O documento resume os principais livros sapienciais e poéticos do Antigo Testamento, incluindo os Salmos, Provérbios, Jó e Cântico dos Cânticos. Discorre sobre os temas, estilos literários, autores e períodos de composição de cada um destes livros, mostrando como refletem a sabedoria judaica ao longo dos séculos.
2. Livros dos Salmos
O Saltério é a coleção de 150 salmos; o nome do livro
deriva da palavra Psalterión que é um instrumento de
cordas que acompanhava os canticos.
Em hebraico o saltério chama-se
Tehillim: “hinos”.
Israel cultivou desde o principio,
a poesia lírica sob muitas formas.
Algumas peças estão inseridas no próprio texto de alguns
livros, enquanto outras compõe o saltério.
3. Livros dos Salmos
Muitos nomes são atribuídos no inicio dos salmos,
indicando um espécie de classificação deles feito no
decorrer do tempo, ao se arrumar as coleções.
Atualmente, fazendo-se uma classificação sobre o estudo
das formas literárias, levando em conta os estilos,
distingue-se três grandes gêneros: os hinos, as súplicas e a
ações de graças.
Esta não é uma classificação conclusiva, pois há salmos
que não se encaixam diretamente nesse modelo, pois
apresenta-se deveras misto, mas esta classificação segue os
temas e intenções gerais dos salmos.
4. Livros dos Salmos - Hinos
No geral, os hinos possui uma composição bastante
uniforme. Todos começam por uma exortação a louvar a
Deus. O corpo do hino descreve os motivos desse louvor, os
prodígios realizados por Deus na natureza, especialmente
sua obra criadora, e na história, principalmente a salvação
concedida ao povo. A conclusão repete a fórmula de
introdução ou exprime uma prece.
Há dois grupos salientes nesse conjunto de hinos:
- Cânticos de Sião
- Os Salmos do Reino de Deus
5. Livros dos Salmos – Sl 8
“Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em
toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!Tu
ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por
causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao
vingador. Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua
e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que
te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois
pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra
o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras
das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:Todas as
ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos
céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos
mares.Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome
sobre toda a terra!”
6. Livros dos Salmos - Súplicas
As súplicas também podem ser chamada de salmo de
sofrimento ou de lamentação. Não cantam a glória de Deus,
mas dirigem-se a Ele, e nisto diferem dos hinos.
Geralmente as súplicas começam com uma invocação,
acompanhada de um pedido de socorro, de prece ou de
expressão de confiança. No corpo do Salmo procura-se
comover Deus descrevendo-lhe a triste situação do
suplicante. Muitas vezes a suplica terminam e de modo
repentino, pela certeza de que a prece é atendida e por uma
ação de graças.
Estas suplicas podem ser coletivas ou individuais.
7. Livros dos Salmos – Sl 17
“Ouve, SENHOR, a justiça; atende ao meu clamor; dá
ouvidos à minha oração, que não é feita com lábios
enganosos. Saia a minha sentença de diante do teu rosto;
atendam os teus olhos à razão. Provaste o meu coração;
visitaste-me de noite; examinaste-me, e nada achaste; propus
que a minha boca não transgredirá. Quanto ao trato dos
homens, pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas
do destruidor [...] Levanta-te, Senhor, detém-no, derruba-o,
livra a minha alma do ímpio, com a tua espada; Dos homens
com a tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cuja porção
está nesta vida, e cujo ventre enches do teu tesouro oculto.
Estão fartos de filhos e dão os seus sobejos às suas crianças.
Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me
satisfarei da tua semelhança quando acordar.”
8. Livros dos Salmos – Ações de Graça
Em alguns salmos, o termino se dá em uma ação de graça,
todavia, há salmos que tem esse tema do agradecimento
como o tema essencial do poema.
Raramente esses salmos são coletivos, nestes casos o povo
dá graças pela libertação de um perigo, pela abundancia
da colheita, pelos beneficio concedido pelo Rei, etc. Com
maior frequencia são individuais, as pessoas particulares,
depois de recordar os males sofridos e a oração atendida,
exprimem seu reconhecimento e exortam os fieis a louvar a
Deus com elas.
9. Livros dos Salmos – Sl 21
“O rei se alegra em tua força, SENHOR; e na tua salvação
grandemente se regozija. Cumpriste-lhe o desejo do seu
coração, e não negaste as súplicas dos seus lábios. Pois vais
ao seu encontro com as bênçãos de bondade; pões na sua
cabeça uma coroa de ouro fino. Vida te pediu, e lha deste [...]
A tua mão alcançará todos os teus inimigos, a tua mão direita
alcançará aqueles que te odeiam. [...]. Porque intentaram o
mal contra ti; maquinaram um ardil, mas não prevalecerão.
Assim que tu lhes farás voltar as costas; e com tuas flechas
postas nas cordas lhes apontarás ao rosto. Exalta-te, Senhor,
na tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.”
10. Livros dos Salmos
Salmos Régios; Há certo números de cânticos
“régios” espalhado no saltério. Seriam poemas
antigos, datado da época da monarquia e refletindo
uma linguagem e o cerimonial da corte.
Os Salmos e o Culto; O saltério é a coleção dos
cânticos religiosos de Israel. Havia entre as pessoas
do templo os cantores. As festas do Senhor eram
celebradas com danças e coros.
11. Livros dos Salmos
Os salmos foram as preces do AT, quando o próprio
Deus inspirou os sentimentos que seus filhos devem
ter a seu respeito e as palavras de que devem servir-
se ao se dirigirem a Ele.
Aqueles gritos de louvor, de súplica ou de ação de
graças, arrancados aos salmistas nas circunstâncias
de sua época e de sua experiência pessoal, tem
caráter universal, pois exprimem o que todo homem
deve ter diante de Deus.
12. Livros Sapienciais
Dar-se o nome de livros Sapienciais a cinco livros do
Antigo Testamento: Jó, Provérbios, Eclesiastes, Eclesiástico
e Sabedorias. Estes livros representam uma corrente de
pensamento que floresceu em todo o Oriente.
As primeiras obras de sabedoria de Israel sofreu bastante
influencia das obras de sabedoria dos povos vizinhos.
No geral, os livros sapienciais não abordam os grandes
temas do AT: a Aliança, a Lei, a Eleição, a Salvação. Os
sábios de Israel não se preocuparam com a história ou com
o futuro de seu povo, eles pesquisavam o destino do
indivíduos. Mas sob a luz da religião javista.
13. Livros Sapienciais
A sabedoria oriental, que influenciava o pensamento
israelita, era o que podemos chamar de humanismo, deste
modo, incorporando ao seu jeito próprio de conceber o
mundo e o homem, a sabedoria israelita poder-se-ia
chamar de “humanismo devoto”.
No desenrolar da tradição sapiencial, a Sabedoria foi se
personificando, em determinados textos ela já se pronuncia
como uma pessoa e já está presente em Deus desde a
eternidade e agindo com ele na criação.
Assim a Sabedoria que era um atributo de Deus, chega a se
destacar dele e se torna uma pessoa.
14. Livros Sapienciais
Como o destino dos indivíduos era a preocupação
dominante dos sábios, o problema da retribuição tinha para
eles importância capital. Justamente nesse ambiente que se
desenvolve e evolui a doutrina da retribuição.
Nas tradições mais antigas, a Sabedoria (a justiça) conduz
necessariamente a felicidade, e a insensatez, isto é, a
iniqüidade, leva a ruína. É Deus quem assim recompensava
os bons e pune os maus. Esta dedução se dá do fato que é
Deus que governa o mundo, e Ele é sábio e justo.
Todavia, quando essa doutrina tentava apelar a
experiência, mostrava-se por vezes contraditória.
15. Livros Sapienciais
O ambiente dos sábios é bastante diferente daqueles
ambientes de onde procedem os escritos sacerdotais e
proféticos. A ponto de se formarem, durante muito tempo na
história de Israel, três classes: os sacerdotes (o culto), os
sábios (o destino) e os profetas (a nação e a Lei). Cada
grupo, no geral, tinha as suas próprias preocupações. Mas
à partir do exílio, estas três correntes se confluem.
A Sabedoria, além de personificada, foi atribuída a um
grande rei de Israel: Salomão. O qual poderia pedir
qualquer coisa para Deus, mas quis apenas a Sabedoria.
16. Livros de Jó
A obra prima da literatura do movimento sapiencial é o
livro de Jó. Começa com uma narração em prosa, que se
desenrola em um prólogo, depois abre-se grande diálogos
poéticos, que forma o corpo do livro.
O enredo se dá sobre a dramática história de Jó, que se ver
acometido de diversos males e não sabe ao certo o que lhe
sucede, então três amigo que o visita começa a expor seus
pensamentos sobre a provável causa do mal que ele está a
sofrer.
Este é a grande oposição literário sobre a doutrina da
retribuição.
17. Livros dos Provérbios
O livro dos provérbios é o mais típico da literatura
sapiencial, ele se formou em torno de duas coleções
atribuídas a Salomão, a qual foi sendo adicionado outros
elementos até a forma que temos hoje.
O livro representa vários séculos de reflexão dos Sábios,
deste modo, podemos acompanhar nele um progresso
doutrinário. Nas duas coleções mais antigas, predomina o
tom de sabedoria humana e profana, ainda que já venha em
alguns deles expresso um caráter religioso, trata-se de uma
teologia prática. E nos demais textos, pode-se dizer, que se
encontra uma maturidade maior sobre as virtudes
requeridas, que encontra seu fundamento sempre em Deus.
18. Livros do Eclesiastes
Este pequeno livro se intitula “Palavra de Coélet”, filho de
Davi, rei em Jerusalém. O nome Coélet é atribuído a um
oficio e designa aquele que fala na assembleia.
De certo modo o livro, não há plano definido, mas trata-se
de variações sobre o tema único, a vaidade das cosias
humanas. Tudo é decepcionante: a ciência, a riqueza, o
amor, até a vida. O problema de Coélet é equivalente ao de
Jó, o bem e o mal tem a sua sanção aqui na terra? O
mistério do além o tormenta, não há solução para o Xeol.
O livro tem caráter de obra transitório. As certezas
tradicionais são abaladas, as riquezas e os bens materiais
são questionados, ele prega o desapego: tudo é vaidade!
19. Livros do Cântico dos Cânticos
O Cântico dos Cânticos, isto é, o Cântico por excelência, o
mais belo canto, celebra o amor mútuo de um Amado e de
uma Amada, que se juntam e se perdem, se procuram e se
encontram.
Este livro, que emprega a linguagem do amor apaixonado,
causou espanto. No séc. I de nossa era, os judeus cantavam
o Cântico nas festas profanas de casamento.
Nos meios judaicos, foram levantadas dúvidas sobre a
canonicidade do Cântico e foram resolvida pelo apelo a
tradição. Este texto foi aceito como Escritura santa na
Igreja e largamente usado pelos místicos cristãos.
20. Livros da Sabedoria
O autor do livro se dirige aos seu compatriotas judeus, e
muito particularmente a juventude judaica que amanhã
deverá governar a comunidade. Ele tem diante de si, um
mundo helenizado, uma mundo alexandrino muito atraente.
A primeira parte do livro afirma que Deus criou o homem
incorruptível, a imortalidade é seu destino, a morte é fruto
do mal. Daí uma vida terrestre sofrida, mas uma vez que
vivida santamente, terá a sua recompensa junto ao Senhor.
Nesta obra, a fidelidade na prova e busca apaixonada pela
Sabedoria apoiam-se sobre a meditação orante do Êxodo,
para afirmar a felicidade dos justos junto de Deus para
além da morte.
21. Livros do Eclesiástico
Este livro foi transmitido nas bíblias gregas, latinas e
síriaca, mas não se encontra no Canôn hebraico nem na
Bíblia protestante.
No inicio do sec. II, Jesus Bem Sirá, mestre da sabedoria
em Jerusalém, reuniu em seu livro o melhor de seu
ensinamento. Em sua forma, o livro está na linha dos seus
predecessores e de seus modelos. Seu estilo põe em ação
todos os recursos da poética dos sábios.
A Sabedoria de Deus manifestou-se em Israel, e a Lei,
compreendida como revelação bíblica, é sua melhor
expressão. A condição para receber a sabedoria é o temor
de Deus, atitude de veneração e amor.