2. Dom de Si
[...] única criatura sobre a terra a
ser querida por Deus por si
mesma, não se pode encontrar
plenamente a não ser no sincero
dom de si mesmo [...]
3. Reunião e Missão
Depois da morte-ressurreição de Jesus, o Cristo, dois
pólos marcam a vida de seus seguidores: a reunião e a
missão.
Na reunião, com palavras e ações simbólicas, recorda-
se a paixão e glorificação de Jesus, que na força do seu
Espírito, cria comunhão. Na missão, o mesmo Espírito
envia e cria, da força, coragem...
Há uma relação profunda entre os dois pólos: é o
mesmo mistério da Páscoa do Senhor que é anunciado
e vivido no dia a dia e também atualizado na memória
litúrgica. Um não existe sem o outro.
4. Liturgia
A palavra Liturgia vem do grego λειτουργία, que
significa ação do povo ou serviço realizado a
favor do povo, pode se entendido de duas
maneiras complementares:
1- É a ação de Deus, servindo e santificando seu
povo, fazendo-o passar da morte para a vida.
2- É a ação do povo, servindo glorificando a
Deus em união com Jesus no Espírito Santo.
5. Cume e Fonte
Liturgia é ação simbólica, ritual; expressão
comunitária de nossa fé cristã. É o mistério
cristão celebrado. Por essa razão, a liturgia é
considerada “cume” para o qual tende toda a
ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a “fonte” de
onde demanda toda a sua força (SC 10).
Deste modo, não podemos tomar a liturgia como
se fosse um momento, uma atividade no meio das
outras.
6. Morte e Sacrifício
A ação central da Eucaristia é, acima de tudo,
o memorial da morte e ressurreição de Jesus
por todos nós. Por isso dizemos que, no
coração da celebração eucarística, há um
gesto dramático muito expressivo de sua morte
por nós. Não comemoramos a ceia, mas a
oferta do seu corpo e do seu sangue em nosso
favor. Assim, a memória que é celebrada traz
até nós o sacrifício de Cristo.
7. A Missa
A Missa ou Ceia do Senhor, na qual os cristãos
se reúnem para celebrar a memória do
sacrifício de Jesus, constitui o principal ato de
culto da igreja.
E ela está fundamentalmente dividida em duas
partes: A liturgia da Palavra e a liturgia
Eucarística
8. Breve Definição
A palavra “sacramento” significa “sinal”.
Nós dizemos que o Batismo, a Confirmação, a
Reconciliação, a Eucaristia, A Unção dos
Enfermos, a Ordem e o Matrimônio, são
Sacramentos, ou seja, sinais.
Sinal de que? Sinal do amor de Deus para com
a humanidade.
9. Um forma de pensar
Poderíamos dizer que o sacramento é antes de
tudo um modo de pensar. O pensar sacramental
pensa a realidade não como coisas, mas como
símbolos. Este surge do encontro do homem com
o mundo. No encontro tanto o homem como o
mundo se modificam. Tornam-se significativos.
Este modo de pensar é universal, por isso, vale
dizer que tudo pode se transformar num
sacramento, não apenas algumas coisas.
10. O Sacramento e a Fé
A fé não cria o sacramento. Ela cria no homem a
óptica pela qual pode ver a presença de Deus nas
coisas ou na história. Deus está presente neles.
Nem sempre o homem se dá conta disso. Assim, a
fé nos permite vislumbrar Deus no mundo.
Então o mundo com suas coisas e fatos se
transfigura: ele é mais que mundo, é sacramento
de Deus.
11. História e Sacramento
Para a tradição judaico-cristã a história é o
lugar principal do encontro com Deus. Ela é
história da salvação ou da perdição. As fases da
história são chamadas de sacramentos e o cume
da história da salvação é Jesus Cristo, por isso,
ele é chamado de sacramento primordial de Deus.
A Igreja é chamada, por prolongamento de
Cristo, de sacramento Universal da Salvação.
12. A Igreja Sacramento
A Igreja toda é sacramento, por isso, tudo que
há nela e tudo que ela faz possui uma
estrutura sacramental. Mas dentro do
complexo sacramental da Igreja ressaltam os
sete sacramentos. Eles simbolizam a
totalidade da vida humana, assenta em sete
eixos fundamentais.
13. O autor dos sacramentos
Jesus Cristo é autor dos sacramentos,
enquanto Ele é a eficácia de todos
sacramentos. Assim, querendo a Igreja, Ele
quis os sacramentos que concretizam e
detalham a Igreja para as várias situações da
vida.
14. Ex Opere Operato
A expressão ex opere operato que dizer a
presença infalivel da graça no mundo não
depende das disposições subjetivas, seja
daquele que administra, seja daquele que
recebe os sacramentos. Em suma, o sim
definitivo que Jesus Cristo disse aos homens, o
sim de Deus, não é posto em perigo pela
indignidade humana.
15. Ex Opere Operantis
A presença infalível da graça no rito eclesial só
se torna eficaz se o homem estiver com o coração
aberto e preparado. O sacramento completo só se
realiza no encontro de Deus que vai ao homem e
do homem que vai a Deus.
A palavra “sacramentum”, na Igreja Latina,
significava originalmente esta conversão do
homem para Deus, a abertura total que chega ao
martírio.
16. Os Sacramentos de Cura
O Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas
e dos nossos corpos, que perdoou os pecados ao
paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo quis
que a sua Igreja continuasse, com a força do
Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação,
mesmo para com os seus próprios membros.
É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura:
o sacramente da Penitência e o da Unção dos
enfermos
17. Caminhada de conversão
A nova vida da graça, recebida no Batismo, não
suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a
inclinação para o pecado (isto é, a
concupiscência), Cristo instituiu este sacramento
para a conversão dos batizados que pelo pecado
d’Ele se afastaram.
O apelo à conversão ressoa continuamente na vida
dos batizados. Esta conversão é um empenho
contínuo para toda a Igreja, que é santa mas
contém pecadores no seu seio.
18. Conversão e Penitência
É chamado sacramento da conversão, porque
realiza sacramentalmente o apelo de Jesus à
conversão e o esforço de regressar à casa do
Pai da qual o pecador se afastou pelo pecado.
É chamado sacramento da Penitência,
porque consagra uma caminhada pessoal e
eclesial de conversão, de arrependimento e de
satisfação por parte do cristão pecador.
19. Confissão
É chamado sacramento da confissão, porque
o reconhecimento, a confissão dos pecados
perante o sacerdote é um elemento essencial
deste sacramento.
Num sentido profundo, este sacramento é
também uma «confissão», reconhecimento e
louvor da santidade de Deus e da sua
misericórdia para com o homem pecador.
20. Perdão e Reconciliação
É chamado sacramento do Perdão, porque, pela
absolvição sacramental do sacerdote. Deus
concede ao penitente «o perdão e a paz».
E chamado sacramento da Reconciliação, porque
dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia:
«Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5, 20).
Aquele que vive do amor misericordioso de Deus
está pronto para responder ao apelo do Senhor:
«Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão» (Mt
5, 24).
21. O caminho da Penitência
A conversão realiza-se na vida quotidiana por
gestos de reconciliação, pelo cuidado dos pobres,
o exercício e a defesa da justiça e do direito, pela
confissão das próprias faltas aos irmãos, pela
correção fraterna, a revisão de vida, o exame de
consciência, a direção espiritual, a aceitação dos
sofrimentos, a coragem de suportar a perseguição
por amor da justiça.
Tomar a sua cruz todos os dias e seguir Jesus é o
caminho mais seguro da penitência.
22. As três vias da Bíblia
A penitência interior do cristão pode ter
expressões muito variadas. A Escritura e os
Padres insistem sobretudo em três formas: o
jejum, a oração e a esmola que exprimem a
conversão, em relação a si mesmo, a Deus e
aos outros.
23. Os efeitos espirituais
– a reconciliação com Deus, pela qual o penitente
recupera a graça;
– a reconciliação com a Igreja;
– a remissão da pena eterna, em que incorreu pelos
pecados mortais;
– a remissão, ao menos em parte, das penas
temporais, consequência do pecado;
– a paz e a serenidade da consciência e a consolação
espiritual;
– o acréscimo das forças espirituais para o combate
cristão.
24. Extrema Unção?
O sacramento da unção nos permite ver
concretamente a compaixão de Deus pelo homem.
No passado era chamado «Extrema Unção»,
porque era entendido como conforto espiritual na
iminência da morte. Ao contrário, falar de
«Unção dos enfermos» ajuda-nos a alargar o
olhar para a experiência da doença e do
sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus.
25. Recorrer ao Sacramento
É preciso chamar o sacerdote para junto do doente e
dizer: «venha, dê-lhe a unção, abençoe-o». É o próprio
Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar
força, para lhe dar esperança, para o ajudar; também
para lhe perdoar os pecados.
o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção
dos enfermos representam toda a comunidade cristã
que, como um único corpo se estreita em volta de quem
sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a
esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor
fraterno.
26. Sentido da Doença
• Ruptura da unidade subjetiva
• Crise da comunicação com os outros
• Experiência de finitude
• Um acontecimento que se impõe a liberdade, uma
tarefa que se oferece a liberdade
• A reunificação subjetiva
• A restauração da comunicação
• A integração da finitude e da morte
• Uma cura que assume o aspecto da ressurreição
27. Significação Especifica
A unção revela ao doente a presença divina que a
acompanha e que ele pode sempre encontrar pela
fé, pela esperança e pela caridade. Manifesta
também a solidariedade eclesial para com a
pessoa enferma.
A unção propõe ao doente uma tarefa de
reunificação em quatro dimensões: reconciliação
com o corpo, restauração da solidariedade com o
mundo, integração de finitude e da morte,
integração da temporalidade.
28. Significação Segunda
Se for impossível ao doente recorrer ao
sacramento da reconciliação, a unção realiza
o ato libertador da alienação devida ao
pecado, sendo ela a necessária condição da
retomada da liberdade num sentido novo, e do
acesso ao mundo escatológico, se a morte
deve ser o desfecho da doença.
29. O maior conforto
O maior conforto provém do fato de que quem
está presente no Sacramento é o próprio
Senhor Jesus, que nos guia pela mão, nos
acaricia como fazia com os doentes e nos
recorda que já lhe pertencemos e que nada —
nem sequer o mal nem a morte — jamais nos
poderá separar d’Ele,
30. Ao Serviço da Comunhão
Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimônio,
conferem uma graça especial para uma missão
particular na Igreja em ordem à edificação do
povo de Deus. Eles contribuem em especial para
a comunhão eclesial e para a salvação dos
outros.
São ordenados para a salvação de outrem. Se
contribuem também para a salvação pessoal, é
através do serviço aos outros que o fazem.
31. Sacramento da Ordem
A Ordem é o sacramento graças ao qual a
missão confiada por Cristo aos Apóstolos
continua a ser exercida na Igreja, até ao fim
dos tempos: é, portanto, o sacramento do
ministério apostólico. E compreende três
graus: o episcopado, o presbiterado e o
diaconato.
32. Os Ministérios
Toda instituição, para dar razão de sua existência,
deve prestar certos serviços a coletividade. A Igreja
como instituição, não faz exceção a regra. Os
serviços que ela presta orientam-se em três direções:
O serviço a Palavra, o serviço do culto e dos
sacramentos da fé, e o serviço da caridade,
comunhão, direção e animação.
Todos ministérios tem sua origem na missão de
Cristo confiada a seus apóstolos e pertencem à
estrutura fundamental da Igreja.
33. Os graus do Sacramento
O sacramento compõe-se de três graus, que são
insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja:
o episcopado, o presbiterado e o diaconato.
A Ordenação episcopal confere a plenitude do
sacramento da Ordem, faz do Bispo o legítimo
sucessor dos Apóstolos, insere-o no Colégio
episcopal, partilhando com o Papa e os outros
Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e confere-
lhe a missão de ensinar, santificar e governar.
34. Características elementares
O sacramento da Ordem é conferido pela imposição
das mãos, seguida duma solene oração consecratória,
que pede a Deus para o ordinando as graças do
Espírito Santo, requeridas para o seu ministério. A
ordenação imprime um caráter sacramental indelével.
A Igreja confere o sacramento da Ordem somente a
homens (viris) batizado, cujas aptidões para o exercício
do ministério tenham sido devidamente reconhecidas.
Compete à autoridade da Igreja a responsabilidade e o
direito de chamar alguém para receber a Ordem.
35. Caráter Indelével
Este sacramento configura o ordinando com Cristo por
uma graça especial do Espírito Santo, a fim de servir
de instrumento de Cristo em favor da sua Igreja. Pela
ordenação, recebe-se a capacidade de agir como
representante de Cristo, cabeça da Igreja. na sua
tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
Tal como no caso do Batismo e da Confirmação, esta
participação na função de Cristo é dada uma vez por
todas. O sacramento da Ordem confere, também ele,
um caráter espiritual indelével, e não pode ser repetido
nem conferido para um tempo limitado.
36. Sacramento do Matrimônio
O gesto de um esposo e de uma esposa de se
darem no amor e de formarem família é sinal
do amor de Deus para com a humanidade.
Portanto, é sacramento.
O próprio Deus escolheu essa realidade para
falar do seu amor pelo seu povo. Tanto o
Antigo como o Novo testamento apresenta o
amor humano como sinal do amor Divino.
37. Homem e Mulher, o Criou
A vocação para o matrimônio está inscrita na
própria natureza do homem e da mulher, tais como
saíram das mãos do Criador.
Deus, que criou o homem por amor, também o
chamou ao amor, vocação fundamental e inata de
todo o ser humano. Tendo-os Deus criado homem e
mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do
amor absoluto e indefectível com que Deus ama o
homem. E este amor, que Deus abençoa, está
destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra
comum do cuidado da criação
38. Jesus e o Matrimônio
No umbral da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro
sinal –a pedido da sua Mãe – por ocasião duma festa de
casamento. A Igreja atribui uma grande importância à
presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nesse fato a
confirmação da bondade do matrimônio e o anúncio de que,
doravante, o matrimônio seria um sinal eficaz da presença
de Cristo.
Na sua pregação, Jesus ensinou sem equívocos o sentido
original da união do homem e da mulher, tal como o
Criador a quis no princípio: a permissão de repudiar a sua
mulher, dada por Moisés, era uma concessão à dureza do
coração.
39. “Meu jugo é leve”
Esta insistência inequívoca na indissolubilidade do vínculo
matrimonial pôde criar perplexidade e aparecer como uma
exigência impraticável. No entanto, Jesus não impôs aos
esposos um fardo impossível de levar e pesado demais.
Ele próprio dá a força e a graça de viver o matrimônio na
dimensão nova do Reino de Deus. É seguindo a Cristo, na
renúncia a si próprios e tornando a sua cruz, que os
esposos poderão “compreender” o sentido original do
matrimônio e vivê-lo com a ajuda de Cristo. Esta graça do
Matrimônio cristão é fruto da cruz de Cristo, fonte de toda
a vida cristã.
40. “Sinal Representativo”
O matrimônio é um dos sete sacramentos da
Igreja. Não, porém, como os outros. Enquanto
os outros sacramentos oferecem a graça, o
matrimônio já a contem em si mesmo.
Se distingue ainda por não ser uma instituição
eclesial, mas, antes de tudo, uma instituição
natural a qual o sacramento da um realização
perfeita.
41. Ministros e Matéria
Até hoje, os ministros do sacramento são os
noivos, e sua “matéria” é a realidade do
matrimônio em si mesma, na sua essência
humana.
Somente o consentimento dos noivos é
estritamente necessário para que o matrimônio
seja sacramento. A benção da testemunha
qualificada é um simples sacramental.
42. Indissolubilidade
A indissolubilidade do Matrimônio está em
relação direta com sua sacramentalidade, ou seja,
o matrimônio se torna indissolúvel quando for
assumido na fé como imagem, sacramento e
testemunho do amor esponsal e indissolúvel entre
Cristo e a Igreja.
De um amor conjugal que implicasse o divórcio
seria impossível fazer sinal ou sacramento do
mistério de amor que une Cristo como Redentor à
sua Igreja.
43. Amor Conjugal
O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e
nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus
que é Amor
O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto
de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente
do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de
amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é
própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão
dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo
pessoal, para colaborarem com Deus na geração e
educação de novas vidas.
44. Característica do Amor Conjugal
É, antes de mais, um amor plenamente humano,
quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível.
Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou
do sentimento; mas é também, e principalmente,
ato da vontade livre, destinado a manter-se e a
crescer, mediante as alegrias e as dores da vida
cotidiana, de tal modo que os esposos se tornem
um só coração e uma só alma e alcancem juntos a
sua perfeição humana.
45. União e Procriação
Pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao
mesmo tempo que une profundamente os esposos,
torna-os aptos para a geração de novas vidas,
segundo leis inscritas no próprio ser do homem e
da mulher.
Salvaguardando estes dois aspectos essenciais,
unitivo e procriador, o ato conjugal conserva
integralmente o sentido de amor mútuo e
verdadeiro e a sua ordenação para a altíssima
vocação do homem para a paternidade.