O documento discute como transmitir a fé na cultura urbana e na escola confessional. A cultura urbana traz mudanças rápidas que impactam as relações e a experiência religiosa, com riscos como consumismo e descentramento, mas também possibilidades como quebrar fronteiras locais. A evangelização na escola deve articular processos de longo prazo com eventos motivadores, estabelecer redes de apoio, e cultivar uma espiritualidade encarnada que une fé, cultura e vida.

1. Transmissão da fé na cultura urbana e a escola confessional
(Afonso Murad. Texto-Esquema para discussão)
1. Alguns aspectos da “cultura urbana”. Possibilidades e riscos para a evangelização.
* Acontecem grandes mudanças tecnológicas, na vida cotidiana, na autocompreensão
do ser humano, nas relações interpessoais, na economia global e na experiência
religiosa. Estas mudanças apresentam velocidade distinta, não são lineares e impactam
de forma diversa em grupos étnicos, regiões geográficas, faixas etárias e grupos
sociais. Trata-se, no entanto, de tendência crescente. Há simultaneamente esquemas
aparentemente contraditórios na mesma pessoa e em segmentos sociais, que
coexistem, sobrepõem-se ou estão em conflito.
* Modificou-se a noção de espaço. As pessoas se aglutinam por interesse, e não por
proximidade geográfica. Também é outra percepção do tempo. Predomina o “hoje” e
o “agora”.
Possibilidade: romper fronteiras locais.
Risco: fugacidade e perda de sentido da história e do futuro, como projeto sonhado e
construído.
* A Internet entra na vida das pessoas não somente como instrumento de
comunicação, informação e trabalho, mas também como promotora de novas formas
de relações mediatizadas (redes sociais, vídeos partilhados, etc). A internet reforça
esta nova noção de tempo e espaço. O virtual se torna uma forma de real.
Risco: o acesso sem critério a este mar de informações desnorteia e descentra as
pessoas.
* A imagem, trabalhada e retocada, moldando a beleza ideal, se sobrepõe aos fatos.
Importa a percepção, não a coisa em si (simulacro).
Valor: sensibilidade estética.
Limite: supervalorização da aparência, do espetáculo.
* O mercado, com suas regras, contagia as relações humanas, de maneira voraz. Tudo
tende a ser mercadoria, a ser considerado pelo seu provável valor agregado.
Risco: consumismo.
Possibilidade: desenvolver a ética do consumo responsável.
* Valoriza-se o plural, a coexistência das diferenças. Isso impacta até na forma de
conceber as categorias interpretativas (Ex: as juventudes, as infâncias). Novos núcleos
familiares.
* Junto com o crescimento da subjetividade extrema (egóica) eclode a consciência
planetária. O ser humano se percebe como filho da Terra e responsável pelo futuro da
Terra habitável.
2. Evangelização na escola confessional neste contexto
a) Articular pastoral de processos com pastoral de eventos. Fazer opção por aquilo que
efetivamente agrega valor no processo pastoral-pedagógico.

2. - Processos: identificar, atrair e formar lideranças multiplicadoras de alunos e
professores; participar ativamente do processo pedagógico da escola; acompanhar
grupos; gerir rotinas, avaliar e aprender com elas,...
- Eventos: seduzir, encantar, motivar, reunir, criar clima favorável, sensibilizar com a
imagem, as palavras, os gestos. Voltados para alunos, professores, famílias.
Visibilidade.
b) Estabelecer redes e parcerias para aumentar o espaço de atuação e difundir
conhecimento prático-teórico (buscar, conhecer, copiar, melhorar). Âmbitos: na escola
(pedagógico e pastoral), entre escolas maristas, com outras escolas católicas, com
pastorais e organizações eclesiais, com organismos sociais.
c) Cultivar o nosso diferencial: espiritualidade encarnada, que faz síntese de fé, cultura
e vida. Para isso, captar os fatos e sua expressão.
-> A grande tarefa: “conseguir que a experiência radical da fé se torne compreensível,
crível e vivível para as mulheres e os homens de hoje” (Torres Queiruga).
(Versão de abril de 2012)