4. Um olhar amplo
Israel não é o único povo que confessa ter um modo de
acesso aos planos da divindade, embora nem todo acesso a
esses planos tenha características proféticas. Buscou-se,
muitas vezes, paralelismo entre o profetismo e o êxtase, a
adivinhação ou magia; provavelmente, porque se viu no
profeta a única figura da religião israelita que poderia ter
alguma característica do “feiticeiro da tribo”.
Os próprios hebreus reconheceram o fato prófetico fora dos
ambitos de sua própria religião e cultura, a prova disto é a
assombrosa figura de Balaão, moabita que pronuncia
oráculos do Senhor.
5. Buscando uma origem
As grandes descobertas sobre o mundo egípcio, fez com que
alguns especialistas chegassem a pensar que o profetismo
havia nascido no Egito.
Todavia, a profecia bíblica, segundo outros especialistas,
teria maiores afinidades com as correntes siro-
mesopotâmicas do que com a egípcia.
As grandes civilizações deixaram inumeráveis vestígios de
magia e adivinhação, mas não atingiram um nível mais
elevado que se permita usar o termo profecia. Entretanto há
uma figura chamada “mahhû”, onde suas atividades
registrada nos arquivos reais de Mari, se aproximam muito
do profetismo israelita.
6. Vocabulário e Etimologia
A palavra “profeta” tem origem grega (através do latim
propheta). Pro-Phetes significa “falar em vez de”, “ser
porta voz de” ou também “falar diante de alguém”. “falar
em voz alta”. É utilizada frequentemente na versão grega
do Novo Testamento.
No texto hebraico do Antigo Testamento, corresponde
normalmente a palavra “nabî”, mas também se traduz por
outros vocabulários: “hozeh” (vidente); “roeh” (vidente”;
além dessas designações, são usadas outras denominações
como “homem de Deus” ou “visionário”. Nabî significa
“chamar”, “convocar”, “anunciar”.
7. Uso do Vocabulário
Antes da entrada na terra prometida, somente três pessoas
são chamadas de nabi no Pentateuco. Araão como porta
voz de Moises, e Maria (irmãs de Moises) quando etoa o
hino de vitória. Além desses dois, o próprio Moises (Dt 18,
9-22).
Na terra prometida, com a conquista da terra, o uso de nabi
adquire toda a sua complexidade e se torna algo mais
habitual. Avançando os anos na terra prometida, surge
alguns grupos profeticos que recebem o nome de nebiim ou
benê hannebiin.
8. Grupos Proféticos
Antes da monarquia unificada; num primeiro
momento, parece prodominar dentro do mundo
profético o funcionamento em grupo. Utilizavam
normalmente a musica como meio para entrar em
extase. Não pronunciam palavras inteligiveis ou que
valesse a pena ter-se conservado; neles se descobrem
a atuação do Espirito do Senhor, contudo, tudo isto é
um fenômeno típico dos profetas de Baal, talvez por
isso eles são vistos com desprezo em certos
ambientes.
9. Grupos Proféticos
Durante a monarquia; estes grupos perduraram até depois
da monarquia, alguns claramente como profetas de Baal,
outros integrados plenamente a religião de Israel. Neles
predomina o espirito “que está em sua boca”, eles pulavam
e brincavam, mas através deles, se esperava uma resposta
de Deus.
Com este grupo se relacionaram Elias e Eliseu, Vivem junto
e organizam a vida em torno de um mestre, a quem chama
de “pai”. Certamente, estes grupos foram muito importante
para a sobrevivência do javismo e para a história do
profetismo. Entre eles deve ter aparecido pela primeira vez
a frase “ser profeta”, isto é, falar em nome do Senhor.
10. O profeta
Na monarquia unificada; Gad e Natã são personagens que
atuam sozinho e não em grupos. Gad é chamado, também,
de vidente e há três aspectos de atuações principais: certa
relação com o culto; função de conselheiro real; e palavras
de condenação ao rei. O mesmo se poderia falar de Natã,
que tem em 2Sm 7, sua profecia mais significativa.
Nesta época, os profetas são aqueles personagens da corte,
não obstante, conservam uma certa distancia e liberdade de
palavra em relação à pessoa do rei para aconselhá-lo e
repreendê-lo.
11. O profeta
Durante a monarquia dividida; É a época do
chamado “profetismo clássico”. Uma série de
nome célebre se destaca nessa época, dentre
eles Isaias e Jonas. São pessoas por meio do
qual se pode consultar o Senhor, mas não
estão só à disposição do rei, mas de qualquer
um. Eles não vivem na corte, mas influenciam
com seus oráculos.
12. O profeta
Os profetas posteriores; É na época da monarquia
dividida que se dá o inicio do fenômeno profetico no
sentido mais estrito, aquele ao qual os judeus
utilizam a denominação de “profeta posteriores”.
De fato, não acabaram os grupos profeticos, nem os
profetas individuais, mas é nessa época que aparece
aqueles homens a quem designamos propriamente de
profetas, de quem conhecemos coleções de ditos,
presente nos livros que levam o seu nome.
13. Profetas Anteriores e Posteriores
O ponto de mudança entre os profetas “anteriores” e
“posteriores” está em Amós.
a) Os “anteriores” na tradição judaica são livros
historiográficos, enquanto os “posteriores” são
livros com nome de pessoas.
b) Os livros historiográficos contem narrações
esporádicas sobre alguns profetas, enquanto os
outros são coleções sistemáticas de narrações e
oráculos.
14. Profetas Anteriores e Posteriores
c) Os primeiros costumam responder questões individuais e
concretas, enquanto os do segundo grupo falam a todo o
povo sobre “o final”, sobre o castigo definitivo, e sobre a
esperança após o castigo, intervindo mesmo que não lhe
peça a sua opinião.
d) Os profetas anteriores pregam em virtude da interpretação
religiosa do momento, enquanto os posteriores contêm
quase todas as tradições importantes de Israel e as
modificam na medida necessária para fundamentar a sua
pregação.
15. Relatos de Vocação
Os relatos de vocação podem ser apresentados sob dois
aspectos: narrações bibliográficas ou autobiográficas.
Os relatos de vocação podem ser datados num
determinado momento da vida do profeta, antecipando o
inicio de sua missão, pois eles a explicam.
Com algumas variantes, podemos distinguir s seguintes
partes num relato de vocação profética: Manifestação
divina; Palavra introdutória; Missão; Objeção;
Confirmação; Sinal.
16. Relatos de Vocação
Manifestação divina: expressa que Deus irrompe na vida
do profeta; não se trata da presença habitual, mas
experimenta isto no transcorrer dos fatos.
A palavra introdutória: apresenta o aspecto pessoal da
comunicação estabelecida, não se trata de algo anônimo
ou casual.
Na vocação se recebe a missão: que se expressa num
imperativo, a missão de porta-voz, embaixador, etc. não
pode apropriar-se de nada para si mesmo, vem de outro e
se experimenta como decisiva
17. Relatos de Vocação
A objeção: não se trata de uma falsa humildade, mas
expressa em primeiro lugar a liberdade do enviado; a
objeção é o primeiro sinal do oficio de mediador que todo
profeta tem.
Confirmação e Sinal: estes constituem a resposta de Deus
a objeção real; a confirmação vale somente para o profeta
(“eu estou contigo”); o sinal que as vezes se oferece não
busca satisfazer a curiosidade pessoal do profeta nem do
público, mas constitui a credencial publica do profeta.
18. Dinâmica do Profetismo
“Vê! Eu te constituo, hoje, sobre as nações e sobre os reinos,
para arrancar e para destruir, para exterminar e para demolir,
para construir e para plantar.” (Jr 1, 10)
O dinamismo próprio do profetismo é o Anúncio e Denúncia .
Para poder anunciar e denunciar, o profeta tinha um duplo
quadro de referências:
[1] Uma experiência profunda de Deus. Não de qualquer
Deus, mas do Senhor, o Deus que está no meio do povo, o Deus
libertador, o Deus vivo e verdadeiro, criador de Céu e da Terra.
[2] Uma experiência profunda da realidade do povo. Não de
qualquer povo, nem do povo em geral, mas do povo enquanto
chamado a ser povo de Deus.
19. O Verdadeiro e o Falso Profeta
Para se averiguar a autenticidade das profecias,
consequentemente do profeta, aquilo que fosse proclamado
deveria ser realizado.
A presença e atuação de Deus na história, junto com a voz
dos profetas que as interpretam, forma a palavra completa
de Deus e constitui a sua revelação. As intervenções de
Deus sem a voz dos profetas permanece mudas. As vozes
dos profetas sem as intervenções são vazias.
O sentido mais profundo do profetismo de Israel: um Deus
que fala ao seu povo por meio de seus profetas e um profeta
que fala aos seus irmãos por meio das obras de Deus.