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8. ETAPAS DO PROCESSO DE
CONHECER
Luiz Salvador de Miranda Sá Jr.

“O método científico é comprovado e verdadeiro.
Não é perfeito, é apenas o melhor que temos.
Abandoná-lo, junto com seus protocolos céticos, é
o caminho para uma idade das trevas.”
Carl Sagan
O procedimento de construção do conhecimento, qualquer que for sua natureza,
amplitude ou profundidade, não se dá em um momento único, como uma
atividade psicológica ou lógica elementar e automática. Nem acontece como a
simples acumulação, mais ou menos mecânica e passiva, de dados cognitivos
apreendidos pela consciência. O conhecimento aparentemente mais simples, de
coisas aparentemente mais elementares envolve um mundo d percepções, de
associações e outros processos mentais realizados em miríades de neurônios e
de conexões neuronais. Além do quê, a construção do conhecimento se
concretiza como processo dinâmico, tanto como procedimento psicológico de
aprender quanto como a operação de um sistema inteligente de elaboração e
conservação de dados lógicos nas consciências individuais; e como processo
sociocultural.
O processo gnosiológico individual de conhecer pode ser subdividido em cinco
etapas ou níveis inter-complementares e bastante interativos. Tais níveis se
revelam progressivamente mais eficientes, porque cada um deles pode ser tido
como mais preciso e mais exato que o anterior do ponto de vista de seu objetivo
(possibilitar e aperfeiçoar o conhecimento). Estes níveis do processo de
conhecer também se mostram bem diferenciáveis em tese, ainda que isto não
seja sempre fácil na prática. Tal processo de estrutura o conhecimento pode ser
concebido como um sistema para conhecer que produz sistemas de
conhecimento. Em tal sistema para conhecer, seus patamares, etapas
componentes ou níveis do conhecimento podem e devem ser entendidos como
subsistemas e elementos deste sistema mais amplo.
Os cinco níveis do processo de elaboração do conhecimento são:
a) indiciação,
b) descrição (ou conceituação descritiva),
c) nominação (ou conceituação nominativa),
d) explicação (conceituação explicativa) e

1
e) definição.
Cada um destes momentos do processo cognitivo, independente de sua
amplitude, de sua complexidade ou do tempo de sua duração, pode interagir com
os demais. Cada um deles exerce alguma influência sobre os demais, enquanto é
influenciado por eles. Por cada um deles, por cada grupo deles ou por todos eles
simultaneamente.
O desenvolvimento de cada um destes níveis cognitivos (ou subsistemas
funcionais), amplia os demais e enriquece o conhecimento que se amplia e
aprofunda durante a realização deste processo.
Cada um destes níveis cognitivos, pode ser considerado como uma etapa
identificável e progressivamente mais elaborada do processo de apropriação
pelo sujeito das propriedades do objeto. Cada um destes momentos do processo
do conhecimento, além de fundamentar o momento seguinte, reforça e força a
reelaboração do resultado dos momentos anteriores, na medida em que estas
etapas cognitivas se enriquecem reciprocamente no processo continuado de
construção e permanente aperfeiçoamento do conhecimento.
Isto porque o conhecimento, mesmo concebido como um processo, não pode ser
entendido como um processo mecânico e unidirecional de acumulação mais ou
menos passiva de informações que se superpõem, mas um processamento
dinâmico, permanentemente reformulado e constantemente repensado, na
medida em que se amplia e se enriquece.
O conhecimento se enriquece na medida em que preenche as condições de cada
um destes momentos cognitivos, progressivamente mais elaborados e cada um
deles propiciador de um conhecimento mais rico e mais preciso acerca de seu
objeto.
Há quem sustente que a indiciação, na medida em que se dá passivamente ao
sensório, não deve ser considerada como o primeiro momento do conhecimento
que se iniciaria, a rigor, quando se iniciasse o reconhecimento das características
e a avaliação das relações do ser cognoscente com o mundo. Contudo, como não
pode acontecer o conhecimento sem que a existência da coisa cognoscente se
torne evidente, este momento tanto pode ser considerado como
preconhecimento necessário, quanto como parte integrante do procedimento de
conhecer. Mas também há de se reconhecer que não há processo ou
processamento psíquico passivo. Toda atividade psicológica, mesmo a mais
inibitória, é ativa. Por isto, aqui, se optou pela segunda alternativa, a indiciação e,
na verdade, o primeiro momento do processo cognitivo.

2
8.1. Indiciação
O indício é uma espécie de sinal de alarme que avisa haver algo novo para ser
conhecido, que apareceu algo novo ou aparentemente novo no campo da
consciência e que este objeto pode ser conhecido. Este primeiro momento de
construção do conhecimento marca a emergência de uma nova imagem na
consciência de quem experimenta o ato cognitivo. Este primeiro momento pode
resultar de diferentes meios: da percepção do novo objeto, da recepção de uma
mensagem que comunica sua existência, de uma intuição ou de uma inferência
racional elaborada pelo próprio sujeito.
A indiciação consiste na identificação do objeto material ou conceitual a
conhecer como existente com alguma autonomia em relação aos demais objetos
e sua distinção como algo singular no mundo; alguma coisa diferente das outras
já conhecidas. A evidenciação inicia a individuação e pode se dar a partir da
identificação de qualquer característica que individualize o objeto que começa a
ser conhecido como uma individualidade, confundindo-se, portanto, com o início
da descrição, até porque nenhum dos níveis do processo cognitivo pode ser
considerado como estanque em relação aos demais.
Neste momento cognitivo, um objeto, antes despercebido, se evidencia à
consciência e aí se inicia o processo mais ou menos complexo de conhecê-lo.
Parece desnecessário lembrar que, aqui, o termo objeto está sendo empregado
com o sentido de objeto do conhecimento, isto é, qualquer objeto material ou
conceitual que esteja começando a ser conhecido. Um objeto material ou
conceitual, uma pessoa, um teorema, uma fábula. Qualquer objeto. Seja qual for o
meio pelo qual a imagem daquele objeto novo emerge na consciência
cognoscente, a evidenciação ou indiciação é invariavelmente experimentada pelo
seu sujeito como o primeiro momento do processo do conhecimento de um
objeto cognitivo e, com isto, produz o estágio mais elementar de seu resultado. E
fenômeno é como se denomina tudo o que sucede a um objeto.

3
Acontece a indiciação quando, por qualquer meio, se dá a caracterização de um
certo objeto ou fenômeno novo na consciência e sua separação das demais coisas
já conhecidas, ainda que lhe sejam mais ou menos próximas ou semelhantes. Há,
ao menos um indício de que aquilo é algo novo. Para os filósofos tomistas, na
evidenciação o objeto do conhecimento novo é distinguido como uma
singularidade a ser melhor conhecida. Diziam que algo é evidente quando sua
existência se impõe à consciência.
Como ato perceptivo, a evidenciação consiste na identificação do objeto ou
fenômeno a conhecer como algo novo, diferente daquilo que já se conhece e sua
distinção como algo singular no mundo, diferente de tudo que se conhecia até
então. Mas este momento nem sempre é um fruto da percepção, pode ser uma
conclusão racional ou mesmo uma intuição a ser confirmada
Os conceitos filosóficos de generalidade, particularidade e singularidade (por
causa de sua importância para o entendimento das relações objetivas das coisas
no mundo) fornecem a base necessária para entender o momento da
evidenciação no procedimento cognitivo. Inicialmente, cada objeto ou
fenômenos aparece a quem o percebe como algo singular.
Em filosofia do conhecimento, os termos individuação e individualização, como
percepção da individualidade através da identificação de algumas de suas
características distintivas, talvez pudessem ser empregados como análogos à
evidenciação.
Contudo, em Psicologia e em Psicopatologia, o termo evidenciação tem sentido
bem mais restrito, e quer dizer o surgimento dos fatores distintivos do indivíduo
que sejam suficientes para fazê-lo notado como algo específico; o processo de
construção da individualidade, com o mesmo significado de identidade, a partir
de aptidões, possibilidades e estímulos internos (centrífugos) e externos
(centrípetos). Neste sentido, a lei da individuação ou individualização do
comportamento consiste no princípio segundo o qual os padrões de
comportamento se desenvolvem, desde muito precocemente, através de
períodos de crescimento que são unidades perfeitamente integradas e
identificadas aos padrões da espécie, enquanto surgem padrões parciais que se
identificam com o indivíduo.
No passo seguinte, alguns de seus elementos se identificam com características
já conhecidas de outros objetos idênticos, semelhantes ou análogos ou
associáveis a ele de qualquer maneira, impondo-se o conhecimento daquela
particularidade. A particularidade que reúne todos os objetos de um conjunto
geral em um subconjunto particular.
A particularidade está contida na generalidade assim como a individualidade ou
singularidade está contida na particularidade. A seguir, surge a noção de
generalidade pela identificação de características que acontecem em todos os
componentes estudados e a individualidade, assinalada pelas característica que
marcam a singularidade de um indivíduo daquele conjunto.
Neste primeiro momento do processo de construção do conhecimento das coisas
do mundo, a pessoa se dá conta de que existe no mundo da realidade (ainda que

4
subjetiva ou abstrata) alguma coisa nova a ser conhecida que pode ser separada
das demais; isto é o que aqui se denomina a evidenciação (ou indiciação).
E é a partir deste momento, desta semente de conhecimento, a evidenciação, que
se inicia a edificação do saber, qualquer que venha a ser sua extensão, amplitude,
profundidade ou complexidade. Porque, embora os objetos e acontecimentos da
natureza sejam realidades naturais, como os enfermos e suas manifestações
patológicas, por exemplo, o conhecimento que se tem sobre eles são construções
culturais com diferentes potenciais preditivos e explicativos. De onde surge a
noção de enfermidade, como condição essencial para caracterizar um indivíduo
enfermo.
A evidenciação, primeiro momento do processo de conhecer, se dá mais ou
menos da mesma maneira no conhecimento vulgar, no conhecimento científico e
no conhecimento filosófico. O conhecimento científico e o filosófico se
caracterizam pela precisão de seus símbolos e pelo rigor dos seu procedimentos.
Estes talvez sejam os elementos mais importantes para diferenciá-los do senso
comum, há de verificar adiante. Não obstante esta questão irá se colocar apenas
no momento seguinte, na descrição.
O conhecimento médico não é uma exceção a esta organização geral da
construção do conhecimento científico. Distingue-se, no entanto, pela
peculiaridade de seus objetos: coisas como saúde, doença, doente, terapêutica,
diagnóstico, prognóstico, etiologia e tantos outros fenômenos naturais

8.2. A Descrição
(conceituação descritiva)
Luiz Salvador de Miranda Sá Jr.

Formalmente, depois da indiciação e antes da nominação (característica da
conceituação da identificação), para a qual fornece importante contributo, o
segundo momento do processo do conhecimento é a descrição. Tem-se a
descrição como a segunda etapa na qual prossegue o processo de construção do
conhecimento acerca do objeto ou fenômeno (que havia sido evidenciado no
momento cognitivo anterior), através de informações cada vez mais exatas e
completas que se pode obter sobre os objetos do conhecimento. Informações
que, em geral, se iniciam em dados sobre a sua forma e sua aparência. Dados que
permitem elaborar uma imagem sistematizada daquele objeto que possa se

5
comunicada e entendida e que o identifiquem como uma entidade singular
individualizada.
Na descrição ou conceituação descritiva se concretiza o processo cognitivo de
estabelecer relação entre a coisa descrita e suas características, sejam elas
acidentais ou essenciais, permanentes ou transitórias. Oreconhecimento das
características mais essenciais (do conteúdo e da essência) do objeto descrito
conduz ao passo seguinte do processo e é um dos objetivos da descrição a
explicação. Isso porqu o conhecimento se inicia na forma e na aparência do
objeto e evolui para o rconhecimento dos elemntos de seu conteúdo e de sua
essência.
Do ponto de vista de sua estrutura, a descrição é um nível do processo cognitivo
no qual se indica como o objeto do conhecimento parece ao sujeito que começou
a conhecê-lo na indiciaçåo; como o objeto do conhecimento se revela aos seus
sentidos ou à sua razão. A rigor, o procedimento descritivo se inicia no mesmo
momento em que se dá a evidenciação de um objeto qualquer, se bem que em
termos cognitivos, os dois processos ideativos sejam tidos como distintos, ainda
que não se possa especificar exatamente seus limites. De certa maneira, o início
da descrição se confunde com a evidenciação e, depois, a desenvolve.
O significado da descrição é diferente nas diferentes escolas filosóficas. Os os
adeptos do fenomenologismo, os positivistas e neo-positivistas consideram-na o
objetivo da ciência e concentram nela sua atenção, principalmente por
considerarem a explicaçãoimpossível ou inconfiável.
Na medida em que se aperfeiçoam as descrições, e na medida emque alguns
elementos descritivos vão sendo reconhecidos como maisgerais e mais
essenciais, a descrição se aproxima da definiçãoaté se transformar nela; porque,
em geral, só é possível construirdefinições através da descoberta das
características descritivasmais gerais e mais essenciais e, por isto, se referem à
essência eao conteúdo da coisa descrita.
A descrição sistemática marcou a revolução científicano Renascimento e
o próprio surgimento da ciência como instituiçãosocial (e não apenas
como acervo de conhecimentos). O reconhecimentode sua validade
como fonte de saber fidedigno e a difusão entreos cientistas de sua
prática intensiva, emprestou grande importância a este momento do
procedimento cognitivo e foi essencial para o adventoposterior da
experimentação como elemento científico do procedimento de conhecer.
Nas últimas décadas, os procedimentos descritivos propostospelos
fenomenologistas para o estudo dos fatos psiquiátricos vêm
sendoconfrontados com os recursos descritivos das neurociências
(quantificáveis,por sua própria natureza). Esta confrontação levou a um
falsodilema: quantificar ou fenomenolizar? Falso porque estes dois
tiposde recursos são diferentes, têm serventias diversas e nãocolidem.
Coexistem sem qualquer antagonismo, na medida em que sejam
reconhecidos como momentos progressivamente mais elaborados do
procedimento cognitivo.
Convém ter sempre presente que o conhecimento caminha da forma
para o conteúdo e da aparência para a essência de seu objeto e pode

6
empregar tanto recursos que se referem à sua quantidade ou às suas
qualidades.
Os procedimentos fenomenológicos ou fenomênicos são empregados
paraa caracterização de objetos inquantificáveis (como os delírios,os
sentimentos, a intencionalidade, a dissociação e tantos outros). Métodos
quantitativos e qualitativos completamos procedimentos de estudo das
neurociências, não se excluem exclúem.

Mas, em termos científicos, o que significa exatamente descrever? O método ou
processo descritivo do conhecimento consiste em promover a enumeração das
características percebidas ou inferidas do objeto do conhecimento na
consciência cognoscente.
Descrever é enumerar caracterizar os elementos perceptivos da aparência e da
forma do objeto descrito buscando uma reprodução verbal ou gráfica de sua
imagem. Seja este objeto um elemento concreto da realidade, seja uma entidade
abstrata, um ente ideal. Ainda que tais características não sejam perceptíveis
imediata e diretamente, mas possam ser inferido ou suspeitados, sabidos ou
presumidos, buscando-se destacar aqueles dados descritivos que sejam mais
essenciais e mais gerais ao objeto de descrição, qualquer que venha a ser ele.
A descrição é um nível do processo cognitivo no qual se indica como o objeto do
conhecimento parece ao sujeito que começou a conhecê-lo na evidenciação;
como o objeto do conhecimento se revela aos seus sentidos ou à sua razão. A
rigor, o procedimento descritivo se inicia no mesmo momento em que se dá a
evidenciação, se bem que em termos cognitivos, os dois processos ideativos
sejam tidos como distintos, ainda que não se possa especificar exatamente seus
limites. De certa maneira, o início da descrição se confunde com a evidenciação e,
depois, a desenvolve. Depois da evidenciação como primeiro passo do processo
cognitivo, a descrição é o momento do conhecimento que integra a evidenciação
e a identificação da coisa conhecida em uma unidade que envolve os sentidos e o
pensamento em uma totalidade.
Brentano (1838-1937) e outros fenomenologistas, como Husserl
(1859-1938) e Jaspers (1883-1969) propuseram procedimentos
úteis para proporcionar a descrição rigorosa de objetos e
processos inquantificáveis ou de difícil quantificação para tornar
seu estudo mais fidedigno e válido. A importância da contribuição
de Brentano para a psicologia contemporânea decorre da
influência teórica que teria exercido sobre Sigmund Freud e,
conseqüentemente, sobre sua elaboração da sua teoria
psicoanalítica e sobre seus discípulos que exercem influência
cultural significativa.
Esta constatação, no entanto, é indireta porquanto o estilo
freudiano fazia com que ele, só muito raramente mencionasse em
seus textos suas fontes de conhecimento e as influências
exercidas por outrem sobre seu pensamento e as teorias que
edificava com eles.
As descrições podem refletir ângulos diferentes de apreciação de uma única
realidade particular que esteja sendo descrita. Aquele ângulo que aquela fração
7
da realidade, que é o objeto da descrição, porque um mesmo aspecto da
realidade pode ser descrito de diferentes maneiras, de diferentes perspectivas,
de diferentes pontos de interesse em função de objetivos diferentes; por isto, é
possível que uma única coisa seja descrita de diversas maneiras. E estas
descrições, ainda que diferentes, podem não excluir ou desmentir as demais. De
certa forma, descrever é atribuir ou negar conceitos à coisa descrita; isto é,
descrever é enunciar juízos sobre uma coisa.
Os antigos chamavam a descrição de definição insuficiente porque era
empregada quando a definição era desconhecida ou impossível de ser efetuada
por que careciam de recursos cognitivos para realizá-la. De fato, em qualquer
processo cognitivo, descreve-se aquilo que ainda não se pode definir. Pois, uma
vez completada sua definição a descrição deixa de ser usada.
O significado da descrição pode ser diferente nas diferentes escolas filosóficas.
Os adeptos do fenomenologismo, os positivistas e neopositivistas consideram-na
o objetivo da ciência e concentram nela sua atenção, principalmente por
considerarem a explicação impossível ou inconfiável.
Na medida em que se aperfeiçoam as descrições, e na medida em que alguns
elementos descritivos vão sendo reconhecidos como mais gerais e mais
essenciais, a descrição se aproxima da definição até se transformar nela; porque,
em geral, só é possível construir definições através da descoberta das
características descritivas mais gerais e mais essenciais e, por isto, se referem à
essência e ao conteúdo da coisa descrita.
A descrição sistemática marcou o ponto mais essencial da revolução científica
havida no Renascimento e o próprio surgimento da ciência como instituição
social (e não apenas como acervo de conhecimentos). O reconhecimento de sua
validade como fonte de saber fidedigno e a difusão entre os cientistas de sua
prática intensiva, emprestou grande importância a este momento do
procedimento cognitivo e foi essencial para o advento posterior da
experimentação como elemento de cientificidade.
Nas últimas décadas, os procedimentos descritivos propostos pelos
fenomenologistas para o estudo dos fatos psiquiátricos vêm sendo confrontados
com os recursos descritivos das neurociências (quantificáveis, por sua própria
natureza). Esta confrontação levou a um falso dilema: quantificar ou
fenomenolizar? Falso porque estes dois tipos de recursos são diferentes, têm
serventias diversas e não colidem.
Os procedimentos fenomenológicos são empregados para a caracterização de
objetos inquantificáveis (como os delírios, os sentimentos, a intencionalidade, a
dissociação). Completam os procedimentos das neurociências, não os excluem.
Descrição e Linguagem
Existem dois tipos de descrição, a descrição do conhecimento comm e a
descrição do conhecimento científico.

8
A descrição científica se diferencia da descrição da linguagem comum e da
descrição vulgar culta, que é como se denomina a descrição literária e descrição
poética.
Existem algumas exigências que são características da linguagem científica e, por
isto, também exigidas nas descrições científicas que caracterizam a chamada
ética do estilo científico, sem esquecer que a contaminação do senso comum é
um dos impedimentos do desenvolvimento das ciências.

Tais características são:
= objetividade,
= clareza,
= exatidão,
= brevidade,
= diretividade,
= afirmatividade.
A objetividade é a qualidade daquilo que existe fora e independente do sujeito
que o contempla, descreve ou estuda. Neste sentido particular, a objetividade se
refere à não-subjetividade, isto é, à recusa da intuição e da introspecção como
fontes de verdade. Mas também se refere à influência de opiniões ou processos
afetivos do sujeito com relação ao objeto.
No senso comum, o dado objetivo costuma se fundir com o
subjetivo. Na ciência e na filosofia, a objetividade existe como
reação ao subjetivismo e ao intuicionismo presentes na fase
especulativa do pensamento filosófico-científico. Não deve se
confundido com o objetivismo (que é o defeito metodológico antisubjetivismo).
A ciência positivista é objetivista (o quanto consegue ser, porque
surgiu como reação ao subjetivismo supersticioso), mas na maioria
das outras tendências, o dado objetivo pretere o subjetivo, ainda
que possa compor com ele uma síntese dialética, ou outro
compromisso
O estilo científico deve resultar em um texto ou discurso fácil deser
entendido, representativo daquilo que pretende ser dito, fácilde ser
entendido, isento de ambigüidade, obediente às regras da sintaxe
empregada.
A exatidão. A comunicação cientifica é uma modalidade da comunicação educada
por definição. Considera a deseducação (ignorância, desinformação) como
defeito a ser corrigido e não como modelo a ser divulgado. A comunicação
científica (texto ou discurso) não deve fazer concessões aos modismos, à
ignorância e à desinformação. A exatidão metodológica e comunicativa se refere

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ao emprego de recursos metodológicos e comunicativos que reduzam o mais
possível a possibilidade de erro e imprecisão; por isto, a medição assumiu
tamanha importância para a atividade científica.
A clareza. O estilo de uma pessoa educada, quanto mais o discursos científico,
deve resultar em um texto ou discurso fácil de ser bem entendido, devendo ser
representativo daquilo que o autor pretende dizer; a comunicação científica deve
ser clara para ser facilmente entendida, além de isenta de ambigüidade,
obediente às regras da sintaxe empregada.
A
comunicação
científica
é
uma
modalidade
da
comunicaçãoeducada, a mais educada possível em cada
momento do desenvolvimento da cultura. Considera a
deseducação (ignorância, desinformação)como defeito a ser
corrigido e não como modelo a ser divulgado ou, muito menos,
copiado.A comunicação científica (texto ou discurso) não deve
fazer concessões aos modismos, à ignorância e à desinformação.
Por mais que esses sejam apreciados por seus cultivadores.
A exigência de brevidade fala por si mesma. O texto científico deve se ater ao
essencial, evitando o circunlóquio, a circunstancialidade (minuciosidade), a
prolixidade.
A diretividadese refere à necessidade do discurso ser direto, não usar metáforas,
nem mesmo a ordeminversa das frases, não recorrer a outras figuras de
linguagem.
A afirmatividade que dizer que a linguagem científica deve empregar frases
afirmativas e não as negativas.
A descrição, em qualquer atividade científica, inclusive na Medicina, mas
especialmente na psiquiatria, deve evitar qualquer pressuposto a priori. Isto é,
não se deve recorrer, para uma descrição científica, a pressupostos teóricos não
comprovados. Os fatos teóricos comprovados podem e devem ser empregados
na elaboração e novos conhecimentos relacionados a eles. Nem pode ser
diferente.
Descrever e Medir
A descrição concretiza o processo cognitivo de estabelecer relação entre a coisa
descrita e suas características, sejam elas acidentais ou essenciais. Procedimento
mental que, como já se mencionou, se inicia no primeiro instante do
conhecimento. A descrição também inclui a descoberta das características
essenciais conduz ao passo seguinte do processo cognitivo que e é um dos
objetivos da descrição.
A descrição será tão mais verdadeira, útil e confiável, no sentido gnosiológico
mais exigente, quanto mais precisamente refletir, o mais exatamente possível, os
atributos mais essenciais e característicos do objeto ou acontecimento descrito
(principalmente os que podem ser sujeitos à quantificação); ampliando a base da
conceituação e fornecendo elementos para a explicação e para uma definição
científica aceitável. Neste momento cognitivo costuma-se se empregar o

10
raciocínio analógico com a comparação da coisa estudada com outras. Comparar
é identificar as semelhanças e diferenças que possa haver entre os objetos ou
fenômenos comparados.
Atualmente, ao menos para boa parte dos epistemólogos, adescrição é
considerada como a etapa da investigação científicaque consiste em estabelecer
os dados do experimento ou da observação,empregando-se qualquer sistema de
designação possível de ser aceitopor aquela ciência, sobretudo a medição (ou
outras formas de quantificação). Isso porque a descrição seja
instrumentocaracterístico da observação como método científico e na
análise,como procedimento racional e os procedimentos de medição sejammuito
próprios dela.
A descrição do senso comum costuma empregar elementos inexatos,
assistematizados, contaminados por juízos subjetivos de valor, escalas ou
instrumentos de medida carentes de padronização ou de universalização.
Recursos que constituem erros como procedimento científico. As descrições
vulgares costumam incluir pressupostos a priori, principalmente, aqueles
característicos de uma sub-cultura.
A descrição científica deve evitar qualquer pressuposto a priori e noções teóricas
incomprovadas. Isto é, não se deve recorrer, para uma descrição científica, a
crenças e pressupostos teóricos não comprovados. Os fatos teóricos
comprovados podem e devem ser empregados na elaboração e novos
conhecimentos relacionados a eles. Nem pode ser diferente.

A descrição será tão mais verdadeira, útile confiável, no sentido gnosiológico
mais exigente, quanto mais precisamenterefletir, o mais exatamente possível, os
atributos mais essenciaise característicos do objeto ou acontecimento descrito
(principalmente os que podem ser sujeitos à quantificação); ampliando a base
daconceituação e fornecendo elementos para a explicação e parauma definição
científica aceitável.
A introdução da medida como instrumento importante da descrição nos
procedimentos de observação e experimentação científicas caracterizou uma das
mais importantes revoluções paradigmáticas da ciência e iniciou a ciência
moderna: a chamada revolução galilaica, porque efetivada pelos trabalhos de
Galileu Galilei. A quantificação representa um momento evoluído do
desenvolvimento científico. Contudo, nem tudo pode ser quantificado. E
enquanto não se pode quantificar, quando se tratar de qualidades, por exemplo,
deve-se empregar outros recursos. Neste momento cognitivo costuma-sese
empregar o raciocínio analógico com a comparaçãoda coisaestudada com outra
ou outras. Comparar é identificar as semelhanças e diferençasque possa haver
entre os objetos ou fenômenos comparados.
A linguagem empregada em uma descrição influi poderosamente no resultado
daquela tarefa cognitiva. Por isto, pode-se pretender que os procedimentos
descritivos dependem da linguagem empregada em sua elaboração; assim como

11
a modalidade de linguagem de uma descrição depende do objeto descrito e dos
recursos disponíveis.
Pode-se descrever empregando qualquer linguagem viável capaz de comunicar
sa características da coisas descrita. Pode-se usar as palavras da linguagem
comum ou os símbolos de uma determinada ciência (termoss, símbolos
matemáticos ou químicos, matrizes, gráficos, medidas, reproduções fotográficas,
fonográficas ou outros recursos de gravação ou outros registros). Enfim, é
possível descrever empregando qualquer linguagem capaz de comunicar os
atributos descritos o mais exatamente possível e, por causa desta necessidade de
exatidão, sempre que for possível, os atributos mencionados em uma descrição
devem ser quantificados, porque isto amplia a exatidão e a confiabilidade da
descrição, razão pela qual, a quantificação está se tornando uma exigência
fundamental da descrição científica.
Não obstante, é uma falsidade pretender que uma descrição só será científica se
quantificada. A linguagem será tão mais científica quanto mais exata e fiel. Uma
descrição deve ser considerada tão científica quanto maior for sua fidedignidade
com que comunique com a possível precisão a qualidade do objeto da descrição.
Em alguns casos, a reprodução ideal pode ser aquela que reproduza uma imagem
da coisa descrita, a partir do ponto de vista que for considerado mais essencial.
Contudo, certos objetos e situações, não possibilitam quantificação. Estes objetos
e estas situações podem ser razoavelmente descritos empregando-se recursos
denominados qualitativos.
Para os positivistas extremados a tarefa da ciência se resume à descrição dos
fatos e que as descrições científicas devem ser, necessariamente, quantificadas;
por isto, os cientistas positivistas (e, como eles, os neo positivistas e os
empiristas) se limitam a descrever ou superdimensionam a importância da
descrição e da quantificação, ao mesmo tempo que negam ou minimizam a
explicação como instrumento do conhecimento científico. Para eles, o conceito é
unicamente descritivo.
O conhecimento construído acerca dos fenômenos e processos naturais, sociais
ou humanos estudados pela Medicina e pela Psiquiatria também obedece ao
processo cognitivo de descrição, sistematização e ressistematização, por isto, a
classificação desempenha, nelas, papel essencial na sistematização da
informação descrita.
O procedimento científico denominado método clínico é essencialmente
analítico-descritivo. E o chamado método ou procedimento fenomenológico é um
conjunto de diretrizes para disciplinar a observação tornando-a mais válida e
fidedigna para possibilitar o estudo das coisas inquantificáveis com os recursos
disponíveis de medida, empregando inclusive a analogia com outros casos
individuais.
A introdução das técnicas de medição cada vez mais precisas como instrumento
da descriçãonos procedimentos de observação e experimentação
científicascaracterizou uma das mais importantes revoluções paradigmáticasda
ciência e iniciou a ciência moderna: a chamada revolução galilaica,porque
efetivada pelos trabalhos de Galileu Galilei e se aperfeiçoa aceleradamente.

12
A quantificaçãorepresenta um momento evoluído do desenvolvimento científico,
especificamente da descrição científica. Contudo,nem tudo pode ser
quantificado. E enquanto não se pode quantificar,quando se tratar de qualidades,
por exemplo, deve-se empregar outrosprocedimentos descritivos, ainda que de
menos alcance e de menor confiabilidade.
O conhecimento construído acerca dos fenômenos e processos naturais,sociais
ou humanos estudados pela Medicina e pela Psiquiatria tambémobedece ao
processo cognitivo de descrição, sistematizaçãoe ressistematização, por isto, a
classificação desempenha,nelas, papel essencial na sistematização da informação
descrita.
O
procedimento
científico
denominado
método
clínico
é
essencialmenteanalítico-descritivo. E o chamado método ou procedimento
fenomenológicoé um conjunto de diretrizes para disciplinar a observação
tornando-amais válida e fidedigna para possibilitar o estudo das coisas
inquantificáveiscom os recursos disponíveis de medição.
Em diversas situações comuns, e em muitas atividadescientíficas, principalmente
na área das ciências humanas e sociaisnecessitam restringir sua atividade
científica à descrição, porquenão dispõem de instrumentos teóricos e práticos
que lhes permitamingressar em uma outra etapa do conhecimento.
Enquanto o investigador observa os fatos que deve descrever,sua
presença atua como uma fator que pode influenciar o
desenvolvimentodos fatos observados e serve como um fator de
tendenciosidade da investigação.E isto deve ser considerado nos
procedimentos de discussão e nas conclusões a que chegar.
Quando o investigador registra os fatos, escrevendo-os
enquantoeles se desenrolam, como acontece na maioria das
investigaçõesclínicas, por exemplo, esta situação fornece um
elemento de causade erro ainda mais importante naquele estudo.
Para diminuir estapossibilidade, deve empregar recursos como:
conceder um tempo para que o observado se adapte à situação
nova, guardar a distância mínimarecomendada pela cultura para
aquela situação, se vestir e secomportar discretamente, procurar
interferir o mínimo possível na sua atuação.
Na produção científica atual areferência a psiquiatria fenomenológica é
completamente multiformes, não correspondendo à produção de Husserl,
Jaspers, Schneider,Delgado e, entre nós, Isaías Paim. Com excessão do primeiro,
fenomenologista intuitivista, os demais se comportam como fenomenologistas
descritivistas. Os feitores dos sistemas nosográficos contemporâneos (CID, DSM)
são fenomenologistas quantitativistas.
Descrever, Analisar e Induzir
Descrever, analisar e induzir são processos cognitivos científicos inseparáveis. E,
a despeito das especificidades de cada um deles, constituem, quase sempre, um
complexo lógico-metodológico. Isto porque, apesar de serem processos de
qualidades diferentes, são reunidos em uma unidade lógica por sua inter-

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complementariedade metodológica. Em última análise, o ato ou processo de
descrever é, sempre, praticar o procedimento lógico-cognitivo de analisar,
qualquer que for o instrumento teórico ou prático empregado na descrição.
O
momento
descritivo
do
conhecimento
representa
a
fase
essencialmenteanalítica do processo de conhecer. A noção de análise,
comoinstrumento do conhecimento, se refere ao processo lógico de decomporo
todo em suas partes constituintes implica necessariamente em uma síntese, a
recomposição, pela imaginação da totalidade atravésde suas partes; uma vez que
análise e síntese são categoria lógicasessencialmente dialéticas em sua
intercomplementariedade.
Alguns aspectos importantes da técnica de analisar são:usar critérios idênticos
para todos os sujeitos observados; procurardefinir o mais precisamente possível
os termos empregados, principalmenteaqueles que se referem a
comportamentos; procurar fazer com que adescrição seja o mais exata e
completa que for possível; usara denominação mais adequada da terminologia
científica disponívelpara referir cada situação ou elemento situacional a ser
descrito;certificar-se de que os termos estão bem definidos e guarda
correspondênciafactual com os acontecimentos, situações e processos que
estiveremsendo observados e descritos.
Quando se estuda a síntese, deve-se considerar que o procedimento de analisar
não se limita a uma desarticulação da totalidade, a uma decomposição do todo
em seus componentes. Analisar também implica em um procedimento indutivo
que busca as causas atravésdos efeitos, as coisas mais simples através das mais
complexas, osprincípios através das conseqüências. A indução, concluir sobreo
geral usando os casos particulares, é um complemento necessárioda análise
como instrumento do conhecimento, no processo de transformaro conhecimento
sobre os fatos em leis sobre certas categorias de objetos.
Por isto, descrever (o que implica em medir e quantificar), analisar(sobretudo
classificar) e induzir (concluir por indução) são os instrumentos cognitivos mais
importantes da observação, queé uma dos métodos gerais da atividade científica.
A observaçãotem importância particular na atividade médica desde os tempo
hipocráticos. Desde essa época o exercício da clínica médica tem sido um
pacientee repetitivo exercício de observar, repetir a observação e observaroutra
vez, sem desprezar coisa alguma, sem deixar de considerar ofato aparentemente
mais insignificante, como ensina Hipócrates. Talvez por causa dessa afeição e
identidade ao método científicode observar, os médico tenham sido grandes
contribuintes para o desenvolvimentoda ciência do século dezenove. O chamado
método clínico de intervençãoe de investigação é essencialmente um processo de
observar, descrever,analisar e induzir. Em uma perspectiva dialética, é
impossível distinguir a análise da síntese ou a indução da dedução porque estas
duplas de procedimentos mentais configuram uma unidade em sua aparente
contradição.
Classificar é Redescrever

Classificar se origina do latim, classis = divisão (divisão ordenada) + facere =
fazer. O procedimento de classificar é a operaçãológica que consiste em repartir

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um conjunto de objetos ou fenômenos(quaisquer que sejam) sistematizados em
classes coordenadas ou subordinadas,segundo critérios previamente escolhidos.
Classificar édescrever osobjetos classificados a partir de pontos de vista
diferentes.Em última análise, classificar é simular uma nova organizaçãodos
fatos para permitir conhecer mais sobre eles.Já se viu que classificar é analisar.
Mas, classificar tambémé hierarquizar e organizar, re-hierarquizar e reorganizar
os elementos de um conjunto até que se possa aprender com isso alg sobre auele
conjunto e seus comonentes.
O procedimentoclassificatório exige que se situem alguns objetos classificados
emníveis diferentes de importância ou se declare que merecem prioridadesobre
os demais.Dois conceitos-chave para a compreensão do processológico de
classificar são a coordenação e a subordinação(que já foram mencionados
anteriormente), no caso, a coordenação taxonômica e a subordinação
taxonômica.
Coordenaçãotaxonômica a relação entre elementos situados na mesmaordem na
hierarquia de uma estrutura (por exemplo, a coordenaçãotaxonômica se
manifesta nas relações entre os componentes de mesmonível da classificação,
como os gêneros ou as espécies). é bastantecomum que se possa identificar uma
relação de coordenação(ou outra que lhe seja análoga) entre os elementos de
muitos outrostipos de sistema.
Subordinação é um tipo de relação entre os elementos de uma estrutura de tal
modo que um deles é dependente de outro, como uma extensão sua. A
subordinação taxonômica presume uma relação análoga entre os conceitos
classificados em ordens diferentes da hierarquia taxonômica, pela qual o
subordinado está contido no que lhe é superior. O essencial na subordinação é
que o subordinante inclui o subordinado. A subordinação é um tipo de relação
entre as pessoas (inclusive ou principalmente seus papéis e status) que implica
em uma dissimetria no relacionamento e em sua comunicação. Subordinação
taxonômica é um tipo de relação entre os elmentos deuma estrutura de tal modo
que um deles é dependente de outro, comouma extensão sua. A subordinação
taxonômica presume uma relaçãoanáloga entre os conceitos classificados em
ordens diferentes da hierarquiataxonômica, pela qual o subordinado está
contido no que lhe é superior.O essencial na subordinação é que o subordinante
inclui o subordinado.
Nas ciências sociais e humanas subordinação é um tipo de relação entre pessoas
como atores sociais (inclusive ou principalmente seus papéis e status) que
implica emuma dissimetria hierárquica no sistema social em que coexiste que
influi no seu relacionamento e em sua comunicação com o demais.Na
administração pública, o funcionário superior (que também pode ser chamado
ator ou agente social subordinante) desfruta da capacidade de exercer qualquer
função administrativa deseu subordinado (mas não uma função técnica que seja
prerrogativa de uma das profissões ou ocupações regulamentadas legalmente.
Este fato parece importante de ser conhecido especialmente na área da saúde
onde existe tanta intrusão profissional). Noutros casos,a não ser que haja
proibição legal expressa, noserviço público, o chefe pode avocar matéria

15
administrativa atribuídaa subordinado seu e dar-lhe solução, quando avoca a si
um processo,por exemplo.
Classificar é uma modalidades especial de sistematizar a descrição e, por isti,
também é um tipo particular de análise. O processo mental de classificar um
conjunto qualquer de coisas concretas, de coisas abstrata ou informações
consiste no emprego dos procedimentos lógicos elementares, especialmente a
análise e da comparação por seriação, para facilitar o conhecimento ou organizar
o trabalho mental de extrair o saber da natureza; e isto, é um procedimento que
se dá no enriquecimento do conhecimento pela reelaboração da descrição, tanto
no conhecimento vulgar, quanto no conhecimento científico, no qual
desempenha papel muito destacado.
Toda classificação, quaisquer que forem os objetos classificados e quaisquer que
forem os critérios de classificação que se empregue nela, se dá pela subdivisão
de conceitos ou categorias lógicas mais complexos em seus componentes de
menor complexidade, a partir de um critério preestabelecido que os reúna em
grupos mais ou menos homogêneos em função do critério empregado. O processo
de classificar tem sido, talvez, o instrumentomais importante para transitar da
singularidade para a generalidade,passando pela particularidade. Afinal, conhecer é,
em primeiro lugar,poder singularizar, particularizar e generalizar cada vez com
maioralcance e maior exatidão.
Recordando que, do ponto de vista da quantidade, as coisas e os
conceitos podem ser divididos nas seguintes categorias: o geral
(que reúne todo o universo considerado); o particular (que engloba
todos os componentes deste universo que ostentem uma
qualidade comum); e a singularidade (ou especificidade que se
refere a um único daqueles componentes).
Super-simplificando, pode-se afirmar que, na estrutura lógica do conhecimento,
a evidenciação precede e prepara a descrição, que precede e prepara a
conceituação, que precede e prepara explicação, que enriquece a conceituação,
que precede e prepara a definição e que a definição pode sempre ser modificada
sempre que os conhecimentos que a originaram forem mudados.
Essa cadeia lógica de fenômenos cognitivos em interação põe em evidência a
unidade do processo de conhecer, unidade na qual se articulam diferentes
processos, mas que não pode ser entendida como uma seqüência mecânica de
fases que se sucedem, mas como a articulação extremamente dinâmica de
diferentes momentos de um desenvolvimento vivo; momentos que se
estruturam mais ou menos simultaneamente, exercendo, cada um deles,
permanente influência sobre os demais, enquanto sofre sua influência
(demonstrando sua interação sistêmica). O caráter sistêmico das classificações
reflete a sistematicidade das coisas classificadas.
Não se pode deixar de destacar, nesta construção cognitiva, a interconexão de
todos os seus momentos de maneira dinâmica, evolutiva e permanentemente em
desenvolvimento. Ao mesmo tempo que reflete a unidade dos conceitos e das
coisas que eles representam. Enquanto que, no interior de cada conceito, se
manifesta a unidade de sua dimensão subjetiva (a idéias) e da objetiva (a

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palavra). Esta elaboração interessa indistintamente a todos os tipos de
conhecimento (vulgar, científico e filosófico) porque, como já se afirmou, não se
diferenciam por sua estrutura cognitiva, mas pelo alcance de sua generalização,
confiabilidade e validade.
A Classificação no Conhecimento Vulgar
A classificação não é instrumento cognitivo exclusivoda ciência e da filosofia. Ao
contrário, é muito empregado há muito tempo na elaboraçãodo conhecimento
comum; usada mais ou menos automática, inconsciente e involuntariamente
para permitir perceber, entender e fixar melhoras coisas, o que se necessita
conhecer ou explicar.
Quando se estudaa história do pensamento humano e de suas conquistas,
constata-seque a classificação tem sido extremamente importante na evoluçãodo
conhecimento geral e o das ciências médicas, em particular,porque é uma das
maneiras mais fáceis de obter a conceituaçãoe a explicação através da descrição
e re-descrição sistemáticas.

No processo espontâneo de conhecer o mundo, característico do conhecimento
vulgar, agrupam-se as coisas sejam pessoas, objetos ou fenômenos, em grupos
que compartilham estruturas, componentes ou características comuns - as
classes, de modo a poder raciocinar sobre elas integrando uma unidade lógica;
desde então, no processo de pensar, aquela classe representa todos os indivíduos
contidos nela. Este processo permite identificar os iguais e a distinguir os
diferentes, de modo possibilitar entender melhor os que os integra ou exclui do
conjunto.
A qualidade de buscar do que há de geral e de individual nas coisas, a análise das
relações entre as coisa e suas características, que vem a ser procedimento
essencial na elaboração do conceito, começa a ter importância no
estabelecimento de novas relações da coisa conceituada e na descoberta de
novos atributos seus, além da identificação de suas qualidades mais importantes
(principalmente aquelas que forem reconhecidas como as mais gerais e mais
essenciais aos objetos ou fenômenos conceituados), o que irá permitir a
estruturação dos conceitos. Pois, o conceito se inicia na identificação de uma
característica descritiva mais essencial e mais geral, retirada dos dados da
descrição individual e que passa a representar a coisa conceituada.
A reunião de objetos em classes (grupos homogêneos) caracterizados pela
presença ou ausência de um traço comum, tomado como critério de
sistematização, é um procedimento intelectual que, na maioria da vezes, se
pratica mais ou menos automática e mais ou menos inconscientemente, sempre
que se tem que lidar com coletividades. O pensamento inteligente, desde a
construção dos conceitos e juízos, inclui o procedimento classificatório em sua
estrutura em seu seu elenco de possibilidades metodológicas. . E o exercício da
linguagem também; pois, seria impossível empregar critérios abstratos para
analisar e classificar se este processo não fosse estruturado pela linguagem, se
não se tratasse de uma estrutura lógica verbalizada. Além disto, o processo

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classificatório, é um procedimento fundamental para superar o momento
descritivo do conhecimento e promover seu ingresso no momento explicativo
por meio da capacidade de generalizar.
O conceito de classe é extremamente abrangente e dotadode imensa
possibilidade de generalização. Contudo, por este motivo torna-se impreciso e
deve ser usado com cuidado na linguagem científca, Seus muitos sentidos
tornam-no imprestável para o emprego em Filosofia daciência, a não ser que seja
definida a exata conotação coma qual se apresenta em cada caso e em um
determinado contexto. Poristo, é muito comum que seja empregado adjetivado,
como em classesocial, classe econômica, classe taxonômica, entre outros
sentidos. Pessoa instruída não emprega o conceito de classe sem que sua
adjetivação seja óbvia, ainda que possa não estar explícitada.
Classificação, Elo da Descrição, Conceituação e Explicação
A classificação é um instrumento inteligente que permite libertar o
conhecimento da imobilidade da descrição e possibilita-lhe conhecer melhor as
coisas do mundo por meio da descoberta da sua explicação. Tanto no
conhecimento comum, quanto no conhecimento científico, a classificação pode
ser usada como instrumento da superação da descrição e surgimento da
explicação. Na dialética do conhecimento, a explicação costuma nascer da
descrição e o momento descritivo da cognição faz surgir o momento explicativo.
O rearranjo dos componntes de um sistema permite entender melhor as
possíveis relações que etretenham entre si.
A classificação pode ser usada tanto como instrumento do conhecimento comum,
quanto do conhecimento científico, como ecurso que possibilita a superaçãoda
descrição e surgimento da explicação.Na dialética do conhecimento,a explicação
costuma nascer da descrição e o momento descritivoda cognição faz surgir o
momento explicativo.
Com o emprego da descrição, da classificação e da análise,na medida em que o
conhecimento sobre uma categoria de coisas evoluie se amplia, o processo
cognitivo de classificar vai deixando de empregarcritérios descritivos
(relacionados com sua forma e aparência) e passaa empregar critérios
explicativos, sobretudo genéticos (que explicamsua origem, sua etiologia e sua
patogenia, no caso dos fenômenos mórbidos);as indicações, o mecanismo de
ação e os risco de emprego,no caso dos agentes terapêuticos.
Descrição, conceituação e explicação são procedimentoscognitivos
progressivamente estruturados e complexos queestão em permanente interação,
retro-alimentando-se e se aperfeiçoandomutuamente. Como resultado da
descrição, da conceituação eda explicação, os conhecimentos se desenvolvem
como uma espiralascendente, na qual, cada patamar resulta dos anteriores e,
simultaneamente,os enriquece, enriquecendo a si mesmo com isto. Existe,
portanto,interação, reciprocidade e inter-relação permanentes nestesistema em
permanente desenvolvimento que é o conhecimento. Um dosmeios pelos quais
se dá (e que alimenta) esta interação permanenteé a classificação, o que
confirma o caráter sistêmico do conhecimento.

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Mesmo na construção do conhecimento comum, o processo classificatóriotalvez
seja o procedimento inteligente mais importante e mais comumpara permitir
cultivar essa interação dinâmica e torna o procedimento cognitivomais eficaz. Ao
contrário do que muitos pensam a classificação não é apenas um instrumento
parao aperfeiçoamento cognitivo da descrição (porque, inicialmente,a
classificação como que unifica a conceituação e a descriçãopromovendo seu
mútuo enriquecimento); noutro pólo deste processo,a classificação permite ao
conhecimento analítico-descritivo passara sintético-explicativo. Por isto, pode-se
dizer que a descriçãoprecede e prepara a explicação; e que o momento descritivo
doconhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquecee se
sofistica com ele.
A classificação não é apenas um instrumento para o aperfeiçoamento cognitivo
da descrição (porque, inicialmente, a classificação como que unifica a
conceituação e a descrição promovendo seu mútuo enriquecimento). Noutro
pólo deste processo, a classificação permite ao conhecimento analítico-descritivo
passar a sintético-explicativo e esta é sua função mais importante como recurso
para conhecer e aperfeiçoar o conhecimento. Por isto, pode-se dizer que a
descrição precede e prepara a explicação; e que o momento descritivo do
conhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquece e se
sofistica com ele. Como se pode reconhecer na história do amadurecimento da
Biologia com a classificação de Lineu e na Química, com a classificação dos
elementos de Mendeleiev.
Embora o processo classificatório seja essencial para a elaboração, o
desenvolvimento e o manejo dos conceitos, mesmo do senso-comum, nãose deve
supor que a classificação como instrumento cognitivo selimite a ser um
procedimento construtivo exclusivo do conhecimento vulgar, do senso comum.
Pois, os procedimentos classificatórios sãomuito utilizados na construção do
conhecimento científico, porquepermitem a divisão de um contingente de
objetos ou fenômenos,contidos em um conceito mais abrangente, em outros
conjuntos menosabrangentes ou, mesmo, em indivíduos, de acordo com algum
critériopré-estabelecido que predefina cada um destes indivíduos, grupos
ouséries encontrados.
O critério que reúne cada um desses sub-conjuntos permite identificar um traço
característico seu.

Classificação e Conhecimento Científico
A classificação não é apenas um instrumento para o aperfeiçoamento cognitivo
da descrição (porque, inicialmente, a classificação como que unifica a
conceituação e a descrição promovendo seu mútuo enriquecimento). Noutro
pólo deste processo, a classificação permite ao conhecimento analítico-descritivo
passar a sintético-explicativo e esta é sua função mais importante como recurso
para conhecer e aperfeiçoar o conhecimento. Por isto, pode-se dizer que a
descrição precede e prepara a explicação; e que o momento descritivo do
conhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquece e se
sofistica com ele. Como se pode reconhecer na história do amadurecimento da

19
Biologia com a classificação de Lineu e na Química, com a classificação dos
elementos de Mendeleiev.
O procedimento classificatório é um instrumento cognitivo bastante eficaz em
qualquer dos campos do conhecimento porque possibilita ampliar e reelaborar
qualitativamente aquilo que se sabe sobre as entidades individuais contidas nas
totalidades coletivas e, por isto mesmo, igualmente saber cada vez mais sobre as
totalidades que contêm aqueles indivíduos. Embora se empregue muito a
classificação no conhecimento comum, ela tem sido superlativamente
importante para o desenvolvimento do conhecimentos científico.
Classificação e Conhecimento Científico
Embora o processo classificatório seja essencial para a elaboração,
desenvolvimento e manejo dos conceitos, mesmo do senso-comum, não se deve
supor que a classificação como instrumento cognitivo se limite a ser um
procedimento construtivo exclusivo do conhecimento vulgar, do senso comum.
Pois, os procedimentos classificatórios são muito utilizados na construção do
conhecimento científico, porque permitem a divisão de um contingente de
objetos ou fenômenos, contidos em um conceito mais abrangente, em outros
conjuntos menos abrangentes ou, mesmo, em indivíduos, de acordo com algum
critério preestabelecido que predefina cada um destes indivíduos, grupos ou
séries encontrados.
A história do conhecimento científico mostra o quanto os procedimentos
classificatórios foram importantes para o desenvolvimento das ciências naturais.
A tábua periódica do elementos químicos elaborada por Mendeleiev e a
classificação dos seres vivos por Lineu constituíram o marco fundamental da
modernização da química e da biologia. As classificações científicas assinalam o
ápice e a ultrapassagem da fase analítico-descritiva de uma ciência e seu
ingresso no estágio dedutivo-explicativo. A classificação,enquanto instrumento
do conhecimento científico, denomina-se classificaçãoheurística e preditiva. O
que só acontece dentro de determinadas condições.
As classificações podem ser simples ou complexas; podem traduzir de forma
melhor ou pior as relações entre as coisas que ordenam; podem ser úteis ou
inúteis para algum fim determinado; ou podem ser eficazes ou ineficazes, na
medida em que podem ser frutíferas ou estéreis em uma dada direção, como por
exemplo, a construção do conhecimento científico (no caso das classificações
heurísticas) ou outra finalidade qualquer (no caso das classificações utilitárias,
como as catalogações). Uma classificação pode ser tecnicamente bem construída
ou pode ser uma tolice taxonômica. Pode atender às exigências de uma boa
classificação ou não. Pode ser utilitária ou científica. O que não pode é ser
utilitária, artificial e heterogênea e pretender ser um instrumento científico.
Quando se estuda a construção do conhecimento científico,verifica-se que as
únicas modalidades de classificação utilizáveisprodutivamente na elaboração e
no desenvolvimento do conhecimentocientífico são naturais e homogêneas.
O procedimento classificatório que considera cada elemento caracterizável por si
mesmo como uma categoria taxonômica independente em relação às demais, é a

20
classificação conceitual ou categorial. Isto é, é uma classificação que ordena seus
elementos como se cada um deles fosse qualitativamente diferente dos demais.
Pois, seu critério classificatório produz este resultado.
Nas classificações, por isto mesmo chamadas conceituais ou categoriais,porque
cada um de seus níveis taxonômicos pode ser mencionado comoum conceito
particular, cada um destes subconjuntos obtidos pelo emprego deste
procedimento, deverá ser uma unidade conceitual por si mesma,definível e
reconhecível por suas próprias características. Estasclassificações categoriais se
diferenciam das dimensionais, nasquais cada entidade taxonômica é um
momento ou uma dimensão datotalidade considerada como um continuum
indivisível, a não serconvencionalmente.
Para PLATÃO classificar consiste em distribuir as qualidades de uma totalidade
por uma hierarquia de classes, formando como que uma espécie de “rede” de
conhecimentos, à semelhança de uma árvore que, através de seus galhos, fosse se
desdobrando e se simplificando à medida em que passasse de um nível para
outro. CAIO PRADO Jr., 1 expõe as duas maneiras opostas pelas quais as pessoas
tentam conhecer a realidade.
A primeira, se inicia na identificação dos indivíduos isolados, caminhando para
identificar que grupos homogêneos podem ser formados com estes elementos,
que devem ser reunidos, depois, para fazer descobrir suas relações com os
demais e, assim, conhecer a constituição da totalidade. A busca do conhecimento
sobre o todo a partir do que se sabe sobre seus componentes particulares e
sobre seus elementos, suas partes individuais.
Na segunda maneira de se buscar o conhecimento da realidade, considera-se
antes que tudo a existência da unidade da totalidade e, depois, estuda as relações
existentes dos conjuntos em seu interior para chegar ao conhecimento dos
indivíduos e à individualidade, (aquilo que caracteriza cada indivíduo ou
espécime).
Uma das características do processo cognitivo filosófico chamado método
dialético é que ele dirige o espírito para o conhecimento da individualidade
através do estudo da totalidade, do conhecimento da particularidade através do
estudo da generalidade e do indivíduo isolado através da investigação de suas
relações com os demais e com o mundo. O que se combina com a concepção
sistêmica do mundo e do conhecimento que se tem sobre ele.
Parece equívoco cognitivo se prender a uma destas abordagens parciais e só
aparentemente antinômicas, quando se pode empregar dialeticamente as duas.
Em um grande número de ciências, como a Biologia (com a classificação de
LINNEU), a Química (com a classificação de MENDELEIEV) e a Patologia (com as
numerosas classificações de patologias elaboradas nos dois últimos séculos), por
exemplo, o procedimento classificatório sistematizado forneceu os elementos
cognitivos necessários para o seu desenvolvimento científico, permitindo-lhes

1

Prado Jr., (Notas Introdutórias à Lógica Dialética, Ed Brasiliense)

21
passar da fase analítico-descritiva à hipotético-explicativa, da indutiva à
dedutiva no processo de desenvolvimento e maturidade científica.
Praticamente todos os ramos da Medicina, sobretudo na clínica, tiveram o
momento decisivo de sua evolução de atividade empírica para atividade
científica na classificação de sintomas, de síndromes, de modos de evolução, de
tipos de início ou terminação, de resposta terapêutica das patologias que
constituíam seu objeto de atenção.
Quando analisadas como procedimentos cognitivos, científicos ou não, se
constata que as classificações podem ser criações heurísticas, instrumentos mais
ou menos artificiais do conhecimento. Isto é, as classificações são artifícios
cognitivos criados para facilitar ou ampliar o conhecimento que se tenha sobre
as coisas classificadas. Dessa forma se assemelham à identificação e à nominação
de um ente qualquer na experiência cognoscente de alguém. Por isso as
classificações são essencialmente diferentes dos conhecimentos provenientes
diretamente das descobertas das coisas da natureza. Porque não são objetos
naturais, são construções lógicas artificiais, criações cognitivas, embora possam
se referir a objetos naturais ou tê-los como objetos. Ao empregar qualidades
essenciais das coisas como critério norteador da classificação, o classificador as
identifica como tais. Ao descobrir seu caráter essencial, descobre o que há de
mais importante sobre ela.
Este é um aspecto que deve ser destacado neste assunto, as classificações podem
se referir a entes naturais, reais ou a entidades abstratas. Quando, por exemplo,
se agrupam um conjunto de pessoas levando em conta sua escolaridade, tal
procedimento resulta de um artifício, mas reúne indivíduos reais e um conjunto
taxonômico real.
Objetivos das Classificações
Como instrumento cognitivo, particularmente como instrumentodo
conhecimento científico, as classificações costumam ter dois objetivos gerais
destacados:= a) instrumento de conhecimento (finalidade heurística), ou = b)
facilitar um trabalho que exija a mobilização de um conjunto mais ou menos
complexo ou uma série mais ou menos extensa(finalidade prática ou
utilitária)Sem esquecer que cada classificação específica ou cada conjunto
particular de classificações costuma ter seus próprios objetivos (específicos e
particulares) que sempre exercem influência em seus resultados. A
transformação das classificações científicas em instrumentos do conhecimento
científico depende muito de sua objetivação. Isto é, de sua libertação dos
propósitos subjetivos de quem aselabora ou emprega.
Em geral, as classificações podem ter duas finalidades principais:
-

a finalidade heurística (instrumento do conhecimento, principalmente do
conhecimento científico) ou

-

a finalidade pragmática (ter uma finalidade útil qualquer).

Baseando-se na finalidade para a qual foi elaborada, as classificações naturais e
homogêneas podem ser:
22
-

classificações heurísiticas e

-

classificações pragmáticas.

Do ponto de vista da descrição como instrumento de cientificidade,o objetivo da
ciência é criar uma classificação que tenha a possibilidadede ser um bom
instrumento cognitivo, na medida em que seus critériosproduzam
sistematizações que correspondam, representem ou reflitamo mais fielmente
possível as coisas classificadas, tal como elas existemna natureza, na sociedade,
no homem ou no pensamento lógico.
A despeito de poder sistematizar entes naturais, a classificaçãonão é ela mesma,
uma coisa natural. Mas, como acontece com qualquerprocedimento descritivo,
na medida em que empregue como taxa atributosessenciais e reais da coisa
classificada, permitem conhecer mais emelhor esta coisa.

As classificações são artefatos cognitivos e culturais, construções lógicas. Por
isto, não há classificações certas ou erradas, assim como não há nomes certos ou
errados para as pessoas, objetos e acontecimentos, embora possa haver
descrições ou conceituações falsas ou a atribuição de nomes falsos a quem já os
tem diferentes.
Classificação e Evolução Científica
Nem todas as disciplinas da ciência compartilham a mesma origem, as ciências
podem se originar de dois processos que podem ser denominados de processo
geração primário e processo gerador secundário.
No primeiro caso, uma nova disciplina científica provém do aperfeiçoamento do
conhecimento comum sobre um aspecto do mundo e finda por adquirir estatuto
científico, por satisfazer as exigências de cientificidade.
A Psicologia surgiu assim. Como um ramo da Filosofia que se
desprendeu de seu tronco original. A Anatomia se originou do
conhecimento prático sobre o corpo humano.
No segundo caso, a institucionalização de uma disciplina científica resulta da
divisão de uma outra ciência já reconhecida, pela subdivisão de seu objeto. Como
aconteceu com as diversas disciplinas científicas originadas da Química, da Física
ou da Matéria Médica.
A Matéria Médica era a ciência médica que tratava dos remédios e
tratamentos. Dividiu-se em Farmacologia, Farmacognosia,
Farmacodinâmica, Terapêutica.
Uma nova ciência pode provir do aperfeiçoamento do conhecimentocomum
sobre um aspecto do mundo ou pode resultar da divisão deuma outra ciência já
reconhecida, pela sub-divisão de seu objeto.No primeiro destes processos, uma
ciência pode surgir naturalmente,pelo acúmulo mais ou menos gradual de
conhecimentos e de meios deconhecer referentes a um objeto específico, o
objeto daquela ciência.
23
Neste caso, a atividade científica se inicia pelo processo de nomearos objetos e
fenômenos mais evidentes em seu campo de interesse evai se acumulando um
patrimônio de conhecimentos; este patrimôniose desenvolve ampliando-se o
número de coisas conhecidas e aumentandoo conhecimento que se tem sobre
elas, até que se obtenha um acervomínimo de conceitos, categorias, juízos e leis
que versem sobre osobjetos e fenômenos existentes na área do mundo que é tida
como oobjeto daquela ciência, sua massa crítica de informações científicas.Pela
segunda maneira, o surgimento de uma ciência pode resultar, comoque por
cissiparidade, de outra pré-existente, tendo herdado suamaturidade cognoscitiva
e metodológica da ciência mãe. Quando os conhecimentos de uma ciência se
avolumam e se aprofundam, ela tende a se dividir, como sucedeu com a física e a
química. Neste caso,a ciência original cresce muito em seu conteúdo e o acúmulo
resultante obriga à sua divisão em duas ou mais outras, de forma a tornaraquele
campo do conhecimento alcançável por seus cultores.
Os procedimentos clássicos de qualquer ciência (entendida como
buscasistemática de conhecimento fidedigno e válido), se iniciavam no
reconhecimentopreliminar das características dos objetos e fenômenos
componentesdaquele segmento da natureza que pretendessem estudar (a
evidenciaçãoe o momento descritivo). Este, que é o momento inical de todo
conhecimento,mesmo vulgar, foi o método que quase toda atividade científica,
aomenos em seus primeiros passos, empregou para a identificaçãode entidades
ou individualidades singulares.
LINEU, MENDELEIEV e PINEL exemplificam quanto um processo
classificatório natural pode servir ao desenvolvimento de uma
ciência em fase inicial, ajudando-a a se libertar do momento
contemplativo e passar ao experimental.
Algumas atividades científicas chegaram a se iniciar pela tarefa de
classificação, como aconteceu com a biologia que se estruturou
como ciência moderna a partir da classificação de LINEU que
reuniu a sistematização e a nominação.
Na história das ciências, o termo do momento da conceituação, que está sendo
chamado aqui de conceituação nominativa, nominação, designação ou notação,
inicialmente descritivo, é o que caracteriza e evidencia o nascimento de uma
disciplina científica (porque não pode haver disciplina científica sem que este
momento se tenha cumprido).
No processo de conhecer, o momento da nominação ou nomenclatura deve ser
seguido pela fase de classificação; fase que corresponde ao momento analíticodescritivo daquela atividade (científica ou não), uma vez que o conhecimento
científico nunca se referem a objetos ou acontecimentos isolados, mas sempre a
classes de objetos ou fenômenos, porque o procedimento científico de classificar
permite conhecer mais sobre as relações dos entes classificados entre si e, assim,
aperfeiçoam o conhecimento que se tem sobre eles. E, assim, o conhecimento
passa do meramente descritivo ao explicativo.
A descrição precede a explicação e é essencial para ela.

24
É exatamente por isto que, em um momento posterior do processo cognitivo,
quando o momento analítico-descritivo já tiver frutificado suficientemente, virá
o momento de pesquisa das definições genéticas ou a fase explicativo-dedutiva
(como se poderá ver logo adiante, quando se tratar da explicação e da definição).
Considera-se o momento evolutivo analítico-descritivo como um estágio menos
desenvolvido cognitivamente da atividade científica do que o explicativodedutivo, porque suas possibilidades heurísticas e preditivas são nitidamente
menores, como será evidenciado adiante. Realmente, mesmo do ponto de vista
do senso comum, explicar é muito mais importante do que descrever. Porque
não se conhece realmente, algo que não possa ser explicado.
O instrumento cognitivo classificatório pode ser um meio eficazpara superar o
momento analítico-indutivo-descritivo e ingressar no momento sintéticodedutivo-explicativo, como aconteceu na história de numerosasciências,
inclusive a Psicopatologia quand do seu surgimento no início do século XX.
Porque a classificação completaa descrição, permite conceituação cada vez mais
adequada epropicia o aparecimento da explicação pela seleção dos componentes
cadavez mais essenciais.
A necessidade de se delimitar (e ter definido da melhor maneira possível) o
mundo de coisas a ser classificado é um aspecto preliminar que interessa a todo
conhecimento, inclusive ao diagnóstico e permite sua tipificação. Da mesma
maneira que é necessário definir, o melhor possível, cada patamar classificatório
obtido neste processo. No caso do conhecimento das enfermidades, o diagnóstico
vem a ser um destes patamares particulares - descritivo, no diagnóstico
sindrômico e explicativo, no diagnóstico nosológico.
O diagnóstico é um tipo de reconhecimento e se caracteriza por
seu objeto ou por sua técnica, por exemplo, o diagnóstico
radiológico.
Mais recentemente surgiu um procedimento diagnóstico
caracterizado pela atividade do profissional que o executa, o
diagnóstico de enfermagem (o diagnóstico dos cuidados
especificamente de enfermagem que um paciente apresente.
Procedimento que tem sido construído para fazer amadurecer o
estatuto profissional dessa profissão.
O diagnóstico medico é um procedimento de reconhecimento do objeto de
trabalho ou caso profissional médico, que tem por objetivoa identificação das
patologias visando quatro objetivos: a) permitircomunicação sobre aquela
entidade; b) explicar sua etiologia emecanismo patogênico; c) fundamentar a
terapêutica, programas de reabilitaçãoe outros cuidados e, finalmente, d)
possibilitar o prognóstico. Odiagnóstico deve ser a identificação das condições de
um doenteque sintetize suas necessidades e possibilidades de cuidados. O
diagnósticomédico não é um diagnóstico feito por médico, mas o diagnósticoa
serviço da Medicina (ciência específica da qual saíram muitas outras,inclusive
muito do que é científico nelas).
Os nomes das coisas conhecidas vão se enriquecendo de significado à medida
que se conhece mais sobre elas. Isso ocorre em qualquer nível do
25
desenvolvimento do processo de construção do conhecimento. Em cada um
deles, os conceitos expressos pelos vocábulos denominadores (ou outros
símbolos que se usem para expressar os fenômenos ou objetos a conhecer, desde
os mais simples aos mais complexos,) serão tão mais eficazes como instrumento
de comunicação e de conhecimento quanto mais exatamente refletirem as
qualidades mais essenciais daquele objeto ou fenômeno a que se referirem.
Analogamente, a organização sistêmica destes conceitos em uma classificação
que leve em conta as exigências de unidade, totalidade e, sobretudo, de interrelações sistêmicas, será tão melhor, quanto mais sua organização for
determinada a partir de um táxon que reproduza um elemento essencial da
existência natural das coisas classificadas. Porque, em uma classificação natural,
o objetivo não é inventar uma nova ordem ou disposição para as coisas naturais,
mas ensaiar ou simular muitas, para descobrir aquela que (ao menos
aparentemente) reflita mais fielmente sua existência real (na natureza, na
sociedade ou no pensamento) para os fins que se pretende.
Principalmente porque, em uma classificação natural, o objetivo não é inventar
uma nova ordem ou disposição para as coisasnaturais, mas ensaiar ou simular
muitas, para descobrir aquela que(ao menos aparentemente) indique ou reflita
mais fielmente sua existência real(na natureza, na sociedade ou no pensamento)
para os fins que se pretende.Isto porque, de certa maneira, quando se classifica, e
se ressistematiza,muda-se a ordem natural ou não das coisas, ordem à qual
estãohabituados nossa percepção, nosso julgamento, nossas representaçõese as
noções mais ou menos estereotipadas que se tem sobre aqueleconjunto e mudar,
sobretudo, os paradigmas conceituais sobre as coisasque existem fora ou no
interior dele, para rearranjá-los de maneiradiversa, empregando para este
rearranjo um critério classificatórioque reordene as coisas segundo outro
parâmetro; um exercício de fazer-de-conta, de simular como seria se ..., ou como
seria se não ...
O critério classificatório é a noção diretora que preside esta re-arrumação no
plano verbal. Porque tem esta qualidade de substituira experiência da diferença,
para suprir a necessidade de imaginaro que poderia acontecer diante de
determinadas circunstâncias, é queo procedimento lógico de classificar
desempenha papel tão importantena edificação do saber, na aquisição do
conhecimento sobreo mundo. De certa forma, portanto, classificar é simular uma
reordenaçãodo mundo conhecido que faça sentido, é mudar a perspectiva de
apreciação,é transformar descrição em explicação e, por isto, mudar
quantidadeem qualidade.
As classificações são instrumentos descritivos por excelência, é verdade. Mas
também é verdade que são instrumentos científico da busca da explicação. Ainda
que sejam instrumentos cognitivos relativamente toscos e primitivos, crendo-se
que sejam abandonados depois de cumprirem suas finalidades, quando o
conhecimento da ciência que necessita delas ultrapassar este momento inicial e
entrar em uma fase explicativa e qualitativa, dispondo de recursos mais
sofisticados para criara e investigar hipóteses.
A despeito disto, por enquanto, as ciências que se encontram na
fase análiticodescritiva de sua evolução têm que se conformar com
26
seu uso. Isto coloca uma contradição dentro da Medicina, entre as
ciências mais maduras e as menos desenvolvidas, ainda que
estejam na mesma área de conhecimento, como a psicologia
social, a psicopatologia ou, mesmo, a clínica, quando comparadas
com as neurociências e com a neuropsicofarmacologia.
Noutro plano, como mostra MOLES, 2 a direção do trabalho das classificações
busca uma ordenação qualitativa das coisas classificadas, pois a classificação que
poderia ser tida por ótima, seria qualitativa. O que coloca esta técnica de
descrição em confronto com a tendência atual da ciência que é claramente
quantitativa. Neste momento, caracterizado pelo reviver do positivismo, mais
voltada para um mundo de tipos que para um mundo de relações. Este é um
dado curioso pouco entendido (ou desentendido) por muitos que estudam
epistemologia. A classificação que foi, inicialmente, um instrumento positivista e
meramente descritivo, hoje pode ser um recurso dialético e sistêmico de explicar
por causa de sua tendência a identificar os dipolos dialéticos e estudar suas
relações.
Este é um dado curioso pouco entendido (ou desentendido)por
muitos que estudam epistemologia. A classificação que
foi,inicialmente, um instrumento positivista, hoje pode ser um
recursodialético por causa de sua tendência a identificar os dipolos
dialéticose estudar suas relações.
CLASSIFICAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES
O conhecimento das classificações, como o de qualquer outro objeto
cognoscente, pode e deve se beneficiar da aplicaçãodo método classificatório em
sua elaboração e avaliação como procedimentos cientificamente reconhecidos.
Tendo em vista esta consideração,as classificações podem ser classificadas de
várias maneiras,principalmente na dependência de seu propósito.
As modalidades mais conhecidas de classificação são as seguintes:
= simples e complexas,
= categoriais e dimensionais,
= naturais e artificiais,
= homogêneas e heterogêneas,
= heurísticas e utilitárias.
Adiante dar-se-á uma breve notícia sobre cada um destes tipos.
Classificações Simples e Complexas
Uma classificação pode ser considerada como simples quando qualquer um de
seus patamares classificatórios contenha três ou menos elementos. Porque esta
parece ser a quantidade máxima com a qual o pensamento humano trabalha com
2

Moles, A., A Criação Científica, ed. Perspectiva, S.Paulo, 1971, p.134.

27
facilidade. A partir desta marca, a classificação começa a ser considerada
complexa até se tornar ininteligível, mesmo por um sábio. A classificação
maissimples possível, que se baseie em um único táxon ou princípio organizador,
é chamada classificação monotética. Quando se baseia em muitasvariáveis (ou
critérios classificatórios) este tipo de taxonomia deve ser denominado
classificação politética.O valor científico e pragmático de uma classificação se
iniciaem sua simplicidade. Quanto mais simples, melhor.
Classificação Natural e Artificial
As classificações também podem ser ordenadas levando-seem conta numerosos
outros critérios de sistematização. Entretanto,para reconhecer as classificações
naturais deve se usar como critério, a essencialidade de seu táxon em relação aos
elementos do universoclassificado e sua homogeneidade como sistema lógico,
porque este é o critério que pode ser considerado mais importante na
inestigação científica em Medicina.Provavelmente, do ponto de vista da Filosofia
da ciência, amaneira mais útil de classificar as classificações seja pela naturezade
seu critério classificatório, como se viu atrás, e este critériopermite dividi-las em
classificações naturais (quando seu táxon é uma propriedade essencial do
fenômeno classificado) e classificações artificiais (quando a escolha de seu
critério classificatório decorredo objetivo da classificação e não represente uma
característicaessencial das coisas classificadas), ainda que estas
designaçõessejam muito criticáveis.Para alguns autores as classificações naturais
devem ser chamadashierarquizadas e as artificiais, não hierarquizadas. Esta
denominaçãonão parece correta por que a hierarquização ou a não
hierarquizaçãonão é a característica mais essencial destes tipos de
classificação,embora as classificações naturais tendam a retratar a
hierarquizaçãoda natureza.
Por outro lado, há quem afirme que uma classificaçãoé
hierarquizada quando cada nível representar um grau assinalado
porum traço essencial seu, que o caracterize como indivíduo,
espécie,gênero, família, classe. Na verdade, seria muito mais
lógico pretenderque uma classificação fosse hierarquizada quando
nela se estabeleceremrelações de subordinação entre seus
elementos; mas, mesmonesta eventualidade, melhor seria falar em
relações taxonômicas hierarquizadas que em classificação
hierarquizada.
Não se pode esquecer que, mesmo as classificaçõesnaturais,
correspondem a construções heurísticas, a construtosque contêm,
sempre, alguma artificialidade e que sua estabilidadetemporal vai
depender do significado da propriedade que houver sido eleita
para táxon. Pois, nunca é demais que se repita, por mais
concretos que sejam os objetos dos ordenados em uma
classificação,o critério que for usado para sistematizá-los será
sempre produtode uma abstração.
Na medida em que se conhece mais e mais alguma coisa, podesemudar aquilo que se considera como essencial nela. Daí
porque, pode-seafirmar ser bastante possível que um atributo tido

28
como o mais essencialde uma coisa ou processo, em um dado
momento do conhecimento, nãoseja reconhecido assim, no
momento seguinte; e que um traço tido comoessencial de um certo
ponto de vista, pode não ser de outro. Portudo isto, seria melhor
dizer classificação a partir do essenciale do acessório.
Não é demais repetir que unicamente as classificações naturais,
isso é, aquelas que levem em conta atributos essenciais das
coisas e dos processos estudados devem ser chamadas
classificações científicas.
As demais, fundamentadas em características acessórias, são
apenas classificações utilitárias. Pretender fazê-las científicas,
revela incapacidade ou, simplesmente, uma conduta científica
fraudulenta. Porque, muitas vezes, neste procedimento de
ordenara e reordenar os elementos de um conjunto de coisas que
suas características mais gerais e mais essenciais podem ser
identificadas.
Classificação Homogênea e Heterogênea
As classificações podem ser construídas a partir de um ou de vários critérios de
classificação. Considerando-a uniformidade do critério em cada patamar
taxonômico, as classificações podem ser classificadas em homogêneas e
heterogêneas. Uma classificação rigorosa e completamente homogênea é aquela
que decorre do emprego de um único critério de classificação (táxon). Contudo,
por não haver qualquer necessidade de rigidez quanto a isto, uma classificação
pode ser considerada homogênea se todos os elementos classificados em cada
patamar taxonômico forem escolhidos pelo mesmo táxon.
Por exemplo, um grupo de pessoas é classificada: no primeiro patamar pelo sexo,
no segundo pela idade, no terceiro pela escolaridade, no quanto pela
naturalidade. Esta classificação é homogênea. Já se forem classificadas pelos sexo
em um grupo masculino e um grupo feminino; o primeiro destes grupos for
ordenado pela idade e o segundo pela altura, já se tem um excelente exemplo de
classificação heterogênea. É isto que vem acontecendo com as listas nosográficas
contemporâneas (tanto as classificações da associação psiquiátrica Americana,
DSM, quanto a da Organização Mundial da Saúde, CID/10). São programas
nosográficos (e não nosológicos) e heterogêneos.
Na CID/10 e nos DDSSMM, 3 a heterogeneidade compromete sua
cientificidade,embora não exerça, necessariamente influência sobre a
utilidadeque se pretende de seu emprego na prática.
Nas classificações homogêneas, cada nível taxonômico éorganizado segundo o
mesmo ou os mesmos critérios. Nas classificaçõesheterogêneas, diferentes
critérios se misturam em cada um dos seusníveis, isto é, uma classificação é
chamada de homogênea quando emprega o mesmo táxon em cada um de seus
3

Todos os catálogos nosográficosproduzidos pela Sociedade Americana de Psiquiatria,
desde o primeiroDSM, são classificações heterogêneas e isto as invalida como instrumentos
heurísticos e científicos, como mostram muitos autoresque as estudaram como Henry Ey,
por exemplo (Études Psychiatriques,vol. 3, p. 25).

29
níveis. O empregode mais de um critério classificatório em cada nível resulta em
classificações heterogêneas.
É muito difícil acreditar porque e como, instrumentos
ideológicostão obviamente falhos, como são estas listas
nosográficas,acabam por se transformar em fontes de preparação
de psiquiatras,no primeiro manual de psiquiatria em uso por
estudantes e residentes.Na referência obrigatória da maioria dos
programas formativos de especialistasque substituem os tratados
mais detalhados por estes resumos.
Classificação Heurística (Natural) e Utilitária(Artificial)
As classificações heurísticas são aquelas cujoobjetivo é ser instrumento do
conhecimento, enquanto que as classificaçõesutilitárias se prestam unicamente
para ordenar pragmaticamente algumascoisas segundo o interesse de quem o
faz.A ordenação dos objetos e fenômenos em grupos homogêneosem função de
alguma característica comum é uma das maneiras maiselementares de raciocinar
e de ampliar o conhecimento sobre as coisas.
As
classificações
empregadas
como
instrumento
de
conhecimentocientífico (as classificações, por isto mesmo,
denominadas heurísticas),como já se viu, devem se iniciar pela
descrição precisa e sistemáticados objetos ou fenômenos a
classificar, o que se constitui no momentodescritivo-analítico da
classificação.
No momento cognitivo, a descrição torna-se um instrumento da classificação e,
ao mesmo tempo, seu resultado.Porque a classificação enriquece a descrição, ao
ponto depossibilitar a construção do conceito e a permitir inferir explicaçõesou,
o que é mais comum, possibilitar a construção de hipótesesexplicativas.
A classificação dos conceitos que simbolizam objetos materiais ou conceituais
implica na utilizaçãosimultânea de dois mecanismos: o de apreender o objeto (e,
assim, singularizá-lo) e o de estenderseu conteúdo para outros conceitos que
partilhem aquele atributo com ele e com ele se identifiquem (de modo a
coletivizá-lo).Quando se dispuser de informações acerca da explicação
dofenômeno ou objeto que estiver sendo conhecido (ou seja, o essencialdo
conteúdo) dos fenômenos classificados, a sistematização passaa se fundamentar
em dados explicativos (o momento analítico-explicativo).
Nenhuma classificação há de ser um instrumento científico satisfatório,se os
objetos ou fenômenos que ordenar não estiverem previamentebem
especificados; bem descritos; bem categorizados (ou conceituados)e, por fim,
bem explicados e definidos. Por tudo isto, a evidenciação,a descrição e a
nominação são os momentos mais precoces(ainda que integrados) da elaboração
subjetiva do conhecimentoe a nomenclatura (seja de um conceito descritivo ou
explicativo) oprimeiro patamar de uma ciência enquanto sistema lógico
reconhecidocomo científico.Sobretudo, não se deve confundir uma classificação
científicacom a nomenclatura que pode e costuma ser utilitária.

30
Classificar e Catalogar.
Uma classificação é chamada natural, quando seu critério classificatório é um
elemento essencial da estrutura que classifica e artificial (ou catalogação)
quando seu critério representa algum traço aciental ou característica accessória
das coisas classificadas. é importante ter sempre presente que apenas as
classificações homogêneas e naturais podem ter valor heurístico e, portanto,
serem lidos de conhecimento, principalmente do conhecimento científico, ainda
que não se possa ou se deva tentar absolutizar o valor heurístico.
Classificação Natural
A classificação natural é um tipo de organização hierarquizada dos elementos do
conceito mais amplo que se pretende classificar, feita a partir de uma qualidade
essencial sua; prosseguindo o processo de organização, num segundo passo,
subdividindo-se o restante obtido, já aí considerado a nova totalidade a
subdividir, até que se defina uma qualidade que identifique apenas um indivíduo
da série, num processo lógico denominado análise.
Este tipo de classificação se denomina natural porque estas ordenações
sistemáticas refletem a ordem encontrada nas coisas da natureza.
Porque o critério classificatório é um atributo essencial das coisas classificadas,
ele permite conhecer sempre mais sobre aquelas coisas. Por isto, as
classificações naturais são chamadas heurísticas ou científicas (ou, ainda,
classificações filéticas, baseadas em características filogenéticas dos organismos
vivos).
Uma classificação natural deve ter cada um de seus níveistaxonômicos definido
por um critério (o seu táxon) que deve correspondera uma qualidade essencial
da totalidade composta pelos elementos classificadosnaquele patamar
classificatório; e, por isto, esse táxon deve sercaracterizador de toda a subdivisão
resultante de seu empregoporque enquadrada por aquele critério. Isto porque,
por definição,a classificação natural utiliza como critério analítico uma
propriedadeessencial do material original a ser analisado e aquele atributo,
eleito como táxon, vai determinar e definir toda a categoria do nível inferior que
passa a existir como um conjunto em funçãodele.
Cada um dos critérios classificatórios (taxa, plural de táxon) das classificações
naturais deve corresponder a uma condição essencial dos objetos ou processos
naturais classificados. Partindo de uma concepção sistêmica da natureza, como é
uma importante tendência epistemológica contemporânea, ao se descobrir a
característica essencial de um conjunto de objetos ou processos naturais,
descobre-se a chave de sua explicação e da construção de predições válidas
sobre aquilo. O que constitui, afinal, os dois objetivos mais importantes da
ciência. Quando se trata de fenômenos naturais, aplicação direta destas
informações parece muito razoável e há um século vem rendendo dividendos
valiosos para as ciências da natureza. O que não tem acontecido para as ciências
da sociedade e para as ciências do homem. Muito provavelmente porque, a
despeito da natureza sistêmica da estruturação de seus objetos e de seus
fenômenos, tem havido naquelas ciências uma intrusão de valores, critérios e

31
procedimentos adequados às ciências naturais, mas inservíveis na investigação
da sociedade e do ser humano.
Classificar é exercitar o método analítico para ampliar o conhecimento sobre um
conjunto de coisas, mas este objetivo somente será atingido, enquanto
instrumento da metodologia científica, quando resultarem em classificações
naturais. A classificação é um modelo exemplar da análise como procedimento
racional e da descrição como instrumento do conhecimento, de todas as
modalidades de conhecer.
A classificação natural é um tipo de organizaçãohierarquizada dos elementos do
conceito mais amplo que se pretendeclassificar, feita a partir de uma qualidade
essencial sua; prosseguindoo processo de organização, num segundo passo,
subdividindo-seo restante obtido, já aí considerado a nova totalidade a
subdividir,até que se defina uma qualidade que identifique apenas um
indivíduoda série, num processo lógico denominado análise.
Este tipo de classificação se denomina natural porque estas ordenações
sistemáticas refletem a ordem encontrada nas coisasda natureza.Porque o
critério classificatório é um atributo essencial das coisasclassificadas, ele
permite conhecer sempre mais sobre aquelas coisas.Por isto, as classificações
naturais são chamadas heurísticasou científicas (ou, ainda, classificações
filéticas, baseadas em características filogenéticas dos organismos vivos).Por
isto, quando em uma classificação (ou em um nível taxonômicode uma
classificação) se emprega como táxon um atributo quenão seja uma
característica essencial (ou um elemento importantedo conteúdo) do conjunto
classificado, aquela classificação nãopode ser considerada como um instrumento
do conhecimento científico.
Numa classificação de doenças, por exemplo, quando se escolher a etiologia
como táxon, isto resultará em uma classificação natural, porque se trata de um
atributo natural e essencial, mas escolher a presença deste ou daquele sintoma
pode ser ou não. Pois se sabe que, se bem que alguns sintomas sejam
patognomônicos de certas enfermidades, a maioria deles é acidental e não
conduz a nenhuma explicação sobre a sua natureza.
Quando se trata de fenômenos naturais, aplicação diretadestas informações
parece muito razoável e há um século vem rendendodividendos valiosos para as
ciências da natureza. O que não temacontecido para as ciências da sociedade e
para as ciências do homem.Muito provavelmente porque, a despeito da natureza
sistêmica da estruturaçãode seus objetos e de seus fenômenos, tem havido
naquelas ciênciasuma intrusão de valores, critérios e procedimentos adequados
àsciências naturais, mas inservíveis na investigação da sociedadee do ser
humano.
Nas classificações naturais, a escolha de um critério que corresponda a uma
característica essencial da coisa classificada permite a utilização do fenômenos
lógico analítico naquilo que interessa mais àquele objeto ou processo que está
sendo classificado, ainda que este traço essencial seja descoberto após
sucessivas tentativas.

32
As únicas classificações que devem ser chamadas de sistêmicas, aquelas que
poderiam legitimamente ser denominadas sistemas classificatórios, são as
classificaçõesnaturais estruturadas de acordo com o mínimo rigor
metodológicoem sua construção. Principalmente que obedecessem ao princípio
de homogeneidadetaxonômica. E, se isto ainda não existe, a despeito das
muitastentativas desde Boissier des Sauvages, é porque esta tarefa aindanão é
viável.
A grande dificuldade de se estabelecer uma classificação natural e homogênea
em Psiquiatria reside na dificuldade de identificar os atributos essenciais (e,
mais ainda, o atributo mais essencial para um propósito qualquer) de cada grupo
de fenômenos psicopatológicos por causa da extrema complexidade e
ideologização da matéria.
Mesmo o senso comum informa que o dado essencial mais importante do
conteúdo de uma condição patológica deva ser sua etiologia. Daí porque, jamais
se construirá uma nosologia (classificação explicativa das enfermidades)
verdadeiramente heurística, sem que se tenha certeza da etiologia dos
fenômenos patológicos classificados. As nosografias (classificações descritivas
das enfermidades) não se prestam a esta função.
Nas ciências naturais, como a Química e a Biologia, em cujo desenvolvimento
inicial, os procedimentos classificatórios desempenharam papel crucial,
evidenciam-se como o conhecimento descritivos que vão passando ao
explicativo. Para que isso aconteça, os elementos de forma (descritivos) tomados
como taxa, deverão ser substituídos por outros, etiológicos ou, de qualquer
maneira,explicativos (dados de definição) porque este é o caminho naturalda
elaboração cognitiva: da forma para o conteúdo, da aparênciapara a essência, do
simples para o complexo e, por isto, também caminhada descrição para a
explicação do conhecimento dos seres parao conhecimento da natureza de suas
relações.
Não é possível supor que uma ordenação baseada
exclusivamenteem dados descritivos informe sobre a essência das
coisas ordenadas.

Classificação Artificial ou Catalogação
Uma ordenação de objetos deve ser chamada de catalogação ou classificação
artificial, (sendo bem melhor denominá-la de catálogo, lista, listagem, rol)
quando se origina em um táxon ou conjunto de taxa que não correspondem a
características essenciais (tidas como não naturais, impropriamente chamadas
artificiais) dos objetos ou fenômenos ordenados (como tamanho, peso,
ordenação alfabética ou outra qualquer que não represente uma qualidade
essencial do grupo). Nela, a escolha do critério da catalogação resulta só do
arbítrio ou do interesse do ordenador.
O termo classificação artificial é impróprio porque toda classificação, já se disse,
é uma construção humana e, portanto, artificial.

33
A rigor, as assim chamadas classificações artificiais não são classificações,
obedecendo-se ao significado rigoroso deste termo.
Estas classificações que se baseiam em características aparentes, quando
ordenam seres vivos podem ser chamadas classificações fenéticas (baseadas em
características fenotípicas dos seres biológicos).
A impropriedade da denominação classificação para as
ordenações não classificatórias, como as listas alfabéticas ou
quaisquer outras fundamentadas em atributos não essenciais das
coisas ordenadas, tem exercido influência perniciosa no
desenvolvimento científico e técnico, como é bem fácil de imaginar
ou reconhecer.
No entanto, sabe-se que as possibilidades heurísticas de uma
catalogação são mínimas, devendo ser inteiramente acidentais e
casuais, cabendo-lhe unicamente importância pragmática para a
finalidade para a qual tenha sido construída. Por isto, em geral,
não tem utilidade científica e não contribui para o desenvolvimento
da ciência e seu status científico é muito baixo. Talvez por esta
razão, pode-se encontrar catalogações de fatos arquitetadas
segundo critérios bastante acessórios que são apresentadas como
se fossem classificações naturais.
Catalogar ou fazer um rol de objetos é construir uma classificação artificial. Nas
classificaçõesnaturais, a escolha de um critério que corresponda a uma
característicaessencial da coisa classificada permite a utilização do
fenômenoslógico analítico naquilo que é mais importante àquele objeto ou
processoque está sendo classificado. Na catalogação, emprega-se o critérioque
interesse mais ao seu elaborador. O critério diferenciador deuma catalogação é
determinado pela utilidade que se pretende daquelarelação de coisas.
Numa classificação de enfermidades, por exemplo, sea utilidade
que ela pretender for disciplinar os diagnósticos e homogeneizaros
relatórios de produção de serviços (uma lista nosográfica),não
haverá qualquer necessidade da classificação ser heurística.
Talvez até deva ser um catálogo de fácil utilização e adequada
para aquilo que está destinado.
Contudo, se a pretensão for produzir uma nosologia quepossibilite
tratar enfermos e facilite o avanço do conhecimento sobre aquelas
enfermidades, atrabalho terá que ser produzir uma classificação
natural e, poristo, científica.
Classificações Clássicas e Prototípicas
As classificações clássicas operam com categorias características que formam
conjuntos homogêneos.
As classificações prototípicas operam com protótipos (modelos ideais) que
servem de referência. Nas primeiras dá-se a tendência de supervalorizar as
semelhanças e a ignorar as diferenças. Nas segundas, a maior ou menor
proximidade em relação ao protótipo pode se dar em qualquer dos traços

34
As 5 etapas do processo de construção do conhecimento
As 5 etapas do processo de construção do conhecimento
As 5 etapas do processo de construção do conhecimento
As 5 etapas do processo de construção do conhecimento
As 5 etapas do processo de construção do conhecimento
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As 5 etapas do processo de construção do conhecimento

  • 1. 8. ETAPAS DO PROCESSO DE CONHECER Luiz Salvador de Miranda Sá Jr. “O método científico é comprovado e verdadeiro. Não é perfeito, é apenas o melhor que temos. Abandoná-lo, junto com seus protocolos céticos, é o caminho para uma idade das trevas.” Carl Sagan O procedimento de construção do conhecimento, qualquer que for sua natureza, amplitude ou profundidade, não se dá em um momento único, como uma atividade psicológica ou lógica elementar e automática. Nem acontece como a simples acumulação, mais ou menos mecânica e passiva, de dados cognitivos apreendidos pela consciência. O conhecimento aparentemente mais simples, de coisas aparentemente mais elementares envolve um mundo d percepções, de associações e outros processos mentais realizados em miríades de neurônios e de conexões neuronais. Além do quê, a construção do conhecimento se concretiza como processo dinâmico, tanto como procedimento psicológico de aprender quanto como a operação de um sistema inteligente de elaboração e conservação de dados lógicos nas consciências individuais; e como processo sociocultural. O processo gnosiológico individual de conhecer pode ser subdividido em cinco etapas ou níveis inter-complementares e bastante interativos. Tais níveis se revelam progressivamente mais eficientes, porque cada um deles pode ser tido como mais preciso e mais exato que o anterior do ponto de vista de seu objetivo (possibilitar e aperfeiçoar o conhecimento). Estes níveis do processo de conhecer também se mostram bem diferenciáveis em tese, ainda que isto não seja sempre fácil na prática. Tal processo de estrutura o conhecimento pode ser concebido como um sistema para conhecer que produz sistemas de conhecimento. Em tal sistema para conhecer, seus patamares, etapas componentes ou níveis do conhecimento podem e devem ser entendidos como subsistemas e elementos deste sistema mais amplo. Os cinco níveis do processo de elaboração do conhecimento são: a) indiciação, b) descrição (ou conceituação descritiva), c) nominação (ou conceituação nominativa), d) explicação (conceituação explicativa) e 1
  • 2. e) definição. Cada um destes momentos do processo cognitivo, independente de sua amplitude, de sua complexidade ou do tempo de sua duração, pode interagir com os demais. Cada um deles exerce alguma influência sobre os demais, enquanto é influenciado por eles. Por cada um deles, por cada grupo deles ou por todos eles simultaneamente. O desenvolvimento de cada um destes níveis cognitivos (ou subsistemas funcionais), amplia os demais e enriquece o conhecimento que se amplia e aprofunda durante a realização deste processo. Cada um destes níveis cognitivos, pode ser considerado como uma etapa identificável e progressivamente mais elaborada do processo de apropriação pelo sujeito das propriedades do objeto. Cada um destes momentos do processo do conhecimento, além de fundamentar o momento seguinte, reforça e força a reelaboração do resultado dos momentos anteriores, na medida em que estas etapas cognitivas se enriquecem reciprocamente no processo continuado de construção e permanente aperfeiçoamento do conhecimento. Isto porque o conhecimento, mesmo concebido como um processo, não pode ser entendido como um processo mecânico e unidirecional de acumulação mais ou menos passiva de informações que se superpõem, mas um processamento dinâmico, permanentemente reformulado e constantemente repensado, na medida em que se amplia e se enriquece. O conhecimento se enriquece na medida em que preenche as condições de cada um destes momentos cognitivos, progressivamente mais elaborados e cada um deles propiciador de um conhecimento mais rico e mais preciso acerca de seu objeto. Há quem sustente que a indiciação, na medida em que se dá passivamente ao sensório, não deve ser considerada como o primeiro momento do conhecimento que se iniciaria, a rigor, quando se iniciasse o reconhecimento das características e a avaliação das relações do ser cognoscente com o mundo. Contudo, como não pode acontecer o conhecimento sem que a existência da coisa cognoscente se torne evidente, este momento tanto pode ser considerado como preconhecimento necessário, quanto como parte integrante do procedimento de conhecer. Mas também há de se reconhecer que não há processo ou processamento psíquico passivo. Toda atividade psicológica, mesmo a mais inibitória, é ativa. Por isto, aqui, se optou pela segunda alternativa, a indiciação e, na verdade, o primeiro momento do processo cognitivo. 2
  • 3. 8.1. Indiciação O indício é uma espécie de sinal de alarme que avisa haver algo novo para ser conhecido, que apareceu algo novo ou aparentemente novo no campo da consciência e que este objeto pode ser conhecido. Este primeiro momento de construção do conhecimento marca a emergência de uma nova imagem na consciência de quem experimenta o ato cognitivo. Este primeiro momento pode resultar de diferentes meios: da percepção do novo objeto, da recepção de uma mensagem que comunica sua existência, de uma intuição ou de uma inferência racional elaborada pelo próprio sujeito. A indiciação consiste na identificação do objeto material ou conceitual a conhecer como existente com alguma autonomia em relação aos demais objetos e sua distinção como algo singular no mundo; alguma coisa diferente das outras já conhecidas. A evidenciação inicia a individuação e pode se dar a partir da identificação de qualquer característica que individualize o objeto que começa a ser conhecido como uma individualidade, confundindo-se, portanto, com o início da descrição, até porque nenhum dos níveis do processo cognitivo pode ser considerado como estanque em relação aos demais. Neste momento cognitivo, um objeto, antes despercebido, se evidencia à consciência e aí se inicia o processo mais ou menos complexo de conhecê-lo. Parece desnecessário lembrar que, aqui, o termo objeto está sendo empregado com o sentido de objeto do conhecimento, isto é, qualquer objeto material ou conceitual que esteja começando a ser conhecido. Um objeto material ou conceitual, uma pessoa, um teorema, uma fábula. Qualquer objeto. Seja qual for o meio pelo qual a imagem daquele objeto novo emerge na consciência cognoscente, a evidenciação ou indiciação é invariavelmente experimentada pelo seu sujeito como o primeiro momento do processo do conhecimento de um objeto cognitivo e, com isto, produz o estágio mais elementar de seu resultado. E fenômeno é como se denomina tudo o que sucede a um objeto. 3
  • 4. Acontece a indiciação quando, por qualquer meio, se dá a caracterização de um certo objeto ou fenômeno novo na consciência e sua separação das demais coisas já conhecidas, ainda que lhe sejam mais ou menos próximas ou semelhantes. Há, ao menos um indício de que aquilo é algo novo. Para os filósofos tomistas, na evidenciação o objeto do conhecimento novo é distinguido como uma singularidade a ser melhor conhecida. Diziam que algo é evidente quando sua existência se impõe à consciência. Como ato perceptivo, a evidenciação consiste na identificação do objeto ou fenômeno a conhecer como algo novo, diferente daquilo que já se conhece e sua distinção como algo singular no mundo, diferente de tudo que se conhecia até então. Mas este momento nem sempre é um fruto da percepção, pode ser uma conclusão racional ou mesmo uma intuição a ser confirmada Os conceitos filosóficos de generalidade, particularidade e singularidade (por causa de sua importância para o entendimento das relações objetivas das coisas no mundo) fornecem a base necessária para entender o momento da evidenciação no procedimento cognitivo. Inicialmente, cada objeto ou fenômenos aparece a quem o percebe como algo singular. Em filosofia do conhecimento, os termos individuação e individualização, como percepção da individualidade através da identificação de algumas de suas características distintivas, talvez pudessem ser empregados como análogos à evidenciação. Contudo, em Psicologia e em Psicopatologia, o termo evidenciação tem sentido bem mais restrito, e quer dizer o surgimento dos fatores distintivos do indivíduo que sejam suficientes para fazê-lo notado como algo específico; o processo de construção da individualidade, com o mesmo significado de identidade, a partir de aptidões, possibilidades e estímulos internos (centrífugos) e externos (centrípetos). Neste sentido, a lei da individuação ou individualização do comportamento consiste no princípio segundo o qual os padrões de comportamento se desenvolvem, desde muito precocemente, através de períodos de crescimento que são unidades perfeitamente integradas e identificadas aos padrões da espécie, enquanto surgem padrões parciais que se identificam com o indivíduo. No passo seguinte, alguns de seus elementos se identificam com características já conhecidas de outros objetos idênticos, semelhantes ou análogos ou associáveis a ele de qualquer maneira, impondo-se o conhecimento daquela particularidade. A particularidade que reúne todos os objetos de um conjunto geral em um subconjunto particular. A particularidade está contida na generalidade assim como a individualidade ou singularidade está contida na particularidade. A seguir, surge a noção de generalidade pela identificação de características que acontecem em todos os componentes estudados e a individualidade, assinalada pelas característica que marcam a singularidade de um indivíduo daquele conjunto. Neste primeiro momento do processo de construção do conhecimento das coisas do mundo, a pessoa se dá conta de que existe no mundo da realidade (ainda que 4
  • 5. subjetiva ou abstrata) alguma coisa nova a ser conhecida que pode ser separada das demais; isto é o que aqui se denomina a evidenciação (ou indiciação). E é a partir deste momento, desta semente de conhecimento, a evidenciação, que se inicia a edificação do saber, qualquer que venha a ser sua extensão, amplitude, profundidade ou complexidade. Porque, embora os objetos e acontecimentos da natureza sejam realidades naturais, como os enfermos e suas manifestações patológicas, por exemplo, o conhecimento que se tem sobre eles são construções culturais com diferentes potenciais preditivos e explicativos. De onde surge a noção de enfermidade, como condição essencial para caracterizar um indivíduo enfermo. A evidenciação, primeiro momento do processo de conhecer, se dá mais ou menos da mesma maneira no conhecimento vulgar, no conhecimento científico e no conhecimento filosófico. O conhecimento científico e o filosófico se caracterizam pela precisão de seus símbolos e pelo rigor dos seu procedimentos. Estes talvez sejam os elementos mais importantes para diferenciá-los do senso comum, há de verificar adiante. Não obstante esta questão irá se colocar apenas no momento seguinte, na descrição. O conhecimento médico não é uma exceção a esta organização geral da construção do conhecimento científico. Distingue-se, no entanto, pela peculiaridade de seus objetos: coisas como saúde, doença, doente, terapêutica, diagnóstico, prognóstico, etiologia e tantos outros fenômenos naturais 8.2. A Descrição (conceituação descritiva) Luiz Salvador de Miranda Sá Jr. Formalmente, depois da indiciação e antes da nominação (característica da conceituação da identificação), para a qual fornece importante contributo, o segundo momento do processo do conhecimento é a descrição. Tem-se a descrição como a segunda etapa na qual prossegue o processo de construção do conhecimento acerca do objeto ou fenômeno (que havia sido evidenciado no momento cognitivo anterior), através de informações cada vez mais exatas e completas que se pode obter sobre os objetos do conhecimento. Informações que, em geral, se iniciam em dados sobre a sua forma e sua aparência. Dados que permitem elaborar uma imagem sistematizada daquele objeto que possa se 5
  • 6. comunicada e entendida e que o identifiquem como uma entidade singular individualizada. Na descrição ou conceituação descritiva se concretiza o processo cognitivo de estabelecer relação entre a coisa descrita e suas características, sejam elas acidentais ou essenciais, permanentes ou transitórias. Oreconhecimento das características mais essenciais (do conteúdo e da essência) do objeto descrito conduz ao passo seguinte do processo e é um dos objetivos da descrição a explicação. Isso porqu o conhecimento se inicia na forma e na aparência do objeto e evolui para o rconhecimento dos elemntos de seu conteúdo e de sua essência. Do ponto de vista de sua estrutura, a descrição é um nível do processo cognitivo no qual se indica como o objeto do conhecimento parece ao sujeito que começou a conhecê-lo na indiciaçåo; como o objeto do conhecimento se revela aos seus sentidos ou à sua razão. A rigor, o procedimento descritivo se inicia no mesmo momento em que se dá a evidenciação de um objeto qualquer, se bem que em termos cognitivos, os dois processos ideativos sejam tidos como distintos, ainda que não se possa especificar exatamente seus limites. De certa maneira, o início da descrição se confunde com a evidenciação e, depois, a desenvolve. O significado da descrição é diferente nas diferentes escolas filosóficas. Os os adeptos do fenomenologismo, os positivistas e neo-positivistas consideram-na o objetivo da ciência e concentram nela sua atenção, principalmente por considerarem a explicaçãoimpossível ou inconfiável. Na medida em que se aperfeiçoam as descrições, e na medida emque alguns elementos descritivos vão sendo reconhecidos como maisgerais e mais essenciais, a descrição se aproxima da definiçãoaté se transformar nela; porque, em geral, só é possível construirdefinições através da descoberta das características descritivasmais gerais e mais essenciais e, por isto, se referem à essência eao conteúdo da coisa descrita. A descrição sistemática marcou a revolução científicano Renascimento e o próprio surgimento da ciência como instituiçãosocial (e não apenas como acervo de conhecimentos). O reconhecimentode sua validade como fonte de saber fidedigno e a difusão entreos cientistas de sua prática intensiva, emprestou grande importância a este momento do procedimento cognitivo e foi essencial para o adventoposterior da experimentação como elemento científico do procedimento de conhecer. Nas últimas décadas, os procedimentos descritivos propostospelos fenomenologistas para o estudo dos fatos psiquiátricos vêm sendoconfrontados com os recursos descritivos das neurociências (quantificáveis,por sua própria natureza). Esta confrontação levou a um falsodilema: quantificar ou fenomenolizar? Falso porque estes dois tiposde recursos são diferentes, têm serventias diversas e nãocolidem. Coexistem sem qualquer antagonismo, na medida em que sejam reconhecidos como momentos progressivamente mais elaborados do procedimento cognitivo. Convém ter sempre presente que o conhecimento caminha da forma para o conteúdo e da aparência para a essência de seu objeto e pode 6
  • 7. empregar tanto recursos que se referem à sua quantidade ou às suas qualidades. Os procedimentos fenomenológicos ou fenomênicos são empregados paraa caracterização de objetos inquantificáveis (como os delírios,os sentimentos, a intencionalidade, a dissociação e tantos outros). Métodos quantitativos e qualitativos completamos procedimentos de estudo das neurociências, não se excluem exclúem. Mas, em termos científicos, o que significa exatamente descrever? O método ou processo descritivo do conhecimento consiste em promover a enumeração das características percebidas ou inferidas do objeto do conhecimento na consciência cognoscente. Descrever é enumerar caracterizar os elementos perceptivos da aparência e da forma do objeto descrito buscando uma reprodução verbal ou gráfica de sua imagem. Seja este objeto um elemento concreto da realidade, seja uma entidade abstrata, um ente ideal. Ainda que tais características não sejam perceptíveis imediata e diretamente, mas possam ser inferido ou suspeitados, sabidos ou presumidos, buscando-se destacar aqueles dados descritivos que sejam mais essenciais e mais gerais ao objeto de descrição, qualquer que venha a ser ele. A descrição é um nível do processo cognitivo no qual se indica como o objeto do conhecimento parece ao sujeito que começou a conhecê-lo na evidenciação; como o objeto do conhecimento se revela aos seus sentidos ou à sua razão. A rigor, o procedimento descritivo se inicia no mesmo momento em que se dá a evidenciação, se bem que em termos cognitivos, os dois processos ideativos sejam tidos como distintos, ainda que não se possa especificar exatamente seus limites. De certa maneira, o início da descrição se confunde com a evidenciação e, depois, a desenvolve. Depois da evidenciação como primeiro passo do processo cognitivo, a descrição é o momento do conhecimento que integra a evidenciação e a identificação da coisa conhecida em uma unidade que envolve os sentidos e o pensamento em uma totalidade. Brentano (1838-1937) e outros fenomenologistas, como Husserl (1859-1938) e Jaspers (1883-1969) propuseram procedimentos úteis para proporcionar a descrição rigorosa de objetos e processos inquantificáveis ou de difícil quantificação para tornar seu estudo mais fidedigno e válido. A importância da contribuição de Brentano para a psicologia contemporânea decorre da influência teórica que teria exercido sobre Sigmund Freud e, conseqüentemente, sobre sua elaboração da sua teoria psicoanalítica e sobre seus discípulos que exercem influência cultural significativa. Esta constatação, no entanto, é indireta porquanto o estilo freudiano fazia com que ele, só muito raramente mencionasse em seus textos suas fontes de conhecimento e as influências exercidas por outrem sobre seu pensamento e as teorias que edificava com eles. As descrições podem refletir ângulos diferentes de apreciação de uma única realidade particular que esteja sendo descrita. Aquele ângulo que aquela fração 7
  • 8. da realidade, que é o objeto da descrição, porque um mesmo aspecto da realidade pode ser descrito de diferentes maneiras, de diferentes perspectivas, de diferentes pontos de interesse em função de objetivos diferentes; por isto, é possível que uma única coisa seja descrita de diversas maneiras. E estas descrições, ainda que diferentes, podem não excluir ou desmentir as demais. De certa forma, descrever é atribuir ou negar conceitos à coisa descrita; isto é, descrever é enunciar juízos sobre uma coisa. Os antigos chamavam a descrição de definição insuficiente porque era empregada quando a definição era desconhecida ou impossível de ser efetuada por que careciam de recursos cognitivos para realizá-la. De fato, em qualquer processo cognitivo, descreve-se aquilo que ainda não se pode definir. Pois, uma vez completada sua definição a descrição deixa de ser usada. O significado da descrição pode ser diferente nas diferentes escolas filosóficas. Os adeptos do fenomenologismo, os positivistas e neopositivistas consideram-na o objetivo da ciência e concentram nela sua atenção, principalmente por considerarem a explicação impossível ou inconfiável. Na medida em que se aperfeiçoam as descrições, e na medida em que alguns elementos descritivos vão sendo reconhecidos como mais gerais e mais essenciais, a descrição se aproxima da definição até se transformar nela; porque, em geral, só é possível construir definições através da descoberta das características descritivas mais gerais e mais essenciais e, por isto, se referem à essência e ao conteúdo da coisa descrita. A descrição sistemática marcou o ponto mais essencial da revolução científica havida no Renascimento e o próprio surgimento da ciência como instituição social (e não apenas como acervo de conhecimentos). O reconhecimento de sua validade como fonte de saber fidedigno e a difusão entre os cientistas de sua prática intensiva, emprestou grande importância a este momento do procedimento cognitivo e foi essencial para o advento posterior da experimentação como elemento de cientificidade. Nas últimas décadas, os procedimentos descritivos propostos pelos fenomenologistas para o estudo dos fatos psiquiátricos vêm sendo confrontados com os recursos descritivos das neurociências (quantificáveis, por sua própria natureza). Esta confrontação levou a um falso dilema: quantificar ou fenomenolizar? Falso porque estes dois tipos de recursos são diferentes, têm serventias diversas e não colidem. Os procedimentos fenomenológicos são empregados para a caracterização de objetos inquantificáveis (como os delírios, os sentimentos, a intencionalidade, a dissociação). Completam os procedimentos das neurociências, não os excluem. Descrição e Linguagem Existem dois tipos de descrição, a descrição do conhecimento comm e a descrição do conhecimento científico. 8
  • 9. A descrição científica se diferencia da descrição da linguagem comum e da descrição vulgar culta, que é como se denomina a descrição literária e descrição poética. Existem algumas exigências que são características da linguagem científica e, por isto, também exigidas nas descrições científicas que caracterizam a chamada ética do estilo científico, sem esquecer que a contaminação do senso comum é um dos impedimentos do desenvolvimento das ciências. Tais características são: = objetividade, = clareza, = exatidão, = brevidade, = diretividade, = afirmatividade. A objetividade é a qualidade daquilo que existe fora e independente do sujeito que o contempla, descreve ou estuda. Neste sentido particular, a objetividade se refere à não-subjetividade, isto é, à recusa da intuição e da introspecção como fontes de verdade. Mas também se refere à influência de opiniões ou processos afetivos do sujeito com relação ao objeto. No senso comum, o dado objetivo costuma se fundir com o subjetivo. Na ciência e na filosofia, a objetividade existe como reação ao subjetivismo e ao intuicionismo presentes na fase especulativa do pensamento filosófico-científico. Não deve se confundido com o objetivismo (que é o defeito metodológico antisubjetivismo). A ciência positivista é objetivista (o quanto consegue ser, porque surgiu como reação ao subjetivismo supersticioso), mas na maioria das outras tendências, o dado objetivo pretere o subjetivo, ainda que possa compor com ele uma síntese dialética, ou outro compromisso O estilo científico deve resultar em um texto ou discurso fácil deser entendido, representativo daquilo que pretende ser dito, fácilde ser entendido, isento de ambigüidade, obediente às regras da sintaxe empregada. A exatidão. A comunicação cientifica é uma modalidade da comunicação educada por definição. Considera a deseducação (ignorância, desinformação) como defeito a ser corrigido e não como modelo a ser divulgado. A comunicação científica (texto ou discurso) não deve fazer concessões aos modismos, à ignorância e à desinformação. A exatidão metodológica e comunicativa se refere 9
  • 10. ao emprego de recursos metodológicos e comunicativos que reduzam o mais possível a possibilidade de erro e imprecisão; por isto, a medição assumiu tamanha importância para a atividade científica. A clareza. O estilo de uma pessoa educada, quanto mais o discursos científico, deve resultar em um texto ou discurso fácil de ser bem entendido, devendo ser representativo daquilo que o autor pretende dizer; a comunicação científica deve ser clara para ser facilmente entendida, além de isenta de ambigüidade, obediente às regras da sintaxe empregada. A comunicação científica é uma modalidade da comunicaçãoeducada, a mais educada possível em cada momento do desenvolvimento da cultura. Considera a deseducação (ignorância, desinformação)como defeito a ser corrigido e não como modelo a ser divulgado ou, muito menos, copiado.A comunicação científica (texto ou discurso) não deve fazer concessões aos modismos, à ignorância e à desinformação. Por mais que esses sejam apreciados por seus cultivadores. A exigência de brevidade fala por si mesma. O texto científico deve se ater ao essencial, evitando o circunlóquio, a circunstancialidade (minuciosidade), a prolixidade. A diretividadese refere à necessidade do discurso ser direto, não usar metáforas, nem mesmo a ordeminversa das frases, não recorrer a outras figuras de linguagem. A afirmatividade que dizer que a linguagem científica deve empregar frases afirmativas e não as negativas. A descrição, em qualquer atividade científica, inclusive na Medicina, mas especialmente na psiquiatria, deve evitar qualquer pressuposto a priori. Isto é, não se deve recorrer, para uma descrição científica, a pressupostos teóricos não comprovados. Os fatos teóricos comprovados podem e devem ser empregados na elaboração e novos conhecimentos relacionados a eles. Nem pode ser diferente. Descrever e Medir A descrição concretiza o processo cognitivo de estabelecer relação entre a coisa descrita e suas características, sejam elas acidentais ou essenciais. Procedimento mental que, como já se mencionou, se inicia no primeiro instante do conhecimento. A descrição também inclui a descoberta das características essenciais conduz ao passo seguinte do processo cognitivo que e é um dos objetivos da descrição. A descrição será tão mais verdadeira, útil e confiável, no sentido gnosiológico mais exigente, quanto mais precisamente refletir, o mais exatamente possível, os atributos mais essenciais e característicos do objeto ou acontecimento descrito (principalmente os que podem ser sujeitos à quantificação); ampliando a base da conceituação e fornecendo elementos para a explicação e para uma definição científica aceitável. Neste momento cognitivo costuma-se se empregar o 10
  • 11. raciocínio analógico com a comparação da coisa estudada com outras. Comparar é identificar as semelhanças e diferenças que possa haver entre os objetos ou fenômenos comparados. Atualmente, ao menos para boa parte dos epistemólogos, adescrição é considerada como a etapa da investigação científicaque consiste em estabelecer os dados do experimento ou da observação,empregando-se qualquer sistema de designação possível de ser aceitopor aquela ciência, sobretudo a medição (ou outras formas de quantificação). Isso porque a descrição seja instrumentocaracterístico da observação como método científico e na análise,como procedimento racional e os procedimentos de medição sejammuito próprios dela. A descrição do senso comum costuma empregar elementos inexatos, assistematizados, contaminados por juízos subjetivos de valor, escalas ou instrumentos de medida carentes de padronização ou de universalização. Recursos que constituem erros como procedimento científico. As descrições vulgares costumam incluir pressupostos a priori, principalmente, aqueles característicos de uma sub-cultura. A descrição científica deve evitar qualquer pressuposto a priori e noções teóricas incomprovadas. Isto é, não se deve recorrer, para uma descrição científica, a crenças e pressupostos teóricos não comprovados. Os fatos teóricos comprovados podem e devem ser empregados na elaboração e novos conhecimentos relacionados a eles. Nem pode ser diferente. A descrição será tão mais verdadeira, útile confiável, no sentido gnosiológico mais exigente, quanto mais precisamenterefletir, o mais exatamente possível, os atributos mais essenciaise característicos do objeto ou acontecimento descrito (principalmente os que podem ser sujeitos à quantificação); ampliando a base daconceituação e fornecendo elementos para a explicação e parauma definição científica aceitável. A introdução da medida como instrumento importante da descrição nos procedimentos de observação e experimentação científicas caracterizou uma das mais importantes revoluções paradigmáticas da ciência e iniciou a ciência moderna: a chamada revolução galilaica, porque efetivada pelos trabalhos de Galileu Galilei. A quantificação representa um momento evoluído do desenvolvimento científico. Contudo, nem tudo pode ser quantificado. E enquanto não se pode quantificar, quando se tratar de qualidades, por exemplo, deve-se empregar outros recursos. Neste momento cognitivo costuma-sese empregar o raciocínio analógico com a comparaçãoda coisaestudada com outra ou outras. Comparar é identificar as semelhanças e diferençasque possa haver entre os objetos ou fenômenos comparados. A linguagem empregada em uma descrição influi poderosamente no resultado daquela tarefa cognitiva. Por isto, pode-se pretender que os procedimentos descritivos dependem da linguagem empregada em sua elaboração; assim como 11
  • 12. a modalidade de linguagem de uma descrição depende do objeto descrito e dos recursos disponíveis. Pode-se descrever empregando qualquer linguagem viável capaz de comunicar sa características da coisas descrita. Pode-se usar as palavras da linguagem comum ou os símbolos de uma determinada ciência (termoss, símbolos matemáticos ou químicos, matrizes, gráficos, medidas, reproduções fotográficas, fonográficas ou outros recursos de gravação ou outros registros). Enfim, é possível descrever empregando qualquer linguagem capaz de comunicar os atributos descritos o mais exatamente possível e, por causa desta necessidade de exatidão, sempre que for possível, os atributos mencionados em uma descrição devem ser quantificados, porque isto amplia a exatidão e a confiabilidade da descrição, razão pela qual, a quantificação está se tornando uma exigência fundamental da descrição científica. Não obstante, é uma falsidade pretender que uma descrição só será científica se quantificada. A linguagem será tão mais científica quanto mais exata e fiel. Uma descrição deve ser considerada tão científica quanto maior for sua fidedignidade com que comunique com a possível precisão a qualidade do objeto da descrição. Em alguns casos, a reprodução ideal pode ser aquela que reproduza uma imagem da coisa descrita, a partir do ponto de vista que for considerado mais essencial. Contudo, certos objetos e situações, não possibilitam quantificação. Estes objetos e estas situações podem ser razoavelmente descritos empregando-se recursos denominados qualitativos. Para os positivistas extremados a tarefa da ciência se resume à descrição dos fatos e que as descrições científicas devem ser, necessariamente, quantificadas; por isto, os cientistas positivistas (e, como eles, os neo positivistas e os empiristas) se limitam a descrever ou superdimensionam a importância da descrição e da quantificação, ao mesmo tempo que negam ou minimizam a explicação como instrumento do conhecimento científico. Para eles, o conceito é unicamente descritivo. O conhecimento construído acerca dos fenômenos e processos naturais, sociais ou humanos estudados pela Medicina e pela Psiquiatria também obedece ao processo cognitivo de descrição, sistematização e ressistematização, por isto, a classificação desempenha, nelas, papel essencial na sistematização da informação descrita. O procedimento científico denominado método clínico é essencialmente analítico-descritivo. E o chamado método ou procedimento fenomenológico é um conjunto de diretrizes para disciplinar a observação tornando-a mais válida e fidedigna para possibilitar o estudo das coisas inquantificáveis com os recursos disponíveis de medida, empregando inclusive a analogia com outros casos individuais. A introdução das técnicas de medição cada vez mais precisas como instrumento da descriçãonos procedimentos de observação e experimentação científicascaracterizou uma das mais importantes revoluções paradigmáticasda ciência e iniciou a ciência moderna: a chamada revolução galilaica,porque efetivada pelos trabalhos de Galileu Galilei e se aperfeiçoa aceleradamente. 12
  • 13. A quantificaçãorepresenta um momento evoluído do desenvolvimento científico, especificamente da descrição científica. Contudo,nem tudo pode ser quantificado. E enquanto não se pode quantificar,quando se tratar de qualidades, por exemplo, deve-se empregar outrosprocedimentos descritivos, ainda que de menos alcance e de menor confiabilidade. O conhecimento construído acerca dos fenômenos e processos naturais,sociais ou humanos estudados pela Medicina e pela Psiquiatria tambémobedece ao processo cognitivo de descrição, sistematizaçãoe ressistematização, por isto, a classificação desempenha,nelas, papel essencial na sistematização da informação descrita. O procedimento científico denominado método clínico é essencialmenteanalítico-descritivo. E o chamado método ou procedimento fenomenológicoé um conjunto de diretrizes para disciplinar a observação tornando-amais válida e fidedigna para possibilitar o estudo das coisas inquantificáveiscom os recursos disponíveis de medição. Em diversas situações comuns, e em muitas atividadescientíficas, principalmente na área das ciências humanas e sociaisnecessitam restringir sua atividade científica à descrição, porquenão dispõem de instrumentos teóricos e práticos que lhes permitamingressar em uma outra etapa do conhecimento. Enquanto o investigador observa os fatos que deve descrever,sua presença atua como uma fator que pode influenciar o desenvolvimentodos fatos observados e serve como um fator de tendenciosidade da investigação.E isto deve ser considerado nos procedimentos de discussão e nas conclusões a que chegar. Quando o investigador registra os fatos, escrevendo-os enquantoeles se desenrolam, como acontece na maioria das investigaçõesclínicas, por exemplo, esta situação fornece um elemento de causade erro ainda mais importante naquele estudo. Para diminuir estapossibilidade, deve empregar recursos como: conceder um tempo para que o observado se adapte à situação nova, guardar a distância mínimarecomendada pela cultura para aquela situação, se vestir e secomportar discretamente, procurar interferir o mínimo possível na sua atuação. Na produção científica atual areferência a psiquiatria fenomenológica é completamente multiformes, não correspondendo à produção de Husserl, Jaspers, Schneider,Delgado e, entre nós, Isaías Paim. Com excessão do primeiro, fenomenologista intuitivista, os demais se comportam como fenomenologistas descritivistas. Os feitores dos sistemas nosográficos contemporâneos (CID, DSM) são fenomenologistas quantitativistas. Descrever, Analisar e Induzir Descrever, analisar e induzir são processos cognitivos científicos inseparáveis. E, a despeito das especificidades de cada um deles, constituem, quase sempre, um complexo lógico-metodológico. Isto porque, apesar de serem processos de qualidades diferentes, são reunidos em uma unidade lógica por sua inter- 13
  • 14. complementariedade metodológica. Em última análise, o ato ou processo de descrever é, sempre, praticar o procedimento lógico-cognitivo de analisar, qualquer que for o instrumento teórico ou prático empregado na descrição. O momento descritivo do conhecimento representa a fase essencialmenteanalítica do processo de conhecer. A noção de análise, comoinstrumento do conhecimento, se refere ao processo lógico de decomporo todo em suas partes constituintes implica necessariamente em uma síntese, a recomposição, pela imaginação da totalidade atravésde suas partes; uma vez que análise e síntese são categoria lógicasessencialmente dialéticas em sua intercomplementariedade. Alguns aspectos importantes da técnica de analisar são:usar critérios idênticos para todos os sujeitos observados; procurardefinir o mais precisamente possível os termos empregados, principalmenteaqueles que se referem a comportamentos; procurar fazer com que adescrição seja o mais exata e completa que for possível; usara denominação mais adequada da terminologia científica disponívelpara referir cada situação ou elemento situacional a ser descrito;certificar-se de que os termos estão bem definidos e guarda correspondênciafactual com os acontecimentos, situações e processos que estiveremsendo observados e descritos. Quando se estuda a síntese, deve-se considerar que o procedimento de analisar não se limita a uma desarticulação da totalidade, a uma decomposição do todo em seus componentes. Analisar também implica em um procedimento indutivo que busca as causas atravésdos efeitos, as coisas mais simples através das mais complexas, osprincípios através das conseqüências. A indução, concluir sobreo geral usando os casos particulares, é um complemento necessárioda análise como instrumento do conhecimento, no processo de transformaro conhecimento sobre os fatos em leis sobre certas categorias de objetos. Por isto, descrever (o que implica em medir e quantificar), analisar(sobretudo classificar) e induzir (concluir por indução) são os instrumentos cognitivos mais importantes da observação, queé uma dos métodos gerais da atividade científica. A observaçãotem importância particular na atividade médica desde os tempo hipocráticos. Desde essa época o exercício da clínica médica tem sido um pacientee repetitivo exercício de observar, repetir a observação e observaroutra vez, sem desprezar coisa alguma, sem deixar de considerar ofato aparentemente mais insignificante, como ensina Hipócrates. Talvez por causa dessa afeição e identidade ao método científicode observar, os médico tenham sido grandes contribuintes para o desenvolvimentoda ciência do século dezenove. O chamado método clínico de intervençãoe de investigação é essencialmente um processo de observar, descrever,analisar e induzir. Em uma perspectiva dialética, é impossível distinguir a análise da síntese ou a indução da dedução porque estas duplas de procedimentos mentais configuram uma unidade em sua aparente contradição. Classificar é Redescrever Classificar se origina do latim, classis = divisão (divisão ordenada) + facere = fazer. O procedimento de classificar é a operaçãológica que consiste em repartir 14
  • 15. um conjunto de objetos ou fenômenos(quaisquer que sejam) sistematizados em classes coordenadas ou subordinadas,segundo critérios previamente escolhidos. Classificar édescrever osobjetos classificados a partir de pontos de vista diferentes.Em última análise, classificar é simular uma nova organizaçãodos fatos para permitir conhecer mais sobre eles.Já se viu que classificar é analisar. Mas, classificar tambémé hierarquizar e organizar, re-hierarquizar e reorganizar os elementos de um conjunto até que se possa aprender com isso alg sobre auele conjunto e seus comonentes. O procedimentoclassificatório exige que se situem alguns objetos classificados emníveis diferentes de importância ou se declare que merecem prioridadesobre os demais.Dois conceitos-chave para a compreensão do processológico de classificar são a coordenação e a subordinação(que já foram mencionados anteriormente), no caso, a coordenação taxonômica e a subordinação taxonômica. Coordenaçãotaxonômica a relação entre elementos situados na mesmaordem na hierarquia de uma estrutura (por exemplo, a coordenaçãotaxonômica se manifesta nas relações entre os componentes de mesmonível da classificação, como os gêneros ou as espécies). é bastantecomum que se possa identificar uma relação de coordenação(ou outra que lhe seja análoga) entre os elementos de muitos outrostipos de sistema. Subordinação é um tipo de relação entre os elementos de uma estrutura de tal modo que um deles é dependente de outro, como uma extensão sua. A subordinação taxonômica presume uma relação análoga entre os conceitos classificados em ordens diferentes da hierarquia taxonômica, pela qual o subordinado está contido no que lhe é superior. O essencial na subordinação é que o subordinante inclui o subordinado. A subordinação é um tipo de relação entre as pessoas (inclusive ou principalmente seus papéis e status) que implica em uma dissimetria no relacionamento e em sua comunicação. Subordinação taxonômica é um tipo de relação entre os elmentos deuma estrutura de tal modo que um deles é dependente de outro, comouma extensão sua. A subordinação taxonômica presume uma relaçãoanáloga entre os conceitos classificados em ordens diferentes da hierarquiataxonômica, pela qual o subordinado está contido no que lhe é superior.O essencial na subordinação é que o subordinante inclui o subordinado. Nas ciências sociais e humanas subordinação é um tipo de relação entre pessoas como atores sociais (inclusive ou principalmente seus papéis e status) que implica emuma dissimetria hierárquica no sistema social em que coexiste que influi no seu relacionamento e em sua comunicação com o demais.Na administração pública, o funcionário superior (que também pode ser chamado ator ou agente social subordinante) desfruta da capacidade de exercer qualquer função administrativa deseu subordinado (mas não uma função técnica que seja prerrogativa de uma das profissões ou ocupações regulamentadas legalmente. Este fato parece importante de ser conhecido especialmente na área da saúde onde existe tanta intrusão profissional). Noutros casos,a não ser que haja proibição legal expressa, noserviço público, o chefe pode avocar matéria 15
  • 16. administrativa atribuídaa subordinado seu e dar-lhe solução, quando avoca a si um processo,por exemplo. Classificar é uma modalidades especial de sistematizar a descrição e, por isti, também é um tipo particular de análise. O processo mental de classificar um conjunto qualquer de coisas concretas, de coisas abstrata ou informações consiste no emprego dos procedimentos lógicos elementares, especialmente a análise e da comparação por seriação, para facilitar o conhecimento ou organizar o trabalho mental de extrair o saber da natureza; e isto, é um procedimento que se dá no enriquecimento do conhecimento pela reelaboração da descrição, tanto no conhecimento vulgar, quanto no conhecimento científico, no qual desempenha papel muito destacado. Toda classificação, quaisquer que forem os objetos classificados e quaisquer que forem os critérios de classificação que se empregue nela, se dá pela subdivisão de conceitos ou categorias lógicas mais complexos em seus componentes de menor complexidade, a partir de um critério preestabelecido que os reúna em grupos mais ou menos homogêneos em função do critério empregado. O processo de classificar tem sido, talvez, o instrumentomais importante para transitar da singularidade para a generalidade,passando pela particularidade. Afinal, conhecer é, em primeiro lugar,poder singularizar, particularizar e generalizar cada vez com maioralcance e maior exatidão. Recordando que, do ponto de vista da quantidade, as coisas e os conceitos podem ser divididos nas seguintes categorias: o geral (que reúne todo o universo considerado); o particular (que engloba todos os componentes deste universo que ostentem uma qualidade comum); e a singularidade (ou especificidade que se refere a um único daqueles componentes). Super-simplificando, pode-se afirmar que, na estrutura lógica do conhecimento, a evidenciação precede e prepara a descrição, que precede e prepara a conceituação, que precede e prepara explicação, que enriquece a conceituação, que precede e prepara a definição e que a definição pode sempre ser modificada sempre que os conhecimentos que a originaram forem mudados. Essa cadeia lógica de fenômenos cognitivos em interação põe em evidência a unidade do processo de conhecer, unidade na qual se articulam diferentes processos, mas que não pode ser entendida como uma seqüência mecânica de fases que se sucedem, mas como a articulação extremamente dinâmica de diferentes momentos de um desenvolvimento vivo; momentos que se estruturam mais ou menos simultaneamente, exercendo, cada um deles, permanente influência sobre os demais, enquanto sofre sua influência (demonstrando sua interação sistêmica). O caráter sistêmico das classificações reflete a sistematicidade das coisas classificadas. Não se pode deixar de destacar, nesta construção cognitiva, a interconexão de todos os seus momentos de maneira dinâmica, evolutiva e permanentemente em desenvolvimento. Ao mesmo tempo que reflete a unidade dos conceitos e das coisas que eles representam. Enquanto que, no interior de cada conceito, se manifesta a unidade de sua dimensão subjetiva (a idéias) e da objetiva (a 16
  • 17. palavra). Esta elaboração interessa indistintamente a todos os tipos de conhecimento (vulgar, científico e filosófico) porque, como já se afirmou, não se diferenciam por sua estrutura cognitiva, mas pelo alcance de sua generalização, confiabilidade e validade. A Classificação no Conhecimento Vulgar A classificação não é instrumento cognitivo exclusivoda ciência e da filosofia. Ao contrário, é muito empregado há muito tempo na elaboraçãodo conhecimento comum; usada mais ou menos automática, inconsciente e involuntariamente para permitir perceber, entender e fixar melhoras coisas, o que se necessita conhecer ou explicar. Quando se estudaa história do pensamento humano e de suas conquistas, constata-seque a classificação tem sido extremamente importante na evoluçãodo conhecimento geral e o das ciências médicas, em particular,porque é uma das maneiras mais fáceis de obter a conceituaçãoe a explicação através da descrição e re-descrição sistemáticas. No processo espontâneo de conhecer o mundo, característico do conhecimento vulgar, agrupam-se as coisas sejam pessoas, objetos ou fenômenos, em grupos que compartilham estruturas, componentes ou características comuns - as classes, de modo a poder raciocinar sobre elas integrando uma unidade lógica; desde então, no processo de pensar, aquela classe representa todos os indivíduos contidos nela. Este processo permite identificar os iguais e a distinguir os diferentes, de modo possibilitar entender melhor os que os integra ou exclui do conjunto. A qualidade de buscar do que há de geral e de individual nas coisas, a análise das relações entre as coisa e suas características, que vem a ser procedimento essencial na elaboração do conceito, começa a ter importância no estabelecimento de novas relações da coisa conceituada e na descoberta de novos atributos seus, além da identificação de suas qualidades mais importantes (principalmente aquelas que forem reconhecidas como as mais gerais e mais essenciais aos objetos ou fenômenos conceituados), o que irá permitir a estruturação dos conceitos. Pois, o conceito se inicia na identificação de uma característica descritiva mais essencial e mais geral, retirada dos dados da descrição individual e que passa a representar a coisa conceituada. A reunião de objetos em classes (grupos homogêneos) caracterizados pela presença ou ausência de um traço comum, tomado como critério de sistematização, é um procedimento intelectual que, na maioria da vezes, se pratica mais ou menos automática e mais ou menos inconscientemente, sempre que se tem que lidar com coletividades. O pensamento inteligente, desde a construção dos conceitos e juízos, inclui o procedimento classificatório em sua estrutura em seu seu elenco de possibilidades metodológicas. . E o exercício da linguagem também; pois, seria impossível empregar critérios abstratos para analisar e classificar se este processo não fosse estruturado pela linguagem, se não se tratasse de uma estrutura lógica verbalizada. Além disto, o processo 17
  • 18. classificatório, é um procedimento fundamental para superar o momento descritivo do conhecimento e promover seu ingresso no momento explicativo por meio da capacidade de generalizar. O conceito de classe é extremamente abrangente e dotadode imensa possibilidade de generalização. Contudo, por este motivo torna-se impreciso e deve ser usado com cuidado na linguagem científca, Seus muitos sentidos tornam-no imprestável para o emprego em Filosofia daciência, a não ser que seja definida a exata conotação coma qual se apresenta em cada caso e em um determinado contexto. Poristo, é muito comum que seja empregado adjetivado, como em classesocial, classe econômica, classe taxonômica, entre outros sentidos. Pessoa instruída não emprega o conceito de classe sem que sua adjetivação seja óbvia, ainda que possa não estar explícitada. Classificação, Elo da Descrição, Conceituação e Explicação A classificação é um instrumento inteligente que permite libertar o conhecimento da imobilidade da descrição e possibilita-lhe conhecer melhor as coisas do mundo por meio da descoberta da sua explicação. Tanto no conhecimento comum, quanto no conhecimento científico, a classificação pode ser usada como instrumento da superação da descrição e surgimento da explicação. Na dialética do conhecimento, a explicação costuma nascer da descrição e o momento descritivo da cognição faz surgir o momento explicativo. O rearranjo dos componntes de um sistema permite entender melhor as possíveis relações que etretenham entre si. A classificação pode ser usada tanto como instrumento do conhecimento comum, quanto do conhecimento científico, como ecurso que possibilita a superaçãoda descrição e surgimento da explicação.Na dialética do conhecimento,a explicação costuma nascer da descrição e o momento descritivoda cognição faz surgir o momento explicativo. Com o emprego da descrição, da classificação e da análise,na medida em que o conhecimento sobre uma categoria de coisas evoluie se amplia, o processo cognitivo de classificar vai deixando de empregarcritérios descritivos (relacionados com sua forma e aparência) e passaa empregar critérios explicativos, sobretudo genéticos (que explicamsua origem, sua etiologia e sua patogenia, no caso dos fenômenos mórbidos);as indicações, o mecanismo de ação e os risco de emprego,no caso dos agentes terapêuticos. Descrição, conceituação e explicação são procedimentoscognitivos progressivamente estruturados e complexos queestão em permanente interação, retro-alimentando-se e se aperfeiçoandomutuamente. Como resultado da descrição, da conceituação eda explicação, os conhecimentos se desenvolvem como uma espiralascendente, na qual, cada patamar resulta dos anteriores e, simultaneamente,os enriquece, enriquecendo a si mesmo com isto. Existe, portanto,interação, reciprocidade e inter-relação permanentes nestesistema em permanente desenvolvimento que é o conhecimento. Um dosmeios pelos quais se dá (e que alimenta) esta interação permanenteé a classificação, o que confirma o caráter sistêmico do conhecimento. 18
  • 19. Mesmo na construção do conhecimento comum, o processo classificatóriotalvez seja o procedimento inteligente mais importante e mais comumpara permitir cultivar essa interação dinâmica e torna o procedimento cognitivomais eficaz. Ao contrário do que muitos pensam a classificação não é apenas um instrumento parao aperfeiçoamento cognitivo da descrição (porque, inicialmente,a classificação como que unifica a conceituação e a descriçãopromovendo seu mútuo enriquecimento); noutro pólo deste processo,a classificação permite ao conhecimento analítico-descritivo passara sintético-explicativo. Por isto, pode-se dizer que a descriçãoprecede e prepara a explicação; e que o momento descritivo doconhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquecee se sofistica com ele. A classificação não é apenas um instrumento para o aperfeiçoamento cognitivo da descrição (porque, inicialmente, a classificação como que unifica a conceituação e a descrição promovendo seu mútuo enriquecimento). Noutro pólo deste processo, a classificação permite ao conhecimento analítico-descritivo passar a sintético-explicativo e esta é sua função mais importante como recurso para conhecer e aperfeiçoar o conhecimento. Por isto, pode-se dizer que a descrição precede e prepara a explicação; e que o momento descritivo do conhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquece e se sofistica com ele. Como se pode reconhecer na história do amadurecimento da Biologia com a classificação de Lineu e na Química, com a classificação dos elementos de Mendeleiev. Embora o processo classificatório seja essencial para a elaboração, o desenvolvimento e o manejo dos conceitos, mesmo do senso-comum, nãose deve supor que a classificação como instrumento cognitivo selimite a ser um procedimento construtivo exclusivo do conhecimento vulgar, do senso comum. Pois, os procedimentos classificatórios sãomuito utilizados na construção do conhecimento científico, porquepermitem a divisão de um contingente de objetos ou fenômenos,contidos em um conceito mais abrangente, em outros conjuntos menosabrangentes ou, mesmo, em indivíduos, de acordo com algum critériopré-estabelecido que predefina cada um destes indivíduos, grupos ouséries encontrados. O critério que reúne cada um desses sub-conjuntos permite identificar um traço característico seu. Classificação e Conhecimento Científico A classificação não é apenas um instrumento para o aperfeiçoamento cognitivo da descrição (porque, inicialmente, a classificação como que unifica a conceituação e a descrição promovendo seu mútuo enriquecimento). Noutro pólo deste processo, a classificação permite ao conhecimento analítico-descritivo passar a sintético-explicativo e esta é sua função mais importante como recurso para conhecer e aperfeiçoar o conhecimento. Por isto, pode-se dizer que a descrição precede e prepara a explicação; e que o momento descritivo do conhecimento deve anteceder ao momento explicativo, mas se enriquece e se sofistica com ele. Como se pode reconhecer na história do amadurecimento da 19
  • 20. Biologia com a classificação de Lineu e na Química, com a classificação dos elementos de Mendeleiev. O procedimento classificatório é um instrumento cognitivo bastante eficaz em qualquer dos campos do conhecimento porque possibilita ampliar e reelaborar qualitativamente aquilo que se sabe sobre as entidades individuais contidas nas totalidades coletivas e, por isto mesmo, igualmente saber cada vez mais sobre as totalidades que contêm aqueles indivíduos. Embora se empregue muito a classificação no conhecimento comum, ela tem sido superlativamente importante para o desenvolvimento do conhecimentos científico. Classificação e Conhecimento Científico Embora o processo classificatório seja essencial para a elaboração, desenvolvimento e manejo dos conceitos, mesmo do senso-comum, não se deve supor que a classificação como instrumento cognitivo se limite a ser um procedimento construtivo exclusivo do conhecimento vulgar, do senso comum. Pois, os procedimentos classificatórios são muito utilizados na construção do conhecimento científico, porque permitem a divisão de um contingente de objetos ou fenômenos, contidos em um conceito mais abrangente, em outros conjuntos menos abrangentes ou, mesmo, em indivíduos, de acordo com algum critério preestabelecido que predefina cada um destes indivíduos, grupos ou séries encontrados. A história do conhecimento científico mostra o quanto os procedimentos classificatórios foram importantes para o desenvolvimento das ciências naturais. A tábua periódica do elementos químicos elaborada por Mendeleiev e a classificação dos seres vivos por Lineu constituíram o marco fundamental da modernização da química e da biologia. As classificações científicas assinalam o ápice e a ultrapassagem da fase analítico-descritiva de uma ciência e seu ingresso no estágio dedutivo-explicativo. A classificação,enquanto instrumento do conhecimento científico, denomina-se classificaçãoheurística e preditiva. O que só acontece dentro de determinadas condições. As classificações podem ser simples ou complexas; podem traduzir de forma melhor ou pior as relações entre as coisas que ordenam; podem ser úteis ou inúteis para algum fim determinado; ou podem ser eficazes ou ineficazes, na medida em que podem ser frutíferas ou estéreis em uma dada direção, como por exemplo, a construção do conhecimento científico (no caso das classificações heurísticas) ou outra finalidade qualquer (no caso das classificações utilitárias, como as catalogações). Uma classificação pode ser tecnicamente bem construída ou pode ser uma tolice taxonômica. Pode atender às exigências de uma boa classificação ou não. Pode ser utilitária ou científica. O que não pode é ser utilitária, artificial e heterogênea e pretender ser um instrumento científico. Quando se estuda a construção do conhecimento científico,verifica-se que as únicas modalidades de classificação utilizáveisprodutivamente na elaboração e no desenvolvimento do conhecimentocientífico são naturais e homogêneas. O procedimento classificatório que considera cada elemento caracterizável por si mesmo como uma categoria taxonômica independente em relação às demais, é a 20
  • 21. classificação conceitual ou categorial. Isto é, é uma classificação que ordena seus elementos como se cada um deles fosse qualitativamente diferente dos demais. Pois, seu critério classificatório produz este resultado. Nas classificações, por isto mesmo chamadas conceituais ou categoriais,porque cada um de seus níveis taxonômicos pode ser mencionado comoum conceito particular, cada um destes subconjuntos obtidos pelo emprego deste procedimento, deverá ser uma unidade conceitual por si mesma,definível e reconhecível por suas próprias características. Estasclassificações categoriais se diferenciam das dimensionais, nasquais cada entidade taxonômica é um momento ou uma dimensão datotalidade considerada como um continuum indivisível, a não serconvencionalmente. Para PLATÃO classificar consiste em distribuir as qualidades de uma totalidade por uma hierarquia de classes, formando como que uma espécie de “rede” de conhecimentos, à semelhança de uma árvore que, através de seus galhos, fosse se desdobrando e se simplificando à medida em que passasse de um nível para outro. CAIO PRADO Jr., 1 expõe as duas maneiras opostas pelas quais as pessoas tentam conhecer a realidade. A primeira, se inicia na identificação dos indivíduos isolados, caminhando para identificar que grupos homogêneos podem ser formados com estes elementos, que devem ser reunidos, depois, para fazer descobrir suas relações com os demais e, assim, conhecer a constituição da totalidade. A busca do conhecimento sobre o todo a partir do que se sabe sobre seus componentes particulares e sobre seus elementos, suas partes individuais. Na segunda maneira de se buscar o conhecimento da realidade, considera-se antes que tudo a existência da unidade da totalidade e, depois, estuda as relações existentes dos conjuntos em seu interior para chegar ao conhecimento dos indivíduos e à individualidade, (aquilo que caracteriza cada indivíduo ou espécime). Uma das características do processo cognitivo filosófico chamado método dialético é que ele dirige o espírito para o conhecimento da individualidade através do estudo da totalidade, do conhecimento da particularidade através do estudo da generalidade e do indivíduo isolado através da investigação de suas relações com os demais e com o mundo. O que se combina com a concepção sistêmica do mundo e do conhecimento que se tem sobre ele. Parece equívoco cognitivo se prender a uma destas abordagens parciais e só aparentemente antinômicas, quando se pode empregar dialeticamente as duas. Em um grande número de ciências, como a Biologia (com a classificação de LINNEU), a Química (com a classificação de MENDELEIEV) e a Patologia (com as numerosas classificações de patologias elaboradas nos dois últimos séculos), por exemplo, o procedimento classificatório sistematizado forneceu os elementos cognitivos necessários para o seu desenvolvimento científico, permitindo-lhes 1 Prado Jr., (Notas Introdutórias à Lógica Dialética, Ed Brasiliense) 21
  • 22. passar da fase analítico-descritiva à hipotético-explicativa, da indutiva à dedutiva no processo de desenvolvimento e maturidade científica. Praticamente todos os ramos da Medicina, sobretudo na clínica, tiveram o momento decisivo de sua evolução de atividade empírica para atividade científica na classificação de sintomas, de síndromes, de modos de evolução, de tipos de início ou terminação, de resposta terapêutica das patologias que constituíam seu objeto de atenção. Quando analisadas como procedimentos cognitivos, científicos ou não, se constata que as classificações podem ser criações heurísticas, instrumentos mais ou menos artificiais do conhecimento. Isto é, as classificações são artifícios cognitivos criados para facilitar ou ampliar o conhecimento que se tenha sobre as coisas classificadas. Dessa forma se assemelham à identificação e à nominação de um ente qualquer na experiência cognoscente de alguém. Por isso as classificações são essencialmente diferentes dos conhecimentos provenientes diretamente das descobertas das coisas da natureza. Porque não são objetos naturais, são construções lógicas artificiais, criações cognitivas, embora possam se referir a objetos naturais ou tê-los como objetos. Ao empregar qualidades essenciais das coisas como critério norteador da classificação, o classificador as identifica como tais. Ao descobrir seu caráter essencial, descobre o que há de mais importante sobre ela. Este é um aspecto que deve ser destacado neste assunto, as classificações podem se referir a entes naturais, reais ou a entidades abstratas. Quando, por exemplo, se agrupam um conjunto de pessoas levando em conta sua escolaridade, tal procedimento resulta de um artifício, mas reúne indivíduos reais e um conjunto taxonômico real. Objetivos das Classificações Como instrumento cognitivo, particularmente como instrumentodo conhecimento científico, as classificações costumam ter dois objetivos gerais destacados:= a) instrumento de conhecimento (finalidade heurística), ou = b) facilitar um trabalho que exija a mobilização de um conjunto mais ou menos complexo ou uma série mais ou menos extensa(finalidade prática ou utilitária)Sem esquecer que cada classificação específica ou cada conjunto particular de classificações costuma ter seus próprios objetivos (específicos e particulares) que sempre exercem influência em seus resultados. A transformação das classificações científicas em instrumentos do conhecimento científico depende muito de sua objetivação. Isto é, de sua libertação dos propósitos subjetivos de quem aselabora ou emprega. Em geral, as classificações podem ter duas finalidades principais: - a finalidade heurística (instrumento do conhecimento, principalmente do conhecimento científico) ou - a finalidade pragmática (ter uma finalidade útil qualquer). Baseando-se na finalidade para a qual foi elaborada, as classificações naturais e homogêneas podem ser: 22
  • 23. - classificações heurísiticas e - classificações pragmáticas. Do ponto de vista da descrição como instrumento de cientificidade,o objetivo da ciência é criar uma classificação que tenha a possibilidadede ser um bom instrumento cognitivo, na medida em que seus critériosproduzam sistematizações que correspondam, representem ou reflitamo mais fielmente possível as coisas classificadas, tal como elas existemna natureza, na sociedade, no homem ou no pensamento lógico. A despeito de poder sistematizar entes naturais, a classificaçãonão é ela mesma, uma coisa natural. Mas, como acontece com qualquerprocedimento descritivo, na medida em que empregue como taxa atributosessenciais e reais da coisa classificada, permitem conhecer mais emelhor esta coisa. As classificações são artefatos cognitivos e culturais, construções lógicas. Por isto, não há classificações certas ou erradas, assim como não há nomes certos ou errados para as pessoas, objetos e acontecimentos, embora possa haver descrições ou conceituações falsas ou a atribuição de nomes falsos a quem já os tem diferentes. Classificação e Evolução Científica Nem todas as disciplinas da ciência compartilham a mesma origem, as ciências podem se originar de dois processos que podem ser denominados de processo geração primário e processo gerador secundário. No primeiro caso, uma nova disciplina científica provém do aperfeiçoamento do conhecimento comum sobre um aspecto do mundo e finda por adquirir estatuto científico, por satisfazer as exigências de cientificidade. A Psicologia surgiu assim. Como um ramo da Filosofia que se desprendeu de seu tronco original. A Anatomia se originou do conhecimento prático sobre o corpo humano. No segundo caso, a institucionalização de uma disciplina científica resulta da divisão de uma outra ciência já reconhecida, pela subdivisão de seu objeto. Como aconteceu com as diversas disciplinas científicas originadas da Química, da Física ou da Matéria Médica. A Matéria Médica era a ciência médica que tratava dos remédios e tratamentos. Dividiu-se em Farmacologia, Farmacognosia, Farmacodinâmica, Terapêutica. Uma nova ciência pode provir do aperfeiçoamento do conhecimentocomum sobre um aspecto do mundo ou pode resultar da divisão deuma outra ciência já reconhecida, pela sub-divisão de seu objeto.No primeiro destes processos, uma ciência pode surgir naturalmente,pelo acúmulo mais ou menos gradual de conhecimentos e de meios deconhecer referentes a um objeto específico, o objeto daquela ciência. 23
  • 24. Neste caso, a atividade científica se inicia pelo processo de nomearos objetos e fenômenos mais evidentes em seu campo de interesse evai se acumulando um patrimônio de conhecimentos; este patrimôniose desenvolve ampliando-se o número de coisas conhecidas e aumentandoo conhecimento que se tem sobre elas, até que se obtenha um acervomínimo de conceitos, categorias, juízos e leis que versem sobre osobjetos e fenômenos existentes na área do mundo que é tida como oobjeto daquela ciência, sua massa crítica de informações científicas.Pela segunda maneira, o surgimento de uma ciência pode resultar, comoque por cissiparidade, de outra pré-existente, tendo herdado suamaturidade cognoscitiva e metodológica da ciência mãe. Quando os conhecimentos de uma ciência se avolumam e se aprofundam, ela tende a se dividir, como sucedeu com a física e a química. Neste caso,a ciência original cresce muito em seu conteúdo e o acúmulo resultante obriga à sua divisão em duas ou mais outras, de forma a tornaraquele campo do conhecimento alcançável por seus cultores. Os procedimentos clássicos de qualquer ciência (entendida como buscasistemática de conhecimento fidedigno e válido), se iniciavam no reconhecimentopreliminar das características dos objetos e fenômenos componentesdaquele segmento da natureza que pretendessem estudar (a evidenciaçãoe o momento descritivo). Este, que é o momento inical de todo conhecimento,mesmo vulgar, foi o método que quase toda atividade científica, aomenos em seus primeiros passos, empregou para a identificaçãode entidades ou individualidades singulares. LINEU, MENDELEIEV e PINEL exemplificam quanto um processo classificatório natural pode servir ao desenvolvimento de uma ciência em fase inicial, ajudando-a a se libertar do momento contemplativo e passar ao experimental. Algumas atividades científicas chegaram a se iniciar pela tarefa de classificação, como aconteceu com a biologia que se estruturou como ciência moderna a partir da classificação de LINEU que reuniu a sistematização e a nominação. Na história das ciências, o termo do momento da conceituação, que está sendo chamado aqui de conceituação nominativa, nominação, designação ou notação, inicialmente descritivo, é o que caracteriza e evidencia o nascimento de uma disciplina científica (porque não pode haver disciplina científica sem que este momento se tenha cumprido). No processo de conhecer, o momento da nominação ou nomenclatura deve ser seguido pela fase de classificação; fase que corresponde ao momento analíticodescritivo daquela atividade (científica ou não), uma vez que o conhecimento científico nunca se referem a objetos ou acontecimentos isolados, mas sempre a classes de objetos ou fenômenos, porque o procedimento científico de classificar permite conhecer mais sobre as relações dos entes classificados entre si e, assim, aperfeiçoam o conhecimento que se tem sobre eles. E, assim, o conhecimento passa do meramente descritivo ao explicativo. A descrição precede a explicação e é essencial para ela. 24
  • 25. É exatamente por isto que, em um momento posterior do processo cognitivo, quando o momento analítico-descritivo já tiver frutificado suficientemente, virá o momento de pesquisa das definições genéticas ou a fase explicativo-dedutiva (como se poderá ver logo adiante, quando se tratar da explicação e da definição). Considera-se o momento evolutivo analítico-descritivo como um estágio menos desenvolvido cognitivamente da atividade científica do que o explicativodedutivo, porque suas possibilidades heurísticas e preditivas são nitidamente menores, como será evidenciado adiante. Realmente, mesmo do ponto de vista do senso comum, explicar é muito mais importante do que descrever. Porque não se conhece realmente, algo que não possa ser explicado. O instrumento cognitivo classificatório pode ser um meio eficazpara superar o momento analítico-indutivo-descritivo e ingressar no momento sintéticodedutivo-explicativo, como aconteceu na história de numerosasciências, inclusive a Psicopatologia quand do seu surgimento no início do século XX. Porque a classificação completaa descrição, permite conceituação cada vez mais adequada epropicia o aparecimento da explicação pela seleção dos componentes cadavez mais essenciais. A necessidade de se delimitar (e ter definido da melhor maneira possível) o mundo de coisas a ser classificado é um aspecto preliminar que interessa a todo conhecimento, inclusive ao diagnóstico e permite sua tipificação. Da mesma maneira que é necessário definir, o melhor possível, cada patamar classificatório obtido neste processo. No caso do conhecimento das enfermidades, o diagnóstico vem a ser um destes patamares particulares - descritivo, no diagnóstico sindrômico e explicativo, no diagnóstico nosológico. O diagnóstico é um tipo de reconhecimento e se caracteriza por seu objeto ou por sua técnica, por exemplo, o diagnóstico radiológico. Mais recentemente surgiu um procedimento diagnóstico caracterizado pela atividade do profissional que o executa, o diagnóstico de enfermagem (o diagnóstico dos cuidados especificamente de enfermagem que um paciente apresente. Procedimento que tem sido construído para fazer amadurecer o estatuto profissional dessa profissão. O diagnóstico medico é um procedimento de reconhecimento do objeto de trabalho ou caso profissional médico, que tem por objetivoa identificação das patologias visando quatro objetivos: a) permitircomunicação sobre aquela entidade; b) explicar sua etiologia emecanismo patogênico; c) fundamentar a terapêutica, programas de reabilitaçãoe outros cuidados e, finalmente, d) possibilitar o prognóstico. Odiagnóstico deve ser a identificação das condições de um doenteque sintetize suas necessidades e possibilidades de cuidados. O diagnósticomédico não é um diagnóstico feito por médico, mas o diagnósticoa serviço da Medicina (ciência específica da qual saíram muitas outras,inclusive muito do que é científico nelas). Os nomes das coisas conhecidas vão se enriquecendo de significado à medida que se conhece mais sobre elas. Isso ocorre em qualquer nível do 25
  • 26. desenvolvimento do processo de construção do conhecimento. Em cada um deles, os conceitos expressos pelos vocábulos denominadores (ou outros símbolos que se usem para expressar os fenômenos ou objetos a conhecer, desde os mais simples aos mais complexos,) serão tão mais eficazes como instrumento de comunicação e de conhecimento quanto mais exatamente refletirem as qualidades mais essenciais daquele objeto ou fenômeno a que se referirem. Analogamente, a organização sistêmica destes conceitos em uma classificação que leve em conta as exigências de unidade, totalidade e, sobretudo, de interrelações sistêmicas, será tão melhor, quanto mais sua organização for determinada a partir de um táxon que reproduza um elemento essencial da existência natural das coisas classificadas. Porque, em uma classificação natural, o objetivo não é inventar uma nova ordem ou disposição para as coisas naturais, mas ensaiar ou simular muitas, para descobrir aquela que (ao menos aparentemente) reflita mais fielmente sua existência real (na natureza, na sociedade ou no pensamento) para os fins que se pretende. Principalmente porque, em uma classificação natural, o objetivo não é inventar uma nova ordem ou disposição para as coisasnaturais, mas ensaiar ou simular muitas, para descobrir aquela que(ao menos aparentemente) indique ou reflita mais fielmente sua existência real(na natureza, na sociedade ou no pensamento) para os fins que se pretende.Isto porque, de certa maneira, quando se classifica, e se ressistematiza,muda-se a ordem natural ou não das coisas, ordem à qual estãohabituados nossa percepção, nosso julgamento, nossas representaçõese as noções mais ou menos estereotipadas que se tem sobre aqueleconjunto e mudar, sobretudo, os paradigmas conceituais sobre as coisasque existem fora ou no interior dele, para rearranjá-los de maneiradiversa, empregando para este rearranjo um critério classificatórioque reordene as coisas segundo outro parâmetro; um exercício de fazer-de-conta, de simular como seria se ..., ou como seria se não ... O critério classificatório é a noção diretora que preside esta re-arrumação no plano verbal. Porque tem esta qualidade de substituira experiência da diferença, para suprir a necessidade de imaginaro que poderia acontecer diante de determinadas circunstâncias, é queo procedimento lógico de classificar desempenha papel tão importantena edificação do saber, na aquisição do conhecimento sobreo mundo. De certa forma, portanto, classificar é simular uma reordenaçãodo mundo conhecido que faça sentido, é mudar a perspectiva de apreciação,é transformar descrição em explicação e, por isto, mudar quantidadeem qualidade. As classificações são instrumentos descritivos por excelência, é verdade. Mas também é verdade que são instrumentos científico da busca da explicação. Ainda que sejam instrumentos cognitivos relativamente toscos e primitivos, crendo-se que sejam abandonados depois de cumprirem suas finalidades, quando o conhecimento da ciência que necessita delas ultrapassar este momento inicial e entrar em uma fase explicativa e qualitativa, dispondo de recursos mais sofisticados para criara e investigar hipóteses. A despeito disto, por enquanto, as ciências que se encontram na fase análiticodescritiva de sua evolução têm que se conformar com 26
  • 27. seu uso. Isto coloca uma contradição dentro da Medicina, entre as ciências mais maduras e as menos desenvolvidas, ainda que estejam na mesma área de conhecimento, como a psicologia social, a psicopatologia ou, mesmo, a clínica, quando comparadas com as neurociências e com a neuropsicofarmacologia. Noutro plano, como mostra MOLES, 2 a direção do trabalho das classificações busca uma ordenação qualitativa das coisas classificadas, pois a classificação que poderia ser tida por ótima, seria qualitativa. O que coloca esta técnica de descrição em confronto com a tendência atual da ciência que é claramente quantitativa. Neste momento, caracterizado pelo reviver do positivismo, mais voltada para um mundo de tipos que para um mundo de relações. Este é um dado curioso pouco entendido (ou desentendido) por muitos que estudam epistemologia. A classificação que foi, inicialmente, um instrumento positivista e meramente descritivo, hoje pode ser um recurso dialético e sistêmico de explicar por causa de sua tendência a identificar os dipolos dialéticos e estudar suas relações. Este é um dado curioso pouco entendido (ou desentendido)por muitos que estudam epistemologia. A classificação que foi,inicialmente, um instrumento positivista, hoje pode ser um recursodialético por causa de sua tendência a identificar os dipolos dialéticose estudar suas relações. CLASSIFICAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES O conhecimento das classificações, como o de qualquer outro objeto cognoscente, pode e deve se beneficiar da aplicaçãodo método classificatório em sua elaboração e avaliação como procedimentos cientificamente reconhecidos. Tendo em vista esta consideração,as classificações podem ser classificadas de várias maneiras,principalmente na dependência de seu propósito. As modalidades mais conhecidas de classificação são as seguintes: = simples e complexas, = categoriais e dimensionais, = naturais e artificiais, = homogêneas e heterogêneas, = heurísticas e utilitárias. Adiante dar-se-á uma breve notícia sobre cada um destes tipos. Classificações Simples e Complexas Uma classificação pode ser considerada como simples quando qualquer um de seus patamares classificatórios contenha três ou menos elementos. Porque esta parece ser a quantidade máxima com a qual o pensamento humano trabalha com 2 Moles, A., A Criação Científica, ed. Perspectiva, S.Paulo, 1971, p.134. 27
  • 28. facilidade. A partir desta marca, a classificação começa a ser considerada complexa até se tornar ininteligível, mesmo por um sábio. A classificação maissimples possível, que se baseie em um único táxon ou princípio organizador, é chamada classificação monotética. Quando se baseia em muitasvariáveis (ou critérios classificatórios) este tipo de taxonomia deve ser denominado classificação politética.O valor científico e pragmático de uma classificação se iniciaem sua simplicidade. Quanto mais simples, melhor. Classificação Natural e Artificial As classificações também podem ser ordenadas levando-seem conta numerosos outros critérios de sistematização. Entretanto,para reconhecer as classificações naturais deve se usar como critério, a essencialidade de seu táxon em relação aos elementos do universoclassificado e sua homogeneidade como sistema lógico, porque este é o critério que pode ser considerado mais importante na inestigação científica em Medicina.Provavelmente, do ponto de vista da Filosofia da ciência, amaneira mais útil de classificar as classificações seja pela naturezade seu critério classificatório, como se viu atrás, e este critériopermite dividi-las em classificações naturais (quando seu táxon é uma propriedade essencial do fenômeno classificado) e classificações artificiais (quando a escolha de seu critério classificatório decorredo objetivo da classificação e não represente uma característicaessencial das coisas classificadas), ainda que estas designaçõessejam muito criticáveis.Para alguns autores as classificações naturais devem ser chamadashierarquizadas e as artificiais, não hierarquizadas. Esta denominaçãonão parece correta por que a hierarquização ou a não hierarquizaçãonão é a característica mais essencial destes tipos de classificação,embora as classificações naturais tendam a retratar a hierarquizaçãoda natureza. Por outro lado, há quem afirme que uma classificaçãoé hierarquizada quando cada nível representar um grau assinalado porum traço essencial seu, que o caracterize como indivíduo, espécie,gênero, família, classe. Na verdade, seria muito mais lógico pretenderque uma classificação fosse hierarquizada quando nela se estabeleceremrelações de subordinação entre seus elementos; mas, mesmonesta eventualidade, melhor seria falar em relações taxonômicas hierarquizadas que em classificação hierarquizada. Não se pode esquecer que, mesmo as classificaçõesnaturais, correspondem a construções heurísticas, a construtosque contêm, sempre, alguma artificialidade e que sua estabilidadetemporal vai depender do significado da propriedade que houver sido eleita para táxon. Pois, nunca é demais que se repita, por mais concretos que sejam os objetos dos ordenados em uma classificação,o critério que for usado para sistematizá-los será sempre produtode uma abstração. Na medida em que se conhece mais e mais alguma coisa, podesemudar aquilo que se considera como essencial nela. Daí porque, pode-seafirmar ser bastante possível que um atributo tido 28
  • 29. como o mais essencialde uma coisa ou processo, em um dado momento do conhecimento, nãoseja reconhecido assim, no momento seguinte; e que um traço tido comoessencial de um certo ponto de vista, pode não ser de outro. Portudo isto, seria melhor dizer classificação a partir do essenciale do acessório. Não é demais repetir que unicamente as classificações naturais, isso é, aquelas que levem em conta atributos essenciais das coisas e dos processos estudados devem ser chamadas classificações científicas. As demais, fundamentadas em características acessórias, são apenas classificações utilitárias. Pretender fazê-las científicas, revela incapacidade ou, simplesmente, uma conduta científica fraudulenta. Porque, muitas vezes, neste procedimento de ordenara e reordenar os elementos de um conjunto de coisas que suas características mais gerais e mais essenciais podem ser identificadas. Classificação Homogênea e Heterogênea As classificações podem ser construídas a partir de um ou de vários critérios de classificação. Considerando-a uniformidade do critério em cada patamar taxonômico, as classificações podem ser classificadas em homogêneas e heterogêneas. Uma classificação rigorosa e completamente homogênea é aquela que decorre do emprego de um único critério de classificação (táxon). Contudo, por não haver qualquer necessidade de rigidez quanto a isto, uma classificação pode ser considerada homogênea se todos os elementos classificados em cada patamar taxonômico forem escolhidos pelo mesmo táxon. Por exemplo, um grupo de pessoas é classificada: no primeiro patamar pelo sexo, no segundo pela idade, no terceiro pela escolaridade, no quanto pela naturalidade. Esta classificação é homogênea. Já se forem classificadas pelos sexo em um grupo masculino e um grupo feminino; o primeiro destes grupos for ordenado pela idade e o segundo pela altura, já se tem um excelente exemplo de classificação heterogênea. É isto que vem acontecendo com as listas nosográficas contemporâneas (tanto as classificações da associação psiquiátrica Americana, DSM, quanto a da Organização Mundial da Saúde, CID/10). São programas nosográficos (e não nosológicos) e heterogêneos. Na CID/10 e nos DDSSMM, 3 a heterogeneidade compromete sua cientificidade,embora não exerça, necessariamente influência sobre a utilidadeque se pretende de seu emprego na prática. Nas classificações homogêneas, cada nível taxonômico éorganizado segundo o mesmo ou os mesmos critérios. Nas classificaçõesheterogêneas, diferentes critérios se misturam em cada um dos seusníveis, isto é, uma classificação é chamada de homogênea quando emprega o mesmo táxon em cada um de seus 3 Todos os catálogos nosográficosproduzidos pela Sociedade Americana de Psiquiatria, desde o primeiroDSM, são classificações heterogêneas e isto as invalida como instrumentos heurísticos e científicos, como mostram muitos autoresque as estudaram como Henry Ey, por exemplo (Études Psychiatriques,vol. 3, p. 25). 29
  • 30. níveis. O empregode mais de um critério classificatório em cada nível resulta em classificações heterogêneas. É muito difícil acreditar porque e como, instrumentos ideológicostão obviamente falhos, como são estas listas nosográficas,acabam por se transformar em fontes de preparação de psiquiatras,no primeiro manual de psiquiatria em uso por estudantes e residentes.Na referência obrigatória da maioria dos programas formativos de especialistasque substituem os tratados mais detalhados por estes resumos. Classificação Heurística (Natural) e Utilitária(Artificial) As classificações heurísticas são aquelas cujoobjetivo é ser instrumento do conhecimento, enquanto que as classificaçõesutilitárias se prestam unicamente para ordenar pragmaticamente algumascoisas segundo o interesse de quem o faz.A ordenação dos objetos e fenômenos em grupos homogêneosem função de alguma característica comum é uma das maneiras maiselementares de raciocinar e de ampliar o conhecimento sobre as coisas. As classificações empregadas como instrumento de conhecimentocientífico (as classificações, por isto mesmo, denominadas heurísticas),como já se viu, devem se iniciar pela descrição precisa e sistemáticados objetos ou fenômenos a classificar, o que se constitui no momentodescritivo-analítico da classificação. No momento cognitivo, a descrição torna-se um instrumento da classificação e, ao mesmo tempo, seu resultado.Porque a classificação enriquece a descrição, ao ponto depossibilitar a construção do conceito e a permitir inferir explicaçõesou, o que é mais comum, possibilitar a construção de hipótesesexplicativas. A classificação dos conceitos que simbolizam objetos materiais ou conceituais implica na utilizaçãosimultânea de dois mecanismos: o de apreender o objeto (e, assim, singularizá-lo) e o de estenderseu conteúdo para outros conceitos que partilhem aquele atributo com ele e com ele se identifiquem (de modo a coletivizá-lo).Quando se dispuser de informações acerca da explicação dofenômeno ou objeto que estiver sendo conhecido (ou seja, o essencialdo conteúdo) dos fenômenos classificados, a sistematização passaa se fundamentar em dados explicativos (o momento analítico-explicativo). Nenhuma classificação há de ser um instrumento científico satisfatório,se os objetos ou fenômenos que ordenar não estiverem previamentebem especificados; bem descritos; bem categorizados (ou conceituados)e, por fim, bem explicados e definidos. Por tudo isto, a evidenciação,a descrição e a nominação são os momentos mais precoces(ainda que integrados) da elaboração subjetiva do conhecimentoe a nomenclatura (seja de um conceito descritivo ou explicativo) oprimeiro patamar de uma ciência enquanto sistema lógico reconhecidocomo científico.Sobretudo, não se deve confundir uma classificação científicacom a nomenclatura que pode e costuma ser utilitária. 30
  • 31. Classificar e Catalogar. Uma classificação é chamada natural, quando seu critério classificatório é um elemento essencial da estrutura que classifica e artificial (ou catalogação) quando seu critério representa algum traço aciental ou característica accessória das coisas classificadas. é importante ter sempre presente que apenas as classificações homogêneas e naturais podem ter valor heurístico e, portanto, serem lidos de conhecimento, principalmente do conhecimento científico, ainda que não se possa ou se deva tentar absolutizar o valor heurístico. Classificação Natural A classificação natural é um tipo de organização hierarquizada dos elementos do conceito mais amplo que se pretende classificar, feita a partir de uma qualidade essencial sua; prosseguindo o processo de organização, num segundo passo, subdividindo-se o restante obtido, já aí considerado a nova totalidade a subdividir, até que se defina uma qualidade que identifique apenas um indivíduo da série, num processo lógico denominado análise. Este tipo de classificação se denomina natural porque estas ordenações sistemáticas refletem a ordem encontrada nas coisas da natureza. Porque o critério classificatório é um atributo essencial das coisas classificadas, ele permite conhecer sempre mais sobre aquelas coisas. Por isto, as classificações naturais são chamadas heurísticas ou científicas (ou, ainda, classificações filéticas, baseadas em características filogenéticas dos organismos vivos). Uma classificação natural deve ter cada um de seus níveistaxonômicos definido por um critério (o seu táxon) que deve correspondera uma qualidade essencial da totalidade composta pelos elementos classificadosnaquele patamar classificatório; e, por isto, esse táxon deve sercaracterizador de toda a subdivisão resultante de seu empregoporque enquadrada por aquele critério. Isto porque, por definição,a classificação natural utiliza como critério analítico uma propriedadeessencial do material original a ser analisado e aquele atributo, eleito como táxon, vai determinar e definir toda a categoria do nível inferior que passa a existir como um conjunto em funçãodele. Cada um dos critérios classificatórios (taxa, plural de táxon) das classificações naturais deve corresponder a uma condição essencial dos objetos ou processos naturais classificados. Partindo de uma concepção sistêmica da natureza, como é uma importante tendência epistemológica contemporânea, ao se descobrir a característica essencial de um conjunto de objetos ou processos naturais, descobre-se a chave de sua explicação e da construção de predições válidas sobre aquilo. O que constitui, afinal, os dois objetivos mais importantes da ciência. Quando se trata de fenômenos naturais, aplicação direta destas informações parece muito razoável e há um século vem rendendo dividendos valiosos para as ciências da natureza. O que não tem acontecido para as ciências da sociedade e para as ciências do homem. Muito provavelmente porque, a despeito da natureza sistêmica da estruturação de seus objetos e de seus fenômenos, tem havido naquelas ciências uma intrusão de valores, critérios e 31
  • 32. procedimentos adequados às ciências naturais, mas inservíveis na investigação da sociedade e do ser humano. Classificar é exercitar o método analítico para ampliar o conhecimento sobre um conjunto de coisas, mas este objetivo somente será atingido, enquanto instrumento da metodologia científica, quando resultarem em classificações naturais. A classificação é um modelo exemplar da análise como procedimento racional e da descrição como instrumento do conhecimento, de todas as modalidades de conhecer. A classificação natural é um tipo de organizaçãohierarquizada dos elementos do conceito mais amplo que se pretendeclassificar, feita a partir de uma qualidade essencial sua; prosseguindoo processo de organização, num segundo passo, subdividindo-seo restante obtido, já aí considerado a nova totalidade a subdividir,até que se defina uma qualidade que identifique apenas um indivíduoda série, num processo lógico denominado análise. Este tipo de classificação se denomina natural porque estas ordenações sistemáticas refletem a ordem encontrada nas coisasda natureza.Porque o critério classificatório é um atributo essencial das coisasclassificadas, ele permite conhecer sempre mais sobre aquelas coisas.Por isto, as classificações naturais são chamadas heurísticasou científicas (ou, ainda, classificações filéticas, baseadas em características filogenéticas dos organismos vivos).Por isto, quando em uma classificação (ou em um nível taxonômicode uma classificação) se emprega como táxon um atributo quenão seja uma característica essencial (ou um elemento importantedo conteúdo) do conjunto classificado, aquela classificação nãopode ser considerada como um instrumento do conhecimento científico. Numa classificação de doenças, por exemplo, quando se escolher a etiologia como táxon, isto resultará em uma classificação natural, porque se trata de um atributo natural e essencial, mas escolher a presença deste ou daquele sintoma pode ser ou não. Pois se sabe que, se bem que alguns sintomas sejam patognomônicos de certas enfermidades, a maioria deles é acidental e não conduz a nenhuma explicação sobre a sua natureza. Quando se trata de fenômenos naturais, aplicação diretadestas informações parece muito razoável e há um século vem rendendodividendos valiosos para as ciências da natureza. O que não temacontecido para as ciências da sociedade e para as ciências do homem.Muito provavelmente porque, a despeito da natureza sistêmica da estruturaçãode seus objetos e de seus fenômenos, tem havido naquelas ciênciasuma intrusão de valores, critérios e procedimentos adequados àsciências naturais, mas inservíveis na investigação da sociedadee do ser humano. Nas classificações naturais, a escolha de um critério que corresponda a uma característica essencial da coisa classificada permite a utilização do fenômenos lógico analítico naquilo que interessa mais àquele objeto ou processo que está sendo classificado, ainda que este traço essencial seja descoberto após sucessivas tentativas. 32
  • 33. As únicas classificações que devem ser chamadas de sistêmicas, aquelas que poderiam legitimamente ser denominadas sistemas classificatórios, são as classificaçõesnaturais estruturadas de acordo com o mínimo rigor metodológicoem sua construção. Principalmente que obedecessem ao princípio de homogeneidadetaxonômica. E, se isto ainda não existe, a despeito das muitastentativas desde Boissier des Sauvages, é porque esta tarefa aindanão é viável. A grande dificuldade de se estabelecer uma classificação natural e homogênea em Psiquiatria reside na dificuldade de identificar os atributos essenciais (e, mais ainda, o atributo mais essencial para um propósito qualquer) de cada grupo de fenômenos psicopatológicos por causa da extrema complexidade e ideologização da matéria. Mesmo o senso comum informa que o dado essencial mais importante do conteúdo de uma condição patológica deva ser sua etiologia. Daí porque, jamais se construirá uma nosologia (classificação explicativa das enfermidades) verdadeiramente heurística, sem que se tenha certeza da etiologia dos fenômenos patológicos classificados. As nosografias (classificações descritivas das enfermidades) não se prestam a esta função. Nas ciências naturais, como a Química e a Biologia, em cujo desenvolvimento inicial, os procedimentos classificatórios desempenharam papel crucial, evidenciam-se como o conhecimento descritivos que vão passando ao explicativo. Para que isso aconteça, os elementos de forma (descritivos) tomados como taxa, deverão ser substituídos por outros, etiológicos ou, de qualquer maneira,explicativos (dados de definição) porque este é o caminho naturalda elaboração cognitiva: da forma para o conteúdo, da aparênciapara a essência, do simples para o complexo e, por isto, também caminhada descrição para a explicação do conhecimento dos seres parao conhecimento da natureza de suas relações. Não é possível supor que uma ordenação baseada exclusivamenteem dados descritivos informe sobre a essência das coisas ordenadas. Classificação Artificial ou Catalogação Uma ordenação de objetos deve ser chamada de catalogação ou classificação artificial, (sendo bem melhor denominá-la de catálogo, lista, listagem, rol) quando se origina em um táxon ou conjunto de taxa que não correspondem a características essenciais (tidas como não naturais, impropriamente chamadas artificiais) dos objetos ou fenômenos ordenados (como tamanho, peso, ordenação alfabética ou outra qualquer que não represente uma qualidade essencial do grupo). Nela, a escolha do critério da catalogação resulta só do arbítrio ou do interesse do ordenador. O termo classificação artificial é impróprio porque toda classificação, já se disse, é uma construção humana e, portanto, artificial. 33
  • 34. A rigor, as assim chamadas classificações artificiais não são classificações, obedecendo-se ao significado rigoroso deste termo. Estas classificações que se baseiam em características aparentes, quando ordenam seres vivos podem ser chamadas classificações fenéticas (baseadas em características fenotípicas dos seres biológicos). A impropriedade da denominação classificação para as ordenações não classificatórias, como as listas alfabéticas ou quaisquer outras fundamentadas em atributos não essenciais das coisas ordenadas, tem exercido influência perniciosa no desenvolvimento científico e técnico, como é bem fácil de imaginar ou reconhecer. No entanto, sabe-se que as possibilidades heurísticas de uma catalogação são mínimas, devendo ser inteiramente acidentais e casuais, cabendo-lhe unicamente importância pragmática para a finalidade para a qual tenha sido construída. Por isto, em geral, não tem utilidade científica e não contribui para o desenvolvimento da ciência e seu status científico é muito baixo. Talvez por esta razão, pode-se encontrar catalogações de fatos arquitetadas segundo critérios bastante acessórios que são apresentadas como se fossem classificações naturais. Catalogar ou fazer um rol de objetos é construir uma classificação artificial. Nas classificaçõesnaturais, a escolha de um critério que corresponda a uma característicaessencial da coisa classificada permite a utilização do fenômenoslógico analítico naquilo que é mais importante àquele objeto ou processoque está sendo classificado. Na catalogação, emprega-se o critérioque interesse mais ao seu elaborador. O critério diferenciador deuma catalogação é determinado pela utilidade que se pretende daquelarelação de coisas. Numa classificação de enfermidades, por exemplo, sea utilidade que ela pretender for disciplinar os diagnósticos e homogeneizaros relatórios de produção de serviços (uma lista nosográfica),não haverá qualquer necessidade da classificação ser heurística. Talvez até deva ser um catálogo de fácil utilização e adequada para aquilo que está destinado. Contudo, se a pretensão for produzir uma nosologia quepossibilite tratar enfermos e facilite o avanço do conhecimento sobre aquelas enfermidades, atrabalho terá que ser produzir uma classificação natural e, poristo, científica. Classificações Clássicas e Prototípicas As classificações clássicas operam com categorias características que formam conjuntos homogêneos. As classificações prototípicas operam com protótipos (modelos ideais) que servem de referência. Nas primeiras dá-se a tendência de supervalorizar as semelhanças e a ignorar as diferenças. Nas segundas, a maior ou menor proximidade em relação ao protótipo pode se dar em qualquer dos traços 34