de Santana, que entregou um certificado de Honra ao Mérito ao vice-
governador pelo apoio que a entidade recebe do Estado. Sobre isto caberia uma reflexão mais
aprofundada. Lembro muito bem de uma reunião de orientadores na Representação de Ensino
em que vários questionaram os métodos da Guarda Mirim, por serem violentos. E segundo
mesmo depoimento de alunos que estudam na escola onde trabalhamos e que freqüentam a
guarda mirim.
No dia 10.03. 2010 fomos incumbidos de organizar o projeto do Encontro dos Núcleos
Psicossociais de Rondônia. Vou até a assistente social, discuto, procuro, pergunto, questiono.
Trocamos as figurinhas. Enviamos por e-mail o projeto para o setor. No outro dia de visitas,
dia 25.03.2010 sentamos juntos, duas assistentes sociais e eu e o retomamos. Foi uma
experiência muito produtiva. Aliás, todas as vezes que conseguimos sentar para trocar e
retomar relatórios, laudos e pareceres, o crescimento foi grande, porque em geral a dinâmica
não é esta.
Cada dupla de uma assistente social, juntamente com uma psicóloga realiza seus
relatórios, porém mesmo assim a troca entre elas não acontece como praxe em função também
da sobrecarga de atividades e da burocratização, presente nesta fala, por exemplo: “Ás vezes
isto desestimula tanto. Sinto-me amarrada com estes processos todos”. Refletimos sobre estes
encaminhamentos todos que não dão em nada.
Apenas são encaminhados, as problemáticas levantadas e só. Falou que o CREAS não
resolve muita coisa. Depois continuamos falando sobre a necessidade de estudar. Ela sempre
expressa esta necessidade, porém falta o “espaço” para tal. Falta o espaço?
Em um determinado momento do café: “no cafezinho com assistente social e
psicóloga, refletíamos sobre situações em que as pessoas ficam perdidas e que não são
orientadas quanto ao linguajar jurídico/legal. No caso, o advogado e outros detêm o poder
deste discurso e o preserva. Falávamos de que à instituição compete esclarecer às pessoas e
não “supor que elas já sabem”. “A gente poderia fazer umas palestras”, sugeriu a assistente
13
social. “É tão bom estar no meio das pessoas”. Nesta fala se percebe que as assistentes sociais
têm o desejo de ser mais preventivo, no sentido de fazer palestras, organizar encontros.
Experiências elas têm e muita. Isto ficou comprovado. E competência também. Dentro desta
situação, cito Lewgoy (2009:157) que define bem o que pensamos:
A competência ético-política, produto da formação e do exercício profissional,
situada na sociedade real em que se vive com profissional, implica diálogo
crítico e rigoroso entre a teoria e a realidade. O compromisso de reflexão, na
busca de atualização e de desenvolvimento de projetos que reafirmem os
direitos sociais, é competência dos sujeitos que abrange o processo de
formação, incluindo envolvimento prático-político na história do seu ambiente
econômico-social particular, que não pode ser compreendido sem sua inserção
no âmbito universal.
Segue agora, relato de situação voltada para a questão da adoção o que provocou a
decisão de irmos participar do XV ENAPA em Mato Grosso do Sul. Em relação aos
processos de adoção a assistente social Z, falou o seguinte: “demora tanto, que é por isto que
as pessoas procuram a ilegalidade. Isto é tão desestimulador”. É o caso de um processo de
adoção cujos usuários estão pleiteando há bom tempo. A assistente social acha suficiente, mas
o promotor mandou estender por mais dois meses o acompanhamento: esclarecer obrigações.
Z, falou sobre a nova metodologia de adoção para pretendentes.
No mesmo dia houve um atendimento a um casal que deseja adotar uma criança do sexo
feminino. O marido perguntou: “demora muito para sair a adoção? Demora muito tempo?” Z,
encaminhou esclarecimentos da nova Lei de Adoção, que prepara os pretendentes a adoção,
esclarece, através de cursos e oficinas. Ele, 47 anos, motorista, há 27 anos para uma fábrica de
vassouras. Percebi que é um pouco “rude”. Ele é mais falante, mas a senhora participa
também. Demonstra zelo e cuidado pelas enteadas. “Esse é meu desejo”. (fala da senhora).
“Já vai lá e pega de uma vez”. (fala do senhor). A Assistente social esclarece quanto aos
riscos de uma adoção ilegal. Foi fazendo todas as orientações e a senhora a cada tempo fazia
perguntas tentando esclarecer o processo; “Se por acaso eu souber de uma criança que está
para ser adotada e avisar ao Fórum, ela vai ser minha?”.
A assistente Social esclareceu que a criança iria para quem está na lista de espera.
Logo após este atendimento ficamos refletindo sobre os entraves e burocracias em relação à
adoção. Z me sugere dois filmes. Eis os nomes dos dois filmes com suas respectivas sinopses:
Assisti os dois. Seriam excelentes para cine fórum e análise fílmica posterior do próprio grupo
de profissionais do Núcleo.
14
O documentário: “A morte inventada” do diretor Alan Minas é um bom filme que
trata do tema da “Alienação Parental” com depoimentos significativos. O documentário é
fundamental para o entendimento de uma situação que é freqüente e que muito mal faz aos
filhos de pais separados. Infelizmente ele não destaca uma realidade: a alienação parental da
mãe pelo pai, enfatizando apenas a alienação da figura paterna. Contudo, a definição de uma
das depoentes corrige em parte essa falha: "alienação parental é alterar a percepção da criança
sobre o outro genitor (pai ou mãe), fazendo com que a criança passe a odiar o outro genitor"
(pai ou mãe).
O segundo filme indicado por Z, é, "Festa em Família" que mostra o esforço para
desvelar um segredo familiar feito pelo membro da família considerado "louco", "neurótico",
"artista". Este, na festa de 60 anos do pai, estando toda a família reunida, denuncia os estupros
que o pai infligia a ele e à irmã, que teria se suicidado anos depois por isso. Vemos como a
família resiste intensamente frente a emergência desta verdade ameaçadora, que, se
reconhecida, mudaria para sempre os padrões de relacionamento familiar. O filho que faz a
denúncia é sistematicamente desqualificado, desautorizado, expulso, espancado, chamado de
"louco". Tudo é feito para calá-lo. Quando finalmente a verdade se impõe, há uma benéfica
catarse, um grande alívio para todos, personagens e espectadores. E ficamos um bom tempo
discutindo sobre as temáticas e a importância de um filme significativo para aprofundar certas
temáticas.
No dia 07.04.2010 fala sobre um possível pedido de ajuda para ir ao ENAPA em
Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Nossa luta até meados de maio foi em cima de conseguir as passagens e um pequeno
recurso para ajudar nas despesas.
ENAPA é o Encontro Nacional de Apoio à Adoção que surgiu da necessidade dos
grupos de apoio à Adoção existentes no país de se reunirem em um espaço propício para
trocar experiências, estreitar as relações entre os grupos e fortalecer as articulações em torno
de um projeto comum, na defesa dos direitos da criança e do adolescente de crescerem em
uma família.
O 1º ENAPA realizou-se no dia 25 de maio de 1996, na cidade do Rio Claro/SP. A
partir daí, o evento acontece anualmente, privilegiando diversas regiões do país para sediar o
encontro. Este evento nacional, que reúne anualmente aproximadamente 1.000 (Mil)
participantes, gira em torno das discussões dos diversos aspectos do processo de adoção,
15
suscitando reflexões de todas as partes envolvidas: família biológica, família adotiva,
pretendentes à adoção, Sistema Judiciário, profissionais e agentes que atuam nos Abrigos,
Instituições de Ensino, Sociedade e orgãos responsáveis pelas políticas públicas das crianças e
dos adolescentes que sonham com uma família. www.enapa2010.com.br.“Vamos pedir para a
C, que ela tem mais acesso, passo livre”. “Ao que a C, responde: “Eu bato na porta de fininho
e se ouvir um “não”, eu saio correndo”. (falando sobre um possivel pedido de ajuda para Dra.
“D”).
Neste encontro vamos, a assistente social supervisora de campo, a assessora da Dra.
“D” e eu. Depois de alguma luta, as passagens foram conseguidas, “porque somos liberadas
para participar destes congressos, mas inicialmente é sem ônus para o Estado”.
Quanto ao encontro dos Núcleos Psicossociais, está se buscando uma data no segundo
semestre para que aconteça de fato pois já foi encaminhado a proposta para a Dra. “D” e está
aplaudiu a iniciativa. Quanto às palestras para pais, e outras pessoas candidatos a adoção,
estao fazendo encontros às quartas-feiras no período da tarde para aprofundar a questao das
novas leis em vigor.
Os encontros para reflexão começam acontecer com mais periodicidade. Estão
pensando em eleger um coordenador para o setor psicossocial. Vejo isto com olhar positivo.
Fomos participar do XV ENAPA em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Nos
organizamos e conseguimos as passagens. Quando se quer e se tem boa vontade também as
coisas conspiram a nosso favor. A seguir, relataremos um pouco do que foi o encontro, seus
objetivos e finalidades.
Podemos classificar o encontro, como proveitoso e extremamente significativo para se
compreender questões ligadas à adoção no Brasil. Sucesso total.
O XV Encontro Nacional de Apoio à Adoção (ENAPA), preparado pela Associação
Brasileira da Infância e da Juventude, em parceria com os grupos de apoio à adoção de
Campo Grande e Coxim, com apoio do Tribunal de Justiça de MS, reuniu juízes, promotores,
defensores, conselheiros tutelares, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, coordenadores
de abrigos, pais e filhos adotivos, representantes de conselhos da área de adoção, estudantes e
simpatizantes da causa da adoção no Brasil.
Passaram pelo ENAPA conferencistas e debatedores de renome como Sávio
Bittencourt, Luiz Schettini, Des. Luiz Carlos de Barros Figueiredo, Bárbara Toledo, Suzana
Sofia Moeller Schettini, Des. Josué de Oliveira, Katy Braun do Prado, Maria Luiza de Assis
16
Moura Ghirardi, Mônica Labuto, Maria Isabel de Matos Rocha e tantos outros profissionais,
que dividiram seus conhecimentos sobre adoção no Brasil.
Os depoimentos dos pais adotivos, entre uma conferência e outra, foi o que mais
emocionou a platéia, que viu desfilar pelo palco do ENAPA exemplos de como uma adoção
pode modificar a vida das pessoas e, ao mesmo tempo, ressignificar suas vidas.
Quem participou do XV ENAPA entende que adoção não é mais um ato que coloca
um filho na vida de um casal, mas propicia uma família para a criança e, este conceito
contemporâneo de adoção foi muito debatido pelos participantes. Houve também
depoimentos de casais homoafetivos. Um dos debatedores questionou a questão de casais
homoafetivos e disse que “não existem casas homoafetivos e sim pares homoafetivos”.
Questão como esta precisa ser mais aprofundada. É polêmica, certamente.
Vários temas foram polêmicos como o Direito à Convivência Familiar X
Institucionalização Prolongada; a Nova Lei da Adoção e os Cadastros Nacionais de Adoção e
de Crianças em regime de acolhimento institucional e familiar; O Poder Público e a Rede de
Atendimento dos Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes; Pedagogia da
Adoção: Criando e Educando Filhos Adotivos; Devolução de Crianças; O Papel dos Grupos
de Apoio à Adoção; a escola para um novo conceito de família, entre outros.
O Des. Joenildo de Sousa Chaves, presidente da Abraminj e Coordenador da Infância
em MS, lembra que a edição do Enapa de MS foi preparada para ser a melhor de todas as
edições. “Não há dúvidas, pela reação dos mais de mil participantes, que conseguimos
transformar esta edição em um marco. Isso é muito gratificante, visto que mostra a
competência e a dedicação da equipe organizadora e mais: as discussões aqui iniciadas
demonstram o interesse da sociedade voltado para a causa da adoção”.
Na abertura, houve algumas homenagens para Amigos da Adoção. Foram agraciados o
presidente do Tribunal de Justiça, Des. Elpídio Helvécio Chaves Martins, representado pelo
Des. Josué de Oliveira, Corregedor-Geral de Justiça; o empresário Ueze Zahran, o cantor
Almir Sater, a juíza Maria Isabel de Matos Rocha e o Des. Joenildo de Sousa Chaves,
presidente da Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude (Abraminj).
A primeira palestra foi proferida por Sávio Bittencourt, promotor no Rio de Janeiro e
pai por adoção. Defensor ardente da causa, ele falou sobre Direito à Convivência Familiar x
Institucionalização Prolongada. Sávio emocionou a plateia quando desafiou juízes,
17
promotores, defensores, políticos e outros presentes a passar dois meses em um abrigo,
institucionalizados – longe de seus familiares e sem ter qualquer perspectiva. “E, a partir
desse laboratório, saber como é ser tratado como abrigante, não ter individualidade. Somos
todos filhos adotivos de alguém que nos amou intensamente. Somos adotados todos os dias
pelos pais, que amam seus filhos.
No Brasil, existem milhares e milhares de crianças abrigadas, varridas da sociedade
civil”, disse ele, completando que “ser criança institucionalizada é pior que ser homicida, pois
estes têm direitos e garantias, porém as crianças não têm direito a um advogado, entrevista
com o juiz – está condenada à morte civil por não ter acesso à justiça”. Para Sávio, pai de
cinco filhos, dos quais dois são por adoção, a comparação entre filho natural e adotivo é
esdrúxula e não deve ser feita. “Os pais adotivos não gostam de ser elogiados por isso porque
eles é que foram agraciados pelo destino, por poder dar vazão ao amor, já que a adoção é um
encontro de afeto”, completou. Depois de descrever da situação que a adoção enfrenta no país,
Sávio lembrou que o momento atual é de mudança de paradigmas. Ele falou também do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da nova lei da adoção (Lei nº 12.010/09) e de
suas conseqüências na competência da magistratura. “A maior sentinela da criança será o juiz
de direito. Temos hoje 80 mil crianças abrigadas no país, clamando pela convivência familiar.
Essas crianças têm direito à família adotiva quando a biológica não pode mais cuidar delas.
Essas crianças clamam por ações efetivas. A sociedade precisa saber por que as crianças estão
abrigadas. “Somos todos seres afetivos e a adoção é um encontro de almas”, concluiu.
Não poderíamos fechar o estágio de intervenção de forma mais significativa.
Juntamente com tantos profissionais do serviço social e outros perceberem uma situação que
faz parte do dia a dia de seu fazer.
Ainda no dia 16/06/2010 fomos participar de uma sessão de estudos e voltamos felizes
porque vimos as assistentes sociais e dois estagiários. A assistente social “P” explicou a razão
deste grupo de estudos das quartas feiras. O estudo desta tarde foi ao redor do tema da Nova
Lei da Adoção e a tessitura de um projeto para trabalhar a mesma com profissionais da saúde,
do Abrigo Municipal e do Fórum. Escolhemos provisoriamente o nome do projeto: “Adoção
Legal: sempre o melhor caminho”, ou, “Adoção Legal: sempre a melhor escolha”. Depois
houve um momento de partilha sobre o ENAPA em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A
assistente social “P” ponderou que não conseguia visualizar no momento a forma como
18
funcionaria um “grupo de apoio à adoção”. Houve algumas intervenções e trocas novamente.
A discussão foi boa porque esclareceu muita coisa no grupo. Em seguida houve outra
discussão significativa sobre as bases teóricas que sustentam o fazer dos assistentes sociais e
de sua relação com a história do serviço social no Brasil e no mundo. Discutimos também
sobre as atribuições do assistente social no fórum que segundo o Manual e Análise, Descrição
e Especificação de Cargos (2005:231) diz que o assistente social no Judiciário:
Presta serviços de âmbito social a indivíduos e grupos, identificando e
analisando problemas e necessidades materiais, psíquicas e de outra ordem,
aplicando métodos e processos básicos do serviço social, para prevenir ou
eliminar desajustes de natureza biopsicossocial e promover a integração ou
reintegração desses à sociedade.
Discutimos muito sobre esta questão de que esta visão do assistente social como
ajustador de comportamentos desajustados é equivocada e retrógrada.
Finalizamos nosso encontro discutindo a frase do Presidente Luis Inácio Lula da Silva
sobre o Judiciário: “O judiciário é uma caixa preta que precisamos saber como funciona” e da
reação que isto causou nos juízes. Trouxemos este assunto à tona quando falamos do poder do
discurso no judiciário. Maravilhoso ver as assistentes sociais refletindo sua prática. Quem
ganha com isto são os usuários, certamente. E é claro, as assistentes sociais também
encontram maior sentido no que fazem.
19
À guisa de conclusão
Depois da experiência riquíssima do estágio de intervenção, a avaliação não poderia
ser de outra forma a não ser propositiva. Participar ativamente das atividades do Núcleo
Psicossocial e, de certa forma ter sido adotado pelas assistentes sociais e psicólogas foi uma
experiência única e insubstituível quando se trata da importância de um estágio acadêmico.
“Terminamos” o estágio com uma visão mais realista e profunda do que é ser um assistente
social na atualidade, da importância do mesmo quando se trata da luta por direitos básicos e
da cidadania. Aquilo que Lewgoy (2009:174) se aplica com muita propriedade:
Se o espaço profissional oferece a oportunidade de o aluno desenvolver
competências e habilidades no que concerne a planejamento, execução,
sistematização e análise da prática, certamente lhe está permitindo conhecer
aspectos relacionados ao planejamento de políticas sociais, à gestão na área da
assistência social, cumprindo o disposto nas diretrizes que norteiam a profissão
do assistente social.
A ausência de planejamento e consequentemente avaliação sobre o fazer profissional é
que geram tantos desgastes. As profissionais do Núcleo Psicossocial começam a desenvolver
o hábito de ter encontros semanais provocadas a partir de duas situações específicas: a
questão da adoção e toda sua problemática e desafios e as medidas socioeducativas aplicadas
aos adolescentes em conflito com a lei.
Um dos pontos altos do Estágio foi sem dúvida alguma ter participado do XV Enapa
em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, juntamente com a assistente social supervisora de
campo e a assessora da Dra. “D”, a senhora “M”. Por todo o esforço da minha supervisora de
campo em conseguir as passagens, correr atrás de informações fico imensamente grato. A
todas as profissionais do Núcleo Psicossocial, em especial à minha supervisora de campo,
meu muito obrigado por terem me acolhido e tratado com tanto carinho, honestidade e
decência. À minha supervisora de Estágio, agradecimentos pelas trocas e os momentos
maravilhosos de crescimento.
Concluir que nada! Vamos continuar no próximo semestre com o TCC II e com
atividades de oficinas voltadas para questões da adoção. E certamente agir ativamente na
criação do grupo de apoio à adoção em Ji-Paraná. E para reforçar este sonho, junto com
outros sonhos de fazer um mundo melhor quero lembrar um pequeno poema do grande
Quintana (1985:108), “Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora a mágica das estrelas”. Os sonhos é que me fazem
humano. E tenho dito!
20
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Federal de Serviço Social. Lei 8.662/93 da Regulamentação da profissão.
Brasília: CFESS, 1997.
FÁVERO, Eunice Teresinha. Serviço social, práticas judiciárias, poder: implantação e
implementação do serviço social no juizado da Infância e Juventude de São Paulo. 2. Ed. São
Paulo: Veras editora, 2005.
IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação
profissional. 9ª. Ed. São Paulo, Cortez, 2002.
LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Supervisão de Estágio em Serviço Social: desafios para a
formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2009.
Manual e Análise, Descrição e Especificação de Cargos. Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia. Porto Velho, 2005.
MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 1987.
QUINTANA, Mário. Nova Antologia Poética. Porto Alegre: Globo, 1985.
21
ANEXO
22
PROGRAMAÇÃO XV ENAPA
03 DE JUNHO DE 2010 (5ª. FEIRA)
18 às 19h - Credenciamento
19h - ABERTURA OFICIAL | Composição da Mesa de Autoridades
19h30min às 20h30min - Cerimônia de abertura com apresentação cultural
20h30min - Conferência de Abertura: “Direito à Convivência Familiar x Institucionalização
Prolongada”.
CONFERENCISTA: Sávio Renato Bittencourt Soares Silva
21h 30 min - Coquetel com apresentação cultural e lançamento de livro do palestrante
04 DE JUNHO DE 2010 (6ª. FEIRA)
7h às 8h – CREDENCIAMENTO
8h às 9h – Mesa: “Nova Lei da Adoção e os Cadastros Nacionais de Adoção e de Crianças
em regime de acolhimento institucional e familiar ”.
23
CONFERENCISTA Luiz Carlos de Barros Figueiredo
9h - 9h15min - Debates com perguntas do público
9h15min – 9h25min - Depoimento de Casal que adotou (10 minutos)
9h25min às 10h25min – Mesa: “O Poder Público e a Rede de Atendimento dos Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes”.
CONFERENCISTA: Tânia Mara Garib
10h.25min – 10.40min - Debates com perguntas do público
10h40min às 11h10min – Coffee break com Apresentação Cultural
Evento Paralelo : Lançamento de Livros sobre Temas de Adoção
11h10min às 12h10min – Mesa: “O Papel dos Grupos de Apoio à Adoção e sua Relação com
o Poder Judiciário”.
CONFERENCISTA: Maria Bárbara Toledo
12h10min às 12h25min – Debates com perguntas do público
24
12h30min às 13h45min – ALMOÇO NO LOCAL DO EVENTO
13h45min às 14h45min – Mesa: “Pedagogia da Adoção: Criando e Educando Filhos
Adotivos”.
CONFERENCISTA: Luiz Schettini
14h45h às 15h – Debates com perguntas do público
15h às 15h10min – Depoimento de família que adotou (10 min)
15h10min às 16h10min – Mesa: “A Escola para um Novo Conceito de Família”.
CONFERENCISTA: Suzana Sofia Moeller Schettini
16h10min às 16h25min – Debates com perguntas do público
16h25 min às 17h00min - Coffee break
17h – 18h – Relatos de experiências exitosas dos GAA’s e de apadrinhamentos (10 minutos
para cada relato).
Mediadoras: Rosa Pires Aquino e Eliene Dias de Oliveira
21 h - JANTAR (POR ADESÃO)
25
05 DE JUNHO DE 2010 – SÁBADO
8h às 8h30min – Início dos trabalhos com Homenagens “Amigos da adoção”
8h30min às 9h30 min - Mesa Redonda de Debates : “Caldeirão de Polêmicas Antes da
Adoção: Problemas da institucionalização e da preparação para a adoção“
Mediadora: Katy Braun
9h30min às 9h45min – Debates com perguntas do público
09h45min às 10h15min– Coffee break
10h15min às 11h15min - Mesa: “Devolução de Crianças”.
Conferencista: Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi
11h15min às 11h30min– Debates com perguntas do público
11h30min às 11h40min - Depoimento de família por adoção (10 min)
11h40min às 12h40min – Mesa: “Caldeirão de Polêmicas: Problemas e Entraves na Adoção”
Mediador: Joenildo de Souza Chaves
26
12h40min às 12h55min – Debates com perguntas do público
12h55min-13h15min - Eleição da sede do XVI ENAPA (organização com participação da
ANGAAD).
13h15min às 13h30 min – Agradecimentos: GEAAV E GAAM
13h30min – Encerramento.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

TCC Curso de Serviço Social
TCC Curso de Serviço SocialTCC Curso de Serviço Social
TCC Curso de Serviço SocialNilton Silva
 
Projeto de Intervenção
Projeto de IntervençãoProjeto de Intervenção
Projeto de Intervençãomoniquests
 
Suas 13 estudos de caso para debate
Suas  13 estudos de caso para debateSuas  13 estudos de caso para debate
Suas 13 estudos de caso para debateRosane Domingues
 
COMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSCOMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSDaiane Daine
 
Modelo de Plano de aula.
Modelo de Plano de aula.Modelo de Plano de aula.
Modelo de Plano de aula.Lorena Costa
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara narajoiramara
 
Projeto integrador para pedagogia ii
Projeto integrador para pedagogia iiProjeto integrador para pedagogia ii
Projeto integrador para pedagogia iiNome Sobrenome
 
Caracterização da escola 2
Caracterização da escola 2Caracterização da escola 2
Caracterização da escola 2Superestagio
 
Relatorio final de estagio saulo
Relatorio final de estagio sauloRelatorio final de estagio saulo
Relatorio final de estagio sauloSaulo Yuri
 
Relatório de estágio
Relatório de estágioRelatório de estágio
Relatório de estágioLeilany Campos
 
Relatorio de estagio supervisionado administrativo
Relatorio de estagio supervisionado administrativoRelatorio de estagio supervisionado administrativo
Relatorio de estagio supervisionado administrativoAlessandra Alves
 
Relatorio de estágio do ensino médio
Relatorio de estágio do ensino médio Relatorio de estágio do ensino médio
Relatorio de estágio do ensino médio Giselle Coutinho
 
Artigo relatório de estágio na educação infantil.
Artigo relatório de estágio na educação infantil.Artigo relatório de estágio na educação infantil.
Artigo relatório de estágio na educação infantil.renatalguterres
 

Mais procurados (20)

TCC Curso de Serviço Social
TCC Curso de Serviço SocialTCC Curso de Serviço Social
TCC Curso de Serviço Social
 
Projeto de Intervenção
Projeto de IntervençãoProjeto de Intervenção
Projeto de Intervenção
 
99b.guia orientador social
99b.guia orientador social99b.guia orientador social
99b.guia orientador social
 
Suas 13 estudos de caso para debate
Suas  13 estudos de caso para debateSuas  13 estudos de caso para debate
Suas 13 estudos de caso para debate
 
O estudo social
O estudo socialO estudo social
O estudo social
 
COMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSCOMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOS
 
Modelo de Plano de aula.
Modelo de Plano de aula.Modelo de Plano de aula.
Modelo de Plano de aula.
 
Relatório final de estágio
Relatório final de estágio Relatório final de estágio
Relatório final de estágio
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara nara
 
PEDAGOGIA HOSPITALAR.
PEDAGOGIA HOSPITALAR.PEDAGOGIA HOSPITALAR.
PEDAGOGIA HOSPITALAR.
 
Projeto integrador para pedagogia ii
Projeto integrador para pedagogia iiProjeto integrador para pedagogia ii
Projeto integrador para pedagogia ii
 
Caracterização da escola 2
Caracterização da escola 2Caracterização da escola 2
Caracterização da escola 2
 
Relatorio final pronto!
Relatorio final pronto!Relatorio final pronto!
Relatorio final pronto!
 
Serviço Social e Educação
Serviço Social e EducaçãoServiço Social e Educação
Serviço Social e Educação
 
Relatorio final de estagio saulo
Relatorio final de estagio sauloRelatorio final de estagio saulo
Relatorio final de estagio saulo
 
Relatório de estágio
Relatório de estágioRelatório de estágio
Relatório de estágio
 
Relatorio de estagio supervisionado administrativo
Relatorio de estagio supervisionado administrativoRelatorio de estagio supervisionado administrativo
Relatorio de estagio supervisionado administrativo
 
Relatorio de estágio do ensino médio
Relatorio de estágio do ensino médio Relatorio de estágio do ensino médio
Relatorio de estágio do ensino médio
 
Maria vitoria estagio
Maria vitoria estagioMaria vitoria estagio
Maria vitoria estagio
 
Artigo relatório de estágio na educação infantil.
Artigo relatório de estágio na educação infantil.Artigo relatório de estágio na educação infantil.
Artigo relatório de estágio na educação infantil.
 

Semelhante a Relatório de estágio no Núcleo Psicossocial do Fórum de Ji-Paraná

Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptx
Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptxProjeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptx
Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptxMarcos634937
 
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...Aslan Bogado
 
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...LOCIMAR MASSALAI
 
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino Aprendizagem
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino AprendizagemEnsinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino Aprendizagem
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino AprendizagemFabio Batalha M Barros
 
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01Ricardo Jeferson
 
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe Assunção
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe AssunçãoPLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe Assunção
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Reflexão 8ª semana
Reflexão 8ª semanaReflexão 8ª semana
Reflexão 8ª semanaOTutorial2
 
O captador de recursos um novo personagem na constituição de uma sociedade e...
O captador de recursos  um novo personagem na constituição de uma sociedade e...O captador de recursos  um novo personagem na constituição de uma sociedade e...
O captador de recursos um novo personagem na constituição de uma sociedade e...RenataBrunetti
 
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptx
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptxSlide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptx
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptxrosemendes2001hotmai
 
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoA organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoAnderson Cássio Oliveira
 
Sidéia sugestão 2 de oficina juventudes
Sidéia  sugestão 2 de oficina juventudesSidéia  sugestão 2 de oficina juventudes
Sidéia sugestão 2 de oficina juventudespactoensinomedioufu
 
Apresenta[1]..
Apresenta[1]..Apresenta[1]..
Apresenta[1]..cosmyn
 
Microblogging e moo cs final
Microblogging e moo cs finalMicroblogging e moo cs final
Microblogging e moo cs finalMaria Leal
 
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...Luciana Torturello
 
socialização e os seus agentes
socialização e os seus agentes socialização e os seus agentes
socialização e os seus agentes turma12c1617
 

Semelhante a Relatório de estágio no Núcleo Psicossocial do Fórum de Ji-Paraná (20)

Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptx
Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptxProjeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptx
Projeto de vida: A metamorfose da minha vida.pptx
 
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...
As Implicações da Cotidianidade na Prática do Assistente Social: Desafios da ...
 
A Visita Domiciliar no Serviço Social
A Visita Domiciliar no Serviço SocialA Visita Domiciliar no Serviço Social
A Visita Domiciliar no Serviço Social
 
Aula 1 ava
Aula 1 avaAula 1 ava
Aula 1 ava
 
Nb m07t11 adriana_m_machado
Nb m07t11 adriana_m_machadoNb m07t11 adriana_m_machado
Nb m07t11 adriana_m_machado
 
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...
ENTRE TRAMAS E DRAMAS: o fazer, o pensar e o sentir de Assistentes Sociais e ...
 
Avaliação Emancipatória
Avaliação EmancipatóriaAvaliação Emancipatória
Avaliação Emancipatória
 
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino Aprendizagem
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino AprendizagemEnsinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino Aprendizagem
Ensinar e aprender com sentido - Metodologias Ativas de Ensino Aprendizagem
 
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01
Desenvolvimento pessoal e_ profissional_tema_01
 
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe Assunção
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe AssunçãoPLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe Assunção
PLANO DE GESTÃO ESCOLAR - Prof. Noe Assunção
 
Portefólio
Portefólio Portefólio
Portefólio
 
Reflexão 8ª semana
Reflexão 8ª semanaReflexão 8ª semana
Reflexão 8ª semana
 
O captador de recursos um novo personagem na constituição de uma sociedade e...
O captador de recursos  um novo personagem na constituição de uma sociedade e...O captador de recursos  um novo personagem na constituição de uma sociedade e...
O captador de recursos um novo personagem na constituição de uma sociedade e...
 
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptx
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptxSlide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptx
Slide_Psicologia_Social_Silvia_Lane_e_En.pptx
 
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivoA organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
A organização como contexto social e desenvolvimento cognitivo
 
Sidéia sugestão 2 de oficina juventudes
Sidéia  sugestão 2 de oficina juventudesSidéia  sugestão 2 de oficina juventudes
Sidéia sugestão 2 de oficina juventudes
 
Apresenta[1]..
Apresenta[1]..Apresenta[1]..
Apresenta[1]..
 
Microblogging e moo cs final
Microblogging e moo cs finalMicroblogging e moo cs final
Microblogging e moo cs final
 
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...
A importância da afetividade no trabalho do Orientador Educacional frente aos...
 
socialização e os seus agentes
socialização e os seus agentes socialização e os seus agentes
socialização e os seus agentes
 

Mais de LOCIMAR MASSALAI

Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemia
Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemiaProjeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemia
Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemiaLOCIMAR MASSALAI
 
Plano de Retorno às aulas presenciais
Plano de Retorno às aulas presenciais Plano de Retorno às aulas presenciais
Plano de Retorno às aulas presenciais LOCIMAR MASSALAI
 
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...LOCIMAR MASSALAI
 
BNCC da Educação Básica
BNCC da Educação Básica BNCC da Educação Básica
BNCC da Educação Básica LOCIMAR MASSALAI
 
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -RO
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -ROCaderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -RO
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -ROLOCIMAR MASSALAI
 
Guia orientador do PP - CRE - Ji-Paraná
Guia orientador do PP - CRE - Ji-ParanáGuia orientador do PP - CRE - Ji-Paraná
Guia orientador do PP - CRE - Ji-ParanáLOCIMAR MASSALAI
 
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda LOCIMAR MASSALAI
 
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi LOCIMAR MASSALAI
 
Modelo de Resumo para relatos de experiências
Modelo de Resumo para relatos de experiênciasModelo de Resumo para relatos de experiências
Modelo de Resumo para relatos de experiênciasLOCIMAR MASSALAI
 
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...LOCIMAR MASSALAI
 
Projeto Pedagógico Escolar
Projeto Pedagógico EscolarProjeto Pedagógico Escolar
Projeto Pedagógico EscolarLOCIMAR MASSALAI
 
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais LOCIMAR MASSALAI
 
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar Plano Anual de Ação Secretaria Escolar
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar LOCIMAR MASSALAI
 
Plano Anual de Ação do Labin
Plano Anual de Ação do LabinPlano Anual de Ação do Labin
Plano Anual de Ação do LabinLOCIMAR MASSALAI
 
Plano de Ensino de Ciências
Plano de Ensino de Ciências Plano de Ensino de Ciências
Plano de Ensino de Ciências LOCIMAR MASSALAI
 
Plano Anual de Ação da Direção Escolar
Plano Anual de Ação da Direção Escolar Plano Anual de Ação da Direção Escolar
Plano Anual de Ação da Direção Escolar LOCIMAR MASSALAI
 

Mais de LOCIMAR MASSALAI (20)

Retrospectiva 2020/2021
Retrospectiva 2020/2021Retrospectiva 2020/2021
Retrospectiva 2020/2021
 
Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemia
Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemiaProjeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemia
Projeto Vim te buscar para ficar - Busca ativa em tempos de pandemia
 
Plano de Retorno às aulas presenciais
Plano de Retorno às aulas presenciais Plano de Retorno às aulas presenciais
Plano de Retorno às aulas presenciais
 
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...
implementação da BNCC: compromisso com a excelência e a equidade nas aprendiz...
 
O papel do gestor
O papel do gestor O papel do gestor
O papel do gestor
 
BNCC da Educação Básica
BNCC da Educação Básica BNCC da Educação Básica
BNCC da Educação Básica
 
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -RO
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -ROCaderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -RO
Caderno de Orientações Pedagógicas - Educação Infantil -RO
 
Guia orientador do PP - CRE - Ji-Paraná
Guia orientador do PP - CRE - Ji-ParanáGuia orientador do PP - CRE - Ji-Paraná
Guia orientador do PP - CRE - Ji-Paraná
 
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda
Sequencia Didática - Um mergulho na história da moda
 
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi
Regimento Interno da E.E.E.F. Sílvio Micheluzzi
 
Modelo de Resumo para relatos de experiências
Modelo de Resumo para relatos de experiênciasModelo de Resumo para relatos de experiências
Modelo de Resumo para relatos de experiências
 
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...
O Protagonismo de alunos de 6º ao 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundame...
 
Projeto Pedagógico Escolar
Projeto Pedagógico EscolarProjeto Pedagógico Escolar
Projeto Pedagógico Escolar
 
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais
Plano de Ensino 1º ano - Anos Iniciais
 
Plano de Ensino de LP
Plano de Ensino de LPPlano de Ensino de LP
Plano de Ensino de LP
 
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar Plano Anual de Ação Secretaria Escolar
Plano Anual de Ação Secretaria Escolar
 
Plano de Ensino 4º ano
Plano de Ensino 4º ano Plano de Ensino 4º ano
Plano de Ensino 4º ano
 
Plano Anual de Ação do Labin
Plano Anual de Ação do LabinPlano Anual de Ação do Labin
Plano Anual de Ação do Labin
 
Plano de Ensino de Ciências
Plano de Ensino de Ciências Plano de Ensino de Ciências
Plano de Ensino de Ciências
 
Plano Anual de Ação da Direção Escolar
Plano Anual de Ação da Direção Escolar Plano Anual de Ação da Direção Escolar
Plano Anual de Ação da Direção Escolar
 

Relatório de estágio no Núcleo Psicossocial do Fórum de Ji-Paraná

  • 1. 1 COORDENAÇÃO DE SERVIÇO SOCIAL ACADÊMICO: LOCIMAR MASSALAI SUPERVISORA DE ESTÁGIO SUPERVISORA DE CAMPO RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL II (INTERVENÇÃO) Ji-Paraná, 2010
  • 2. 2 LOCIMAR MASSALAI RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL II (INTERVENÇÃO) Relatório Final de Estágio (Intervenção) apresentado na disciplina de Estágio Supervisionado em Serviço Social II realizado no..... Ji-Paraná/2010
  • 3. 3 SUMÁRIO Introdução...............................................................................................................................04 Relatando ...............................................................................................................................07 À guisa de conclusão ..............................................................................................................18 Referências .............................................................................................................................19 Anexos ....................................................................................................................................20
  • 4. 4 Iniciando a prosa! No campo que se abre entre a página, o olho e o espírito, descobrimos que ler é pensar a partir das palavras de um outro. (Mezan, 1987:343) Penso que o grande objetivo nosso, quando optamos por estagiar no fórum foi o de entender como funcionava a dinâmica de trabalho das assistentes sociais nesta instituição, a partir de seu viés interdisciplinar porque atuam ali assistentes sociais e psicólogas. É de nosso entender que o objetivo precípuo do estágio é ajudar o acadêmico conhecer uma instituição onde atuam assistentes sociais e a partir daí, colocar em prática as competências previstas para sua futura atuação que deverão ser norteadas pelo saber teórico adquiro no curso que lhe permitirá entender a instituição onde irá estagiar e as teias de relações e contradições que nela se estabelecem, expressão da sociedade onde está inserida. E a atitude primeira, além da postura ética, bom senso é a de se manter uma permanente postura investigativa a partir do conhecimento teórico e técnico. Ora, estagiar no Fórum e dentro dele, no Núcleo Psicossocial foi perceber profissionais trabalhadoras em serviços de natureza pública, na esfera judiciária, em si mesma, plena de conflitos e de novas demandas para a realidade contemporânea. Uma instituição onde as ações cotidianas do assistente social e das psicólogas se concretizam através de atendimentos à população usuária e também aos próprios funcionários outros do fórum que vem até o núcleo pedir ajuda e orientações. As riquezas das informações contidas nas falas das assistentes sociais trazem elementos que revelam o cotidiano da prática e expressam situações de questões sociais presentes dentro da sociedade Jiparanaense e que são de certa forma, expressões de injustiças presentes em todo o País. O estágio de observação foi uma experiência e tanto porque foi significativo. Abriu horizontes. O estágio II, da intervenção veio dar continuidade a este processo para se entender com maior profundidade o alcance da prática das assistentes sociais e psicólogas do núcleo psicossocial. O relatório que segue está estruturado da seguinte forma: em primeiro lugar vem o relato das observações e acompanhamento da prática diária da assistente social e somente depois vem a proposta de intervenção reflexiva e participação em eventos que promovem a
  • 5. 5 formação continuada ou formação em serviço a partir da tematização da prática, isto é, a partir das situações que são vivenciadas em cada dia e carecem de aprofundamento, revisão, pelo seu próprio significado e importância. Este relato é apenas registro simbólico da experiência do estágio, pois sua grandeza escapa da incapacidade que têm as palavras de traduzir certas situações vivenciadas, que, por serem singulares se tornam arquétipos de situações universais. Aqui cabe bem o pensamento de Lewgoy (2009:158) em seu livro “Supervisão de Estágio em Serviço Social: desafios para a formação e o exercício profissional” que foi a referência maior como suporte de posturas e atitudes no estágio falando da necessidade de ler o cotidiano: Tal atitude implica reflexão ontológica, ultrapassando o conformismo, característico da aceitação espontânea da cotidianidade, aspectos presentes no contexto do estágio que irão se refletir no processo de supervisão. Desvelar a objetividade de tais conflitos permite que não sejam tratados como problemas subjetivos, cuja resolução depende da vontade singular. Para que a ética se realize como saber ontológico é necessário que conserve sua perspectiva totalizante e crítica, capaz de desmistificar as formas reificadas de ser e de pensar. É sempre muito exigente manter uma postura ética quando o que temos que fazer é olhar criticamente determinada situação que nos é posta, pois estamos no estágio de olhos atentos. É preciso sensibilidade e bom senso. A gente aprende ser assim. E tenho dito!
  • 6. 6 Cronograma das atividades que foram propostas no estágio II de Intervenção Acompanhar o trabalho cotidiano das assistentes sociais; Adquirir o máximo de informações possíveis na coleta de dados. Entrevistas, visitas e observações Realizar observação participante no Núcleo Psicossocial Observar o trabalho da assistente social com relação ao fazer profissional. Realizar visita domiciliar e participar direta ou Indiretamente nas entrevistas. Organizar momento de estudos, reflexões e encontros Participar do XV Enapa Provocar espaço de reflexão sobre a prática profissional Realizar encontro com Núcleo de Ji-Paraná e Alvorada Do Oeste sobre os procedimentos utilizados no Núcleo. Envolver uma assistente social, assessora da Juíza “D” e estagiário para participar do XV Enapa.
  • 7. 7 RELATANDO Desde o primeiro momento da segunda parte do meu estágio no Fórum, leia-se, estágio de intervenção estive consciente de que era uma continuidade ao estágio de observação e enquanto praticava a intervenção, observava a realidade e como estagiário, silenciava diante do não compreendido, mas que no momento certo questionava, provocava uma discussão acerca da situação que me parecia necessária aprofundar. Mesmo sabendo que estagiar no Núcleo Psicossocial era algo um pouco “artificial”, procurei com muita intensidade mergulhar naquela realidade e me sentir um pouco como as assistentes sociais e psicólogas tratando, encaminhando problemas relacionados com tantas questões que envolviam as mais realidades diversas dos usuários. Houve tantas trocas e nelas uma satisfação muito grande de termos sido parceiros da aprendizagem, pois Lewgoy (2009:136) declara que “não há aprendizagem passiva. Toda aprendizagem é ativa; é o resultado da ação de determinado sujeito sobre determinado objeto, ou seja, é produto de interação do sujeito com o objeto, porque os conceitos não são aprendidos mecanicamente, mas evoluem com o auxílio de uma potente atividade mental por parte do próprio aluno”. E isto é verdade, na interação ativa e dinâmica com as assistentes sociais e psicólogas crescemos muito. Aprofundamos quanto a visão do ser e fazer do assistente social seus limites, riquezas e contradições. Para se compreender a totalidade da vida social que é permeada pelas relações sociais é preciso romper com a visão fetichizada. Lewgoy (2009) fala ainda que por uma série de limitações os estagiários que são alunos, geralmente têm dificuldade de romper com o espontaneísmo porque não percebem as contradições do real e da sua processualidade. Na seguinte situação que relatamos, é preciso “ler” o que se esconde atrás da situação enfrentada pela assistente social e que marca seu ser e fazer: “Quando de uma visita a assistente social encaminhou a seguinte solução: “Aos olhos humanos não têm solução, só por Deus mesmo, fazendo referência à situação da família de S. 12 anos com necessidade educativa especial e que mora em um barraco em situação de pobreza e miséria extremas. Foi nossa primeira visita do dia. Mãe comprometida com deficiência mental, pai, idoso e alcoólatra, dois filhos menores. O pai agrediu fisicamente a criança em nossa frente. A
  • 8. 8 assistente social não tem claro como encaminhar nesta situação. Em relação aos dois menores: adoção? Abrigo? Retirada provisória? E “S”, como fica? O que fazer com ela?” Interessante assinalar aqui o que Fávero (2005:28/29) pontua sobre a visão de mundo e postura que o assistente social tem ao realizar seu trabalho e de como este fica marcado por ela: O estudo, a pesquisa que o assistente social realiza a respeito de determinados fatos ou situação não são, porém, conduzidos com neutralidade, e sim condicionados por sua consciência, por sua visão de mundo, pela maneira como pensa, com age, como identifica os acontecimentos com que se depara. O seu saber, que se transforma em ações concretas envolvendo a vida de crianças e adolescentes, está em relação intrínseca com o poder e, dependendo dos critérios que utiliza para estudar e avaliar determinadas situações direciona seu parecer, influindo de forma determinante sobre a decisão a ser tomada com relação à trajetória, ao destino da criança ou adolescente sujeito ou objeto da investigação. Diante da situação acima citada, apenas uma dentre tantas vivenciadas, que serve com modelo exemplar, gosto da fala da Lewgoy (2009:158) e me ative constantemente a elas e discutimos a supervisora de campo e eu várias vezes para o perigo de se confundir certas situações. “É fundamental ter em conta que o aluno deve ser capacitado para o enfrentamento dos desafios do exercício profissional na condição de estagiário, nunca como substituto do profissional no campo de estágio. (...) o estágio não é um lugar onde o aluno exerce o papel de substituto do profissional, mas um espaço em que reafirma sua formação, não uma condição de empregado, mas de estudante estagiário. A capacitação do aluno para o enfrentamento dos desafios do exercício profissional vai sendo articulado na concretude do estágio, à medida que ocorre a compreensão da unidade entre teoria e realidade e pelo entendimento de que, nele, a condição do aluno não é a mesma de muitas instituições, que confundem “estágio” com “emprego” e “estagiários” com “empregados”. Instala-se aí uma idéia distorcida dessa função, pelo abuso na utilização de estagiários em situações em que o aprendizado nem sempre está em primeiro plano. Planejando visitas, colaborando com os relatórios, sentando com as assistentes sociais e psicólogas, sempre ficou clara que a intenção primeira do estágio era de fato a aprendizagem. Tanto minha como a delas. Na anotação que segue, fica clara que esta troca de saberes, aconteceu de fato. Conversamos sobre a situação da adolescente “K” que foi abusada sexualmente pelo companheiro da mãe biológica e que atualmente mora com um tio avô. O programa de enfrentamento contra a violência da criança e do adolescente já vinha acompanhando o caso
  • 9. 9 há três meses. É nítida a falta de intercâmbio entre os órgãos públicos que trabalham com estas situações. Segundo a assistente social, o trabalho é feito em ilhas isoladas, fragmentando o processo. Há uma descontinuidade. A psicóloga que também estava na roda de conversa “informal” explica que acontece a fragilização dos sujeitos. Tomou como exemplo a adolescente violentada sexualmente: a adolescente fica repetindo constantemente sua história de violência e abuso, o que acaba criando uma situação de violência sobre violência. Explica que isto cristaliza a violência. Esta fala, que foi uma reflexão espontânea, mas que deveria ser sistematizada através de momentos de estudo revela a necessidade de momentos de parada para se pensar sobre o trabalho de cada dia. Essa relação pedagógica que se estabeleceu entre supervisor e aluno foi sentida como uma relação de apoio e troca de saberes. Como venho de uma experiência significativa de escola pública, durante o processo do estágio aconteceram essas trocas de figurinhas e complementaridade. Eu com meus saberes e experiências no campo da educação e elas outras com seus saberes, formação profissional e visão de mundo. Foi uma relação sustentada pelo compromisso e responsabilidade no desvelamento de inseguranças e temores que confirmou a experiência do estágio, como campo significativo de aprendizagem em sua abrangência maior, o que Lewgoy (2009:140) expressa com muita propriedade quando fala da importância do espaço do estágio como situação de criatividade e crescimento para o acadêmico: A intenção é que ele se torne capaz de intervir na realidade, tarefa que é complexa, porém gera novos saberes, os quais exigem mais do que simplesmente se adaptar a ela. É por isso que não parece possível nem aceitável, a posição ingênua ou neutra de quem estuda. O aluno, ao se inserir na realidade, não está no mundo de luvas na mão, apenas constatando realidades; ao contrário, precisa tomar decisões, fazer escolhas e intervir na realidade. Situação que pode ser comprovada no seguinte relato feito durante o processo do estágio, que foi registrado no diário de campo: “hoje vamos às visitas. Bairro São Bernardo, Rua Goiabeira. Todas as ruas têm nomes de frutas. Ruas esburacadas. Primeira família visitada: suspeita de abuso e atentado violento ao pudor. Encontramos a avó materna da criança na rua. Disse-nos: “vamos nos mudar daqui ninguém olha pela gente, quando chove aqui vira uma tristeza só”. “A gente não tem emprego e pega o que aparece mesmo para fazer”. “A gente trabalha para os políticos e quando vai pedir votos o povo diz para a gente: porque você não vem arrumar estas ruas primeiro para gente e depois pedir votos”. “O faro-
  • 10. 10 fino falou uma coisa e ele tem razão: os políticos só aparecem na hora de pedir votos”. As duas profissionais do núcleo psicossocial atendem o caso. A psicóloga trabalha com a criança e a assistente social com a mãe. A psicóloga se afasta para conversar com a criança enquanto a assistente social entrevista a avó. Enquanto a psicóloga conversava com a mãe da criança, solicitou-nos que nos ocupássemos com a criança. Como tínhamos lápis, pincel e papel na bolsa, tudo “deu certo”. Não falta um pedagogo na equipe? Nem vou me aprofundar nesta questão (risos). Interessante nosso contato com a criança. Interage tranquilamente conosco e responde às provocações de maneira ativa. O linguajar não é o de sua idade. Segue abaixo o relato que fizemos a pedido da psicóloga para auxiliar no seu relatório geral. A psicóloga nos pede um relatório sobre o atendimento e realizamos. É este que segue: “Na interação com a criança “J”, de cinco anos, percebemos que responde com coerência e nexo às perguntas que lhe são feitas; interage com os brinquedos e com o estagiário. É afetiva e tem aparentemente um linguajar mais maduro do que lhe deveria corresponder o de sua idade. Falou de toda a sua família citando nomes. Desenhou toda a família, exceto o avô paterno que não foi mencionado. Quando questionada em relação à escola que freqüenta demonstrou satisfação e alegria, dizendo que gosta da professora e dos coleguinhas, afirmando que adora ir para a escola. Durante todo o tempo em que esteve interagindo com o estagiário conversou animadamente e não demonstrou timidez ou apatia. Brincava com uma boneca e a partir da situação de que ela, a boneca, estava doente, e ao transportar-se ao mundo de faz de conta reproduzia situações vivenciadas pela família no seu contexto cotidiano.” Um dos grandes desafios percebidos durante o processo de observação e acompanhamento do trabalho das assistentes sociais, parte integrante da etapa de intervenção, foi o de compreender e localizar quais são os velhos e novos desafios de sua ação. Entendemos que para isto acontecer é urgente fazer uma análise de como se produz a questão social em nossa vida. Desafio também de decifrar, com certeza, decifrar as contradições do cotidiano que aparecem de forma tão velada sobre a questão social, ao que Iamamoto, (2002:31) desafia: “ampliar as possibilidades de atuação e atribuir dignidade ao trabalho do assistente social, porque ele não trabalha com fragmentos da vida social”. Isto pode ser comprovado na seguinte situação vivenciada no estágio: “Chegamos ao fórum às 14 horas, “X” estava sozinha elaborando relatórios. Falou conosco assim: “é das políticas da rede que
  • 11. 11 não funcionam”. Estou cansada emocionalmente. É frustrante. Cobram a gente coisas que não podemos dar”. Fávero (2005:8) caracteriza bem este lamento quando reflete que: Lidando freqüentemente com situações emergenciais que exigem a prontidão da ação, contando com escassos recursos alternativos à intervenção legal e coercitiva, com poucos espaços para reflexões críticas sobre suas ações, o assistente social tem sua prática muitas vezes rotinizada, muitas vezes levando- o a um ativismo esgotante, que impede a percepção clara dos objetivos e estratégias que se perseguem e dos resultados que se obtém. Essa realidade contribui para a naturalização ou banalização da pobreza e, não raro, termina se sobrepondo à coletivização de práticas singulares que se pautam num saber crítico e em posturas comprometidas com mudanças na realidade. A partir das constatações de que o trabalho das assistentes sociais é esgotante, da falta de espaços para refletir e trocar experiências, de uma prática bastante fragmentada foi que realizamos o terceiro objetivo do nosso estágio de intervenção que foi o de provocar espaços de reflexão e aprofundamento. Muito mais do que provocar ações artificiais, de momentos, a intenção neste objetivo foi o de provocar situações de reflexão no desenrolar das atividades que estavam sendo acompanhadas. Vamos exemplificar isto através de falas que foram anotadas no diário de campo. “Interessante, estamos aproveitando o momento do lanche, aproximadamente 30 minutos para fazer sempre uma reflexão sobre o trabalho e as atividades realizadas ou por realizar. Ou sobre as mais variadas situações vivenciadas no cotidiano que envolve o trabalho do núcleo psicossocial.” (anotação feita no diário de campo dia 03.03.2010, logo no início do estágio II). Eis o resumo de um dia de visitas e das provocações que foram sendo feitas: “visitamos uma mãe cujos filhos estavam abrigados. Dois foram devolvidos para a mãe e um ficou no CREAS. “não entendo porque”, questiona a assistente social. Encontramos a mãe na rua com um pequeno no colo. A filha adolescente estava dormindo. Perdeu a bolsa no JICREDI porque faltou mais do que o permitido e quando retornou o professor disse: “você já não tem mais condições de passar, já não tem mais jeito”. Perguntamos se sabia ler, ao que respondeu: “mais ou menos, engulo algumas letras”. Disse que faltou na escola porque foi numa fazenda ver um serviço e não deu para voltar a tempo. A mãe da adolescente repetia constantemente o mesmo refrão: “Eu faço a minha parte, me esforço, faço faxina, agora milagres eu não posso fazer”. A adolescente quer ir para a “Guarda Mirim” ao que a assistente social demonstrou contentamento. Uma pergunta que nos fazemos: quem acompanha a proposta da guarda mirim? Que proposta ela tem? Quem questiona haja vista que é
  • 12. 12 subvencionada com dinheiro público? Segundo notícia, veiculada no site http://www.ocombatente.com.br/noticia/119/vice-governador-joao-cahulla-participa-da- formatura-da-guarda-mirim-em-ji-parana diz que “A Guará-Mirim é uma entidade sem fins lucrativos, que desenvolve várias atividades com o objetivo de prevenir a criminalidade e oferecer um atendimento de qualidade para as crianças e adolescentes, com conteúdos ligados a cidadania, socialização, cultura e lazer”, comentou o pastor-presidente da Guarda-Mirim, Avelino Pompeu de Santana, que entregou um certificado de Honra ao Mérito ao vice- governador pelo apoio que a entidade recebe do Estado. Sobre isto caberia uma reflexão mais aprofundada. Lembro muito bem de uma reunião de orientadores na Representação de Ensino em que vários questionaram os métodos da Guarda Mirim, por serem violentos. E segundo mesmo depoimento de alunos que estudam na escola onde trabalhamos e que freqüentam a guarda mirim. No dia 10.03. 2010 fomos incumbidos de organizar o projeto do Encontro dos Núcleos Psicossociais de Rondônia. Vou até a assistente social, discuto, procuro, pergunto, questiono. Trocamos as figurinhas. Enviamos por e-mail o projeto para o setor. No outro dia de visitas, dia 25.03.2010 sentamos juntos, duas assistentes sociais e eu e o retomamos. Foi uma experiência muito produtiva. Aliás, todas as vezes que conseguimos sentar para trocar e retomar relatórios, laudos e pareceres, o crescimento foi grande, porque em geral a dinâmica não é esta. Cada dupla de uma assistente social, juntamente com uma psicóloga realiza seus relatórios, porém mesmo assim a troca entre elas não acontece como praxe em função também da sobrecarga de atividades e da burocratização, presente nesta fala, por exemplo: “Ás vezes isto desestimula tanto. Sinto-me amarrada com estes processos todos”. Refletimos sobre estes encaminhamentos todos que não dão em nada. Apenas são encaminhados, as problemáticas levantadas e só. Falou que o CREAS não resolve muita coisa. Depois continuamos falando sobre a necessidade de estudar. Ela sempre expressa esta necessidade, porém falta o “espaço” para tal. Falta o espaço? Em um determinado momento do café: “no cafezinho com assistente social e psicóloga, refletíamos sobre situações em que as pessoas ficam perdidas e que não são orientadas quanto ao linguajar jurídico/legal. No caso, o advogado e outros detêm o poder deste discurso e o preserva. Falávamos de que à instituição compete esclarecer às pessoas e não “supor que elas já sabem”. “A gente poderia fazer umas palestras”, sugeriu a assistente
  • 13. 13 social. “É tão bom estar no meio das pessoas”. Nesta fala se percebe que as assistentes sociais têm o desejo de ser mais preventivo, no sentido de fazer palestras, organizar encontros. Experiências elas têm e muita. Isto ficou comprovado. E competência também. Dentro desta situação, cito Lewgoy (2009:157) que define bem o que pensamos: A competência ético-política, produto da formação e do exercício profissional, situada na sociedade real em que se vive com profissional, implica diálogo crítico e rigoroso entre a teoria e a realidade. O compromisso de reflexão, na busca de atualização e de desenvolvimento de projetos que reafirmem os direitos sociais, é competência dos sujeitos que abrange o processo de formação, incluindo envolvimento prático-político na história do seu ambiente econômico-social particular, que não pode ser compreendido sem sua inserção no âmbito universal. Segue agora, relato de situação voltada para a questão da adoção o que provocou a decisão de irmos participar do XV ENAPA em Mato Grosso do Sul. Em relação aos processos de adoção a assistente social Z, falou o seguinte: “demora tanto, que é por isto que as pessoas procuram a ilegalidade. Isto é tão desestimulador”. É o caso de um processo de adoção cujos usuários estão pleiteando há bom tempo. A assistente social acha suficiente, mas o promotor mandou estender por mais dois meses o acompanhamento: esclarecer obrigações. Z, falou sobre a nova metodologia de adoção para pretendentes. No mesmo dia houve um atendimento a um casal que deseja adotar uma criança do sexo feminino. O marido perguntou: “demora muito para sair a adoção? Demora muito tempo?” Z, encaminhou esclarecimentos da nova Lei de Adoção, que prepara os pretendentes a adoção, esclarece, através de cursos e oficinas. Ele, 47 anos, motorista, há 27 anos para uma fábrica de vassouras. Percebi que é um pouco “rude”. Ele é mais falante, mas a senhora participa também. Demonstra zelo e cuidado pelas enteadas. “Esse é meu desejo”. (fala da senhora). “Já vai lá e pega de uma vez”. (fala do senhor). A Assistente social esclarece quanto aos riscos de uma adoção ilegal. Foi fazendo todas as orientações e a senhora a cada tempo fazia perguntas tentando esclarecer o processo; “Se por acaso eu souber de uma criança que está para ser adotada e avisar ao Fórum, ela vai ser minha?”. A assistente Social esclareceu que a criança iria para quem está na lista de espera. Logo após este atendimento ficamos refletindo sobre os entraves e burocracias em relação à adoção. Z me sugere dois filmes. Eis os nomes dos dois filmes com suas respectivas sinopses: Assisti os dois. Seriam excelentes para cine fórum e análise fílmica posterior do próprio grupo de profissionais do Núcleo.
  • 14. 14 O documentário: “A morte inventada” do diretor Alan Minas é um bom filme que trata do tema da “Alienação Parental” com depoimentos significativos. O documentário é fundamental para o entendimento de uma situação que é freqüente e que muito mal faz aos filhos de pais separados. Infelizmente ele não destaca uma realidade: a alienação parental da mãe pelo pai, enfatizando apenas a alienação da figura paterna. Contudo, a definição de uma das depoentes corrige em parte essa falha: "alienação parental é alterar a percepção da criança sobre o outro genitor (pai ou mãe), fazendo com que a criança passe a odiar o outro genitor" (pai ou mãe). O segundo filme indicado por Z, é, "Festa em Família" que mostra o esforço para desvelar um segredo familiar feito pelo membro da família considerado "louco", "neurótico", "artista". Este, na festa de 60 anos do pai, estando toda a família reunida, denuncia os estupros que o pai infligia a ele e à irmã, que teria se suicidado anos depois por isso. Vemos como a família resiste intensamente frente a emergência desta verdade ameaçadora, que, se reconhecida, mudaria para sempre os padrões de relacionamento familiar. O filho que faz a denúncia é sistematicamente desqualificado, desautorizado, expulso, espancado, chamado de "louco". Tudo é feito para calá-lo. Quando finalmente a verdade se impõe, há uma benéfica catarse, um grande alívio para todos, personagens e espectadores. E ficamos um bom tempo discutindo sobre as temáticas e a importância de um filme significativo para aprofundar certas temáticas. No dia 07.04.2010 fala sobre um possível pedido de ajuda para ir ao ENAPA em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Nossa luta até meados de maio foi em cima de conseguir as passagens e um pequeno recurso para ajudar nas despesas. ENAPA é o Encontro Nacional de Apoio à Adoção que surgiu da necessidade dos grupos de apoio à Adoção existentes no país de se reunirem em um espaço propício para trocar experiências, estreitar as relações entre os grupos e fortalecer as articulações em torno de um projeto comum, na defesa dos direitos da criança e do adolescente de crescerem em uma família. O 1º ENAPA realizou-se no dia 25 de maio de 1996, na cidade do Rio Claro/SP. A partir daí, o evento acontece anualmente, privilegiando diversas regiões do país para sediar o encontro. Este evento nacional, que reúne anualmente aproximadamente 1.000 (Mil) participantes, gira em torno das discussões dos diversos aspectos do processo de adoção,
  • 15. 15 suscitando reflexões de todas as partes envolvidas: família biológica, família adotiva, pretendentes à adoção, Sistema Judiciário, profissionais e agentes que atuam nos Abrigos, Instituições de Ensino, Sociedade e orgãos responsáveis pelas políticas públicas das crianças e dos adolescentes que sonham com uma família. www.enapa2010.com.br.“Vamos pedir para a C, que ela tem mais acesso, passo livre”. “Ao que a C, responde: “Eu bato na porta de fininho e se ouvir um “não”, eu saio correndo”. (falando sobre um possivel pedido de ajuda para Dra. “D”). Neste encontro vamos, a assistente social supervisora de campo, a assessora da Dra. “D” e eu. Depois de alguma luta, as passagens foram conseguidas, “porque somos liberadas para participar destes congressos, mas inicialmente é sem ônus para o Estado”. Quanto ao encontro dos Núcleos Psicossociais, está se buscando uma data no segundo semestre para que aconteça de fato pois já foi encaminhado a proposta para a Dra. “D” e está aplaudiu a iniciativa. Quanto às palestras para pais, e outras pessoas candidatos a adoção, estao fazendo encontros às quartas-feiras no período da tarde para aprofundar a questao das novas leis em vigor. Os encontros para reflexão começam acontecer com mais periodicidade. Estão pensando em eleger um coordenador para o setor psicossocial. Vejo isto com olhar positivo. Fomos participar do XV ENAPA em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Nos organizamos e conseguimos as passagens. Quando se quer e se tem boa vontade também as coisas conspiram a nosso favor. A seguir, relataremos um pouco do que foi o encontro, seus objetivos e finalidades. Podemos classificar o encontro, como proveitoso e extremamente significativo para se compreender questões ligadas à adoção no Brasil. Sucesso total. O XV Encontro Nacional de Apoio à Adoção (ENAPA), preparado pela Associação Brasileira da Infância e da Juventude, em parceria com os grupos de apoio à adoção de Campo Grande e Coxim, com apoio do Tribunal de Justiça de MS, reuniu juízes, promotores, defensores, conselheiros tutelares, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, coordenadores de abrigos, pais e filhos adotivos, representantes de conselhos da área de adoção, estudantes e simpatizantes da causa da adoção no Brasil. Passaram pelo ENAPA conferencistas e debatedores de renome como Sávio Bittencourt, Luiz Schettini, Des. Luiz Carlos de Barros Figueiredo, Bárbara Toledo, Suzana Sofia Moeller Schettini, Des. Josué de Oliveira, Katy Braun do Prado, Maria Luiza de Assis
  • 16. 16 Moura Ghirardi, Mônica Labuto, Maria Isabel de Matos Rocha e tantos outros profissionais, que dividiram seus conhecimentos sobre adoção no Brasil. Os depoimentos dos pais adotivos, entre uma conferência e outra, foi o que mais emocionou a platéia, que viu desfilar pelo palco do ENAPA exemplos de como uma adoção pode modificar a vida das pessoas e, ao mesmo tempo, ressignificar suas vidas. Quem participou do XV ENAPA entende que adoção não é mais um ato que coloca um filho na vida de um casal, mas propicia uma família para a criança e, este conceito contemporâneo de adoção foi muito debatido pelos participantes. Houve também depoimentos de casais homoafetivos. Um dos debatedores questionou a questão de casais homoafetivos e disse que “não existem casas homoafetivos e sim pares homoafetivos”. Questão como esta precisa ser mais aprofundada. É polêmica, certamente. Vários temas foram polêmicos como o Direito à Convivência Familiar X Institucionalização Prolongada; a Nova Lei da Adoção e os Cadastros Nacionais de Adoção e de Crianças em regime de acolhimento institucional e familiar; O Poder Público e a Rede de Atendimento dos Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes; Pedagogia da Adoção: Criando e Educando Filhos Adotivos; Devolução de Crianças; O Papel dos Grupos de Apoio à Adoção; a escola para um novo conceito de família, entre outros. O Des. Joenildo de Sousa Chaves, presidente da Abraminj e Coordenador da Infância em MS, lembra que a edição do Enapa de MS foi preparada para ser a melhor de todas as edições. “Não há dúvidas, pela reação dos mais de mil participantes, que conseguimos transformar esta edição em um marco. Isso é muito gratificante, visto que mostra a competência e a dedicação da equipe organizadora e mais: as discussões aqui iniciadas demonstram o interesse da sociedade voltado para a causa da adoção”. Na abertura, houve algumas homenagens para Amigos da Adoção. Foram agraciados o presidente do Tribunal de Justiça, Des. Elpídio Helvécio Chaves Martins, representado pelo Des. Josué de Oliveira, Corregedor-Geral de Justiça; o empresário Ueze Zahran, o cantor Almir Sater, a juíza Maria Isabel de Matos Rocha e o Des. Joenildo de Sousa Chaves, presidente da Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude (Abraminj). A primeira palestra foi proferida por Sávio Bittencourt, promotor no Rio de Janeiro e pai por adoção. Defensor ardente da causa, ele falou sobre Direito à Convivência Familiar x Institucionalização Prolongada. Sávio emocionou a plateia quando desafiou juízes,
  • 17. 17 promotores, defensores, políticos e outros presentes a passar dois meses em um abrigo, institucionalizados – longe de seus familiares e sem ter qualquer perspectiva. “E, a partir desse laboratório, saber como é ser tratado como abrigante, não ter individualidade. Somos todos filhos adotivos de alguém que nos amou intensamente. Somos adotados todos os dias pelos pais, que amam seus filhos. No Brasil, existem milhares e milhares de crianças abrigadas, varridas da sociedade civil”, disse ele, completando que “ser criança institucionalizada é pior que ser homicida, pois estes têm direitos e garantias, porém as crianças não têm direito a um advogado, entrevista com o juiz – está condenada à morte civil por não ter acesso à justiça”. Para Sávio, pai de cinco filhos, dos quais dois são por adoção, a comparação entre filho natural e adotivo é esdrúxula e não deve ser feita. “Os pais adotivos não gostam de ser elogiados por isso porque eles é que foram agraciados pelo destino, por poder dar vazão ao amor, já que a adoção é um encontro de afeto”, completou. Depois de descrever da situação que a adoção enfrenta no país, Sávio lembrou que o momento atual é de mudança de paradigmas. Ele falou também do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da nova lei da adoção (Lei nº 12.010/09) e de suas conseqüências na competência da magistratura. “A maior sentinela da criança será o juiz de direito. Temos hoje 80 mil crianças abrigadas no país, clamando pela convivência familiar. Essas crianças têm direito à família adotiva quando a biológica não pode mais cuidar delas. Essas crianças clamam por ações efetivas. A sociedade precisa saber por que as crianças estão abrigadas. “Somos todos seres afetivos e a adoção é um encontro de almas”, concluiu. Não poderíamos fechar o estágio de intervenção de forma mais significativa. Juntamente com tantos profissionais do serviço social e outros perceberem uma situação que faz parte do dia a dia de seu fazer. Ainda no dia 16/06/2010 fomos participar de uma sessão de estudos e voltamos felizes porque vimos as assistentes sociais e dois estagiários. A assistente social “P” explicou a razão deste grupo de estudos das quartas feiras. O estudo desta tarde foi ao redor do tema da Nova Lei da Adoção e a tessitura de um projeto para trabalhar a mesma com profissionais da saúde, do Abrigo Municipal e do Fórum. Escolhemos provisoriamente o nome do projeto: “Adoção Legal: sempre o melhor caminho”, ou, “Adoção Legal: sempre a melhor escolha”. Depois houve um momento de partilha sobre o ENAPA em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A assistente social “P” ponderou que não conseguia visualizar no momento a forma como
  • 18. 18 funcionaria um “grupo de apoio à adoção”. Houve algumas intervenções e trocas novamente. A discussão foi boa porque esclareceu muita coisa no grupo. Em seguida houve outra discussão significativa sobre as bases teóricas que sustentam o fazer dos assistentes sociais e de sua relação com a história do serviço social no Brasil e no mundo. Discutimos também sobre as atribuições do assistente social no fórum que segundo o Manual e Análise, Descrição e Especificação de Cargos (2005:231) diz que o assistente social no Judiciário: Presta serviços de âmbito social a indivíduos e grupos, identificando e analisando problemas e necessidades materiais, psíquicas e de outra ordem, aplicando métodos e processos básicos do serviço social, para prevenir ou eliminar desajustes de natureza biopsicossocial e promover a integração ou reintegração desses à sociedade. Discutimos muito sobre esta questão de que esta visão do assistente social como ajustador de comportamentos desajustados é equivocada e retrógrada. Finalizamos nosso encontro discutindo a frase do Presidente Luis Inácio Lula da Silva sobre o Judiciário: “O judiciário é uma caixa preta que precisamos saber como funciona” e da reação que isto causou nos juízes. Trouxemos este assunto à tona quando falamos do poder do discurso no judiciário. Maravilhoso ver as assistentes sociais refletindo sua prática. Quem ganha com isto são os usuários, certamente. E é claro, as assistentes sociais também encontram maior sentido no que fazem.
  • 19. 19 À guisa de conclusão Depois da experiência riquíssima do estágio de intervenção, a avaliação não poderia ser de outra forma a não ser propositiva. Participar ativamente das atividades do Núcleo Psicossocial e, de certa forma ter sido adotado pelas assistentes sociais e psicólogas foi uma experiência única e insubstituível quando se trata da importância de um estágio acadêmico. “Terminamos” o estágio com uma visão mais realista e profunda do que é ser um assistente social na atualidade, da importância do mesmo quando se trata da luta por direitos básicos e da cidadania. Aquilo que Lewgoy (2009:174) se aplica com muita propriedade: Se o espaço profissional oferece a oportunidade de o aluno desenvolver competências e habilidades no que concerne a planejamento, execução, sistematização e análise da prática, certamente lhe está permitindo conhecer aspectos relacionados ao planejamento de políticas sociais, à gestão na área da assistência social, cumprindo o disposto nas diretrizes que norteiam a profissão do assistente social. A ausência de planejamento e consequentemente avaliação sobre o fazer profissional é que geram tantos desgastes. As profissionais do Núcleo Psicossocial começam a desenvolver o hábito de ter encontros semanais provocadas a partir de duas situações específicas: a questão da adoção e toda sua problemática e desafios e as medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes em conflito com a lei. Um dos pontos altos do Estágio foi sem dúvida alguma ter participado do XV Enapa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, juntamente com a assistente social supervisora de campo e a assessora da Dra. “D”, a senhora “M”. Por todo o esforço da minha supervisora de campo em conseguir as passagens, correr atrás de informações fico imensamente grato. A todas as profissionais do Núcleo Psicossocial, em especial à minha supervisora de campo, meu muito obrigado por terem me acolhido e tratado com tanto carinho, honestidade e decência. À minha supervisora de Estágio, agradecimentos pelas trocas e os momentos maravilhosos de crescimento. Concluir que nada! Vamos continuar no próximo semestre com o TCC II e com atividades de oficinas voltadas para questões da adoção. E certamente agir ativamente na criação do grupo de apoio à adoção em Ji-Paraná. E para reforçar este sonho, junto com outros sonhos de fazer um mundo melhor quero lembrar um pequeno poema do grande Quintana (1985:108), “Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos, se não fora a mágica das estrelas”. Os sonhos é que me fazem humano. E tenho dito!
  • 20. 20 REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Federal de Serviço Social. Lei 8.662/93 da Regulamentação da profissão. Brasília: CFESS, 1997. FÁVERO, Eunice Teresinha. Serviço social, práticas judiciárias, poder: implantação e implementação do serviço social no juizado da Infância e Juventude de São Paulo. 2. Ed. São Paulo: Veras editora, 2005. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 9ª. Ed. São Paulo, Cortez, 2002. LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Supervisão de Estágio em Serviço Social: desafios para a formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2009. Manual e Análise, Descrição e Especificação de Cargos. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Porto Velho, 2005. MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 1987. QUINTANA, Mário. Nova Antologia Poética. Porto Alegre: Globo, 1985.
  • 22. 22 PROGRAMAÇÃO XV ENAPA 03 DE JUNHO DE 2010 (5ª. FEIRA) 18 às 19h - Credenciamento 19h - ABERTURA OFICIAL | Composição da Mesa de Autoridades 19h30min às 20h30min - Cerimônia de abertura com apresentação cultural 20h30min - Conferência de Abertura: “Direito à Convivência Familiar x Institucionalização Prolongada”. CONFERENCISTA: Sávio Renato Bittencourt Soares Silva 21h 30 min - Coquetel com apresentação cultural e lançamento de livro do palestrante 04 DE JUNHO DE 2010 (6ª. FEIRA) 7h às 8h – CREDENCIAMENTO 8h às 9h – Mesa: “Nova Lei da Adoção e os Cadastros Nacionais de Adoção e de Crianças em regime de acolhimento institucional e familiar ”.
  • 23. 23 CONFERENCISTA Luiz Carlos de Barros Figueiredo 9h - 9h15min - Debates com perguntas do público 9h15min – 9h25min - Depoimento de Casal que adotou (10 minutos) 9h25min às 10h25min – Mesa: “O Poder Público e a Rede de Atendimento dos Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”. CONFERENCISTA: Tânia Mara Garib 10h.25min – 10.40min - Debates com perguntas do público 10h40min às 11h10min – Coffee break com Apresentação Cultural Evento Paralelo : Lançamento de Livros sobre Temas de Adoção 11h10min às 12h10min – Mesa: “O Papel dos Grupos de Apoio à Adoção e sua Relação com o Poder Judiciário”. CONFERENCISTA: Maria Bárbara Toledo 12h10min às 12h25min – Debates com perguntas do público
  • 24. 24 12h30min às 13h45min – ALMOÇO NO LOCAL DO EVENTO 13h45min às 14h45min – Mesa: “Pedagogia da Adoção: Criando e Educando Filhos Adotivos”. CONFERENCISTA: Luiz Schettini 14h45h às 15h – Debates com perguntas do público 15h às 15h10min – Depoimento de família que adotou (10 min) 15h10min às 16h10min – Mesa: “A Escola para um Novo Conceito de Família”. CONFERENCISTA: Suzana Sofia Moeller Schettini 16h10min às 16h25min – Debates com perguntas do público 16h25 min às 17h00min - Coffee break 17h – 18h – Relatos de experiências exitosas dos GAA’s e de apadrinhamentos (10 minutos para cada relato). Mediadoras: Rosa Pires Aquino e Eliene Dias de Oliveira 21 h - JANTAR (POR ADESÃO)
  • 25. 25 05 DE JUNHO DE 2010 – SÁBADO 8h às 8h30min – Início dos trabalhos com Homenagens “Amigos da adoção” 8h30min às 9h30 min - Mesa Redonda de Debates : “Caldeirão de Polêmicas Antes da Adoção: Problemas da institucionalização e da preparação para a adoção“ Mediadora: Katy Braun 9h30min às 9h45min – Debates com perguntas do público 09h45min às 10h15min– Coffee break 10h15min às 11h15min - Mesa: “Devolução de Crianças”. Conferencista: Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi 11h15min às 11h30min– Debates com perguntas do público 11h30min às 11h40min - Depoimento de família por adoção (10 min) 11h40min às 12h40min – Mesa: “Caldeirão de Polêmicas: Problemas e Entraves na Adoção” Mediador: Joenildo de Souza Chaves
  • 26. 26 12h40min às 12h55min – Debates com perguntas do público 12h55min-13h15min - Eleição da sede do XVI ENAPA (organização com participação da ANGAAD). 13h15min às 13h30 min – Agradecimentos: GEAAV E GAAM 13h30min – Encerramento.