SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 23
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO E POLÍTICAS
EDUCACIONAIS
DIVISÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Módulo III: Pesquisa, princípio científico e educativo
MEDIADOR PEDAGÓGICO: Neiva Valadares
CURSISTA: Edilene Ruth Pereira
I – Pesquisar – O que é?
Desmitificando o conceito
• O processo de pesquisa está quase sempre
cercado de ritos especiais, cujo acesso é
reservado a poucos iluminados.
• Todavia, libertar a pesquisa do exclusivismo
sofisticado não pode levá-la ao exclusivismo
oposto da banalização cotidiana mágica.
• A desmistificação mais fundamental, porém,
está na crítica à separação artificial entre
ensino e pesquisa.
• Pesquisar somente para saber já seria
proposta alienante, porque desencarna a
pesquisa da sua face inserida na realidade
histórica, reduzindo-a ao esforço de
sistematização de ideias e de especulação
dedutiva.
• Como ator social, o pesquisador é fenômeno
político, que, na pesquisa, o traduz sobretudo
pelos interesses que mobilizam os confrontos
e pelos interesses aos quais serve.
• Quem ensina carece pesquisar; quem pesquisa
carece ensinar. Professor que apenas ensina
jamais o foi. Pesquisador que só pesquisa é
elitista explorador, privilegiado e acomodado.
• Professor é quem, tendo conquistado espaço
acadêmico próprio através da produção, tem
condições e bagagem para transmitir via ensino.
• Pesquisa é processo que deve aparecer em todo
trajeto educativo, como princípio educativo que
é, na base de qualquer proposta emancipatória.
• Um dos instrumentos essenciais da criação é a
pesquisa. Nisto está o seu valor também educativo,
para além da descoberta científica.
Horizontes múltiplos da pesquisa
• Mesmo quando colocamos o desafio correto de
que a pesquisa é descoberta da realidade, trata-
se de um conceito estreito de realidade, se a
restringirmos à sua manifestação empírica.
• “O que se vê”, de modo geral, não é, nem de
longe, a parte principal e, na consequência, o que
está nos dados muitas vezes é manifestação
secundária, ocasional, superficial.
• O pesquisador não somente é quem sabe acumular
dados mensurados, mas sobretudo quem nunca
desiste de questionar a realidade, sabendo que
qualquer conhecimento é apenas recorte.
• De partida, é mister ressaltar que ao lado da
preocupação empírica deve haver preocupação
teórica.
• A realidade como tal não depende da
interpretação para existir: existe com ou sem
intérprete.
• Domínio teórico significa a construção, via
pesquisa, da capacidade de relacionar
alternativas explicativas, de conhecer seus vazios
e virtudes, sua história, sua consistência, sua
potencialidade, de cultivar a polêmica dialogal
construtiva, de especular chances possíveis de
caminhos outros ainda não devassados.
• A seguir, é importante ressaltar a
preocupação metodológica.
• Método é instrumento, caminho,
procedimento, e por isso nunca vem antes da
concepção de realidade. Para se colocar como
captar, é mister ter-se ideia do que captar.
• A despreocupação metodológica coincide com
baixo nível acadêmico, pois passa ao largo da
discussão sobre modos de explicar,
substituindo-a por expectativas ingênuas de
evidências prévias.
• Assim, é a metodologia que coloca mais
propriamente a pretensão científica e seu
domínio define na prática quem é ou não
cientista.
• Nesse sentido, pesquisa metodológica é um
dos horizontes estratégicos da pesquisa como
tal, que não se restringe a “decorar”
estatística com seus testes áridos, mas alcança
a capacidade de discutir criativamente
caminhos alternativos para a ciência e mesmo
de criá-los.
• A ciência mais criativa é aquela que se questiona,
quando adquire ares de sabedoria.
• Por fim, outro horizonte da pesquisa é a prática,
por mais que as ciências sociais,
contraditoriamente, possam estranhar tal
postura.
• É ironia: estuda-se na solidão da teoria a prática
social coletiva, reintroduzindo um tipo diferente
de “neutralidade”, tendo em vista a distância
artificial cultivada.
• Por essa porta artificial entra o fantasma da
dicotomia entre saber e mudar, cuja correlação
tende a ser inversa.
• Teoria e prática detêm a mesma relevância
científica e constituem no fundo um todo só.
• Todo conhecimento advindo da prática
necessita de elaboração teórica, mas não é
menos verdadeira a postura contrária.
• Pesquisa prática quer dizer “olhos abertos”
para a realidade, tomando-a como mestra de
nossas concepções.
• Somente o que é discutível, na teoria e na
prática, pode ser aceito como científico.
A pesquisa como descoberta e criação
• Em metodologia científica, descobrir e criar não
são a mesma coisa.
• Na descoberta criou-se conhecimento novo, não
realidade nova, embora a partir daí se possa
inventar usos novos do conhecimento.
• Parte-se do ponto de vista de que a ciência tem
como proposta, no quadro da neutralidade
metodológica, descobrir estruturas dadas da
realidade, que são formas não-históricas por
definição.
• Nunca se cria do nada, porque a história tem
sempre antecedentes e consequentes, mas na
fase nova pode predominar o novo, ao que se
dá o nome de revolução.
• A história vem concebida como, de um lado,
condicionada por estruturas dadas, naturais e
sociais, que jamais podem ser ignoradas, e, de
outro lado, condicionada pela possível
intervenção humana, que não precisa
submeter-se passivamente às circunstâncias
dadas ou encontradas.
• Com respeito à produção científica, a disputa
continua, caricaturada nos pólos antagônicos
do positivismo e da dialética
(Adomo/Horkheimer, 1986; Albert, 1977;
Demo, 1989).
• A concepção formalista de ciência distingue e
separa sujeito do objeto e investe em
metodologia objetiva como instrumentação
de cerceamento da subjetividade.
• Torna-se fatal a distinção entre ciência pura e
aplicada, entre teoria e prática, por questão
de método.
• A ciência tem sempre a marca do seu
construtor, que nela não só retrata a
realidade, mas igualmente a molda do seu
ponto de vista.
• Na ciência deve estar a realidade, que é seu
objetivo de captação, mas está sempre
também a maneira própria do cientista de ver
a realidade.
• O termo construção pode ser exagerado,
quando indica que o cientista passa a
“inventar” a realidade, sobrepondo a ela a
rigidez teórica ou o interesse ideológico.
• Pesquisa se define aqui sobretudo pela
capacidade de questionamento, que não admite
resultados definitivos, estabelecendo a
provisoriedade metódica como fonte principal da
renovação científica.
• Cientista útil é aquele, ao mesmo tempo,
competente em termos formais, mas alienado
politicamente.
• Pesquisa deve ser vista como processo social que
perpassa toda vida acadêmica e penetra na medula
do professor e do aluno.
A pesquisa como diálogo
• Uma definição pertinente de pesquisa poderia
ser: diálogo inteligente com a realidade,
tomando-o como processo e atitude, e como
integrante do cotidiano.
• Um ser social emancipado nunca entra no
diálogo para somente escutar e seguir, mas
para demarcar espaço próprio, a partir do
qual compreende o do outro e com ele se
compõe ou se defronta.
• A comunicação pode, ao mesmo tempo, gerar e
abafar a crítica, favorecer e suprimir o
questionamento, motivar e desestimular o
encontro.
• Como diálogo, é necessária comunicação e a
socialização do saber faz parte integrante da sua
produção, sem falar na ligação estrutural e
histórica entre teoria e prática.
• Pesquisar, assim, é sempre também dialogar, no
sentido específico de produzir conhecimento do
outro para si, e de si para o outro, dentro de
contexto comunicativo nunca de todo devassável
e que sempre pode ir a pique.
• Sendo a desigualdade social o ardil principal
da sociedade, é também o maior desafio da
comunicação.
• Pesquisar é demonstrar que não se perdeu o
senso pela alternativa, que a esperança é
sempre maior que qualquer fracasso, que é
sempre possível reiniciar.
• O confronto histórico-estrutural de interesses
é que perfaz o ambiente típico da
comunicação e do diálogo.
• Por curiosidade, muita gente lê muito, mete-
se em discussões sempre que pode, aprecia
desvendar todos os detalhes, mantém-se bem
informada.
• A informação garante poder.
• Ao ressaltarmos a raiz política da pesquisa,
não decorre somente a sua chance histórica
de comunicação construtiva, mas igualmente
a potencialidade de manipulação social.
• O conhecimento pode dirigir-se à
transformação, como pode ser estratégia para
não transformar.
• Colocar pesquisa como diálogo transformador
é processo político de conquista, de
construção, de criação, que depende da
qualidade política dos pesquisadores, no
contexto da respectiva sociedade.
• De certa maneira, pesquisa se confunde com a
filosofia, em seu sentido original: apreço pela
sabedoria, tanto em sua modéstia que sabe
antes de mais nada que pouco sabe, como em
sua exuberância que a tudo questiona,
inclusive a si mesma (Abbagnano, 1989).
• Aprender, além de necessário sobretudo
como expediente de acumulação de
informação, tem seu lado digno de atitude
construtiva e produtiva, sempre que expressar
descoberta e criação de conhecimento, pelo
menos a digestão pessoal do que se
transmite.
• É possível aprender escutando aulas, tomando
nota, mas aprende-se de verdade quando se
parte para a elaboração própria, motivando o
surgimento do pesquisador, que aprende
construindo (Franchi, 1988).
• Quem sabe dialogar com a realidade de modo
crítico e criativo faz da pesquisa condição de
vida, progresso e cidadania.
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e
educativo. São Paulo: Cortez, 2006, 12ª ed.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 1 Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...
Aula 1  Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...Aula 1  Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...
Aula 1 Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...Cleide Magáli dos Santos
 
Apostila de metodologia científica
Apostila de metodologia científicaApostila de metodologia científica
Apostila de metodologia científicaProjovem Urbano
 
Cleide a construção do conhecimento científico na pesquisa
Cleide   a construção do conhecimento científico na pesquisaCleide   a construção do conhecimento científico na pesquisa
Cleide a construção do conhecimento científico na pesquisa17Cleide
 
Conhecimento Empirico X Conhecimento Cientifico
Conhecimento Empirico X Conhecimento CientificoConhecimento Empirico X Conhecimento Cientifico
Conhecimento Empirico X Conhecimento CientificoJulio Siqueira
 
Metodologia de pesquisa i 2015
Metodologia de pesquisa i 2015Metodologia de pesquisa i 2015
Metodologia de pesquisa i 2015Alexandre Felipe
 
Aula 1 - ciência.. construção de conhecimento
Aula 1  - ciência.. construção de conhecimentoAula 1  - ciência.. construção de conhecimento
Aula 1 - ciência.. construção de conhecimentoaula123456
 
Metodologia da investigação científica
Metodologia da investigação científicaMetodologia da investigação científica
Metodologia da investigação científicaMaurício Boaventura
 
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científicoMaria Luiza Morais
 
Conh. cientifico
Conh. cientificoConh. cientifico
Conh. cientificopyteroliva
 
Conhecimento cientifico
Conhecimento cientifico    Conhecimento cientifico
Conhecimento cientifico Jarimbaa
 
01 o conhecimento
01 o conhecimento01 o conhecimento
01 o conhecimentoJoao Balbi
 

Mais procurados (20)

Aula 1 Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...
Aula 1  Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...Aula 1  Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...
Aula 1 Metodologia e Técnicas de pesquisa...A ruptura do senso comum e...
 
Apostila de metodologia científica
Apostila de metodologia científicaApostila de metodologia científica
Apostila de metodologia científica
 
Cleide a construção do conhecimento científico na pesquisa
Cleide   a construção do conhecimento científico na pesquisaCleide   a construção do conhecimento científico na pesquisa
Cleide a construção do conhecimento científico na pesquisa
 
Conhecimento Empirico X Conhecimento Cientifico
Conhecimento Empirico X Conhecimento CientificoConhecimento Empirico X Conhecimento Cientifico
Conhecimento Empirico X Conhecimento Cientifico
 
Livro De Metodologia CientíFica
Livro De Metodologia CientíFicaLivro De Metodologia CientíFica
Livro De Metodologia CientíFica
 
Metodologia de pesquisa i 2015
Metodologia de pesquisa i 2015Metodologia de pesquisa i 2015
Metodologia de pesquisa i 2015
 
Aula 1 - ciência.. construção de conhecimento
Aula 1  - ciência.. construção de conhecimentoAula 1  - ciência.. construção de conhecimento
Aula 1 - ciência.. construção de conhecimento
 
Metodologia da investigação científica
Metodologia da investigação científicaMetodologia da investigação científica
Metodologia da investigação científica
 
A metodologia nas ciências sociais
A metodologia nas ciências sociaisA metodologia nas ciências sociais
A metodologia nas ciências sociais
 
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico
1 metodostec- aula-01-- o conhecimento científico
 
Ciência e senso comum: concepções e abordagens
Ciência e senso comum: concepções e abordagensCiência e senso comum: concepções e abordagens
Ciência e senso comum: concepções e abordagens
 
Introdução à Metodologia Da Pesquisa Ii
Introdução à Metodologia Da Pesquisa IiIntrodução à Metodologia Da Pesquisa Ii
Introdução à Metodologia Da Pesquisa Ii
 
Pesquisa qualitativa pedro demo
Pesquisa qualitativa pedro demoPesquisa qualitativa pedro demo
Pesquisa qualitativa pedro demo
 
Conh. cientifico
Conh. cientificoConh. cientifico
Conh. cientifico
 
Feyerabend
FeyerabendFeyerabend
Feyerabend
 
Conhecimento cientifico
Conhecimento cientifico    Conhecimento cientifico
Conhecimento cientifico
 
01 o conhecimento
01 o conhecimento01 o conhecimento
01 o conhecimento
 
Aula revisão
Aula revisãoAula revisão
Aula revisão
 
Apresentação metodologia científica
Apresentação metodologia científicaApresentação metodologia científica
Apresentação metodologia científica
 
Introdução à Metodologia
Introdução à MetodologiaIntrodução à Metodologia
Introdução à Metodologia
 

Semelhante a A pesquisa como princípio científico e educativo

Pesquisa cientifica e educacional
Pesquisa cientifica e educacional Pesquisa cientifica e educacional
Pesquisa cientifica e educacional Vi Paiva
 
Pesquisa: princípio científico e educativo
Pesquisa:  princípio científico e educativoPesquisa:  princípio científico e educativo
Pesquisa: princípio científico e educativoLuciene Lopes Queiroz
 
Pesquisa Participante
Pesquisa ParticipantePesquisa Participante
Pesquisa ParticipanteBeth Amorim
 
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogica
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogicaPesquisa científica e educativa na pratica pedagogica
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogicamarciovalencoela
 
Aula iejo d om_valentino_ pedagogia da autonomia
Aula iejo   d om_valentino_ pedagogia da autonomiaAula iejo   d om_valentino_ pedagogia da autonomia
Aula iejo d om_valentino_ pedagogia da autonomiaNadia Leal
 
Pesquisa e ensino
Pesquisa e ensinoPesquisa e ensino
Pesquisa e ensinoRitaToledo
 
Analu_ava_principioeducativoecientifico
Analu_ava_principioeducativoecientificoAnalu_ava_principioeducativoecientifico
Analu_ava_principioeducativoecientificoAnalu Santo
 
IndAgação e a filosofia do questionamento
IndAgação e a filosofia do questionamentoIndAgação e a filosofia do questionamento
IndAgação e a filosofia do questionamentoSamaraSilva883286
 
Pesquisas educacionais
Pesquisas educacionaisPesquisas educacionais
Pesquisas educacionaisAna Rodrigues
 
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdf
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdfDIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdf
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdfAteliAryPersonalizad
 
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no Brasil
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no BrasilMetodologia Científica na Publicação de Artigos no Brasil
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no BrasilGisele Finatti Baraglio
 
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergA arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergMelyssa Silva
 
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergA arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergDébora Müller
 

Semelhante a A pesquisa como princípio científico e educativo (20)

Tópicos frasais
Tópicos frasaisTópicos frasais
Tópicos frasais
 
Pesquisa cientifica e educacional
Pesquisa cientifica e educacional Pesquisa cientifica e educacional
Pesquisa cientifica e educacional
 
Princípio Científico e Educativo
Princípio Científico e EducativoPrincípio Científico e Educativo
Princípio Científico e Educativo
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Ativ ii tópicos frasais
Ativ ii   tópicos frasaisAtiv ii   tópicos frasais
Ativ ii tópicos frasais
 
Pesquisa
PesquisaPesquisa
Pesquisa
 
Pesquisa: princípio científico e educativo
Pesquisa:  princípio científico e educativoPesquisa:  princípio científico e educativo
Pesquisa: princípio científico e educativo
 
Pesquisa Participante
Pesquisa ParticipantePesquisa Participante
Pesquisa Participante
 
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogica
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogicaPesquisa científica e educativa na pratica pedagogica
Pesquisa científica e educativa na pratica pedagogica
 
Aula iejo d om_valentino_ pedagogia da autonomia
Aula iejo   d om_valentino_ pedagogia da autonomiaAula iejo   d om_valentino_ pedagogia da autonomia
Aula iejo d om_valentino_ pedagogia da autonomia
 
metodologia de pesquisa I
metodologia de pesquisa Imetodologia de pesquisa I
metodologia de pesquisa I
 
Pesquisa e ensino
Pesquisa e ensinoPesquisa e ensino
Pesquisa e ensino
 
Analu_ava_principioeducativoecientifico
Analu_ava_principioeducativoecientificoAnalu_ava_principioeducativoecientifico
Analu_ava_principioeducativoecientifico
 
IndAgação e a filosofia do questionamento
IndAgação e a filosofia do questionamentoIndAgação e a filosofia do questionamento
IndAgação e a filosofia do questionamento
 
Pesquisas educacionais
Pesquisas educacionaisPesquisas educacionais
Pesquisas educacionais
 
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdf
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdfDIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdf
DIFERENTES FORMAS CONHECIMENTO CIENTIFICO.pdf
 
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no Brasil
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no BrasilMetodologia Científica na Publicação de Artigos no Brasil
Metodologia Científica na Publicação de Artigos no Brasil
 
Metodos e tecnicas de pesquisa
Metodos e tecnicas de pesquisaMetodos e tecnicas de pesquisa
Metodos e tecnicas de pesquisa
 
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergA arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
 
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenbergA arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
A arte-de-pesquisar-mirian-goldenberg
 

Mais de Edilene Ruth Pereira

Pl globalização história das coisas
Pl globalização   história das coisasPl globalização   história das coisas
Pl globalização história das coisasEdilene Ruth Pereira
 
Neoliberalismo globalização (resumo)
Neoliberalismo globalização (resumo)Neoliberalismo globalização (resumo)
Neoliberalismo globalização (resumo)Edilene Ruth Pereira
 
Unificação da Alemanha e Itália - Resumo
Unificação da Alemanha e Itália - ResumoUnificação da Alemanha e Itália - Resumo
Unificação da Alemanha e Itália - ResumoEdilene Ruth Pereira
 
Atividade de História - Ditadura Militar no Brasil
Atividade de História - Ditadura Militar no BrasilAtividade de História - Ditadura Militar no Brasil
Atividade de História - Ditadura Militar no BrasilEdilene Ruth Pereira
 
Apresentação do grupo arautos do evangelho
Apresentação do grupo arautos do evangelhoApresentação do grupo arautos do evangelho
Apresentação do grupo arautos do evangelhoEdilene Ruth Pereira
 
Atividade Expansão Marítima - 7° ano
Atividade Expansão Marítima - 7° anoAtividade Expansão Marítima - 7° ano
Atividade Expansão Marítima - 7° anoEdilene Ruth Pereira
 

Mais de Edilene Ruth Pereira (20)

Pl globalização história das coisas
Pl globalização   história das coisasPl globalização   história das coisas
Pl globalização história das coisas
 
Célula 3D
Célula 3DCélula 3D
Célula 3D
 
Confraternização Pré II
Confraternização Pré IIConfraternização Pré II
Confraternização Pré II
 
Formatura Proerd
Formatura ProerdFormatura Proerd
Formatura Proerd
 
Projeto Educação não tem cor
Projeto Educação não tem corProjeto Educação não tem cor
Projeto Educação não tem cor
 
Imigrantes e Nativos Digitais
Imigrantes e Nativos DigitaisImigrantes e Nativos Digitais
Imigrantes e Nativos Digitais
 
Projeto de leitura 2013
Projeto de leitura 2013 Projeto de leitura 2013
Projeto de leitura 2013
 
Festa dos 50 anos - Vespertino
Festa dos 50 anos - VespertinoFesta dos 50 anos - Vespertino
Festa dos 50 anos - Vespertino
 
Festa 50 anos - Matutino
Festa 50 anos - MatutinoFesta 50 anos - Matutino
Festa 50 anos - Matutino
 
Neoliberalismo globalização (resumo)
Neoliberalismo globalização (resumo)Neoliberalismo globalização (resumo)
Neoliberalismo globalização (resumo)
 
Unificação da Alemanha e Itália - Resumo
Unificação da Alemanha e Itália - ResumoUnificação da Alemanha e Itália - Resumo
Unificação da Alemanha e Itália - Resumo
 
Atividade de História - Ditadura Militar no Brasil
Atividade de História - Ditadura Militar no BrasilAtividade de História - Ditadura Militar no Brasil
Atividade de História - Ditadura Militar no Brasil
 
Apresentação do grupo arautos do evangelho
Apresentação do grupo arautos do evangelhoApresentação do grupo arautos do evangelho
Apresentação do grupo arautos do evangelho
 
Gincana Solurb 1° ao 5° ano
Gincana Solurb 1° ao 5° anoGincana Solurb 1° ao 5° ano
Gincana Solurb 1° ao 5° ano
 
Gincana Solurb 6° ao 9° ano
Gincana Solurb 6° ao 9° anoGincana Solurb 6° ao 9° ano
Gincana Solurb 6° ao 9° ano
 
Ditadura militar no brasil
Ditadura militar no brasilDitadura militar no brasil
Ditadura militar no brasil
 
O Segundo Reinado - D. Pedro II
O Segundo Reinado - D. Pedro IIO Segundo Reinado - D. Pedro II
O Segundo Reinado - D. Pedro II
 
Povos pré colombianos
Povos pré colombianosPovos pré colombianos
Povos pré colombianos
 
Atividade Expansão Marítima - 7° ano
Atividade Expansão Marítima - 7° anoAtividade Expansão Marítima - 7° ano
Atividade Expansão Marítima - 7° ano
 
Geometria aula poligono regular
 Geometria  aula poligono regular Geometria  aula poligono regular
Geometria aula poligono regular
 

Último

[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptxLinoReisLino
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.MrPitobaldo
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 

Último (20)

[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 

A pesquisa como princípio científico e educativo

  • 1. PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS DIVISÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Módulo III: Pesquisa, princípio científico e educativo MEDIADOR PEDAGÓGICO: Neiva Valadares CURSISTA: Edilene Ruth Pereira
  • 2. I – Pesquisar – O que é?
  • 3. Desmitificando o conceito • O processo de pesquisa está quase sempre cercado de ritos especiais, cujo acesso é reservado a poucos iluminados. • Todavia, libertar a pesquisa do exclusivismo sofisticado não pode levá-la ao exclusivismo oposto da banalização cotidiana mágica. • A desmistificação mais fundamental, porém, está na crítica à separação artificial entre ensino e pesquisa.
  • 4. • Pesquisar somente para saber já seria proposta alienante, porque desencarna a pesquisa da sua face inserida na realidade histórica, reduzindo-a ao esforço de sistematização de ideias e de especulação dedutiva. • Como ator social, o pesquisador é fenômeno político, que, na pesquisa, o traduz sobretudo pelos interesses que mobilizam os confrontos e pelos interesses aos quais serve.
  • 5. • Quem ensina carece pesquisar; quem pesquisa carece ensinar. Professor que apenas ensina jamais o foi. Pesquisador que só pesquisa é elitista explorador, privilegiado e acomodado. • Professor é quem, tendo conquistado espaço acadêmico próprio através da produção, tem condições e bagagem para transmitir via ensino. • Pesquisa é processo que deve aparecer em todo trajeto educativo, como princípio educativo que é, na base de qualquer proposta emancipatória. • Um dos instrumentos essenciais da criação é a pesquisa. Nisto está o seu valor também educativo, para além da descoberta científica.
  • 6. Horizontes múltiplos da pesquisa • Mesmo quando colocamos o desafio correto de que a pesquisa é descoberta da realidade, trata- se de um conceito estreito de realidade, se a restringirmos à sua manifestação empírica. • “O que se vê”, de modo geral, não é, nem de longe, a parte principal e, na consequência, o que está nos dados muitas vezes é manifestação secundária, ocasional, superficial. • O pesquisador não somente é quem sabe acumular dados mensurados, mas sobretudo quem nunca desiste de questionar a realidade, sabendo que qualquer conhecimento é apenas recorte.
  • 7. • De partida, é mister ressaltar que ao lado da preocupação empírica deve haver preocupação teórica. • A realidade como tal não depende da interpretação para existir: existe com ou sem intérprete. • Domínio teórico significa a construção, via pesquisa, da capacidade de relacionar alternativas explicativas, de conhecer seus vazios e virtudes, sua história, sua consistência, sua potencialidade, de cultivar a polêmica dialogal construtiva, de especular chances possíveis de caminhos outros ainda não devassados.
  • 8. • A seguir, é importante ressaltar a preocupação metodológica. • Método é instrumento, caminho, procedimento, e por isso nunca vem antes da concepção de realidade. Para se colocar como captar, é mister ter-se ideia do que captar. • A despreocupação metodológica coincide com baixo nível acadêmico, pois passa ao largo da discussão sobre modos de explicar, substituindo-a por expectativas ingênuas de evidências prévias.
  • 9. • Assim, é a metodologia que coloca mais propriamente a pretensão científica e seu domínio define na prática quem é ou não cientista. • Nesse sentido, pesquisa metodológica é um dos horizontes estratégicos da pesquisa como tal, que não se restringe a “decorar” estatística com seus testes áridos, mas alcança a capacidade de discutir criativamente caminhos alternativos para a ciência e mesmo de criá-los.
  • 10. • A ciência mais criativa é aquela que se questiona, quando adquire ares de sabedoria. • Por fim, outro horizonte da pesquisa é a prática, por mais que as ciências sociais, contraditoriamente, possam estranhar tal postura. • É ironia: estuda-se na solidão da teoria a prática social coletiva, reintroduzindo um tipo diferente de “neutralidade”, tendo em vista a distância artificial cultivada. • Por essa porta artificial entra o fantasma da dicotomia entre saber e mudar, cuja correlação tende a ser inversa.
  • 11. • Teoria e prática detêm a mesma relevância científica e constituem no fundo um todo só. • Todo conhecimento advindo da prática necessita de elaboração teórica, mas não é menos verdadeira a postura contrária. • Pesquisa prática quer dizer “olhos abertos” para a realidade, tomando-a como mestra de nossas concepções. • Somente o que é discutível, na teoria e na prática, pode ser aceito como científico.
  • 12. A pesquisa como descoberta e criação • Em metodologia científica, descobrir e criar não são a mesma coisa. • Na descoberta criou-se conhecimento novo, não realidade nova, embora a partir daí se possa inventar usos novos do conhecimento. • Parte-se do ponto de vista de que a ciência tem como proposta, no quadro da neutralidade metodológica, descobrir estruturas dadas da realidade, que são formas não-históricas por definição.
  • 13. • Nunca se cria do nada, porque a história tem sempre antecedentes e consequentes, mas na fase nova pode predominar o novo, ao que se dá o nome de revolução. • A história vem concebida como, de um lado, condicionada por estruturas dadas, naturais e sociais, que jamais podem ser ignoradas, e, de outro lado, condicionada pela possível intervenção humana, que não precisa submeter-se passivamente às circunstâncias dadas ou encontradas.
  • 14. • Com respeito à produção científica, a disputa continua, caricaturada nos pólos antagônicos do positivismo e da dialética (Adomo/Horkheimer, 1986; Albert, 1977; Demo, 1989). • A concepção formalista de ciência distingue e separa sujeito do objeto e investe em metodologia objetiva como instrumentação de cerceamento da subjetividade. • Torna-se fatal a distinção entre ciência pura e aplicada, entre teoria e prática, por questão de método.
  • 15. • A ciência tem sempre a marca do seu construtor, que nela não só retrata a realidade, mas igualmente a molda do seu ponto de vista. • Na ciência deve estar a realidade, que é seu objetivo de captação, mas está sempre também a maneira própria do cientista de ver a realidade. • O termo construção pode ser exagerado, quando indica que o cientista passa a “inventar” a realidade, sobrepondo a ela a rigidez teórica ou o interesse ideológico.
  • 16. • Pesquisa se define aqui sobretudo pela capacidade de questionamento, que não admite resultados definitivos, estabelecendo a provisoriedade metódica como fonte principal da renovação científica. • Cientista útil é aquele, ao mesmo tempo, competente em termos formais, mas alienado politicamente. • Pesquisa deve ser vista como processo social que perpassa toda vida acadêmica e penetra na medula do professor e do aluno.
  • 17. A pesquisa como diálogo • Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade, tomando-o como processo e atitude, e como integrante do cotidiano. • Um ser social emancipado nunca entra no diálogo para somente escutar e seguir, mas para demarcar espaço próprio, a partir do qual compreende o do outro e com ele se compõe ou se defronta.
  • 18. • A comunicação pode, ao mesmo tempo, gerar e abafar a crítica, favorecer e suprimir o questionamento, motivar e desestimular o encontro. • Como diálogo, é necessária comunicação e a socialização do saber faz parte integrante da sua produção, sem falar na ligação estrutural e histórica entre teoria e prática. • Pesquisar, assim, é sempre também dialogar, no sentido específico de produzir conhecimento do outro para si, e de si para o outro, dentro de contexto comunicativo nunca de todo devassável e que sempre pode ir a pique.
  • 19. • Sendo a desigualdade social o ardil principal da sociedade, é também o maior desafio da comunicação. • Pesquisar é demonstrar que não se perdeu o senso pela alternativa, que a esperança é sempre maior que qualquer fracasso, que é sempre possível reiniciar. • O confronto histórico-estrutural de interesses é que perfaz o ambiente típico da comunicação e do diálogo.
  • 20. • Por curiosidade, muita gente lê muito, mete- se em discussões sempre que pode, aprecia desvendar todos os detalhes, mantém-se bem informada. • A informação garante poder. • Ao ressaltarmos a raiz política da pesquisa, não decorre somente a sua chance histórica de comunicação construtiva, mas igualmente a potencialidade de manipulação social. • O conhecimento pode dirigir-se à transformação, como pode ser estratégia para não transformar.
  • 21. • Colocar pesquisa como diálogo transformador é processo político de conquista, de construção, de criação, que depende da qualidade política dos pesquisadores, no contexto da respectiva sociedade. • De certa maneira, pesquisa se confunde com a filosofia, em seu sentido original: apreço pela sabedoria, tanto em sua modéstia que sabe antes de mais nada que pouco sabe, como em sua exuberância que a tudo questiona, inclusive a si mesma (Abbagnano, 1989).
  • 22. • Aprender, além de necessário sobretudo como expediente de acumulação de informação, tem seu lado digno de atitude construtiva e produtiva, sempre que expressar descoberta e criação de conhecimento, pelo menos a digestão pessoal do que se transmite. • É possível aprender escutando aulas, tomando nota, mas aprende-se de verdade quando se parte para a elaboração própria, motivando o surgimento do pesquisador, que aprende construindo (Franchi, 1988).
  • 23. • Quem sabe dialogar com a realidade de modo crítico e criativo faz da pesquisa condição de vida, progresso e cidadania. DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2006, 12ª ed.