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UMA ABORDAGEM MAIS AMPLA PARA O TRABALHO COM GÊNEROS
TEXTUAIS: O PROJETO DIDÁTICO DE GÊNEROS

                                                                         Carlos Batista BACH
                                            Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
                                                                          carlos-bb@ig.com.br

Resumo: Esta comunicação deriva da participação em um grupo de pesquisa do Programa de
Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Nesse grupo, a prioridade do trabalho é enfocar a efetiva aplicação dos gêneros
textuais em sala de aula, ampliando o prisma das pesquisas de Schneuwly e Dolz sobre os
gêneros. Trata-se de um grupo misto em que há pesquisadores da UNISINOS e também
professores que atuam na rede municipal de ensino da cidade de Novo Hamburgo – RS. O
presente trabalho mostra um dos aspectos iniciais da pesquisa, quando elaboramos os
primeiros projetos didáticos de gêneros (PDG). A geração deste conceito faz parte de um
projeto maior intitulado “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção
de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”. Trata-se de uma pesquisa em
andamento, com observações, mediante diários de campo e filmagens, e análises de produção
em sala de aula. A presente comunicação tem por objetivo apresentar um PDG, a partir do
gênero fôlder, refletindo e avaliando esta prática de ensino. (Apoio: Capes/Observatório da
Educação)

Palavras-chave: gêneros; sequência didática; projetos; ensino.


1. INTRODUÇÃO

        Esta comunicação deriva da participação em um grupo de pesquisa do Programa de
Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Nesse grupo, a prioridade do trabalho é enfocar a efetiva aplicação dos gêneros
textuais em sala de aula, ampliando o prisma das pesquisas de Schneuwly e Dolz sobre os
gêneros. Trata-se de um grupo misto em que há pesquisadores da UNISINOS e também
professores que atuam na rede municipal de ensino da cidade de Novo Hamburgo – RS. Este
breve ensaio mostra um dos aspectos iniciais da pesquisa, quando elaboramos os primeiros
projetos didáticos de gêneros (PDG). Através deles, procura-se ampliar o conceito de
sequência didática, no sentido de colocar a produção de leitura lado a lado com a produção
textual e tomá-las como verdadeiras práticas sociais. A geração deste conceito faz parte de um
projeto maior intitulado “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção
de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual” 1. Trata-se de uma pesquisa em
andamento, com observações, mediante diários de campo e filmagens, e análises de produção
em sala de aula.
        Trabalhar com gêneros textuais em sala de aula significa trazer para dentro da escola o
cotidiano do aluno, através da percepção da rede discursiva que forma a sociedade em que se
vive. Tal trabalho consegue mostrar ao aluno que sua produção textual faz sentido em seu
cotidiano e essa é uma das obrigações a que a escola e o professor não podem fugir, a fim de
que o ensino faça sentido na vida do educando e não se torne algo artificial, deslocado do
mundo real para um mundo fictício que existe somente dentro da sala de aula.


1
    Apoio: Capes/Observatório da Educação
2


       A presente comunicação tem por objetivo apresentar um PDG, refletindo e avaliando
esta prática de ensino. O projeto, em torno do gênero fôlder, criado originalmente para dar
conta de uma relação interdisciplinar sobre questões de saúde importantes para a comunidade,
adquiriu uma importância maior no momento em que um sentimento de baixa estima tomou
conta da escola, após um programa realizado por emissora de televisão sobre a educação no
município. Procurando reabilitar a autoestima dos alunos, projetou-se o lançamento desses
fôlderes em ambiente universitário, numa prática social revigoradora para o grupo.

2. COMO TUDO COMEÇOU

        Sentindo a necessidade de uma mudança nas aulas de Língua Portuguesa, procuramos
auxílio junto a Secretária Municipal de Educação e Desporto – SMED, em Novo Hamburgo.
Nossa intenção era desenvolver métodos capazes de tornar as aulas mais significativas para os
alunos do 6º ano, por isso entramos em contato com a coordenadora da área de Língua
Portuguesa da SMED que nos incluiu no projeto “Por uma formação continuada cooperativa:
o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”.
Nesse projeto, começamos a estudar e perceber a diferença de se trabalhar com gêneros
textuais em sala de aula, a partir das pesquisas de Bronckart e Schneuwly e Dolz. O grupo se
propõe a trabalhar com gêneros textuais a partir da visão de Schneuwly e Dolz (2010) de
gênero como megainstrumento para a comunicação, pois segundo os autores os gêneros
podem ser vistos “como uma configuração estabilizada de vários subsistemas semióticos
(sobretudo lingüísticos, mas também paralinguísticos), permitindo agir eficazmente numa
classe bem definida de situações de comunicação.” (p. 25). Aliada a essa concepção está
também, segundo GUIMARÃES e KERSCH (2011), autoras do projeto, a visão de que “todo
agir linguageiro se configura num texto pertencente a um determinado gênero”, o que,
segundo as autoras, torna válido o trabalho com gêneros textuais em sala de aula. Além disso,
GUIMARÃES e KERSCH (2011) trazem para dentro do projeto a noção de letramento,
justificando que

                       Os estudos de letramento partem de uma concepção de leitura e de escrita
                       como práticas discursivas, com múltiplas funções e inseparáveis dos
                       contextos em que se desenvolvem, e essas práticas exigem a mobilização de
                       diversos recursos e conhecimentos por parte dos participantes das atividades.
                       Nesse sentido, o aluno precisa se familiarizar com os textos dos diferentes
                       agrupamentos de gêneros, o que implica oferecer eventos de letramento
                       destinados a promover essa familiaridade. (p.5)

         Assim, o projeto visa a uma construção de gêneros textuais em sala de aula não
desvinculada da realidade que circunda o aluno, deixando assim de ser aquele trabalho
artificial, escolarizado que só existe dentro do ambiente escolar. Claro, não queremos com
isso dizer que se vá eliminar toda a artificialização que permeia o processo de construção de
um gênero desvinculado de seu contexto original, mas o que se quer é minimizar esse
falseamento a partir da inclusão da realidade do aluno no processo, mostrando que o objeto
por ele construído faz parte de seu cotidiano e não é algo que se encontra desvinculado dessa
realidade.

                       Este é nosso ponto de partida: o caráter social dos atos de linguagem que
                       implica a ideia da compreensão como um diálogo, no qual os sentidos são
                       firmados, reafirmados, contrapostos, desmentidos. Em outras palavras, esses
                       sentidos são co-construídos entre os interlocutores. É a partir dessa
                       abordagem do dialogismo, como princípio dialógico constitutivo da
3


                       linguagem, que se desenvolve o tema da atitude responsiva ativa.
                       (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p. 3)

        A partir disso, percebe-se que o projeto “Por uma formação continuada cooperativa: o
processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”
caminha na direção de perceber e colocar o aluno como centro do processo de aprendizagem,
não mais como coadjuvante de tal processo. Nessa perspectiva, o professor passa a ser um
mediador “entre o que o aluno atualmente detém do conhecimento e o que deve ser
desenvolvido.” (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p. 6).
        Amplia-se, então, a noção de Sequência Didática (SD) para Projeto Didático de
Gênero (PDG), em que se parte do contexto social do aluno para a escolha e construção do
gênero em sala de aula, associando a leitura com a escrita e fomentando a
interdisciplinaridade. Para tornar mais clara a noção de PDG, cabe citar o que dizem as
organizadoras do projeto sobre essa proposta:

                       A proposta é que o PDG represente uma co-construção de conhecimento
                       para uma prática social que possa se inscrever em situações significativas
                       para os aprendizes. Esse projeto pode ser delineado a partir de diferentes
                       entradas: um tema, uma prática social, um gênero mesmo do oral ou do
                       escrito, um conteúdo gramatical. Estará necessariamente ligado a uma
                       concepção que entende a linguagem como forma de interação, ou seja, como
                       trabalho coletivo, social e historicamente situado e, por essa razão, orientado
                       a uma finalidade específica, que se realiza nas práticas sociais existentes,
                       nos diferentes grupos sociais de dada comunidade. Terá como características
                       básicas: trabalhará leitura (incluindo leitura do não verbal) numa situação
                       dialógica, numa atitude responsiva ativa (como propõem Voloshinov e
                       Bakhtin) e focará, no máximo, dois gêneros, numa relação clara com as
                       práticas sociais da comunidade a qual se destina. O projeto também se abre
                       para a perspectiva interdisciplinar. (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p.10)

        Nesses poucos parágrafos, procuramos delinear brevemente o projeto do qual fazemos
parte, que tem o objetivo de materializar nas nossas práticas, como professores da Rede
Municipal, aquilo que construímos como pesquisadores do projeto “Por uma formação
continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e
produção textual”. Após alguns encontros, em que estudamos sobre conceitos que
fundamentavam o projeto, partimos para a construção de Projetos Didáticos de Gênero (PDG)
que fossem aplicados em nossas salas de aula. Para tanto, fez-se necessário a percepção da
realidade de cada escola e o cotidiano dos alunos envolvidos, a fim de elencar o gênero a se
trabalhar em aula que fizesse sentido para aquele grupo de educandos. A escola onde atuamos
situa-se na periferia da cidade de Novo Hamburgo, em uma comunidade carente, e obteve
uma nota muito baixa no IDEB, sendo a melhoria desse índice um dos objetivos a ser
alcançado pelo grupo de professores/pesquisadores.
        A partir da percepção dessa realidade, começamos a pensar em formatos de projetos
que fizessem sentido para esses alunos. Nesse momento, cabe esclarecer que, em nossa sala
de aula, sempre procuramos pesquisar o que os alunos priorizam como leitura. Logo no início
do ano, percebemos que os alunos passavam a maior parte de seu tempo assistindo a
programas da televisão e prestavam muita atenção nos comerciais entre os programas. Assim,
começamos a trabalhar com materiais referentes à publicidade e propaganda. Dessa forma,
como já estávamos trabalhando com algo que partia da realidade dos alunos, associamos esse
trabalho com o assunto alimentação saudável que estava sendo trabalhado na disciplina de
ciências e sendo discutido com toda a comunidade escolar. Tínhamos, então, como ponto de
partida o universo de onde tirar o gênero textual e o assunto a trabalhar com os alunos.
4


Pesquisamos e observamos qual gênero da publicidade seria possível, de acordo com a
realidade da escola, ser construído em sala de aula pelos alunos e representasse algo com o
qual eles estavam habituados a manusear no seu dia a dia. Foi assim que chegamos ao gênero
fôlder, por se tratar de um objeto que circulava nessa comunidade com frequência.

                        Acreditamos que, no momento em que se oferece aos alunos a possibilidade
                        de organizar os saberes da comunidade, eles terão uma nova visão da
                        realidade que os cerca. Novas identidades serão construídas, porque um
                        novo olhar será lançado sobre a comunidade e o entorno, o que pode levar os
                        alunos a ter outra consciência sobre si e sobre os outros. Escrevendo para um
                        fim específico, os alunos estarão motivados a fazer aquilo que não é
                        imediatamente aplicável, mas socialmente relevante e, por isso, vale a pena
                        ser aprendido. (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p.11)

        Cabe aqui destacar que nesse ínterim, em que pesquisávamos e elaborávamos o
projeto, para ser aplicado em sala de aula, a instituição em que atuamos foi alvo de
reportagem de uma rede de televisão de alcance nacional, na qual a escola foi vista como a
pior do município, em vista de seu desempenho nos índices do IDEB. Não entraremos no
mérito da matéria veiculada na reportagem, uma vez que não é o objetivo deste trabalho, mas
se faz necessário esclarecer que a veiculação de tal reportagem repercutiu negativamente na
autoestima dos alunos que se sentiram desprestigiados perante os outros alunos da região.
Assim, o trabalho que buscamos desenvolver não só se pautou pela ampliação do
conhecimento sobre gêneros textuais como também pela renovação da autoestima dos alunos
de uma escola de periferia que foi intitulada como “a pior escola”. Para esse fim, o alvo final,
o público que receberia os fôlderes produzidos pelos alunos, foi alterado; no primeiro
momento pensamos que os alunos entregariam seus trabalhos para a comunidade escolar, mas
com a repercussão da reportagem o grupo de pesquisadores/professores decidiu que seria mais
interessante e motivador que os alunos entregassem seus trabalhos dentro do ambiente
universitário para professores e alunos.

3. A APLICAÇÃO EM SALA DE AULA

       Para que se possa trabalhar com determinado gênero de texto, é preciso conhecer suas
principais características. Esse movimento inicial para compreender o objeto a ser trabalhado
compete ao professor que deve pesquisar e se munir de referenciais teóricos, para que possa
entender e familiarizar-se com o gênero, pois só assim conseguirá didatizar a estrutura desse
objeto e torná-la compreensível para o aluno. A fim de alcançarmos tal objetivo, pesquisamos
e conseguimos entender os tipos textuais que podem compor o gênero fôlder. Além disso,
também procuramos saber se o fôlder era um gênero ou um suporte. Para tanto, buscamos
suporte nas bibliografias que havíamos lido nos encontros de nosso grupo de indagação
(GUIMARÃES e KERSCH) e encontramos o que diz MARCUSCHI (2008) sobre o fôlder,
de que alguns o consideram como um gênero e de que outros como um suporte. Ele finaliza
dizendo que “a questão do folder não é clara e há pouco consenso sobre o caso” (p.182).
Nesse caso, nesse trabalho, passamos a considerá-lo como um gênero que pode ser composto
por diferentes tipos textuais. Chegamos a essa afirmação a partir de um embasamento em
Schneuwly e Dolz. O gênero folder, segundo o agrupamento de gêneros proposto por
Schneuwly e Dolz (2010), pertence ao grupo de textos que busca DESCREVER AÇÕES e
que tem como domínio social de comunicação as instruções e prescrições. A partir disso,
tínhamos que buscar, então, as diferenças desse gênero frente aos outros com os quais se
assemelha, a fim de mostrar que, apesar de se assemelharem, os outros textos possuem
características que os tornam classificáveis como panfleto, flyer, encarte, etc. Ao
5


pesquisarmos sobre esse gênero, sentimos dificuldade em encontrar uma fundamentação
teórica para tal, uma vez que ele pertence ao universo da publicidade e propaganda. Tornou-
se, então, necessário o contato com profissionais da área da publicidade, além de pesquisas na
internet que possibilitaram uma caracterização do fôlder.
        Nesse modelo de projeto, as aulas passam a ser vistas como oficinas de construção de
um objeto de ensino, que, no caso, é o fôlder. Ao planejarmos as oficinas, percebemos que
seria necessário o auxílio da professora de Artes, a fim de que os alunos aprendessem a
importância da imagem dentro da publicidade e pudessem ilustrar o fôlder de uma forma
criativa. Para tanto, durante o tempo em que ocorreram as aulas, os alunos tiveram uma ajuda
paralela. Nas aulas de Artes, eles aprenderam questões relacionadas à publicidade no quesito
imagem, uma vez que o fôlder exige que se saiba colocar e trabalhar com imagens dentro
dele, para que elas façam sentido e estejam relacionadas aos textos. Esse auxílio também
surtiu efeito, na medida em que, na primeira produção, os alunos priorizaram a colagem de
elementos no fôlder, enquanto que, na produção final, ilustraram com seus próprios desenhos.
Aqui percebemos que houve um enriquecimento do trabalho, pois os trabalhos finais com
desenhos de autoria dos alunos ficaram com acabamento superior aos primeiros trabalhos com
colagem.
        Outro aspecto interessante que destacamos é quanto à questão gramatical. Procuramos
evidenciar a necessidade do uso do verbo no imperativo, uma das características dos textos
injuntivos. No entanto, não foi nosso objetivo que os alunos declinassem ou soubessem, nesse
momento, todas as particularidades da formação do imperativo. Na verdade, o que buscamos
e, a princípio, conseguimos, como objetivo a alcançar, foi que os alunos percebessem que
havia uma palavra que, usada de determinada forma, indicava uma ordem, um conselho e que
essa palavra era um verbo. Podemos dizer que, ao final das oficinas, eles conseguiram
perceber e usar o verbo no modo imperativo em seus trabalhos. Assim, a gramática não se
tornou o objeto da aula, mas foi um recurso usado dentro do trabalho para atingir o objetivo
de comunicar da melhor forma possível e estabelecer a relação de injunção com o leitor.
        A fim de que tivéssemos uma produção inicial dos alunos e pudéssemos avaliar o que
eles já sabiam sobre o gênero a ser trabalhado, explicamos que começaríamos uma série de
oficinas com o objetivo de produzir alguns fôlderes, para informar a comunidade escolar a
respeito dos benefícios de uma alimentação saudável. Distribuímos, então, uma definição de
fôlder da Wikipédia e outra do dicionário Houaiss, para que lessem. Entregamos um texto da
Wikipédia e outros textos informativos sobre a alimentação saudável. A seguir, entregamos
uma folha de ofício em branco e, sem mais nenhuma orientação, pedimos que produzissem
um fôlder a partir do que entenderam da definição constante no dicionário e aquilo que já
sabiam ou conheciam sobre o fôlder. Os alunos tiveram a sua disposição revistas para recorte,
a fim de que pudessem ilustrar o objeto a ser construído. Ao final, eles nos entregaram os
textos para que pudéssemos perceber o que eles já sabiam sobre o gênero. Percebemos que
lhes faltava à percepção do gênero fora do ambiente escolar, pois entregaram produções com
a estrutura de um trabalho escolar: cabeçalho na capa, informações sobre a escola, pouco
destaque para o visual, não colocaram informações consistentes sobre o assunto, não
conseguiram dispor as informações e ilustrações na ordem que precisa ser obedecida para esse
tipo de material atingir seu objetivo.
        Terminada essa primeira etapa, partimos para as características do gênero que
definiram tanto a avaliação final como a execução das oficinas. Algumas das características
do gênero folder são: ser uma única folha com dobras; ter imagens e textos; ter espaços
circunscritos pela prioridade da leitura, aliados ao formato do folder; o uso do imperativo.
Durante um mês, trabalhamos separadamente cada uma dessas questões referentes ao fôlder,
de forma que os alunos percebessem como se constrói esse gêner o. Na execução das oficinas,
colocamos os alunos em contato com outros materiais publicitários, como o flyer, o panfleto
6


etc., com a finalidade de perceberem as características próprias do fôlder a partir das
diferenças com os outros materiais. Além disso, foram elaboradas questões (anexos 1 e 2)
referentes a esses materiais e ao próprio fôlder que os alunos responderam e socializaram com
os colegas possibilitando uma compreensão em grande grupo do assunto estudado. Logo, a
construção do conhecimento sobre o gênero foi feita em conjunto com os alunos e não de
forma estanque. Percebemos que nesses momentos de interação ocorria uma grande
participação e efetiva adesão ao momento da aula, pois os alunos se sentiam motivados pelo
saber do grupo em que ele estava inserido. Além disso, como se tratava de um gênero que
circulava pela comunidade, ou seja, com o qual eles tinham contato fora da escola, sempre
surgiam exemplos do cotidiano deles que enfocavam o fôlder.
        O objetivo final era construir um fôlder informativo, por isso os alunos também
receberam fôlderes que tinham esse caráter de informação/explicação e outros que não; ou
seja, tiveram que diferenciar o fôlder de acordo com a intenção que ele continha: vender,
informar, explicar. Esse momento de percepção também se deu como o outro em que tiveram
de elencar as diferenças do fôlder comparado com outros materiais: os alunos se manifestaram
em conjunto e definiram as diferenças entre os objetos. A seguir foi trabalhada a ordem de
importância da colocação das informações no fôlder, ou seja, o que deve aparecer na capa,
qual informação é mais importante. Esse trabalho foi feito de acordo com a forma como as
gráficas utilizam a estrutura do fôlder para montar suas produções. Conseguimos um esquema
de montagem através da internet e deixamos que os alunos pudessem eleger através do que
percebiam quais eram as partes mais importantes do fôlder e colocá-las em ordem alfabética
de A a F. Após isso, os alunos foram incitados a produzirem novamente seus fôlderes sobre
alimentação saudável. Aqui cabe colocar que, nesse processo, além de os alunos construírem
o gênero, também tiveram que ler e compreender textos informativos sobre alimentação
saudável, a fim de que pudessem eleger as informações importantes e pertinentes para o seu
trabalho. Então, podemos dizer que o projeto contempla tanto a escrita como a leitura.

4. CONCLUINDO

        Ao final das produções, entregamos para os alunos os primeiros fôlderes feitos no
início das oficinas, a fim de que pudessem compará-los, avaliá-los e percebessem sua
evolução. As produções foram avaliadas pelos autores do fôlder, usando a grade de avaliação
(anexo 3) feita de acordo com as questões trabalhadas em cada oficina. Em seguida, os
trabalhos foram trocados entre os alunos para que outro colega avaliasse, usando a mesma
grade de avaliação. Assim, foram feitas duas avaliações de cada produção.
        Ao término das oficinas, quando os alunos entregaram suas produções e suas
avaliações, ficou clara a evolução de cada um, pois ao comparar a primeira produção com a
última as mudanças ficaram evidentes. E essa percepção de melhora partiu dos próprios
alunos que exteriorizaram o que sentiam ao compararem seus trabalhos iniciais com os finais.
Claro, nem tudo ficou uma perfeição, mas muitos problemas foram resolvidos nessa
caminhada. Além de os alunos terem melhorado sua produção, entenderam melhor a questão
da avaliação, pois puderam exercitar esse olhar que verifica e percebe as adequações e
inadequações de um trabalho com os objetivos propostos para sua realização.
        Assim, podemos dizer que o trabalho foi válido e demonstrou resultados claros em
cada etapa realizada pelos alunos. Além disso, o trabalho em sala de aula tornou-se
significativo para o professor também, pois não foi aquele trabalho artificial que só existe
dentro do contexto escolar. Tudo isso mostra que trabalhar com gêneros textuais em sala de
aula, através de PDG, traz um ganho significativo de aprendizagem para o aluno, uma
segurança na avaliação e uma aula mais interessante para o professor.
7



REFERÊNCIAS

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, SP: Mercado
de Letras, 2010. 2. ed. Tradução e Organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro.
GUIMARÃES, Ana Maria Mattos, KERSCH, Dorotea Frank. Por uma formação continuada
cooperativa: o desenvolvimento do processo educativo de leitura e produção textual escrita no
Ensino Fundamental no contexto de um município brasileiro. Disponível em:
http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Dorotea%20Frank%20Kersch%20%E2
%80%93%20UNISINOS%20e%20Ana%20Maria%20Mattos%20Guimar%C3%A3es%20%
E2%80%93%20UNISINOS.pdf. Acessado em: 15/10/2011

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Parábola Editorial, 2008.


ANEXOS
Anexo 1
Perguntas para diferenciação entre folder, panfleto e encarte:

Tamanho da folha?
Tem dobras? Quantas?
Possui desenhos?
Possui fotos?
Qual o número de páginas?
Tem capa?
Vende um produto? Mais de um?
Há alguma marca vinculada?
Onde circula esse tipo texto?
Você já havia visto material semelhante? Onde?

Anexo 2
Perguntas para diferenciação entre os fôlderes:

Qual o assunto do fôlder?
O folder apresenta um produto? Qual?
Esse produto deve ser comprado?
O fôlder apresenta uma ideia para melhorar a vida das pessoas?
Há a presença de preços a serem pagos?
Há um aconselhamento?
Aparece algum tipo de promoção?
Mostra algo que deva ser usado ou atitudes a serem modificadas?
Há alguma palavra caracterizando uma ordem, um conselho?
8


Anexo 3
              GRADE DE AVALIAÇÃO: PRODUÇÃO DE UM FÔLDER




                                                                            parcialmente
Aspectos a serem avaliados




                                                      plenamente




                                                                                           não atende
                                                      Atende



                                                                   atende

                                                                            atende
O grupo fez uma capa criativa para o fôlder?

As imagens usadas referem-se ao assunto?

O fôlder está adequado ao público a que se destina?

As dobras foram feitas corretamente?

Soubemos colocar em destaque as informações
importantes?

As explicações ficaram claras?

Usamos corretamente o verbo no imperativo?

Observamos a ortografia?

O fôlder ficou interessante?

Dispusemos em ordem de importância as
informações de forma que o leitor tenha interesse
pela leitura?

Nota final:

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Uma abordagem ampla para o trabalho com gêneros textuais

  • 1. 1 UMA ABORDAGEM MAIS AMPLA PARA O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS: O PROJETO DIDÁTICO DE GÊNEROS Carlos Batista BACH Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS carlos-bb@ig.com.br Resumo: Esta comunicação deriva da participação em um grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Nesse grupo, a prioridade do trabalho é enfocar a efetiva aplicação dos gêneros textuais em sala de aula, ampliando o prisma das pesquisas de Schneuwly e Dolz sobre os gêneros. Trata-se de um grupo misto em que há pesquisadores da UNISINOS e também professores que atuam na rede municipal de ensino da cidade de Novo Hamburgo – RS. O presente trabalho mostra um dos aspectos iniciais da pesquisa, quando elaboramos os primeiros projetos didáticos de gêneros (PDG). A geração deste conceito faz parte de um projeto maior intitulado “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”. Trata-se de uma pesquisa em andamento, com observações, mediante diários de campo e filmagens, e análises de produção em sala de aula. A presente comunicação tem por objetivo apresentar um PDG, a partir do gênero fôlder, refletindo e avaliando esta prática de ensino. (Apoio: Capes/Observatório da Educação) Palavras-chave: gêneros; sequência didática; projetos; ensino. 1. INTRODUÇÃO Esta comunicação deriva da participação em um grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Nesse grupo, a prioridade do trabalho é enfocar a efetiva aplicação dos gêneros textuais em sala de aula, ampliando o prisma das pesquisas de Schneuwly e Dolz sobre os gêneros. Trata-se de um grupo misto em que há pesquisadores da UNISINOS e também professores que atuam na rede municipal de ensino da cidade de Novo Hamburgo – RS. Este breve ensaio mostra um dos aspectos iniciais da pesquisa, quando elaboramos os primeiros projetos didáticos de gêneros (PDG). Através deles, procura-se ampliar o conceito de sequência didática, no sentido de colocar a produção de leitura lado a lado com a produção textual e tomá-las como verdadeiras práticas sociais. A geração deste conceito faz parte de um projeto maior intitulado “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual” 1. Trata-se de uma pesquisa em andamento, com observações, mediante diários de campo e filmagens, e análises de produção em sala de aula. Trabalhar com gêneros textuais em sala de aula significa trazer para dentro da escola o cotidiano do aluno, através da percepção da rede discursiva que forma a sociedade em que se vive. Tal trabalho consegue mostrar ao aluno que sua produção textual faz sentido em seu cotidiano e essa é uma das obrigações a que a escola e o professor não podem fugir, a fim de que o ensino faça sentido na vida do educando e não se torne algo artificial, deslocado do mundo real para um mundo fictício que existe somente dentro da sala de aula. 1 Apoio: Capes/Observatório da Educação
  • 2. 2 A presente comunicação tem por objetivo apresentar um PDG, refletindo e avaliando esta prática de ensino. O projeto, em torno do gênero fôlder, criado originalmente para dar conta de uma relação interdisciplinar sobre questões de saúde importantes para a comunidade, adquiriu uma importância maior no momento em que um sentimento de baixa estima tomou conta da escola, após um programa realizado por emissora de televisão sobre a educação no município. Procurando reabilitar a autoestima dos alunos, projetou-se o lançamento desses fôlderes em ambiente universitário, numa prática social revigoradora para o grupo. 2. COMO TUDO COMEÇOU Sentindo a necessidade de uma mudança nas aulas de Língua Portuguesa, procuramos auxílio junto a Secretária Municipal de Educação e Desporto – SMED, em Novo Hamburgo. Nossa intenção era desenvolver métodos capazes de tornar as aulas mais significativas para os alunos do 6º ano, por isso entramos em contato com a coordenadora da área de Língua Portuguesa da SMED que nos incluiu no projeto “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”. Nesse projeto, começamos a estudar e perceber a diferença de se trabalhar com gêneros textuais em sala de aula, a partir das pesquisas de Bronckart e Schneuwly e Dolz. O grupo se propõe a trabalhar com gêneros textuais a partir da visão de Schneuwly e Dolz (2010) de gênero como megainstrumento para a comunicação, pois segundo os autores os gêneros podem ser vistos “como uma configuração estabilizada de vários subsistemas semióticos (sobretudo lingüísticos, mas também paralinguísticos), permitindo agir eficazmente numa classe bem definida de situações de comunicação.” (p. 25). Aliada a essa concepção está também, segundo GUIMARÃES e KERSCH (2011), autoras do projeto, a visão de que “todo agir linguageiro se configura num texto pertencente a um determinado gênero”, o que, segundo as autoras, torna válido o trabalho com gêneros textuais em sala de aula. Além disso, GUIMARÃES e KERSCH (2011) trazem para dentro do projeto a noção de letramento, justificando que Os estudos de letramento partem de uma concepção de leitura e de escrita como práticas discursivas, com múltiplas funções e inseparáveis dos contextos em que se desenvolvem, e essas práticas exigem a mobilização de diversos recursos e conhecimentos por parte dos participantes das atividades. Nesse sentido, o aluno precisa se familiarizar com os textos dos diferentes agrupamentos de gêneros, o que implica oferecer eventos de letramento destinados a promover essa familiaridade. (p.5) Assim, o projeto visa a uma construção de gêneros textuais em sala de aula não desvinculada da realidade que circunda o aluno, deixando assim de ser aquele trabalho artificial, escolarizado que só existe dentro do ambiente escolar. Claro, não queremos com isso dizer que se vá eliminar toda a artificialização que permeia o processo de construção de um gênero desvinculado de seu contexto original, mas o que se quer é minimizar esse falseamento a partir da inclusão da realidade do aluno no processo, mostrando que o objeto por ele construído faz parte de seu cotidiano e não é algo que se encontra desvinculado dessa realidade. Este é nosso ponto de partida: o caráter social dos atos de linguagem que implica a ideia da compreensão como um diálogo, no qual os sentidos são firmados, reafirmados, contrapostos, desmentidos. Em outras palavras, esses sentidos são co-construídos entre os interlocutores. É a partir dessa abordagem do dialogismo, como princípio dialógico constitutivo da
  • 3. 3 linguagem, que se desenvolve o tema da atitude responsiva ativa. (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p. 3) A partir disso, percebe-se que o projeto “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual” caminha na direção de perceber e colocar o aluno como centro do processo de aprendizagem, não mais como coadjuvante de tal processo. Nessa perspectiva, o professor passa a ser um mediador “entre o que o aluno atualmente detém do conhecimento e o que deve ser desenvolvido.” (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p. 6). Amplia-se, então, a noção de Sequência Didática (SD) para Projeto Didático de Gênero (PDG), em que se parte do contexto social do aluno para a escolha e construção do gênero em sala de aula, associando a leitura com a escrita e fomentando a interdisciplinaridade. Para tornar mais clara a noção de PDG, cabe citar o que dizem as organizadoras do projeto sobre essa proposta: A proposta é que o PDG represente uma co-construção de conhecimento para uma prática social que possa se inscrever em situações significativas para os aprendizes. Esse projeto pode ser delineado a partir de diferentes entradas: um tema, uma prática social, um gênero mesmo do oral ou do escrito, um conteúdo gramatical. Estará necessariamente ligado a uma concepção que entende a linguagem como forma de interação, ou seja, como trabalho coletivo, social e historicamente situado e, por essa razão, orientado a uma finalidade específica, que se realiza nas práticas sociais existentes, nos diferentes grupos sociais de dada comunidade. Terá como características básicas: trabalhará leitura (incluindo leitura do não verbal) numa situação dialógica, numa atitude responsiva ativa (como propõem Voloshinov e Bakhtin) e focará, no máximo, dois gêneros, numa relação clara com as práticas sociais da comunidade a qual se destina. O projeto também se abre para a perspectiva interdisciplinar. (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p.10) Nesses poucos parágrafos, procuramos delinear brevemente o projeto do qual fazemos parte, que tem o objetivo de materializar nas nossas práticas, como professores da Rede Municipal, aquilo que construímos como pesquisadores do projeto “Por uma formação continuada cooperativa: o processo de construção de objetos de ensino relacionados à leitura e produção textual”. Após alguns encontros, em que estudamos sobre conceitos que fundamentavam o projeto, partimos para a construção de Projetos Didáticos de Gênero (PDG) que fossem aplicados em nossas salas de aula. Para tanto, fez-se necessário a percepção da realidade de cada escola e o cotidiano dos alunos envolvidos, a fim de elencar o gênero a se trabalhar em aula que fizesse sentido para aquele grupo de educandos. A escola onde atuamos situa-se na periferia da cidade de Novo Hamburgo, em uma comunidade carente, e obteve uma nota muito baixa no IDEB, sendo a melhoria desse índice um dos objetivos a ser alcançado pelo grupo de professores/pesquisadores. A partir da percepção dessa realidade, começamos a pensar em formatos de projetos que fizessem sentido para esses alunos. Nesse momento, cabe esclarecer que, em nossa sala de aula, sempre procuramos pesquisar o que os alunos priorizam como leitura. Logo no início do ano, percebemos que os alunos passavam a maior parte de seu tempo assistindo a programas da televisão e prestavam muita atenção nos comerciais entre os programas. Assim, começamos a trabalhar com materiais referentes à publicidade e propaganda. Dessa forma, como já estávamos trabalhando com algo que partia da realidade dos alunos, associamos esse trabalho com o assunto alimentação saudável que estava sendo trabalhado na disciplina de ciências e sendo discutido com toda a comunidade escolar. Tínhamos, então, como ponto de partida o universo de onde tirar o gênero textual e o assunto a trabalhar com os alunos.
  • 4. 4 Pesquisamos e observamos qual gênero da publicidade seria possível, de acordo com a realidade da escola, ser construído em sala de aula pelos alunos e representasse algo com o qual eles estavam habituados a manusear no seu dia a dia. Foi assim que chegamos ao gênero fôlder, por se tratar de um objeto que circulava nessa comunidade com frequência. Acreditamos que, no momento em que se oferece aos alunos a possibilidade de organizar os saberes da comunidade, eles terão uma nova visão da realidade que os cerca. Novas identidades serão construídas, porque um novo olhar será lançado sobre a comunidade e o entorno, o que pode levar os alunos a ter outra consciência sobre si e sobre os outros. Escrevendo para um fim específico, os alunos estarão motivados a fazer aquilo que não é imediatamente aplicável, mas socialmente relevante e, por isso, vale a pena ser aprendido. (GUIMARÃES e KERSCH, 2011, p.11) Cabe aqui destacar que nesse ínterim, em que pesquisávamos e elaborávamos o projeto, para ser aplicado em sala de aula, a instituição em que atuamos foi alvo de reportagem de uma rede de televisão de alcance nacional, na qual a escola foi vista como a pior do município, em vista de seu desempenho nos índices do IDEB. Não entraremos no mérito da matéria veiculada na reportagem, uma vez que não é o objetivo deste trabalho, mas se faz necessário esclarecer que a veiculação de tal reportagem repercutiu negativamente na autoestima dos alunos que se sentiram desprestigiados perante os outros alunos da região. Assim, o trabalho que buscamos desenvolver não só se pautou pela ampliação do conhecimento sobre gêneros textuais como também pela renovação da autoestima dos alunos de uma escola de periferia que foi intitulada como “a pior escola”. Para esse fim, o alvo final, o público que receberia os fôlderes produzidos pelos alunos, foi alterado; no primeiro momento pensamos que os alunos entregariam seus trabalhos para a comunidade escolar, mas com a repercussão da reportagem o grupo de pesquisadores/professores decidiu que seria mais interessante e motivador que os alunos entregassem seus trabalhos dentro do ambiente universitário para professores e alunos. 3. A APLICAÇÃO EM SALA DE AULA Para que se possa trabalhar com determinado gênero de texto, é preciso conhecer suas principais características. Esse movimento inicial para compreender o objeto a ser trabalhado compete ao professor que deve pesquisar e se munir de referenciais teóricos, para que possa entender e familiarizar-se com o gênero, pois só assim conseguirá didatizar a estrutura desse objeto e torná-la compreensível para o aluno. A fim de alcançarmos tal objetivo, pesquisamos e conseguimos entender os tipos textuais que podem compor o gênero fôlder. Além disso, também procuramos saber se o fôlder era um gênero ou um suporte. Para tanto, buscamos suporte nas bibliografias que havíamos lido nos encontros de nosso grupo de indagação (GUIMARÃES e KERSCH) e encontramos o que diz MARCUSCHI (2008) sobre o fôlder, de que alguns o consideram como um gênero e de que outros como um suporte. Ele finaliza dizendo que “a questão do folder não é clara e há pouco consenso sobre o caso” (p.182). Nesse caso, nesse trabalho, passamos a considerá-lo como um gênero que pode ser composto por diferentes tipos textuais. Chegamos a essa afirmação a partir de um embasamento em Schneuwly e Dolz. O gênero folder, segundo o agrupamento de gêneros proposto por Schneuwly e Dolz (2010), pertence ao grupo de textos que busca DESCREVER AÇÕES e que tem como domínio social de comunicação as instruções e prescrições. A partir disso, tínhamos que buscar, então, as diferenças desse gênero frente aos outros com os quais se assemelha, a fim de mostrar que, apesar de se assemelharem, os outros textos possuem características que os tornam classificáveis como panfleto, flyer, encarte, etc. Ao
  • 5. 5 pesquisarmos sobre esse gênero, sentimos dificuldade em encontrar uma fundamentação teórica para tal, uma vez que ele pertence ao universo da publicidade e propaganda. Tornou- se, então, necessário o contato com profissionais da área da publicidade, além de pesquisas na internet que possibilitaram uma caracterização do fôlder. Nesse modelo de projeto, as aulas passam a ser vistas como oficinas de construção de um objeto de ensino, que, no caso, é o fôlder. Ao planejarmos as oficinas, percebemos que seria necessário o auxílio da professora de Artes, a fim de que os alunos aprendessem a importância da imagem dentro da publicidade e pudessem ilustrar o fôlder de uma forma criativa. Para tanto, durante o tempo em que ocorreram as aulas, os alunos tiveram uma ajuda paralela. Nas aulas de Artes, eles aprenderam questões relacionadas à publicidade no quesito imagem, uma vez que o fôlder exige que se saiba colocar e trabalhar com imagens dentro dele, para que elas façam sentido e estejam relacionadas aos textos. Esse auxílio também surtiu efeito, na medida em que, na primeira produção, os alunos priorizaram a colagem de elementos no fôlder, enquanto que, na produção final, ilustraram com seus próprios desenhos. Aqui percebemos que houve um enriquecimento do trabalho, pois os trabalhos finais com desenhos de autoria dos alunos ficaram com acabamento superior aos primeiros trabalhos com colagem. Outro aspecto interessante que destacamos é quanto à questão gramatical. Procuramos evidenciar a necessidade do uso do verbo no imperativo, uma das características dos textos injuntivos. No entanto, não foi nosso objetivo que os alunos declinassem ou soubessem, nesse momento, todas as particularidades da formação do imperativo. Na verdade, o que buscamos e, a princípio, conseguimos, como objetivo a alcançar, foi que os alunos percebessem que havia uma palavra que, usada de determinada forma, indicava uma ordem, um conselho e que essa palavra era um verbo. Podemos dizer que, ao final das oficinas, eles conseguiram perceber e usar o verbo no modo imperativo em seus trabalhos. Assim, a gramática não se tornou o objeto da aula, mas foi um recurso usado dentro do trabalho para atingir o objetivo de comunicar da melhor forma possível e estabelecer a relação de injunção com o leitor. A fim de que tivéssemos uma produção inicial dos alunos e pudéssemos avaliar o que eles já sabiam sobre o gênero a ser trabalhado, explicamos que começaríamos uma série de oficinas com o objetivo de produzir alguns fôlderes, para informar a comunidade escolar a respeito dos benefícios de uma alimentação saudável. Distribuímos, então, uma definição de fôlder da Wikipédia e outra do dicionário Houaiss, para que lessem. Entregamos um texto da Wikipédia e outros textos informativos sobre a alimentação saudável. A seguir, entregamos uma folha de ofício em branco e, sem mais nenhuma orientação, pedimos que produzissem um fôlder a partir do que entenderam da definição constante no dicionário e aquilo que já sabiam ou conheciam sobre o fôlder. Os alunos tiveram a sua disposição revistas para recorte, a fim de que pudessem ilustrar o objeto a ser construído. Ao final, eles nos entregaram os textos para que pudéssemos perceber o que eles já sabiam sobre o gênero. Percebemos que lhes faltava à percepção do gênero fora do ambiente escolar, pois entregaram produções com a estrutura de um trabalho escolar: cabeçalho na capa, informações sobre a escola, pouco destaque para o visual, não colocaram informações consistentes sobre o assunto, não conseguiram dispor as informações e ilustrações na ordem que precisa ser obedecida para esse tipo de material atingir seu objetivo. Terminada essa primeira etapa, partimos para as características do gênero que definiram tanto a avaliação final como a execução das oficinas. Algumas das características do gênero folder são: ser uma única folha com dobras; ter imagens e textos; ter espaços circunscritos pela prioridade da leitura, aliados ao formato do folder; o uso do imperativo. Durante um mês, trabalhamos separadamente cada uma dessas questões referentes ao fôlder, de forma que os alunos percebessem como se constrói esse gêner o. Na execução das oficinas, colocamos os alunos em contato com outros materiais publicitários, como o flyer, o panfleto
  • 6. 6 etc., com a finalidade de perceberem as características próprias do fôlder a partir das diferenças com os outros materiais. Além disso, foram elaboradas questões (anexos 1 e 2) referentes a esses materiais e ao próprio fôlder que os alunos responderam e socializaram com os colegas possibilitando uma compreensão em grande grupo do assunto estudado. Logo, a construção do conhecimento sobre o gênero foi feita em conjunto com os alunos e não de forma estanque. Percebemos que nesses momentos de interação ocorria uma grande participação e efetiva adesão ao momento da aula, pois os alunos se sentiam motivados pelo saber do grupo em que ele estava inserido. Além disso, como se tratava de um gênero que circulava pela comunidade, ou seja, com o qual eles tinham contato fora da escola, sempre surgiam exemplos do cotidiano deles que enfocavam o fôlder. O objetivo final era construir um fôlder informativo, por isso os alunos também receberam fôlderes que tinham esse caráter de informação/explicação e outros que não; ou seja, tiveram que diferenciar o fôlder de acordo com a intenção que ele continha: vender, informar, explicar. Esse momento de percepção também se deu como o outro em que tiveram de elencar as diferenças do fôlder comparado com outros materiais: os alunos se manifestaram em conjunto e definiram as diferenças entre os objetos. A seguir foi trabalhada a ordem de importância da colocação das informações no fôlder, ou seja, o que deve aparecer na capa, qual informação é mais importante. Esse trabalho foi feito de acordo com a forma como as gráficas utilizam a estrutura do fôlder para montar suas produções. Conseguimos um esquema de montagem através da internet e deixamos que os alunos pudessem eleger através do que percebiam quais eram as partes mais importantes do fôlder e colocá-las em ordem alfabética de A a F. Após isso, os alunos foram incitados a produzirem novamente seus fôlderes sobre alimentação saudável. Aqui cabe colocar que, nesse processo, além de os alunos construírem o gênero, também tiveram que ler e compreender textos informativos sobre alimentação saudável, a fim de que pudessem eleger as informações importantes e pertinentes para o seu trabalho. Então, podemos dizer que o projeto contempla tanto a escrita como a leitura. 4. CONCLUINDO Ao final das produções, entregamos para os alunos os primeiros fôlderes feitos no início das oficinas, a fim de que pudessem compará-los, avaliá-los e percebessem sua evolução. As produções foram avaliadas pelos autores do fôlder, usando a grade de avaliação (anexo 3) feita de acordo com as questões trabalhadas em cada oficina. Em seguida, os trabalhos foram trocados entre os alunos para que outro colega avaliasse, usando a mesma grade de avaliação. Assim, foram feitas duas avaliações de cada produção. Ao término das oficinas, quando os alunos entregaram suas produções e suas avaliações, ficou clara a evolução de cada um, pois ao comparar a primeira produção com a última as mudanças ficaram evidentes. E essa percepção de melhora partiu dos próprios alunos que exteriorizaram o que sentiam ao compararem seus trabalhos iniciais com os finais. Claro, nem tudo ficou uma perfeição, mas muitos problemas foram resolvidos nessa caminhada. Além de os alunos terem melhorado sua produção, entenderam melhor a questão da avaliação, pois puderam exercitar esse olhar que verifica e percebe as adequações e inadequações de um trabalho com os objetivos propostos para sua realização. Assim, podemos dizer que o trabalho foi válido e demonstrou resultados claros em cada etapa realizada pelos alunos. Além disso, o trabalho em sala de aula tornou-se significativo para o professor também, pois não foi aquele trabalho artificial que só existe dentro do contexto escolar. Tudo isso mostra que trabalhar com gêneros textuais em sala de aula, através de PDG, traz um ganho significativo de aprendizagem para o aluno, uma segurança na avaliação e uma aula mais interessante para o professor.
  • 7. 7 REFERÊNCIAS DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010. 2. ed. Tradução e Organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. GUIMARÃES, Ana Maria Mattos, KERSCH, Dorotea Frank. Por uma formação continuada cooperativa: o desenvolvimento do processo educativo de leitura e produção textual escrita no Ensino Fundamental no contexto de um município brasileiro. Disponível em: http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Dorotea%20Frank%20Kersch%20%E2 %80%93%20UNISINOS%20e%20Ana%20Maria%20Mattos%20Guimar%C3%A3es%20% E2%80%93%20UNISINOS.pdf. Acessado em: 15/10/2011 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. ANEXOS Anexo 1 Perguntas para diferenciação entre folder, panfleto e encarte: Tamanho da folha? Tem dobras? Quantas? Possui desenhos? Possui fotos? Qual o número de páginas? Tem capa? Vende um produto? Mais de um? Há alguma marca vinculada? Onde circula esse tipo texto? Você já havia visto material semelhante? Onde? Anexo 2 Perguntas para diferenciação entre os fôlderes: Qual o assunto do fôlder? O folder apresenta um produto? Qual? Esse produto deve ser comprado? O fôlder apresenta uma ideia para melhorar a vida das pessoas? Há a presença de preços a serem pagos? Há um aconselhamento? Aparece algum tipo de promoção? Mostra algo que deva ser usado ou atitudes a serem modificadas? Há alguma palavra caracterizando uma ordem, um conselho?
  • 8. 8 Anexo 3 GRADE DE AVALIAÇÃO: PRODUÇÃO DE UM FÔLDER parcialmente Aspectos a serem avaliados plenamente não atende Atende atende atende O grupo fez uma capa criativa para o fôlder? As imagens usadas referem-se ao assunto? O fôlder está adequado ao público a que se destina? As dobras foram feitas corretamente? Soubemos colocar em destaque as informações importantes? As explicações ficaram claras? Usamos corretamente o verbo no imperativo? Observamos a ortografia? O fôlder ficou interessante? Dispusemos em ordem de importância as informações de forma que o leitor tenha interesse pela leitura? Nota final: