O documento discute a transição demográfica brasileira, incluindo a queda das taxas de natalidade e mortalidade ao longo do século 20. Também analisa as mudanças na estrutura etária da população, com o envelhecimento da população e redução do tamanho das famílias. Por fim, discute a mobilidade espacial da população e a miscigenação no Brasil.
1. Jessica Amaral
1º Semestre Geografia Matutino/2012
Docente Rosangela Hespanhol
RESUMO
-ELZA BERQUÓ. “Evolução Demográfica” (Capitulo I). IN: “Brasil: um século de
transformações”. Companhia das Letras, 2001. Vários Autores.
A TRANSIÇÃO DEMOGRAFICA BRASILEIRA
Inicialmente, o texto discute as principais fases e fatores da transição demográfica
brasileira, entre eles, as taxas de imigração que representava aproximadamente 10% do
crescimento populacional no inicio do século XX, passando a ser aproximadamente 6%
40 anos depois. Destaca também os fatores da natalidade e mortalidade, que tem seus
níveis e tendências apresentadas nas variações sociais e regionais.
De modo geral, a população vem sendo marcada por transições decorrentes de
mudanças nos níveis de mortalidade e fecundidade: a diminuição da fecundidade na
época da crise econômica no fim da década de 20; o crescimento da população entre as
décadas de 1940 e 1960 devido ao declínio da mortalidade; o desaceleramento desse
crescimento a partir de 1960 relacionada à redução da fecundidade, transformando
significantemente a estrutura etária da população; a cobertura dos serviços de
saneamento básico e a abrangência do sistema educacional que contribuíram para a
redução sistemática dos níveis da mortalidade infantil a partir da década de 1970.
Ainda com relação à fecundidade, revelou-se em 1986 que 70% das mulheres entre 15 e
54 anos faz uso de algum método contraceptivo, tanto de medicamentos a partir de
programas e políticas como o aborto induzido.
O estudioso Faria mostrou que, embora as políticas governamentais de benefícios
previdenciários, de saúde, e credito ao consumidor e telecomunicações não estivessem
sido formuladas no sentido da demanda por regulação da fecundidade, acabaram por ter
efeitos sobre essa demanda e, conseqüente mente, sobre a redução da fecundidade. O
efeito também é observado, numa analise superficial, na entrada da mulher no mercado
de trabalho.
Numa analise sobre a pirâmide etária da população, se pode dizer que o Brasil passou de
uma população jovem para uma população envelhecida, fruto da queda da fecundidade
iniciada a partir da década de 1960, onde o grupo de jovens passou a decair na estrutura
etária, fenômeno já observado em 1998 nos países mais ricos, no Brasil os idosos
superarão os jovens só por volta de 2040. No decorrer do século XX, o volume da
população idosa aumentou 25 vezes.
Sobre a população idosa, pode se destacar a situação socioeconômica. É fato que essa
população representa os nascidos da década de 1930, que sua média de escolarização é
2. de três a quatro anos. Como essa geração não foi muito ativa na contribuição da
previdência, é hoje a população com uma condição inferior a das outras gerações, com
uma aposentadoria igual a um salário mínimo. A conseqüência disso é a ocupação no
mercado de trabalho, diminuindo a ocupação pela população economicamente ativa,
gerando uma crise da previdência.
Em ultima analise, a estrutura etária da população passa de uma pirâmide de base larga
e forma triangular (com altas taxas de fecundidade e mortalidade) para outra mais
uniforme e de base reduzida (com grande redução na fecundidade). Vale analisar que a
mortalidade reduziu na década de 1940.
Com relação à nupcialidade e arranjos familiares, ao que se diz das categorias do estado
civil da população, o Brasil apresentou algumas pequenas mudanças como à categoria
dos “divorciados” que foi incluindo no Código Civil em 1980, que em seguida
permitiram que estes pudessem ter um novo casamento.
Nesse sentido, cresceram ao longo do tempo as proporções de casados (legalmente ou
não) e de divorciados ou separados, reduzindo-se, por sua vez, as de solteiros e de
viúvos. A taxa bruta de nupcialidade legal declinou nas ultimas décadas, sofrendo uma
redução de 60% ao passo que houve o grande aumento das uniões não legalizadas ou
consensuais ocorridos no mesmo período. Atualmente, observa-se uma dinâmica de
descontinualidade matrimonial na sociedade brasileira.
A cultura brasileira, apesar das décadas, não mostra alterações significativas com
relação às idades em que homens e mulheres se casam que permanecem os 27 anos para
os homens e variam entre 21 a 24 anos paras as mulheres. A interação de processos
demográficos acaba por determinar estruturas domesticas e familiares, onde cresce as
unidades domiciliares e declina no numero médio de pessoas por unidade domiciliares
que, por sua vez são mais raras os de sete ou mais pessoas, seguidos dos de cinco a seis
componentes, seu maior crescimento deu-se nas unidades de três a quatro pessoas.
MOBILIDADE ESPACIAL DA POPLAÇÃO BRASILEIRA AO LONGO DO SÉCLO XX
A mobilidade espacial da população no território nacional insere-se em contextos
históricos, econômicos, sociais, demográficos e políticos, que tiveram implicações nos
processos de retribuição da população e de urbanização ao longo do século XX:
abolição e a expansão cafeeira do período 1880-1930; entrada de imigrantes
estrangeiros; os deslocamentos populacionais para Belém; do fim do século XIX a
1930, migração de escravos, migração inter-regional de mão-de-obra livre para
produção de borracha na Amazônia e migração de escravos libertos, substituídos por
imigrantes estrangeiros.
Essa mobilidade segue com a crise econômica mundial e a conseqüente crise do café,
causando a transferência da população das áreas cafeeiras rurais para áreas urbanas; as
políticas de desenvolvimento industrial e econômico pós 1930 e pós-1950, que por sua
vez causaram, seqüencialmente, uma migração rural de três milhões e sete milhões;
ainda na segunda metade de 1960 iniciou-se o processo de industrialização do campo e
3. modernização agrícola, aumentando o êxodo rural, totalizando 12,8 milhões de pessoas
que saíram do campo. De um lado, deslanchava-se o processo de esgotamento de
antigas áreas de fronteiras, ao passo que se diversificava o parque industrial, abrindo
novos empregos após as mudanças ocorridas.
A MISCIGENAÇÃO NO BRASIL
A miscigenação no Brasil, ao que se diz na classificação das categorias, lançava mão de
três: “branco”, “preto” e “amarelo”. Foi “declarado, além das ultimas três, nos censos
dos anos de 1960 e 1980, a categoria „parda‟ e „indígena‟, respectivamente.”
As informações de Berquó (1987), Bercovich (1987), Wood e Webster (1987) e Garcia
Tamburo (1987) permitem lançar algumas suposições sobre a conformação por cor da
população.
A branca esteve exposta a uma menor mortalidade, entrou mais cedo em união conjugal,
teve um menor celibato e maior fecundidade até 1960, o que pode ser responsável por
seu predomínio quantitativo no total populacional. Por outro lado, o aumento da
mestiçagem e o declínio mais acentuado da fecundidade a partir de 1960, devido ao
acesso mais precoce a métodos mais modernos de anticoncepção, podem ser
responsabilizados pela desaceleração de sua taxa de crescimento e redução de seu peso
relativo no total populacional (Berquó, 1988).
Já quanto a população preta, sua maior mortalidade, a entrada mais tardia em união,
com elevado celibato, principalmente o feminino, a mestiçagem e a menor fecundidade
até 1960 traduzem-se em baixas taxas de crescimento e no acentuado declínio de seu
peso relativo no computo geral. As altas taxas de fecundidade durante todo o período
1940-80 e a elevada mestiçagem com a população branca respondem pelo alto e
sistemático crescimento de pardos.