2. A poesia
Ao texto organizado em versos dá-se o nome de POEMA.
Poema – é um gênero textual dividido em versos e estrofes
que tem como finalidade manifestar sentimento e emoção.
O texto poético tem uma forte relação com a música, a arte
e a beleza.
PARTES DO POEMA:
VERSO – É cada uma das linhas de um poema.
ESTROFE – É o conjunto de versos com sentido completo.
3. Classificação das estrofes quanto ao
número de versos
Monóstico – estrofe com um verso
Parelha ou Dístico – estrofe com dois versos
Terceto – estrofe com três versos
Quadra – estrofe com quatro versos
Quintilha – estrofe com cinco versos
Sextilha – estrofe com seis versos
Sétima – estrofe com sete versos
Oitava – estrofe com oito versos
Nona – estrofe com nove versos
Décima – estrofe com dez versos
Irregular – mais de 10 versos
4. CARACTERÍSTICAS DA POESIA
RIMA – é a repetição de uma sequência de sons a partir da
vogal da última sílaba tônica do verso.
MÉTRICA – é a medida do verso ou a contagem de sons dos
versos.
RITMO – é a medida que resulta das pausas determinadas pelas
sílabas fortes.
OBS.: Se um poema não possui RIMA dizemos que os versos são
BRANCOS. Se o poema também não possui MÉTRICA dizemos que
os versos são LIVRES.
5. O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel
Bandeira
6. Meus Oito Anos – Casimiro de Abreu
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
– Que amor, que sonhos, que
flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
7. A CAMINHO DE CASA – Ana Tortosa
A caminho de casa
havia um banco
onde os velhos se sentavam
ao sol nas tardes mornas de primavera.
A caminho de casa
havia uma caixa de correio
que abrigava as cartas de amor.
A caminho de casa
havia um parque
repleto de crianças, brincadeiras e liberdade
caminho de casa
havia uma escola toda branca
que cheirava a livros e lápis de cor.
A caminho de casa
havia uma árvore
e, nela, um ninho de pássaros.
A caminho de casa
havia uma fonte
que matava nossa sede nos dias de verão.
Agora minha casa está em ruínas.
Destruíram o caminho que levava até ela.
Não há mais bancos nem tardes de primavera.
Não há mais caixas de correio nem cartas de amor.
O parque desapareceu, mas a inocência, não.
Nunca mais verei aquela escola toda branca, os lápis de cor, os livros.
Nunca mais aquela árvore nem seu ninho de pássaros.
Nunca mais verei aquela escola toda branca, os lápis de cor, os livros.
Nunca mais aquela árvore nem seu ninho de pássaros.
Não poderemos matar nossa sede na mesma fonte.
Eu pensava que a realidade era apenas um pesadelo,
mas as lágrimas tiraram toda a poeira de meus olhos.
O caminho de casa
agora é um lugar de escombros,
de dor, de vazio, de silêncio.
Algum dia
há de haver, novamente
um caminho que leve a alguma casa.
Nele haverá um banco,
uma caixa de correio,
um parque,
uma escola,
uma árvore,
uma fonte…
E voltaremos a nos sentir livres,
ainda que sem entender
tudo o que aconteceu.
8.
9. Marvin – Titãs
Meu pai não tinha educação
Ainda me lembro era um grande coração
Ganhava a vida com muito suor
E mesmo assim não podia ser pior
Pouco dinheiro pra poder pagar
Todas as contas e despesas do lar
Mas Deus quis vê-lo no chão
Com as mãos levantadas pro céu implorando perdão
Chorei, meu pai disse: "Boa sorte",
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
E disse:
(Refrão)
"Marvin agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer"
Três dias depois de morrer
Meu pai, eu queria saber
Mas não botava nem o pé na escola
Mamãe lembrava disso toda hora
Todo o dia antes do sol sair
Eu trabalhava sem me distrair
As vezes acho que não vai dar pé
Eu queria fugir, mas onde eu estiver
Eu sei muito bem o que ele quis dizer
Meu pai eu me lembro,
não me deixa esquecer
Ele disse:
(Refrão)
"Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor”
Então um dia uma forte chuva veio
E acabou com o trabalho de um ano inteiro
E aos treze anos de idade eu sentia
Todo o peso do mundo em minhas costas
Eu queria jogar, mas perdi a aposta,
Trabalhava feito um burro nos campos
Só via carne se roubasse um frango
Meu pai cuidava de toda a família
Sem perceber segui a mesma trilha
Toda noite minha mãe orava:
"Deus, era em nome da fome que eu roubava"
Dez anos passaram,
cresceram meus irmãos
Vi os anjos levarem minha mãe pelas mãos
Chorei, meu pai disse: "Boa sorte"
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
(Refrão)
"Marvin, agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer".
"Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor".
10. QUANTO A QUALIDADE DAS RIMAS:
RIMAS POBRES - Consideram-se "pobres" as rimas de palavras da mesma classe
gramatical (substantivo / substantivo, verbo / verbo, etc.), ou quando as palavras finalizam em sons
corriqueiros, triviais.
Ex.: beleza / natureza / tristeza coração / irmão felizmente / alegremente
RIMAS RICAS - Quando rimam palavras raras que surpreendem pela novidade, ou pertencentes
a classes gramaticais diversas.
Ex.: brilha / maravilha fibra / vibra
RIMAS RARAS - Diz-se que uma rima é rara quando obtidas com palavras para os quais só haja
poucas rimas possíveis.
Ex.: cisne / tisne
RIMAS PRECIOSAS - São as rimas artificiais, feitas, forjadas com palavras combinadas.
Ex.: estrelas / vê-las múmia / resume-a
11. A MÉTRICA
As palavras dividem-se em sílabas gramaticais, mas quando se trata
de poesia, é preciso esclarecer que os versos dos poemas são
divididos em sílabas poéticas.
A sílaba poética é a unidade de medida do verso, pois todos eles
apresentam um tamanho.
Para contar as sílabas poéticas de um verso, você empregará a base
da divisão de sílabas gramaticais, mas deve estar atento ao
comportamento sonoro das palavras. Lembre-se de que, nos versos
em língua portuguesa, deve-se parar a contagem na última sílaba
tônica da última palavra.
12. Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Meu / can / to / de / mor / te
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Guer/ rei / ros / ou / vi
Sou / fi / lho / das / sel/ vas,
Nas/ sel / vas / cres / ci
Guer / rei/ ros / des/ cen/ do
Da / tri/ bu / Tu / pi