3. 7.1 CONCEITO DE TEXTO
O termo texto é proveniente de textus,
vinculado ao verbo latino texere com
o sentido de tecer, enlaçar, entrelaçar.
O autor de um texto tece as ideias,
enlaça as palavras e vai construindo
com habilidade um enunciado (oral ou
escrito) capaz de transmitir uma
mensagem, por constituir um todo
significativo com intenção
comunicativa, colocando o emissor
em contato com o receptor.
4. Texto é também qualquer imagem –
charges, quadrinhos, figuras e
desenhos que transmitem uma
mensagem.
O texto é mais que a soma dos
enunciados que o compõem – sua
produção e compreensão derivam de
uma competência específica do
falante: a competência textual.
5. O termo texto em sentido amplo é toda
e qualquer manifestação da capacidade
textual do ser humano (uma música,
um filme, uma escultura, um poema
etc.) e, em se tratando de linguagem
verbal, temos o discurso, atividade
comunicativa de um sujeito, numa
situação de comunicação dada,
englobando o conjunto de enunciados
produzidos pelo locutor e o evento de
sua enunciação. Discurso = texto no
sentido restrito.
6. Pode-se definir texto ou discurso como
ocorrência linguística falada ou escrita,
de qualquer extensão, dotada de
unidade:
Sociocomunicativa: em uso e tem
papel determinante uma série de
fatores pragmáticos tais como as
intenções do produtor; o jogo de
imagens mentais que cada um dos
interlocutores faz de si, do outro e do
outro com relação a si mesmo e ao
tema do discurso; e o espaço de
perceptibilidade visual e acústica
comum, na comunicação face a face.
7. Semântica: precisa ser percebida
pelo recebedor como um todo
significativo, deve ter coerência.
Formal: porque seus constituintes
linguísticos devem se mostrar
reconhecidamente integrados, de
modo a permitir que ele seja
percebido como um todo coeso.
8. 7.2 FATORES DE TEXTUALIDADE OU
DA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO
A linguagem é um processo de
interação social, um processo
discursivo e uma atividade cognitiva
que envolve o autor, o texto e o leitor.
O sentido não está exclusivamente no
autor; nem apenas no texto; ou
somente no leitor, mas está na
interação entre esses elementos. O
objetivo do autor é transformar ideias
em texto. O objetivo do leitor é buscar
respostas para suas perguntas.
9. Para construir o sentido do texto é
necessário saber: Para quem? Onde
o texto vai circular? Quais as
expectativas de quem vai ler? Que
conhecimentos o leitor tem?
10. Além disso, o contexto em sentido
estrito (circunstâncias imediatas do
ato do discurso) e o contexto em
sentido lato (determinações
histórico-sociais e ideológicas em
que o discurso é produzido - a
família, a escola, a igreja, o
sindicato, a política, a informação, a
língua) devem ser levados em
consideração.
11. Há sete princípios ou padrões de
textualidade em que ancoram os
textos e estes são os responsáveis
pela intertextualidade de um
discurso. Textualidade é um
conjunto de características que
fazem com que um texto seja
realmente um texto e não uma
sequência de frases.
12. É preciso ressaltar que a
coerência é o componente
decisivo da textualidade. A
coerência e a coesão se
relacionam com o material
conceitual linguístico do texto
13. A intencionalidade, a
aceitabilidade, a
situacionalidade, a
informatividade e a
intertextualidade são centrados
nos usuários e estão
relacionados com os fatores
pragmáticos envolvidos no
processo sociocomunicativo.
14. 7.2.1 Fatores de Textualidade
Centrados no Texto
A coesão é a manifestação
linguística da coerência; advém da
maneira como os conceitos e
relações subjacentes são expressos
na superfície textual.
15. Constrói-se por meio de
mecanismos gramaticais e lexicais.
Entre os primeiros, encontram-se os
pronomes anafóricos os artigos, a
elipse, a concordância, a correlação
entre os tempos verbais, as
conjunções etc. Entre os
mecanismos lexicais, estão a
reiteração, substituição e
associação.
16. São cinco mecanismos de coesão:
referência, substituição (nominal,
verbal, frasal); elipse (nominal,
verbal, frasal); conjunção e coesão
lexical (repetição, sinonímia,
hiperonímia, uso de nomes
genéricos, colocação).
17. A coesão tem a ver com o modo
como o texto está estruturado
semanticamente. É, portanto, um
conceito semântico que se refere às
relações de significados que existem
dentro do texto e fazem dele um
texto e não uma sequência aleatória
de frases”.
18. “ A coesão é a relação semântica
entre dois elementos do texto, de
modo que um deles tem de ser
interpretado por referência ao outro,
pressupondo-o. Cria entre os
elementos um laço (“tié”). Para eles
há dois tipos de coesão, conforme a
classe de elementos envolvidos:
coesão gramatical (expressa através
da gramática) e a coesão lexical
(expressa através do vocabulário)”.
19. O texto precisa apresentar também
um certo grau de coerência que
envolve os vários componentes
interpessoais e outras formas de
influência do falante na situação de
fala.
20. “Um texto é uma passagem do
discurso que é coerente em dois
aspectos: a) em relação ao contexto
de situação, portanto consistente em
registro e b) em relação a si mesmo
e, portanto, coeso.
A coesão é interna (linguística) e a
coerência, externa, pois diz respeito
aos contextos de situação”.
21. A coerência teria a ver com a “boa
formação” do texto, é algo que se
estabelece na interação, na
interlocução, em uma situação
comunicativa entre dois usuários. É
responsável pelo sentido, deve ser
vista, portanto, como um princípio
de interpretabilidade do texto.
22. 7.2.2 Fatores de Textualidade
Centrados no Usuário
Entre os sete fatores responsáveis
pela textualidade, cinco estão
relacionados ao processo
sociocomunicativo. A
intencionalidade e a aceitabilidade
se referem aos protagonistas do ato
de comunicação.
23. A intencionalidade concerne ao
empenho do produtor em construir
um discurso coerente, coeso e
capaz de satisfazer os objetivos que
tem em mente em uma determinada
situação comunicativa. A meta pode
ser informar, ou impressionar, ou
alarmar, ou convencer, ou pedir, ou
ofender etc., e é ela que vai orientar
a confecção do texto.
24. De acordo com Cereja e Magalhães
(1999, p. 18), a intencionalidade
discursiva “[...] são as intenções,
explícitas ou implícitas, existentes
na linguagem dos interlocutores que
participam de uma situação
comunicativa”.
25. A aceitabilidade relaciona-se ao
recebedor, ao que ele espera: “um
texto coerente coeso, útil e
relevante, capaz de levá-lo a
adquirir conhecimentos ou a
cooperar com os objetivos do
emissor” (COSTA VAL, 1999, p. 11).
26. A informatividade está relacionada
ao grau de informações que o texto
veicula. Um discurso menos
previsível é mais informativo e se
torna mais interessante para o
recebedor, mas um texto
completamente inusitado pode ser
repudiado por ele, pois não
conseguirá entendê-lo.
27. Assim, diz Costa Val (1999, p. 14), “O
ideal é o texto se manter num nível
mediano de informatividade, no qual
se alternam ocorrências de
processamento imediato, com
ocorrências de processamento mais
trabalhoso”.
28. A situacionalidade refere-se à
pertinência do texto em relação ao
contexto.
Diz Costa Val (1999, p. 12): “O
contexto pode, realmente, definir o
sentido do discurso e, orienta tanto
a produção quanto a produção”.
29. A intertextualidade refere-se às
relações que os textos mantêm
entre si, isto é, um texto cita
outro, por isso a sua
interpretação depende do
conhecimento de outro(s)
texto(s).
30. Além desses aspectos, outros
fatores são necessários para a
interpretação de um texto: o
conhecimento das formas
discursivas e textuais, inferências,
argumentatividade e focalização,
que têm a ver com os fatores
pragmáticos envolvidos no
processo sociocomunicativo.
31. Conhecimento das Formas Discursivas
e Textuais: conhecer os gêneros
textuais, como carta, e-mail, blog,
receita de bolo, editorial, anúncio, bula
de remédio, charge, telegrama etc. “[...]
facilita as previsões e os esforços
interpretativos, uma vez que sabemos
o que esperar deles” (ASSUNÇÃO,
2008, p. 31).
Assim também, conhecer os tipos
textuais (descritivo, narrativo etc.)
também contribui para a interpretação.
32. Pressupostos e Inferências: quando
deduzimos algo que não foi escrito
ou falado, mas que está implícito.
“Os procedimentos de leitura nos
exigem o trânsito não apenas pelos
ditos do texto, mas também pelos
não-ditos, por aquilo que está
implícito, subentendido (já explicado
anteriormente), mas possível de
apreensão”.
33. Argumentatividade: Defesa dos
pontos de vista, visando a
convencer o interlocutor. Para a
realização de suas intenções, o texto
precisa de argumentos consistentes,
relevantes. São eles – e também as
suas pistas – que orientarão os
enunciados para determinadas
conclusões.
34. Focalização: Refere-se ao foco
principal da abordagem do
assunto, segundo Assunção
(2008), ou seja, a escolha que o
autor faz para expor o que
pretende, quando reconhecida e
compreendida pelo leitor, ajuda-
o a interpretar o texto.
35. Enfim, é de fundamental importância
conhecer as pistas do mundo
linguístico e extralinguístico para a
compreensão e interpretação da
diversidade de gêneros textuais que
circulam à nossa volta, condição
para uma interação eficiente e eficaz
com o mundo que nos cerca.
37. “As partes (acusação e defesa) têm
inteira liberdade de interpretar a
prova e de tirar as conclusões que
entenderem; o que não podem é
falsear a verdade, lendo o que não
está escrito” (Baraúna).