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O Guarani
José de Alencar
Docente: Dra. Alessandra Grangeiro
Discentes: Gisele, Leonardo, Priscila Pereira Ferreira e Sara Pereira
Biografia dos autor
Jose de Alencar
• José Martiniano de Alencar, nasceu em Messejana (atual bairro de Fortaleza), CE, em
1º de maio de 1829. É o patrono da cadeira n. 23, por escolha de Machado de Assis.
• Foi advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo..
• As mais distantes reminiscências da infância do pequeno José mostram-no lendo
velhos romances para a mãe e as tias, em contato com as cenas da vida sertaneja e da
natureza brasileira e sob a influência do sentimento nativista que lhe passava o pai
revolucionário. Entre 1837-38, em companhia dos pais, viajou do Ceará à Bahia, pelo
interior, e as impressões dessa viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de
ficção.
• Em 1844 vai para São Paulo, onde permanece até 1850, terminando os preparatórios
e cursando Direito, salvo o ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda.
Formado, começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil,
convidado por Francisco Otaviano de Almeida Rosa, seu colega de Faculdade, e a
escrever para o Jornal do Comércio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título
de Ao correr da pena. Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855.
• Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em
1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O
Guarani, que lhe granjeou grande popularidade.
• Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877
Biografia dos autor da crítica
Alfredo Bosi
Nasceu em São Paulo (SP), em 26 de agosto de 1936. É casado com a psicóloga social, escritora e
professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, com quem tem dois filhos: Viviana e José
Alfredo.
Descendente de italianos, logo depois de se formar em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), em
1960, recebeu uma bolsa de estudos na Itália e ficou um ano letivo em Florença. De volta ao Brasil,
assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana,
Alfredo Bosi sempre teve grande interesse pela literatura brasileira, o que o levou a escrever os
livros Pré-Modernismo (1966) e História Concisa da Literatura Brasileira (1970).
Em 1970, decidiu-se pelo ensino de literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e
Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, da qual é professor titular de
Literatura Brasileira. Ocupou a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da
Maison des Sciences de l’Homme (Paris).
Foi vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP de 1987 a 1997. Nesse último ano, em
dezembro, passou a ocupar o cargo de diretor. Entre outras atividades no IEA, coordenou o
Educação para a Cidadania (1991-96), integrou a comissão coordenadora da Cátedra Simón Bolívar
(convênio entre a USP e a Fundação Memorial da América Latina) e coordenou a Comissão de Defesa da
Universidade Pública (1998).
Desde 1989 é editor da revista Estudos Avançados.
Romantismo
• O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas
últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século
XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e
ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados
nacionais na Europa.
• Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais
tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda
uma visão de mundo centrada no indivíduo.
• O estilo romântico havia-se espalhado pelo mundo e o romantismo tornou-se a
expressão da arte burguesa. O Brasil trouxe da Europa esse estilo revolucionário e
o adaptou à nossa realidade, substituindo os heróis europeus medievais pelo índio,
elevado à condição de herói nacional.
Características
• Individualismo
• Subjetivismo
• Idealização
• Sentimentalismo
exacerbado
• Egocentrismo
• Natureza interagindo
com o eu lírico
• Grotesco e sublime
• Medievalismo
• Indianismo
• Byronismo
Romantismo no Brasil
• O Romantismo foi um dos principais movimentos de arte do século XIX e, no Brasil,
teve como marco inicial a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades,
de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Uma das razões para isso é a importância
da estética romântica para o momento histórico em que essa arte está inserida no
Brasil: a chegada da Família Real (1822), e a reclassificação do território nacional,
deixando de ser uma colônia de exploração.
• A primeira geração romântica tinha a preocupação de garantir uma identidade
nacional que nos separasse de Portugal, buscando no passado histórico elementos de
origem nacional.
• A segunda geração, é um período marcado pelo mal do século, apresenta
egocentrismo irritado, pessimismo, satanismo e atração pela morte.
• A terceira geração: esse período desenvolve uma poesia com caráter político e social,
é formada pelo grupo condoreiro. O maior representante dessa fase é Castro Alves.
Contexto Histórico
• O Guarani foi publicado em 1857.
• D. Pedro II alguns anos antes (1840, com 14
anos) havia sido declarado maior de idade e
proclamado Imperador do Brasil.
• A estabilidade política do Império vai de 1850 a
1870 e o sentimento nacionalista torna-se um dos
temas centrais do romantismo brasileiro
• Durante a Segunda metade do século XIX, a
sociedade brasileira passou por mudanças
fundamentais nos campos políticos e sociais.
• O dinheiro do café exportado permite a
modernização do país (com a criação de indústrias,
bancos, companhias de comércio, estradas de
ferro)..
• Meados do século XIX, os escritores do
Romantismo, vão pesquisar as origens do país nos
textos do quinhentistas.
• 1604
• O Brasil entrou no século 17 sob o
domínio espanhol, com a União
Ibérica (1580-1640).
• 1548, dom João III resolveu implantar no
Brasil o Governo Geral para a
administração e para a defesa da Colônia.
Primeiro governador- Tomé de Sousa.
• 1559-1572 Mem de Sá, foi o governador-
geral.
Contexto histórico da
obra
Contexto histórico da
obra literária
Estrutura da Obra
O romance está dividido em quatro partes com capítulos titulados,
com os capítulos dispostos como saíram do folhetim:
• Primeira Parte: Os Aventureiros
• Segunda Parte: Peri
• Terceira Parte: Os Aimorés
• Quarta Parte: A Catástrofe
Elementos da narrativa
• Foco Narrativo: Nada mais é do que o ponto de vista pelo qual uma história é contada, podendo ser de
dois tipos, o do narrador (aquele que conta a história a partir de uma perspectiva de fora, geralmente
em terceira pessoa) e o do personagem (que conta a história a partir da perspectiva de quem a vivencia,
geralmente em primeira pessoa).
• Personagens: Tudo o que ocupar um espaço e praticar uma ação é considerado personagem. Os
personagens são divididos da seguinte maneira: Principal ou protagonista (aquele que desempenha o
papel central, suas ações são de extrema importância para o desenrolar da narrativa); Secundários
(igualmente importantes para o desenvolvimento das ações, mas, ocupam o segundo lugar na escala de
importância), e o Figurante ( aqueles que ilustram espaços e ambientes).
• Espaço: Em uma narrativa o espaço pode se configurar de quatro formas, sendo elas: Espaço ou
ambiente físico (o cenário das ações, local onde os personagens se movimentam); Psicológico (interior
do personagem, seus pensamentos, vivências e emoções).
• Tempo que dentro de uma narrativa é definido da seguinte maneira: Tempo cronológico, ou, tempo da
história (Sequência cronológica dos acontecimentos narrados); Tempo psicológico (algo subjetivo,
sentido pelo personagem).
Foco Narrativo
• Por ponto de vista, foco narrativo ou focalização, entendemos a relação entre o narrador e o
universo diegético e ainda entre o narrador e o narratário.
• Jean Pouillon distinguiu três tipos de focalização: a visão são “por trás”, pela qual o
narrador conhece tudo sobre as personagens e a história; a visão “com”, em que o narrador
sabe tanto quanto a personagem; e a visão “de fora”, quando o narrador se limita ao que se
vê, não penetrando na interioridade das personagens.
• Podemos distinguir em Guarani uma visão “por trás”, pela qual o narrador conhece
inteiramente até o interior das personagens e a história, pois
• O Guarani apresenta foco narrativo em terceira pessoa, sendo o narrador onisciente intruso. Ou
seja, o narrador não só possui acesso aos pensamentos e sentimentos das personagens, como
também expõe ao longo da narrativa comentários sobre as atitudes das personagens. Essa
parcialidade e falta de distanciamento do narrador serve para induzir o leitor a acreditar na tese
indianista de exaltação à natureza e eleição do índio como herói nacional.
Personagens- Aspectos físicos e psicológicos
Peri: índio valente, corajoso, chefe da nação goitacá, o Guarani.
Ceci (Cecília): moça linda, de doces olhos azuis, gênio travesso, mas meiga, suave, sonhadora, herdeira
da força moral interior de seu pai, D. Antônio Mariz.
Isabel: moça morena, sensual, de sorriso provocador; filha bastarda de D. Antônio Mariz com uma índia,
oficialmente sobrinha dele e prima de Ceci.
D. Antônio Mariz: fidalgo português da mais pura estirpe.
Dona Lauriana: senhora paulista, de cerca de cinqüenta anos, magra, forte, de cabelos pretos com
alguns fios brancos; um tanto egoísta, soberba, orgulhosa, diferente do marido, D. Antônio Mariz.
D. Diogo Mariz: jovem fidalgo, na “flor da idade”, que passa o tempo em caçadas e correrias; tratado
com rigidez pelo pai, D. Antônio Mariz, em nome da honra da família.
Loredano: um dos aventureiros da casa do Paquequer; italiano, moreno, alto, musculoso, longa barba
negra, sorriso branco e desdenhoso, ganancioso, ambicioso; ex-padre (Frei Ângelo de Luca), religioso
traidor de sua fé.
Espaço
Também denominado ambiente, cenário ou localização, o
espaço é o conjunto de elementos da paisagem exterior (espaço
físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as ações
das personagens. É ele imprescindível, pois não funciona
apenas como pano de fundo, mas influencia diretamente no
desenvolvimento do enredo, unindo- se ao tempo.
• Espaço físico: Serra dos Órgãos (RJ) e o estado da Paraíba,
às margens do Rio Paquequer, afluente do rio Paraíba.
Tempo
• Toda narrativa desenrola-se dentro do fluxo do tempo, tanto no plano da
diegese, quanto no do discurso (que conforma a diegese); pois este se organiza
como sucessão de palavras e frases, que podem apresentar os fatos
cronologicamente ou não.
• Quando se passa a ação: 1603 — época colonial (domínio espanhol)
• Quanto tempo dura a ação:
• Tempo cronológico: O fluir do tempo obedece ao movimento dos ponteiros do
relógio. O romance corre numa regularidade fixa, entretanto há o recurso do
flashback, ou seja, a volta ao passado, para que o leitor saiba de fatos que já
aconteceram como por exemplo o salvamento de Ceci, que foi narrado por
flashback.
• (sábado) No ano da graça- março
de 1604. p.11
• (domingo) “No dia seguinte...”
p.41
• (segunda-feira) “Na segunda-
feira...” p.122
• (terça-feira) “O dia vinha
rompendo.” p.146.
• (quarta e quinta) “Dois dias
passaram...” p.148
• (sexta-feira) “Seriam dez horas da
noite...” p.149
• (sábado) “A alvorada
despontava...” p.158
• (domingo) “Pouco e pouco o dia
foi rompendo ...” p.190
• (segunda-feira) “Quando o sol,
erguendo-se no horizonte...” p.204
• (terça-feira) “... a aragem fresca
que anuncia o despontar do dia...”
p.209
• 11dias
O Indianismo de José de Alencar
O índio de José de Alencar
— Se tu fosses cristão, Peri!...
O índio voltou-se extremamente admirado daquelas palavras.
— Por quê?... perguntou ele.
— Por quê?... disse lentamente o fidalgo. Porque se tu fosses cristão, eu te confiaria a salvação
de minha Cecília, e estou convencido de que a levarias ao Rio de Janeiro, à minha irmã.
O rosto do selvagem iluminou-se; seu peito arquejou de felicidade; seus lábios trêmulos mal
podiam articular o turbilhão de palavras que lhe vinham do intimo da alma.
— Peri quer ser cristão! exclamou ele.
D. Antônio lançou-lhe um olhar úmido de reconhecimento.
............................................................................................................................................................
..
O índio caiu aos pés do velho cavalheiro, que impô-lhe as mãos sobre a cabeça.
Sê cristão! Dou-te o meu nome!
( O guarani, parte IV, cap. X)
O índio de José de Alencar
— E para si, Arnaldo, que deseja? Insistiu Campelo.
— Que o Sr. Capitão-Mor me deixe beijar sua mão: basta-
me isso.
— Tu és um homem, e de hoje em diante quero que te
chames Arnaldo Louredo Campelo.
A conversão, acompanhada de mudança de nome, ocorre
igualmente com o índio Poti, de Iracema, batizado como Antônio
Felipe Camarão, o futuro herói da resistência aos holandeses. E
Arnaldo, o sósia rústico de Peri de O sertanejo, é agraciado com o
sobrenome de capitão-mor durante este diálogo.
Iracema e o Guarani
• Fundaram o romance nacional
• A entrega do índio ao branco é incondicional, faz-se de corpo e alma,
implicando sacrifício e abandono da sua pertença à tribo e origem.
• É possível detectar o Complexo sacrificial na mitologia romântica de
Alencar
• Iracema apaixona-se por Martim
Soares Moreno, colonizador do
Ceará, por amor de quem rompe
com a sua nação tabajara depois de
violar o segredo de jurema.
• Machado de Assis em artigo que
descreveu logo que saiu o romance:
“ Não resiste, nem indaga: desde
que os olhos de Martim se trocaram
com os seus, a moça curvou a
cabeça àquela doce escravidão”.
Peri
• O risco de sofrimento e morte é aceito pelo
selvagem sem qualquer hesitação, como se a
sua atitude devota para com o branco
representasse o cumprimento de um destino,
que Alencar apresenta em termos heroicos
ou idílicos.
Ficção de José de Alencar e a poesia de
Gonçalves Dias
Gonçalves Dias e José de Alencar
O “Canto do Piaga", publicado em
1846 na obra "Primeiros Cantos”
I
Ó GUERREIROS da Taba sagrada,
Ó Guerreiros da Tribo Tupi,
Falam Deuses nos cantos do Piaga,
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi.
Esta noite - era a lua já morta -
Anhangá me vedava sonhar;
Eis na horrível caverna, que habito,
Rouca voz começou-me a chamar.
Abro os olhos, inquieto, medroso,
Manitôs! que prodígios que vil
Arde o pau de resina fumosa,
Não fui eu, não fui eu, que o acendi!
Eis rebenta a meus pés um fantasma,
Um fantasma d'imensa extensão;
Liso crânio repousa a meu lado,
Feia cobra se enrosca no chão.
O meu sangue gelou-se nas veias,
Todo inteiro - ossos, carnes - tremi,
Frio horror me coou pelos membros,
Frio vento no rosto senti.
Era feio, medonho, tremendo,
Ó Guerreiros, o espectro que eu vi.
Falam Deuses nos cantos do Piaga,
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!
II
Por que dormes, Ó Piaga divino?
Começou-me a Visão a falar,
Por que dormes? O sacro instrumento
De per si já começa a vibrar.
Tu não viste nos céus um negrume
Toda a face do sol ofuscar;
Não ouviste a coruja, de dia,
Seus estrídulos torva soltar?
Tu não viste dos bosques a coma
Sem aragem - vergar-se e gemer,
Nem a lua de fogo entre nuvens,
Qual em vestes de sangue, nascer?
E tu dormes, ó Piaga divino!
E Anhangá te proíbe sonhar!
E tu dormes, ó Piaga, e não sabes,
E não podes augúrios cantar?!
Ouve o anúncio do horrendo fantasma,
Ouve os sons do fiel Maracá;
Manitôs já fugiram da Taba!
Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá!
III
Pelas ondas do mar sem limites
Basta selva, sem folhas, i vem;
Hartos troncos, robustos, gigantes;
Vossas matas tais monstros contêm.
Traz embira dos cimos pendente
- Brenha espessa de vário cipó -
Dessas brenhas contêm vossas matas,
Tais e quais, mas com folhas; é so!
Negro monstro os sustenta por baixo,
Brancas asas abrindo ao tufão,
Como um bando de cândidas garças,
Que nos ares pairando - lá vão.
Oh! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... - o que vem cá buscar?
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher!
Vem trazer-vos crueza, impiedade -
Dons cruéis do cruel Anhangá;
Vem quebrar-vos a maça valente,
Profanar Manitôs, Maracás.
Vem trazer-vos algemas pesadas,
Com que a tribu Tupi vai gemer;
Hão-de os velhos servirem de escravos
Mesmo o Piaga inda escravo há de ser?
Fugireis procurando um asilo,
Triste asilo por ínvio sertão;
Anhangá de prazer há de rir-se,
Vendo os vossos quão poucos serão.
Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitôs já fugiram da Taba,
Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!
Gonçalves Dias e José de Alencar
• Próximo no tempo e no espaço, do nativismo
exaltado latino- americano.
• Imaginário bíblico para predizer o fim do
mundo.
• Sentimento de terror expresso por uma rede
de sinais apocalípticos no sentido amplo e
transcultural de imagens.
• O fim de um povo é descrito como o fim do
mundo.
• “O Canto do Piaga” é um presságio, um
alerta do que está por acontecer.
• Gonçalves Dias dá uma dimensão mais
“real” das consequências oriundas da
colonização sem suavizar o impacto daí
proveniente.
• O índio morre na poesia de Gonçalves Dias
como morreu nas mãos dos portugueses
• A imagem do conflito retrocederia para
épocas remotas, passando por um
decidido processo de atenuação e
sublimação.
• Alencar formou-se no período que vai da
maioridade precoce de Dom Pedro II(que
seu pai fora um hábil articulador) à
conciliação partidária dos anos 50.
• “o índio de Alencar entra em íntima
comunhão com o colonizador.” (Bosi,
1992, p.177).
Os Timbiras (1857) - Gonçalves Dias
Chame-lhe progresso
Quem do extermínio secular se ufana:
Eu modesto cantor do povo extinto
Chorarei nos vastíssimos sepulcros,
Que vão do mar ao Andes, e do Prata
ao largo e doce mar das Amazonas.
Ardia o prélio, Fervia o mar em fogo a meia-noite,
Nuvem de espesso fumo condensado
Toldava astros e céus; e o mar e os montes
Acordavam rugindo aos sons troantes
Da insólita peleja!
(canto III)
O que resultou foi uma nação “que
tem por base/ Os frios ossos da
nação senhora/ E por cimento a
cinza profanada/ Dos mortos,
amassada aos pés de escravos”.
O colonizador português, aparece
como velho tutor e avaro, cobiçoso da
beleza de sua pupila, a América. E
voltam os signos da convulsão dos
elementos naturais, agora decifrados
como estragos pelas armas de fogo do
invasor branco.
Em direção oposta à dos
Primeiros cantos e dos
Timbiras, o romance histórico
de Alencar voltou-se não
para a destruição das tribos
tupis, mas para a construção
ideal de uma nova
nacionalidade: o Brasil que
emerge do contexto colonial.
Um castelo no trópico?
• O quadro de um Brasil-Colônia criado à imagem e
semelhança da comunidade feudal europeia.
• Respirava um certo luxo que parecia impossível existir
nessa época em um deserto, como era então aquele sítio.
• O modelo de comunidade age, porém, com mais força
no espírito romântico do que estrutura social.
Assim, a casa era um verdadeiro solar de fidalgo português, menos as
ameias e a barbacã, as quais haviam sido substituídas por essa muralha
de rochedos inacessíveis, que ofereciam uma defesa natural e uma
resistência inexpugnável [...] entre os troncos dessas árvores, uma alta
cerca de espinheiros tornava aquele pequeno vale impenetrável.
Dom Antônio de Mariz
• É um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro, e que
jurara fidelidade à coroa.
• Cecília e dom Antônio admiram Peri, e respeitam os
selvagens.
• Lauriana e seu filho, Diogo, constituem a fidalguia
extremada, verão com desdém o bugre. Essa
diferenciação interna é peça forte da ideologia ao mesmo
tempo conservadora e nativista de Alencar.
• Ofensa não passaria impune.
• O indianismo de Alencar é a inclusão do selvagem nessa
esfera de nobreza.
Casa do fidalgo Dom Antônio de Mariz. Imagem:Edgar
Vasques
O fundo da casa, inteiramente
separado do resto da habitação por
uma cerca, era tomado por dois
grandes armazéns ou senzalas, que
serviam de morada a aventureiros e
acostados.
O Guarani p. 12.
O homem e a natureza
• O homem deve livrar a mulher da morte pela
mediação da natureza protetora.
• O romance perfaz a sua ambição de recortar uma
comunidade cerrada, natural.
• Na solidão da mata, na canoa que resvala sobre a água lisa do
Paraíba, a narrativa se arma sinuosamente para as formas do
idílio.
No meio de homens civilizados, [Peri] era um índio ignorante, nascido de uma raça
bárbara, a quem a civilização repelia e marcava o lagar de cativo. Embora para Cecília
e D. Antônio fosse um amigo, era apenas um amigo escravo.
Aqui, porém, todas as distinções desapareciam; o filho das matas, voltando ao seio de
sua mãe, recobrava a liberdade; era o rei do deserto, o senhor das florestas,
dominando pelo direito da força e da coragem.
As altas montanhas, as nuvens, as catadupas, os grandes rios, as árvores seculares,
serviam de trono, de dossel, de manto e cetro a esse monarca das selvas cercado de
toda a majestade e de todo o esplendor da natureza.
O Guarani, p. 209.Para Cecília, a presença desse homem, novo
e inteiro, no seu estado natural, tem ares de
revelação: “Um outro sentimento ainda
confuso ia talvez completar a transformação
misteriosa da mulher”
— Escuta, disse ele. Os velhos da tribo ouviram de seus pais, que a alma do homem quando sai
do corpo, se esconde numa flor, e fica ali até que a are do céu vem buscá-la e a leva li, bem
longe. É por isso que tu vês o guanumbi, saltando de flor em flor, beijando uma, beijando outra,
e depois batendo as asas e fugindo.
• À fantasia do selvagem responde o projeto declarado de Alencar, a poética do amor
romântico:
Qual é o seio de dezesseis anos que não abriga uma dessas ilusões encantadoras, nascidas com
o fogo dos primeiros raios do amor? Qual é a menina que não consulta o oráculo de um
malmequer, e não vê numa borboleta negra a sibila fatídica que lhe anuncia a perda da mais
bela esperança?
Como a humanidade na infância, o coração nos primeiros anos tem também a sua mitologia;
mitologia mais graciosa e mais poética do que as criações da Grécia; o amor é o seu Olimpo
povoado de deusas ou deuses de uma beleza celeste e imortal.
O Guarani, p. 211.
Obrigado (a)
Referências Bibliográficas
BOSI, Alfredo. Um mito sacrificial: o indianismo de Alencar. In: ___. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia
das Letras, 1992. p. 176-193.
ALENCAR, José. O guarani. São Paulo, editora atica, 1975.
Disponível em: <http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/o-> Acesso em: 28 de ago. de 2019.
Disponível em: <guarani.htmlhttp://www.academia.org.br/academicos/jose-de> Acesso em: 28 de ago de 2019.
Disponível em: <alencar/biografiahttps://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/LiteraturaInfantil/conthist.htm
> Acesso em: 28 de ago de 2019
Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/os_timbiras> Acesso em: 10 de set de 2019
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O Guarani: uma análise da obra de José de Alencar

  • 1. O Guarani José de Alencar Docente: Dra. Alessandra Grangeiro Discentes: Gisele, Leonardo, Priscila Pereira Ferreira e Sara Pereira
  • 2. Biografia dos autor Jose de Alencar • José Martiniano de Alencar, nasceu em Messejana (atual bairro de Fortaleza), CE, em 1º de maio de 1829. É o patrono da cadeira n. 23, por escolha de Machado de Assis. • Foi advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo.. • As mais distantes reminiscências da infância do pequeno José mostram-no lendo velhos romances para a mãe e as tias, em contato com as cenas da vida sertaneja e da natureza brasileira e sob a influência do sentimento nativista que lhe passava o pai revolucionário. Entre 1837-38, em companhia dos pais, viajou do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões dessa viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de ficção. • Em 1844 vai para São Paulo, onde permanece até 1850, terminando os preparatórios e cursando Direito, salvo o ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda. Formado, começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, convidado por Francisco Otaviano de Almeida Rosa, seu colega de Faculdade, e a escrever para o Jornal do Comércio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena. Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855. • Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade. • Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877
  • 3. Biografia dos autor da crítica Alfredo Bosi Nasceu em São Paulo (SP), em 26 de agosto de 1936. É casado com a psicóloga social, escritora e professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, com quem tem dois filhos: Viviana e José Alfredo. Descendente de italianos, logo depois de se formar em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), em 1960, recebeu uma bolsa de estudos na Itália e ficou um ano letivo em Florença. De volta ao Brasil, assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana, Alfredo Bosi sempre teve grande interesse pela literatura brasileira, o que o levou a escrever os livros Pré-Modernismo (1966) e História Concisa da Literatura Brasileira (1970). Em 1970, decidiu-se pelo ensino de literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, da qual é professor titular de Literatura Brasileira. Ocupou a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da Maison des Sciences de l’Homme (Paris). Foi vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP de 1987 a 1997. Nesse último ano, em dezembro, passou a ocupar o cargo de diretor. Entre outras atividades no IEA, coordenou o Educação para a Cidadania (1991-96), integrou a comissão coordenadora da Cátedra Simón Bolívar (convênio entre a USP e a Fundação Memorial da América Latina) e coordenou a Comissão de Defesa da Universidade Pública (1998). Desde 1989 é editor da revista Estudos Avançados.
  • 4. Romantismo • O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. • Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. • O estilo romântico havia-se espalhado pelo mundo e o romantismo tornou-se a expressão da arte burguesa. O Brasil trouxe da Europa esse estilo revolucionário e o adaptou à nossa realidade, substituindo os heróis europeus medievais pelo índio, elevado à condição de herói nacional. Características • Individualismo • Subjetivismo • Idealização • Sentimentalismo exacerbado • Egocentrismo • Natureza interagindo com o eu lírico • Grotesco e sublime • Medievalismo • Indianismo • Byronismo
  • 5. Romantismo no Brasil • O Romantismo foi um dos principais movimentos de arte do século XIX e, no Brasil, teve como marco inicial a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Uma das razões para isso é a importância da estética romântica para o momento histórico em que essa arte está inserida no Brasil: a chegada da Família Real (1822), e a reclassificação do território nacional, deixando de ser uma colônia de exploração. • A primeira geração romântica tinha a preocupação de garantir uma identidade nacional que nos separasse de Portugal, buscando no passado histórico elementos de origem nacional. • A segunda geração, é um período marcado pelo mal do século, apresenta egocentrismo irritado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. • A terceira geração: esse período desenvolve uma poesia com caráter político e social, é formada pelo grupo condoreiro. O maior representante dessa fase é Castro Alves.
  • 6. Contexto Histórico • O Guarani foi publicado em 1857. • D. Pedro II alguns anos antes (1840, com 14 anos) havia sido declarado maior de idade e proclamado Imperador do Brasil. • A estabilidade política do Império vai de 1850 a 1870 e o sentimento nacionalista torna-se um dos temas centrais do romantismo brasileiro • Durante a Segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira passou por mudanças fundamentais nos campos políticos e sociais. • O dinheiro do café exportado permite a modernização do país (com a criação de indústrias, bancos, companhias de comércio, estradas de ferro).. • Meados do século XIX, os escritores do Romantismo, vão pesquisar as origens do país nos textos do quinhentistas. • 1604 • O Brasil entrou no século 17 sob o domínio espanhol, com a União Ibérica (1580-1640). • 1548, dom João III resolveu implantar no Brasil o Governo Geral para a administração e para a defesa da Colônia. Primeiro governador- Tomé de Sousa. • 1559-1572 Mem de Sá, foi o governador- geral. Contexto histórico da obra Contexto histórico da obra literária
  • 7. Estrutura da Obra O romance está dividido em quatro partes com capítulos titulados, com os capítulos dispostos como saíram do folhetim: • Primeira Parte: Os Aventureiros • Segunda Parte: Peri • Terceira Parte: Os Aimorés • Quarta Parte: A Catástrofe
  • 8. Elementos da narrativa • Foco Narrativo: Nada mais é do que o ponto de vista pelo qual uma história é contada, podendo ser de dois tipos, o do narrador (aquele que conta a história a partir de uma perspectiva de fora, geralmente em terceira pessoa) e o do personagem (que conta a história a partir da perspectiva de quem a vivencia, geralmente em primeira pessoa). • Personagens: Tudo o que ocupar um espaço e praticar uma ação é considerado personagem. Os personagens são divididos da seguinte maneira: Principal ou protagonista (aquele que desempenha o papel central, suas ações são de extrema importância para o desenrolar da narrativa); Secundários (igualmente importantes para o desenvolvimento das ações, mas, ocupam o segundo lugar na escala de importância), e o Figurante ( aqueles que ilustram espaços e ambientes). • Espaço: Em uma narrativa o espaço pode se configurar de quatro formas, sendo elas: Espaço ou ambiente físico (o cenário das ações, local onde os personagens se movimentam); Psicológico (interior do personagem, seus pensamentos, vivências e emoções). • Tempo que dentro de uma narrativa é definido da seguinte maneira: Tempo cronológico, ou, tempo da história (Sequência cronológica dos acontecimentos narrados); Tempo psicológico (algo subjetivo, sentido pelo personagem).
  • 9. Foco Narrativo • Por ponto de vista, foco narrativo ou focalização, entendemos a relação entre o narrador e o universo diegético e ainda entre o narrador e o narratário. • Jean Pouillon distinguiu três tipos de focalização: a visão são “por trás”, pela qual o narrador conhece tudo sobre as personagens e a história; a visão “com”, em que o narrador sabe tanto quanto a personagem; e a visão “de fora”, quando o narrador se limita ao que se vê, não penetrando na interioridade das personagens. • Podemos distinguir em Guarani uma visão “por trás”, pela qual o narrador conhece inteiramente até o interior das personagens e a história, pois • O Guarani apresenta foco narrativo em terceira pessoa, sendo o narrador onisciente intruso. Ou seja, o narrador não só possui acesso aos pensamentos e sentimentos das personagens, como também expõe ao longo da narrativa comentários sobre as atitudes das personagens. Essa parcialidade e falta de distanciamento do narrador serve para induzir o leitor a acreditar na tese indianista de exaltação à natureza e eleição do índio como herói nacional.
  • 10. Personagens- Aspectos físicos e psicológicos Peri: índio valente, corajoso, chefe da nação goitacá, o Guarani. Ceci (Cecília): moça linda, de doces olhos azuis, gênio travesso, mas meiga, suave, sonhadora, herdeira da força moral interior de seu pai, D. Antônio Mariz. Isabel: moça morena, sensual, de sorriso provocador; filha bastarda de D. Antônio Mariz com uma índia, oficialmente sobrinha dele e prima de Ceci. D. Antônio Mariz: fidalgo português da mais pura estirpe. Dona Lauriana: senhora paulista, de cerca de cinqüenta anos, magra, forte, de cabelos pretos com alguns fios brancos; um tanto egoísta, soberba, orgulhosa, diferente do marido, D. Antônio Mariz. D. Diogo Mariz: jovem fidalgo, na “flor da idade”, que passa o tempo em caçadas e correrias; tratado com rigidez pelo pai, D. Antônio Mariz, em nome da honra da família. Loredano: um dos aventureiros da casa do Paquequer; italiano, moreno, alto, musculoso, longa barba negra, sorriso branco e desdenhoso, ganancioso, ambicioso; ex-padre (Frei Ângelo de Luca), religioso traidor de sua fé.
  • 11. Espaço Também denominado ambiente, cenário ou localização, o espaço é o conjunto de elementos da paisagem exterior (espaço físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as ações das personagens. É ele imprescindível, pois não funciona apenas como pano de fundo, mas influencia diretamente no desenvolvimento do enredo, unindo- se ao tempo. • Espaço físico: Serra dos Órgãos (RJ) e o estado da Paraíba, às margens do Rio Paquequer, afluente do rio Paraíba.
  • 12.
  • 13. Tempo • Toda narrativa desenrola-se dentro do fluxo do tempo, tanto no plano da diegese, quanto no do discurso (que conforma a diegese); pois este se organiza como sucessão de palavras e frases, que podem apresentar os fatos cronologicamente ou não. • Quando se passa a ação: 1603 — época colonial (domínio espanhol) • Quanto tempo dura a ação: • Tempo cronológico: O fluir do tempo obedece ao movimento dos ponteiros do relógio. O romance corre numa regularidade fixa, entretanto há o recurso do flashback, ou seja, a volta ao passado, para que o leitor saiba de fatos que já aconteceram como por exemplo o salvamento de Ceci, que foi narrado por flashback. • (sábado) No ano da graça- março de 1604. p.11 • (domingo) “No dia seguinte...” p.41 • (segunda-feira) “Na segunda- feira...” p.122 • (terça-feira) “O dia vinha rompendo.” p.146. • (quarta e quinta) “Dois dias passaram...” p.148 • (sexta-feira) “Seriam dez horas da noite...” p.149 • (sábado) “A alvorada despontava...” p.158 • (domingo) “Pouco e pouco o dia foi rompendo ...” p.190 • (segunda-feira) “Quando o sol, erguendo-se no horizonte...” p.204 • (terça-feira) “... a aragem fresca que anuncia o despontar do dia...” p.209 • 11dias
  • 14. O Indianismo de José de Alencar
  • 15. O índio de José de Alencar — Se tu fosses cristão, Peri!... O índio voltou-se extremamente admirado daquelas palavras. — Por quê?... perguntou ele. — Por quê?... disse lentamente o fidalgo. Porque se tu fosses cristão, eu te confiaria a salvação de minha Cecília, e estou convencido de que a levarias ao Rio de Janeiro, à minha irmã. O rosto do selvagem iluminou-se; seu peito arquejou de felicidade; seus lábios trêmulos mal podiam articular o turbilhão de palavras que lhe vinham do intimo da alma. — Peri quer ser cristão! exclamou ele. D. Antônio lançou-lhe um olhar úmido de reconhecimento. ............................................................................................................................................................ .. O índio caiu aos pés do velho cavalheiro, que impô-lhe as mãos sobre a cabeça. Sê cristão! Dou-te o meu nome! ( O guarani, parte IV, cap. X)
  • 16. O índio de José de Alencar — E para si, Arnaldo, que deseja? Insistiu Campelo. — Que o Sr. Capitão-Mor me deixe beijar sua mão: basta- me isso. — Tu és um homem, e de hoje em diante quero que te chames Arnaldo Louredo Campelo. A conversão, acompanhada de mudança de nome, ocorre igualmente com o índio Poti, de Iracema, batizado como Antônio Felipe Camarão, o futuro herói da resistência aos holandeses. E Arnaldo, o sósia rústico de Peri de O sertanejo, é agraciado com o sobrenome de capitão-mor durante este diálogo.
  • 17. Iracema e o Guarani • Fundaram o romance nacional • A entrega do índio ao branco é incondicional, faz-se de corpo e alma, implicando sacrifício e abandono da sua pertença à tribo e origem. • É possível detectar o Complexo sacrificial na mitologia romântica de Alencar • Iracema apaixona-se por Martim Soares Moreno, colonizador do Ceará, por amor de quem rompe com a sua nação tabajara depois de violar o segredo de jurema. • Machado de Assis em artigo que descreveu logo que saiu o romance: “ Não resiste, nem indaga: desde que os olhos de Martim se trocaram com os seus, a moça curvou a cabeça àquela doce escravidão”. Peri • O risco de sofrimento e morte é aceito pelo selvagem sem qualquer hesitação, como se a sua atitude devota para com o branco representasse o cumprimento de um destino, que Alencar apresenta em termos heroicos ou idílicos.
  • 18. Ficção de José de Alencar e a poesia de Gonçalves Dias
  • 19. Gonçalves Dias e José de Alencar O “Canto do Piaga", publicado em 1846 na obra "Primeiros Cantos” I Ó GUERREIROS da Taba sagrada, Ó Guerreiros da Tribo Tupi, Falam Deuses nos cantos do Piaga, Ó Guerreiros, meus cantos ouvi. Esta noite - era a lua já morta - Anhangá me vedava sonhar; Eis na horrível caverna, que habito, Rouca voz começou-me a chamar. Abro os olhos, inquieto, medroso, Manitôs! que prodígios que vil Arde o pau de resina fumosa, Não fui eu, não fui eu, que o acendi! Eis rebenta a meus pés um fantasma, Um fantasma d'imensa extensão; Liso crânio repousa a meu lado, Feia cobra se enrosca no chão. O meu sangue gelou-se nas veias, Todo inteiro - ossos, carnes - tremi, Frio horror me coou pelos membros, Frio vento no rosto senti. Era feio, medonho, tremendo, Ó Guerreiros, o espectro que eu vi. Falam Deuses nos cantos do Piaga, Ó Guerreiros, meus cantos ouvi! II Por que dormes, Ó Piaga divino? Começou-me a Visão a falar, Por que dormes? O sacro instrumento De per si já começa a vibrar. Tu não viste nos céus um negrume Toda a face do sol ofuscar; Não ouviste a coruja, de dia, Seus estrídulos torva soltar? Tu não viste dos bosques a coma Sem aragem - vergar-se e gemer, Nem a lua de fogo entre nuvens, Qual em vestes de sangue, nascer? E tu dormes, ó Piaga divino! E Anhangá te proíbe sonhar! E tu dormes, ó Piaga, e não sabes, E não podes augúrios cantar?! Ouve o anúncio do horrendo fantasma, Ouve os sons do fiel Maracá; Manitôs já fugiram da Taba! Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá! III Pelas ondas do mar sem limites Basta selva, sem folhas, i vem; Hartos troncos, robustos, gigantes; Vossas matas tais monstros contêm. Traz embira dos cimos pendente - Brenha espessa de vário cipó - Dessas brenhas contêm vossas matas, Tais e quais, mas com folhas; é so! Negro monstro os sustenta por baixo, Brancas asas abrindo ao tufão, Como um bando de cândidas garças, Que nos ares pairando - lá vão. Oh! quem foi das entranhas das águas, O marinho arcabouço arrancar? Nossas terras demanda, fareja... Esse monstro... - o que vem cá buscar? Não sabeis o que o monstro procura? Não sabeis a que vem, o que quer? Vem matar vossos bravos guerreiros, Vem roubar-vos a filha, a mulher! Vem trazer-vos crueza, impiedade - Dons cruéis do cruel Anhangá; Vem quebrar-vos a maça valente, Profanar Manitôs, Maracás. Vem trazer-vos algemas pesadas, Com que a tribu Tupi vai gemer; Hão-de os velhos servirem de escravos Mesmo o Piaga inda escravo há de ser? Fugireis procurando um asilo, Triste asilo por ínvio sertão; Anhangá de prazer há de rir-se, Vendo os vossos quão poucos serão. Vossos Deuses, ó Piaga, conjura, Susta as iras do fero Anhangá. Manitôs já fugiram da Taba, Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!
  • 20. Gonçalves Dias e José de Alencar • Próximo no tempo e no espaço, do nativismo exaltado latino- americano. • Imaginário bíblico para predizer o fim do mundo. • Sentimento de terror expresso por uma rede de sinais apocalípticos no sentido amplo e transcultural de imagens. • O fim de um povo é descrito como o fim do mundo. • “O Canto do Piaga” é um presságio, um alerta do que está por acontecer. • Gonçalves Dias dá uma dimensão mais “real” das consequências oriundas da colonização sem suavizar o impacto daí proveniente. • O índio morre na poesia de Gonçalves Dias como morreu nas mãos dos portugueses • A imagem do conflito retrocederia para épocas remotas, passando por um decidido processo de atenuação e sublimação. • Alencar formou-se no período que vai da maioridade precoce de Dom Pedro II(que seu pai fora um hábil articulador) à conciliação partidária dos anos 50. • “o índio de Alencar entra em íntima comunhão com o colonizador.” (Bosi, 1992, p.177).
  • 21. Os Timbiras (1857) - Gonçalves Dias Chame-lhe progresso Quem do extermínio secular se ufana: Eu modesto cantor do povo extinto Chorarei nos vastíssimos sepulcros, Que vão do mar ao Andes, e do Prata ao largo e doce mar das Amazonas. Ardia o prélio, Fervia o mar em fogo a meia-noite, Nuvem de espesso fumo condensado Toldava astros e céus; e o mar e os montes Acordavam rugindo aos sons troantes Da insólita peleja! (canto III) O que resultou foi uma nação “que tem por base/ Os frios ossos da nação senhora/ E por cimento a cinza profanada/ Dos mortos, amassada aos pés de escravos”. O colonizador português, aparece como velho tutor e avaro, cobiçoso da beleza de sua pupila, a América. E voltam os signos da convulsão dos elementos naturais, agora decifrados como estragos pelas armas de fogo do invasor branco. Em direção oposta à dos Primeiros cantos e dos Timbiras, o romance histórico de Alencar voltou-se não para a destruição das tribos tupis, mas para a construção ideal de uma nova nacionalidade: o Brasil que emerge do contexto colonial.
  • 22. Um castelo no trópico? • O quadro de um Brasil-Colônia criado à imagem e semelhança da comunidade feudal europeia. • Respirava um certo luxo que parecia impossível existir nessa época em um deserto, como era então aquele sítio. • O modelo de comunidade age, porém, com mais força no espírito romântico do que estrutura social. Assim, a casa era um verdadeiro solar de fidalgo português, menos as ameias e a barbacã, as quais haviam sido substituídas por essa muralha de rochedos inacessíveis, que ofereciam uma defesa natural e uma resistência inexpugnável [...] entre os troncos dessas árvores, uma alta cerca de espinheiros tornava aquele pequeno vale impenetrável.
  • 23. Dom Antônio de Mariz • É um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro, e que jurara fidelidade à coroa. • Cecília e dom Antônio admiram Peri, e respeitam os selvagens. • Lauriana e seu filho, Diogo, constituem a fidalguia extremada, verão com desdém o bugre. Essa diferenciação interna é peça forte da ideologia ao mesmo tempo conservadora e nativista de Alencar. • Ofensa não passaria impune. • O indianismo de Alencar é a inclusão do selvagem nessa esfera de nobreza. Casa do fidalgo Dom Antônio de Mariz. Imagem:Edgar Vasques O fundo da casa, inteiramente separado do resto da habitação por uma cerca, era tomado por dois grandes armazéns ou senzalas, que serviam de morada a aventureiros e acostados. O Guarani p. 12.
  • 24. O homem e a natureza • O homem deve livrar a mulher da morte pela mediação da natureza protetora. • O romance perfaz a sua ambição de recortar uma comunidade cerrada, natural. • Na solidão da mata, na canoa que resvala sobre a água lisa do Paraíba, a narrativa se arma sinuosamente para as formas do idílio.
  • 25. No meio de homens civilizados, [Peri] era um índio ignorante, nascido de uma raça bárbara, a quem a civilização repelia e marcava o lagar de cativo. Embora para Cecília e D. Antônio fosse um amigo, era apenas um amigo escravo. Aqui, porém, todas as distinções desapareciam; o filho das matas, voltando ao seio de sua mãe, recobrava a liberdade; era o rei do deserto, o senhor das florestas, dominando pelo direito da força e da coragem. As altas montanhas, as nuvens, as catadupas, os grandes rios, as árvores seculares, serviam de trono, de dossel, de manto e cetro a esse monarca das selvas cercado de toda a majestade e de todo o esplendor da natureza. O Guarani, p. 209.Para Cecília, a presença desse homem, novo e inteiro, no seu estado natural, tem ares de revelação: “Um outro sentimento ainda confuso ia talvez completar a transformação misteriosa da mulher”
  • 26. — Escuta, disse ele. Os velhos da tribo ouviram de seus pais, que a alma do homem quando sai do corpo, se esconde numa flor, e fica ali até que a are do céu vem buscá-la e a leva li, bem longe. É por isso que tu vês o guanumbi, saltando de flor em flor, beijando uma, beijando outra, e depois batendo as asas e fugindo. • À fantasia do selvagem responde o projeto declarado de Alencar, a poética do amor romântico: Qual é o seio de dezesseis anos que não abriga uma dessas ilusões encantadoras, nascidas com o fogo dos primeiros raios do amor? Qual é a menina que não consulta o oráculo de um malmequer, e não vê numa borboleta negra a sibila fatídica que lhe anuncia a perda da mais bela esperança? Como a humanidade na infância, o coração nos primeiros anos tem também a sua mitologia; mitologia mais graciosa e mais poética do que as criações da Grécia; o amor é o seu Olimpo povoado de deusas ou deuses de uma beleza celeste e imortal. O Guarani, p. 211.
  • 28. Referências Bibliográficas BOSI, Alfredo. Um mito sacrificial: o indianismo de Alencar. In: ___. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 176-193. ALENCAR, José. O guarani. São Paulo, editora atica, 1975. Disponível em: <http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/o-> Acesso em: 28 de ago. de 2019. Disponível em: <guarani.htmlhttp://www.academia.org.br/academicos/jose-de> Acesso em: 28 de ago de 2019. Disponível em: <alencar/biografiahttps://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/LiteraturaInfantil/conthist.htm > Acesso em: 28 de ago de 2019 Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/os_timbiras> Acesso em: 10 de set de 2019 -