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Síntese de Fernando Pessoa
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«Fernando Pessoa nasceu (não só como “Fernando”, mas
também como pessoa sociocultural) com o Ultimatum
inglês e expirou quando o Estado Novo definiria o perfil
com que arrostaria a implacável voragem do tempo. Com
efeito, o ciclo vital e civil de Fernando António Nogueira
Pessoa, descendente de um “misto de fidalgos e
judeus”, principiou, como é sabido, em 1888 e concluiu-
se em 1935. Nesses quarenta e sete anos de vida tão
breve, mas cheia como um ovo, quanta pulsação
fremente e decisiva em Portugal e no vasto mundo!»
       Joel Serrão, Fernando Pessoa – Cidadão do Imaginário, Livros Horizonte
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Notas biográficas escritas por Fernando Pessoa
a 30 de Março de 1935
• «Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.»
• «Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no
  prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos, em 13 de Junho de 1888.»
• «Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria
  Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António
  de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia
  Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto
  e que foi Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier
  Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.»
• «Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado,
  em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa,
  Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio
  Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança
  em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.»
4



Dados biográficos

• «Estado: Solteiro.»
• «Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta a de
  «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor
  não constitui profissão, mas vocação.»
• «Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1.º Dt.º, Lisboa.»
• «Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos
  públicos, ou funções de destaque, nenhumas.»
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Obras

• «Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por
  enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. O que, de livros ou
  folhetos, considera como válido, é o seguinte: “35 Sonnets” (em inglês),
  1918; “English Poems I-II” e “English Poems III” (em inglês também), 1922,
  e o livro “Mensagem”, 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda
  Nacional, na categoria “Poema”. O folheto “O Interregno”, publicado em
  1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve
  ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que
  repudiar muito.»
6



Ideologia política e posição religiosa

• «Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais
  próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal.
  Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em
  Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora
  com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade
  dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.»
• «Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a
  todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por
  motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do
  Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a
  Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.»
7



   Posições iniciática, patriótica e social
   • «Posição iniciática: iniciado, por comunicação direta de Mestre a
     Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem
     Templária de Portugal.»
   • «Posição patriótica: partidário de um nacionalismo místico, de onde seja
     abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um
     sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no
     catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que
     se guia por este lema: “Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação”.»
   • «Posição social: anticomunista e antissocialista. O mais deduz-se do que
     vai dito acima.»
   • «Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o
     mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater,
     sempre e em toda a parte, os seus três assassinos – a Ignorância, o
     Fanatismo e a Tirania.»
In Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal. 2003. Ed. Richard Zenith. Assírio & Alvim. pp. 203 – 206.
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                                Fernando Pessoa Ortónimo
                           Temas                                            Estilo
Mensagem:                                                   Musicalidade:
                                   Pluralidade
• Ocultismo                                                 • Aliterações
• Mitos                                                     • Assonâncias
• Sebastianismo                                             • Rimas
                                   Heterónimos

• O fingimento artístico                                    Linguagem:
• Dor de pensar                                             • Equilíbrio
• Nostalgia da infância                                     • Sobriedade
• Fragmentação do eu
Tensão:                                                     Recursos expressivos: ricos e
• Sinceridade / Fingimento      • Dor de viver / evocação   originais
• Intelectualização dos         da infância                 Pontuação: emotiva e expressiva
sentimentos                     • Refúgio
• O absurdo da existência       • Sonho                     Associações
• Consciência / inconsciência   • Identidade perdida
• Sentir / pensar                                           Simbolismos
• Abulia / vontade de fazer
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OS HETERÓNIMOS




        Fernando Pessoa Heterónimo (1978), Costa Pinheiro.
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   A origem dos heterónimos


     «Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de
     histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais
     propriamente, um histeroneurasténico. Tendo para esta segunda hipótese, porque há em
     mim fenómenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registo dos
     seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus heterónimos está na minha
     tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Estes
     fenómenos — felizmente para mim e para os outros — mentalizaram-se em mim: quero
     dizer, não se manifestam na minha vida prática, exterior e de contacto com outros; fazem
     explosão para dentro e vivo-os eu a sós comigo. Se eu fosse mulher — na mulher os
     fenómenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas — cada poema do Álvaro de
     Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas
     sou homem — e nos homens a histeria assume principalmente aspetos mentais; assim
     tudo acaba em silêncio e poesia...»



Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
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   Chevalier de Pas

     «Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar
     de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não
     existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser
     dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de
     precisar mentalmente, em figura, movimentos, caráter e história, várias figuras irreais que
     eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura
     abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu,
     tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta,
     mas não alterando nunca a sua maneira de encantar.
     Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou, antes, o meu
     primeiro conhecido inexistente — um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por
     quem escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda
     conquista aquela parte da minha afeição que confina com a saudade. (…) Coisas que
     acontecem a todas as crianças? Sem dúvida — ou talvez. Mas a tal ponto as vivi que as vivo
     ainda, pois que as relembro de tal modo que me é mister um esforço para me fazer saber
     que não foram realidades.»


Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
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   Alberto Caeiro
                                                                 «Alberto Caeiro nasceu em 1889 e
                                                                 morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas
                                                                 viveu quase toda a sua vida no campo.
                                                                 Não teve profissão nem educação quase
                                                                 alguma.
                                                                 (…) Caeiro era de estatura
     «(…) Lembrei-me um dia de fazer uma                         média, e, embora realmente frágil
     partida ao Sá-Carneiro — de inventar um                     (morreu tuberculoso), não parecia tão
     poeta bucólico, de espécie complicada, e                    frágil como era. Ricardo Reis é um
     apresentar-lho, já me não lembro como,                      pouco, mas muito pouco, mais
     em qualquer espécie de realidade.                           baixo, mais forte, mas seco.
     Desculpe-me o absurdo da frase:                             (…) Caeiro, como disse, não teve mais
     aparecera em mim o meu mestre.»                             educação que quase nenhuma — só
                                                                 instrução primária; morreram-lhe cedo o
                                                                 pai e a mãe, e deixou-se ficar em
                                                                 casa, vivendo de uns pequenos
                                                                 rendimentos. Vivia com uma tia
                                                                 velha, tia-avó.»

Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
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                                      Alberto Caeiro
Temas                                         Estilo
Objetivismo:                                  • Métrica irregular
• Atento ao mundo                             • Verso livre
• Comunhão com a Natureza                     • Léxico pobre
• Anulação do sujeito                         • Linguagem familiar e simples
• Antilirismo                                 • Pontuação lógica
                                              • Frases simples
Sensacionismo:                                • Coordenação
• O olhar                                     • Presente do indicativo
•As sensações                                 • Adjetivação simples, clara e objetiva
                                              • Recursos simples
Antimetafísico:
• Não ao pensamento / mistério / misticismo

Paganismo
Desvalorização do tempo
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   Ricardo Reis
                                                                 «(…) Ricardo Reis nasceu em 1887 (não
                                                                 me lembro do dia e mês, mas tenho-os
                                                                 algures), no Porto, é médico e está
                                                                 presentemente no Brasil. (…) Ricardo Reis
                                                                 é um pouco, mas muito pouco, mais
                                                                 baixo, mais forte, mas seco. (…) Cara
     «(…) Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo                  rapada (…) de um vago moreno mate;
     de lhe descobrir — instintiva e                             Campos entre branco e moreno, tipo
     subconscientemente — uns discípulos.                        vagamente de judeu português, cabelo
     Arranquei do seu falso paganismo o                          porém liso e normalmente apartado ao
     Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome,                  lado, monóculo. (…) . Ricardo Reis,
     e ajustei-o a si mesmo, porque nessa                        educado
     altura já o via.»                                           num colégio de jesuítas, é, como disse,
                                                                 médico; vive no Brasil desde 1919, pois
                                                                 se expatriou espontaneamente por ser
                                                                 monárquico. É um latinista por educação
                                                                 alheia, e um semi-helenista por educação
                                                                 própria.»

Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
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                                     Ricardo Reis
Temas                                      Estilo
Epicurismo:                                • Expressão perfeita (a forma acima do
• Ataraxia                                 conteúdo)
• Fuga à dor                               • A ode
• Moderação no prazer                      • Versos decassilábicos / hexassilábicos
• A felicidade relativa                    • Subordinação
                                           • Latinismos
Estoicismo:                                • Hipérbato, metáfora, comparação, eufemismo
• A aceitação do destino                   • Gerúndio, imperativo
• A indiferença na paixão e na dor         • Rigor
• Autodisciplina

Carpe Diem (Horácio)
Tudo é passageiro / efémero
Paganismo

Neoclassicismo:
• O belo
• A civilização grega
• Odes
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   Álvaro de Campos                                             «(…) Álvaro de Campos nasceu em Tavira,
                                                                no dia 15 de outubro de 1890 (às 1.30 da
                                                                tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é
                                                                verdade, pois, feito o horóscopo para essa
                                                                hora, está certo). Este, como sabe, é
                                                                engenheiro naval (por Glasgow), mas agora
                                                                está aqui em Lisboa em inactividade. (…)
                                                                Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura
     «(…) E, de repente, e em derivação oposta
                                                                — mais 2 cm do que eu), magro e um
     à de Ricardo Reis, surgiu-me
                                                                pouco tendente a curvar-se. Cara rapada
     impetuosamente um novo indivíduo.
                                                                (…) Campos entre branco e moreno, tipo
     Num jato, e à máquina de escrever, sem
                                                                vagamente de judeu português, cabelo
     interrupção nem emenda, surgiu a «Ode
                                                                porém liso e normalmente apartado ao
     Triunfal» de Álvaro de Campos — a Ode
                                                                lado, monóculo. (…) Álvaro de Campos
     com esse nome e o homem com o nome
                                                                teve uma educação vulgar de liceu; depois
     que tem.»
                                                                foi mandado para a Escócia estudar
                                                                engenharia, primeiro mecânica e depois
                                                                naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente
                                                                de onde resultou o «Opiário». Ensinou-lhe
                                                                latim um tio beirão que era padre.»

Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
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                                         Álvaro de Campos
Temas                                            Estilo
1.ª fase:                                        • O verso livre e longo
• Decadentismo                                   • As onomatopeias, assonâncias, aliterações
• O tédio de viver                               • Enumerações, exclamações, interjeições
• Sensações novas                                • Pontuação expressiva e emotiva
• Evasão                                         • Vários níveis de língua
                                                 • Estrangeirismos
Futurismo:                                       • Neologismos
• A civilização industrial e a técnica           • Estética não aristotélica
• A rutura
• A transgressão

Sensacionismo:
• O excesso das sensações

Pessimismo (proximidade com o ortónimo):
• A nostalgia da infância perdida
• Angústia existencial
• A dor de pensar
• Cansaço, tédio
• Solidão
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Portugal: tema tratado na obra Mensagem


                               «Brasão»
                            Os fundadores de
                                 Portugal

                            «Mar Português»
           Mensagem
                           Os Descobrimentos


                             «O Encoberto»
                            O quinto império
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  • 2. 2 «Fernando Pessoa nasceu (não só como “Fernando”, mas também como pessoa sociocultural) com o Ultimatum inglês e expirou quando o Estado Novo definiria o perfil com que arrostaria a implacável voragem do tempo. Com efeito, o ciclo vital e civil de Fernando António Nogueira Pessoa, descendente de um “misto de fidalgos e judeus”, principiou, como é sabido, em 1888 e concluiu- se em 1935. Nesses quarenta e sete anos de vida tão breve, mas cheia como um ovo, quanta pulsação fremente e decisiva em Portugal e no vasto mundo!» Joel Serrão, Fernando Pessoa – Cidadão do Imaginário, Livros Horizonte
  • 3. 3 Notas biográficas escritas por Fernando Pessoa a 30 de Março de 1935 • «Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.» • «Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos, em 13 de Junho de 1888.» • «Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e que foi Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.» • «Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.»
  • 4. 4 Dados biográficos • «Estado: Solteiro.» • «Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.» • «Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1.º Dt.º, Lisboa.» • «Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.»
  • 5. 5 Obras • «Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. O que, de livros ou folhetos, considera como válido, é o seguinte: “35 Sonnets” (em inglês), 1918; “English Poems I-II” e “English Poems III” (em inglês também), 1922, e o livro “Mensagem”, 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria “Poema”. O folheto “O Interregno”, publicado em 1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.»
  • 6. 6 Ideologia política e posição religiosa • «Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.» • «Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.»
  • 7. 7 Posições iniciática, patriótica e social • «Posição iniciática: iniciado, por comunicação direta de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.» • «Posição patriótica: partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: “Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação”.» • «Posição social: anticomunista e antissocialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.» • «Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos – a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.» In Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal. 2003. Ed. Richard Zenith. Assírio & Alvim. pp. 203 – 206.
  • 8. 8 Fernando Pessoa Ortónimo Temas Estilo Mensagem: Musicalidade: Pluralidade • Ocultismo • Aliterações • Mitos • Assonâncias • Sebastianismo • Rimas Heterónimos • O fingimento artístico Linguagem: • Dor de pensar • Equilíbrio • Nostalgia da infância • Sobriedade • Fragmentação do eu Tensão: Recursos expressivos: ricos e • Sinceridade / Fingimento • Dor de viver / evocação originais • Intelectualização dos da infância Pontuação: emotiva e expressiva sentimentos • Refúgio • O absurdo da existência • Sonho Associações • Consciência / inconsciência • Identidade perdida • Sentir / pensar Simbolismos • Abulia / vontade de fazer
  • 9. 9 OS HETERÓNIMOS Fernando Pessoa Heterónimo (1978), Costa Pinheiro.
  • 10. 10 A origem dos heterónimos «Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais propriamente, um histeroneurasténico. Tendo para esta segunda hipótese, porque há em mim fenómenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registo dos seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus heterónimos está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Estes fenómenos — felizmente para mim e para os outros — mentalizaram-se em mim: quero dizer, não se manifestam na minha vida prática, exterior e de contacto com outros; fazem explosão para dentro e vivo-os eu a sós comigo. Se eu fosse mulher — na mulher os fenómenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas — cada poema do Álvaro de Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem — e nos homens a histeria assume principalmente aspetos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia...» Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
  • 11. 11 Chevalier de Pas «Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, caráter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar. Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou, antes, o meu primeiro conhecido inexistente — um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por quem escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda conquista aquela parte da minha afeição que confina com a saudade. (…) Coisas que acontecem a todas as crianças? Sem dúvida — ou talvez. Mas a tal ponto as vivi que as vivo ainda, pois que as relembro de tal modo que me é mister um esforço para me fazer saber que não foram realidades.» Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
  • 12. 12 Alberto Caeiro «Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma. (…) Caeiro era de estatura «(…) Lembrei-me um dia de fazer uma média, e, embora realmente frágil partida ao Sá-Carneiro — de inventar um (morreu tuberculoso), não parecia tão poeta bucólico, de espécie complicada, e frágil como era. Ricardo Reis é um apresentar-lho, já me não lembro como, pouco, mas muito pouco, mais em qualquer espécie de realidade. baixo, mais forte, mas seco. Desculpe-me o absurdo da frase: (…) Caeiro, como disse, não teve mais aparecera em mim o meu mestre.» educação que quase nenhuma — só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó.» Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
  • 13. 13 Alberto Caeiro Temas Estilo Objetivismo: • Métrica irregular • Atento ao mundo • Verso livre • Comunhão com a Natureza • Léxico pobre • Anulação do sujeito • Linguagem familiar e simples • Antilirismo • Pontuação lógica • Frases simples Sensacionismo: • Coordenação • O olhar • Presente do indicativo •As sensações • Adjetivação simples, clara e objetiva • Recursos simples Antimetafísico: • Não ao pensamento / mistério / misticismo Paganismo Desvalorização do tempo
  • 14. 14 Ricardo Reis «(…) Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. (…) Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. (…) Cara «(…) Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo rapada (…) de um vago moreno mate; de lhe descobrir — instintiva e Campos entre branco e moreno, tipo subconscientemente — uns discípulos. vagamente de judeu português, cabelo Arranquei do seu falso paganismo o porém liso e normalmente apartado ao Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, lado, monóculo. (…) . Ricardo Reis, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa educado altura já o via.» num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria.» Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
  • 15. 15 Ricardo Reis Temas Estilo Epicurismo: • Expressão perfeita (a forma acima do • Ataraxia conteúdo) • Fuga à dor • A ode • Moderação no prazer • Versos decassilábicos / hexassilábicos • A felicidade relativa • Subordinação • Latinismos Estoicismo: • Hipérbato, metáfora, comparação, eufemismo • A aceitação do destino • Gerúndio, imperativo • A indiferença na paixão e na dor • Rigor • Autodisciplina Carpe Diem (Horácio) Tudo é passageiro / efémero Paganismo Neoclassicismo: • O belo • A civilização grega • Odes
  • 16. 16 Álvaro de Campos «(…) Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890 (às 1.30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. (…) Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura «(…) E, de repente, e em derivação oposta — mais 2 cm do que eu), magro e um à de Ricardo Reis, surgiu-me pouco tendente a curvar-se. Cara rapada impetuosamente um novo indivíduo. (…) Campos entre branco e moreno, tipo Num jato, e à máquina de escrever, sem vagamente de judeu português, cabelo interrupção nem emenda, surgiu a «Ode porém liso e normalmente apartado ao Triunfal» de Álvaro de Campos — a Ode lado, monóculo. (…) Álvaro de Campos com esse nome e o homem com o nome teve uma educação vulgar de liceu; depois que tem.» foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o «Opiário». Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.» Carta a Adolfo Casais Monteiro, poeta e diretor da revista Presença
  • 17. 17 Álvaro de Campos Temas Estilo 1.ª fase: • O verso livre e longo • Decadentismo • As onomatopeias, assonâncias, aliterações • O tédio de viver • Enumerações, exclamações, interjeições • Sensações novas • Pontuação expressiva e emotiva • Evasão • Vários níveis de língua • Estrangeirismos Futurismo: • Neologismos • A civilização industrial e a técnica • Estética não aristotélica • A rutura • A transgressão Sensacionismo: • O excesso das sensações Pessimismo (proximidade com o ortónimo): • A nostalgia da infância perdida • Angústia existencial • A dor de pensar • Cansaço, tédio • Solidão
  • 18. 18 Portugal: tema tratado na obra Mensagem «Brasão» Os fundadores de Portugal «Mar Português» Mensagem Os Descobrimentos «O Encoberto» O quinto império
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