1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
1. 1
do estudanteNúm. 61 - ANO VII Outubro – Novembro /2018
Folhetim do estudante é uma
publicação de cunho cultural e
educacional com artigos e textos de
Professores, alunos, membros de
comunidades das Escolas Públicas
do Estado de SP e pensadores
humanistas.
Acesse o BLOG do folhetim
http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br
Sugestões e textos para:
prof.valter.gomes@gmail.com
Entre os dias 30 e 31 de outubro,
educadores da Rede Municipal de Ensino
de São Paulo participaram do III
Congresso Municipal de Educação para
as Relações Étnico-raciais. Evento
contou com a participação de mais de
450 pessoas e ocorreu no auditório da
Universidade Nove de Julho, Campus
Memorial.
A ação formativa objetivou explicitar as
práticas pedagógicas desenvolvidas em
sala de aula tendo por referência os
marcos legais que instituíram a
obrigatoriedade do ensino da História e
Cultura Africana e Afro-Brasileira e dos
Povos Indígenas no currículo brasileiro.
Estruturado em três eixos inter-
relacionados: relatos de práticas,
apresentação de palestras por especia-
listas nas áreas temáticas e apresentações
culturais, o evento proporcionou a
mostra de práticas pedagógicas
desenvolvidas nas escolas municipais de
São Paulo que contribuem para a
desconstrução das imagens e percepções
estereotipadas sobre estes povos.
Após osos relatos de práticas de
professores da Rede Municipal sobre o
tema IMIGRAÇÂO o Professor Valter
Gomes realizou uma palestra com o
tema “Refúgios e refugiados, a
epistemologia da existência humana
em um mundo em conflitos”. Ele
ressaltou a importância da integração e
da inclusão dos estrangeiros e refugiados
que estão em nossa sociedade. Para ele
“o indivíduo dentro de um espaço
procura ser um cidadão” e “a existência
tem uma relação direta com a
sobrevivência”.
Professor Valter Gomes e Adama Konate falam
sobre o tema refugiados
Gomes disse que “é a pluralidade de
culturas nos espaços de aprendizagem
que garantem aos indivíduos construir
vivências e escolhas. Na medida em que
trabalham com a diversidade e com a
pluralidade, as escolas estarão
promovendo novas oportunidades de
aprendizagens e novos paradigmas”.
Valter Gomes também apresentou
Adama Konate, um rapaz nascido na
República de Mali, na África Ocidental e
que está há seis anos no Brasil. Ele
contou a sua experiência de criar espaços
de convivência e ajuda a africanos
refugiados que desembarcam em São
Paulo. Fonte: SME - SP
Diversidade cultural
no Brasil
O Brasil tem uma notável diversidade
criativa. Diversidade cultural pode ter
um papel central no desenvolvimento de
projetos culturais no país, especialmente
com ênfase nos indígenas,
afrodescendentes e imigrantes.
Áreas como o artesanato tradicional,
pequenas manufaturas, moda e design
são áreas estratégicas para o país, em
vista de sua potencialidade em termos da
melhoria das condições de vida das
populações mais pobres. Elas podem
trazer empoderamento individual e
contribuir com a redução da pobreza.
Ao tentar enfrentar seu problema mais
urgente – a desigualdade social – o país
vem descobrindo a forte influência da
cultura para a configuração dessa
realidade, bem como seu potencial de
transformação social do cenário atual.
Falta ainda uma abordagem cultural mais
profunda com relação aos povos
indígenas aos afrodescendentes aos
imigrantes e refugiados. Estes grupos de
minorias apresentam preocupantes
indicadores sociais do país, mas que
apenas nos últimos anos passaram a ser
alvo de políticas sociais específicas. E
garantir ações para promover a
integração dos imigrantes e de suas
culturas numa perspectiva de
interculturalidade e pluralidade Cultual.
Essas ações visam especialmente
aprofundar o assunto no que se refere
não apenas ao contexto do desequilíbrio
entre países que produzem e consomem
produtos culturais, mas também em
relação aos direitos humanos e aos
direitos das minorias, e como forma de
combater a discriminação que está na
origem da desigualdade.
Com a ratificação do Brasil em 2007 da
Convenção sobre a Proteção e Promoção
da Diversidade das Expressões Culturais,
aprovada em 2005, espera-se as
diferentes instituições que atuam com
temais ligados á Cultura, Educação e
Cidadania, além da UNESCO
contribuam na elaboração projetos em
favor da diversidade cultural, com ênfase
no pluralismo e no diálogo entre as
culturas e os diversos credos.
Prof. Valter Gomes
Folhetim
2. 2
do estudante ano VII Outubro-Novembro/2018
EDUCAÇÃO
DOIS POR DUZENTOS,
práticas pedagógicas &
gatilhos críticos em tempos
de hipocrisia hegemônica
Nos dias 5 e 6 de Setembro de 2018
ocorreu o I Simpósio de Práticas
Pedagógicas e a 4a Mostra de Cinema e
Direitos Humanos, sediado pela UNISA
e realizado pela D.E. da Região SUL 1
do Estado de SP. No evento discutiram-
se questões contemporâneas como
cidadania, democracia, igualdade racial,
diversidade sexual, identidade de gênero,
a situação de refugiados e imigrantes,
expressões do pluralismo cultural e
defesa dos direitos humanos. A proposta
era intercalar uma mostra de cinema com
exibição de uma variada programação de
filmes com oficinas nas quais os
educadores pudessem trocar e
compartilhar relato de práticas
pedagógicas, suas estratégias, métodos e
dificuldades.
No geral, foi um evento feito por, para e
com educadores.
Espremido em dois dias no qual mal
puderam trocar ideias (quiçá arquivos e
referências – quem dera!) e
simultaneamente que fora transcorrido na
permanência inclemente das demandas
das Unidades Escolares, de maneira que
também mal puderam refletir sobre essa
proporção: Dois dias de debates sobre
práticas pedagógicas e direitos humanos
para duzentos dias letivos duma Escola
que precisa lutar arduamente por um
naco de dignidade. No breu, a educação
é um ofício de trevas porque os olhos do
imaginário se fecham para as realidades
ali inerentes. Ninguém quer saber como é
lá dentro. Um sistema desenvolvido e
Administrado prioritariamente para a
contenção dos corpos. A escola é um
espaço de contingenciamento das almas
ali presentes. Disseram “contenção dos
jovens”, mas não são só dos jovens. Isso
inclui funcionários, corpo docente,
equipe gestora. Todos absurdamente
sobrecarregados todo o tempo. Não só
por consequência de um longo processo
de sucateamento, mas também porque a
sobrecarga é a propria finalidade.
Ocupados eles dão menos trabalho, é
uma máxima dita em muitas U.E.s.
A sobrecarga invisibiliza o outro pois
que inviabiliza qualquer complexidade
expressiva, reduzindo as trocas e
diálogos a comandos, dispositivos e
tarefas. Dessa forma, cumprir substitui
construir na medida em que obedecer
substitui aprender. E o caminho da
disciplina, como todo ciclo de violência,
gera um empuxo, um comprometimento,
uma atração magnética, uma exigência,
de que as relações de poder sejam
permanentemente reestabelecidas. O
fardo do homem branco. O processo
civilizatório assim se estabelece. E todas
as partes envolvidas acabam igualmente
presas em sua trama. Mas a realidade do
cão da escola deixa muito evidente que,
conforme observou Foucault, poder não
é algo que se possui. Não existe divisão
entre os que têm poder e os que não têm
poder. O poder se exerce ou se pratica.
Dessa maneira é no mínimo sincrônico
que ao mesmo tempo que praticamente
todas as U.E.s de todas as D.E.s
apresentam um cenário no qual ao passo
que acumula-se a sobrecarga insalubre de
trabalho (aparelhada pelo défict na
contratação de funcionários de apoio,
somada a ínfima remuneração com longo
histórico de irrisórios reajustes salariais,
numa toada de corte considerável de
verbas sob o pretexto de medidas de
austeridade (curiosamente simultâneas ao
perdão de dívidas de empresas
multimiliorárias e bancos do sistema
financeiro), além do quadro recente de
fechamento em massa de salas de aula o
que gera uma imensa realocação não
assistida de professores e o cenário
corrente de salas superlotadas,
infraestrutura precarizada, sistema
burocrático lento e a evidente finalidade
de uso da escola como espaço de
contigenciamento dos jovens, ao passo
que ocorra contemporâneo desse cenário
e regime o muito discreto
“convite”/”informe” para que os
educadores da rede “avaliem” a BNCC.
Como se alguém pudesse dar a mínima!
Como se houvesse tempo e energia pra
isso. Não há.
Educadores continuam trabalhando a
despeito de ambiente, das ferramentas,
das exigências, das expectativas e dos
pequenos e odiosos homúnculos de
poder que se formam no fundo de suas
gargantas.
O PROFESSOR ARTICULADOR
Eu. Quem sou. Maloqueiro anti o próprio
ego. Repensa a própria linguagem todo
dia a cada manhã. Casado. Pai. Por azar
branquelo demais. De um lado neto de
índia com linhagem difusa de cablocos e
de outro de alemã filha de cigano fugido
do velho mundo misturado cum povo de
trás dos montes. Minha família é uma
zona que tu nem imagina. Minha família
é uma zona, provavelmente que nem a
sua.
Comecei a lecionar em 2004 e desde
então nunca mais não fiz isso. E nem
sempre porque goste. Mas por vocação.
Por compromisso com as vozes que
precisam ser ditas & escutadas. O uso do
cinema marcou minha experiência desde
o início. Meu primeiro filme em sala de
aula foi no cumprimento do meu tempo
de estágio no Amorim Lima, que
implementava uma surpreendente
adaptação da experiência da Escola
da Ponte de Portugal, assim sendo,
valorizando o protagonismo estudantil no
que concerne ao conteúdo ensinado e ao
ritmo de aprendizagem.
Dessa forma perguntou-se à turma de 6o
Ano do Fundamental qual filme ou o que
ELES – estudantes e não alunos –
queriam assistir e a película desejada
pelo coletivo foi o lançamento daquele
ano O FILHO DE CHUCKY. Sim
também considerei a escolha tosca e
inútil na ocasião, mas rendeu uma
excelente discussão sobre aspectos
biológicos da anatomia humana,
sexualidade, moral e ética além de prover
o entretenimento e prazer fútil que o
cinema, por alguns chamado de terror,
pode proporcionar. O horror e o humor,
no cinema como em qualquer narrativa –
literária, teatral, HQs etc – muitas vezes
apresentam mais rupturas de gênero no
qual uma obra não se leva tanto a sério
ao ponto de se ver engessada nesse ou
naquele nicho ou prateleira de consumo
espetacular, em suma, tem maior
potencial para surpreender, ou como
dizem os roteiristas, quebrar a quarta
parede. Transitar no terreno da
metalinguagem. Armar e disparar
gatilhos críticos. Cabe confessar que
sempre fui fã de filmes de terror, mas
nunca até então havia visto junto de duas
ou três dúzias de crianças. Foi sublime.
Mas a experiência de praticamente
inaugurar minha profissão de educador
assistindo O FILHO DE CHUCKY com
folhetim
3. 3
do estudante ano VII Outubro-Novembro/2018
uma sala cheia de crianças de dez, onze
doze anos foi sobretudo arrebatadora e
iconoclástica. Aprendi rápido e desde o
começo que havia escolhido uma
profissão na qual eu pudesse
experimentar livremente. Ou quase. O
que o sistema e a sociedade nos dá de
desprezo, pelo tear da nossa alquimia
transformamos em autonomia. Bem na
sua cara otário ideolofóbico do MBL.
E a verdade é que a liberdade em
exercício gera bons frutos. E há os
professores cujo método é surfar na maré
da sincronicidade, atentos, de escuta e
olhar muito afiados a espera de uma boa
oportunidade para sensibilizar. O
professor quer despertar a consciência.
Mas para que possa fazer isso com
outrém ele precisa acostumar-se ao
trabalho permanente de despertar a si
próprio. Não pode dormir no ponto.
Jamais.
O cinema, então, é um recurso muito
valioso, pois aproxima o olhar da
abstração iconográfica, imediatizando o
uso sígnico que as imagens em
movimento oferecem. A partir daí temos
uma base da qual é possível se construir
infinitas pontes apontando para inúmeros
objetivos. Os temas mais complexos são
ilustrados, não pela película, nunca pela
obra, mas pelo debate que a segue, pelo
exercício compartilhado de interpretação.
Nesses fins de terceiro bimestre de 2018
tenho trabalhado com o tema do
feminicídio e da violência doméstica,
consequência direta da instalação
(exaltada à idolatria nesses tempos de
eleições feudais) de nosso modelo
patriarcal de fazer política. Os filmes
escolhidos foram os curtas Quem Matou
Eloá?-2015, Domésticas-2016 e Bichas,
o Documentário-2016. As referências
foram colhidas do Simpósio e
enriqueceram o debate ao ponto de me
permitir resgatar estudantes
declaradamente desinteressados e
convictos de seu desprezo pelas aulas,
pelos estudos e pela própria escola.
Maravilhoso e raro sentimento de
cumprimento pleno do dever. Mas que
aponta para a situação em si: Por que a
simples realização do nosso ofício está a
todo momento mergulhada no lamaçal da
contra-corrente? Por que por aqui educar
não é apenas educar, mas educar entre
esquivas, em desvios, submerso em mau
tempo e sobrecarregado de demandas
excludentes? Por que tão pouco apoio
para o professor? Por que tantos
obstáculos?
PRIMEIRA META: FALAR MENOS
& SER MAIS IMPLACÁVEL COM
A ESCÓRIA DA TERRA.
O historiador é um multivocalizador, sua
narrativa evoca muitas vozes diferentes e
assim seu ofício é falar dos, através,
pelos, conquanto, documentos. Quem
Matou Eloá? -2015 explicita a monovoz
midiática, alertando pra como TODOS
os veículos transmissores, dos mais
vulgares aos mais ridículos com pecha de
sérios & sofisticados, foram uníssonos e
semelhantes no que diz respeito à
abordagem e juízo de valores. Uma
monovoz narrativa evidentemente
violenta. Que estabelece um vínculo de
retroalimentação com os casos de
violência, colaborando para que uma
situação já terrível fique pior a medida
que se nutre dos acontecimentos nos
banquetes espetaculares oferecidos.
Conversando com os estudantes sobre
Quem Matou Eloá? Também veio à tona
o uso da palavra RITUAL que faz pensar
na máquina midiática aparada do
maquinário estatal e social imolando
Eloá em sacrifício aos deuses fabris da
audiência, do espetáculo e do consumo.
O próprio consumo dessa narrativa, essa
deglotição seguida de regurgitação
narrativa em redes sociais diversas e os
usos de slogans, de memes, de jargões
para proliferar as ideias de maneira cada
vez mais encolhida em sua mímese.
Repetição e imitação. Isso gera uma
pressão interna. Quando a pessoa não
encontra sua voz ela a sublima na
resignação, o que passa por um
endurecimento da alma, uma
insensibilização. É preciso sofrer pra
saber fazer sofrer. E as narrativas
autoreprimidas transformam-se nesse
rompante de ódio esbravejante nas redes
sociais. O consumo é a própria
ferramenta catártica. Consumo de ideias
é a finalidade do discurso e sua origem.
Por isso sem efeito exceto o impacto
emocional que causa, mas isso depende
da boca de quem diz ou das mãos de
quem tecla. Mas que faz um terrível
estrago em seu caráter viral, ou seja,
espandindo-se, multiplicando-se
rapidamente sem encontrar obstáculo ou
contraponto e assumindo um aspecto
hegemônico, que mesmo que não seja
hegemônico tende a tornar-se só por
assim parecer. E dessa forma se instala
uma tranquila aceitação das atrocidades.
Como a que permitiu que sociedade e
estado admitissem que a Nayara (menor
de idade que acabara de passar por um
trauma de sequestro e ameaça de morte)
voltasse para o apartamento.
Outros dois pontos também foram
ressaltados:
1) O Ciclo de Violência: conceito usado
para apurar os casos de violência
doméstica. O espiral das agressões verbal
até física seguida da chamada “lua de
mel” na qual há uma reconciliação para
então, passado algum tempo, recorrer na
violência, a cada volta da roda mais
próximo de um epicentro fatal. E tudo
isso sob o jugo geral da narrativa
naturalizadora, que por via reprodução /
repetição / mímese[1] espontânea acaba
por autorizar e perpetuar tantos horrors.
2) Da cronologia dos fatos: Eloá foi
morta em 2008. O filme é de 2015. E
hoje, em 2018, não é preciso recuar mais
de uma semana no tempo para encontrar
nas manchetes de programa de TV e
jornal/revista outro caso de mulher que
foi morta por algum homem “ciumento
que sofria de amor”. E temos como
dados que “o assassinato de mulheres
brancas caiu 10% na última década
(entre 2003 e 2013), enquanto o de
mulheres ngras subiu 54%. E são
mulheres negras que ganham até 75%
menos que os homens brancos nos
mesmos postos de trabalho.” - Mariele
Felinto – Mulheres Negras – carta aberta
à um dia amiga Márcia. Série
PANDEMIA – nº1 Edições.
Se a intenção, após essa reflexão, é evitar
mais casos de violência doméstica e de
gênero, a misoginia tem de ser rastreada,
identificada e destruída a cada
oportunidade. Por que o ambiente
favorece seu desenvolvimento. A internet
é um ambiente aparentemente etéreo e
imaterial, porque as consequências nunca
serão mais do que palavras ou a ausência
realizada como uma suspensão
temporária de seu caráter público seja do
infrator ou do conteúdo. Strike block
whateva. Mas essa é uma ilusão porque
há pessoas reais por trás dessa narrativa,
criadoras de horrores reais. Aquilo que
se espande e transmite no etério imaterial
da virtualidade se condensa e materializa
na bile de cada um que dá voz ou as
recebe. Faz cada um de nós colocar em
questão a própria tolerância como um
princípio. Por que certas coisas não
devem ser toleradas? Ou até onde eu
consigo conviver com a violência ou a
indiferença do outro?
Prof. Tiago Abreu - é professor de História
pela rede pública de ensino de São Paulo. Também
edita, traduz, pinta, pratica cartomancia e outras
expressões das artes ocultas e ultimamente tem
passado a maior parte do tempo puto da vida.
folhetim
4. 4
do estudante ano VII Outubro-Novembro/2018
RESENHA
Auto do Negrinho
A Escravidão vem de muito tempo e
era comum crianças serem escravas
desde o nascimento. No espetáculo, o
menino, Negrinho do Pastoreio, era
encarregado de cuidar dos animais, em
especial dos cavalos, entre outras
tarefas. Ele trabalhava muito e quase
não comia, pois o “Coronel”, seu
senhor não lhe dava nada para comer,
mas o menino tinha uma fé muito
grande e dizia que sua madrinha,
Nossa Senhora Aparecida iria lhe
ajudar.
O “Coronel” fez uma aposta com outro
senhor de escravos, seu vizinho de
terras, em uma corrida de cavalos na
qual julgava que seu cavalo montado
pelo Negrinho do Pastoreio ganharia,
caso contrário o menino seria
castigado.
A corrida foi bem disputada, pois o
menino sabia que se não ganhasse iria
apanhar, mesmo lutando para ganhar o
menino perdeu e o seu senhor furioso,
ao chegar na fazenda, castigou-o além
de deixa-lo sem comer durante vários
dias. Sofrendo durante semanas
naquela situação o menino resolveu
rezar para Nossa Senhora e depois
adormeceu de fadiga.
Os animais fugiram nesse momento
para seu azar, mesmo tentando se
explicar o “Coronel” foi mais violento
ainda e castigou-o ainda mais. Ele foi
obrigado a ir em busca dos cavalos
para trazê-los de volta ao pasto. Por
maldade o filho do patrão, soltou
novamente os animais que o menino
tinha encontrado e com isso o patrão
não mediu esforços para um castigo
ainda mais exemplar. O menino
apanhou tanto até desmaiar de dor. O
“Coronel” achando que o Negrinho
estava morto, não sabia o que fazer
com o corpo e jogou-o no formigueiro.
No outro dia o senhor, curioso para ver
o desfecho, foi até o formigueiro para
ver o corpo. Lá encontrou o menino
em pé ao lado de Nossa Senhora e
junto com os cavalos que foram soltos.
Foi algo emocionante, simplesmente
contagiante.
Bruno Souza e Fabiana Soares – 2ºJ
Sinopse
Espetáculo dentro da programação da IV
Edição da FELIZS - 19/09
AUTO DO NEGRINHO - COM
CLEYDSON CATARINA, UBERÊ GUELÉ,
SANDRO LIMA, RAFAEL FAZION
A história do menino escravizado
maltratado por seu proprietário é recriada
pelo autor Cleydson Catarina com
elementos cenográficos e dramatúrgicos
das festas populares do Brasil.
O grupo Teatro Terreiro Encantado Auto
do Negrinho. Misturando aspectos da
literatura de cordel com a sonoridade da
congada, a peça conta a história de
Negrinho do Pastoreio, uma criança
escravizada no Sul do Brasil. O
espetáculo usa máscaras e bonecões de
confecção própria para propor uma
reflexão sobre o genocídio da juventude
negra nos tempos de hoje.
INTERVENÇÃO POÉTICA: PEDRO LUCAS
LOCAL: ESPAÇO CLARIÔ DE TEATRO
Alunos da E.E. Com. Miguel Maluhy
SALA DE
LEITURA
Sarau do Binho no MALUHY
Cada ser humano carrega sentimentos
e emoções que muitas vezes só
conseguem expressar através de
poemas, canções, danças, pinturas, etc,
pois não conseguem demonstrar de
outra maneira. É incrível como muitas
dessas expressões conseguem traduzir,
muitas vezes, aquilo que não
conseguimos dizer, apenas sentir, uns
com muita intensidade outros não.
A Literatura sempre carregou muitas
emoções, alegrias, tristezas ou até
mesmo ódio, através de grandes
autores que conseguiram expressar
essas sensações no papel. Atualmente
muitas pessoas não param para se falar
ou se ouvir, vão acumulando tantas
coisas e depois não sabem o que estão
sentindo. Observo, nesse século XXI,
pessoas muito carentes, vivendo de
movimentos, festas, muito trabalho,
mas quando deitam a cabeça no
travesseiro se perguntam o que estão
fazendo da vida...Não podemos
romantizar tragédias, devemos sentir a
realidade, o SARAU do Binho, em
nossa escola expôs essa perspectiva,
falando da realidade, do cotidiano, da
periferia... sem dúvidas todos ficaram
maravilhados. Acredito que ter
SARAUS com mais frequência seria
uma forma dos jovens encontrarem
uma maneira própria de se expressar e
de aprender a ouvir o outro.
Lorrany Magalhães – 2ºI
E.E.Com. Miguel Maluhy
folhetim