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Relações étnico-raciais e o Cotidiano escolar: Um desafio e uma
necessidade
Por Ana Paula de Araujo Gomes Carvalho1
Conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente de aumento na dinâmica das
relações e interações que constituem o seu dia a dia, apreendendo as forças que a
impulsionam ou que a retêm, identificando as estruturas de poder e os modos de organização
do trabalho escolar e compreendendo o papel e a atuação de cada sujeito.2
O cotidiano escolar é compreendido como a constituição de múltiplas
determinações imersas no processo do ensino e aprendizagem que expressam
as relações sociais. Investigar o cotidiano em movimento no tempo e espaço da
escola possibilita compreender além dos fatos. Possibilita pesquisar as relações
sociais e suas possibilidades. O Cotidiano escolar necessita ser pensado e vivido
em seu dia a dia, pois as experiências de nossos estudantes ocorrem a todo
momento, assim como sua inteiração social.
Precisamos analisar e viver o cotidiano. Visto que, entre programas
educacionais, rotinas de aprendizagem, alunos e professores existem
características cotidianas que refletem a escola, que é plural. A escola inclui a
diversidade de culturas, saberes e conhecimentos, pois são sujeitos diferentes
que se relacionam neste espaço. Mas é neste espaço que infelizmente nos
deparamos com preconceito, intolerância e racismo, que é reproduzido por
muitos e muitas crianças desde a educação infantil até o ensino médio.
Não podemos ignorar o contexto social no qual estamos inseridos,
impregnado por conceitos discriminatórios e preconceituosos associados à
população negra, ocasionando problemas nas relações interpessoais, sintoma
de uma sociedade que se apresenta a cada dia mais intolerante e
antidemocrática, muitas vezes transparecendo ódio e utilizando violência.
É de conhecimento da sociedade em geral e dos educadores que o Brasil
precisa reinventar a sua história. Construir uma nação mais justa com
oportunidades iguais para todos independentes do grupo étnico, raça e
condições sociais. Com base nessa necessidade foi instituída a Lei 10.639/2003
1
Professora de História das Redes Públicas Estadual e Municipal em Japeri e Nova Iguaçu, Especialista
em História da África e Mestre em Relações Étnico-raciais.
2
ANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 2009.
que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e
Africana.
Diante deste contexto a escola na atualidade tem como desafio a inclusão
das diferentes pessoas, seja no âmbito das relações, seja no atendimento das
necessidades individuais e coletiva. Neste sentido, faz-se necessário que todos
os envolvidos com a educação estejam preparados para vivenciar no cotidiano
das instituições de ensino alternativas de práticas que ajudem a formar seres
humanos mais solidários e que saibam conviver com as diferenças.
E é neste ambiente que nós docentes vivemos a maior parte do nosso
dia, de nossa semana. Quais são as possibilidades que hoje temos, como
professores, e quais os sonhos que nutrimos dentro dos nossos espaços
escolares? O que estruturam nossas crises e o saber que mediamos? Como
abordar questões incômodas e tão sofridas como o racismo? O cotidiano escolar
como está estruturado hoje dá conta das demandas antirracistas que é urgente
que coloquemos em prática para que a escola não seja mais um campo de ódio
e intolerância?
"Ao profissional da educação cabe o processo de humanização da sociedade, pois essa é a
função primordial da educação, e seu principal desafio a inserção do homem no convívio
social". (Pimenta,2002).3
Se faz necessário utilizar estratégias para estimular atitudes mais
inclusivas e o respeito às diferenças, destacam-se debates, brincadeiras,
contação de histórias com bonecos, o reconhecimento de situações
discriminatórias, bem como a incorporação de narrativas que tragam os negros
como protagonistas.
Mas a ação mais urgente é discutir e modificar o currículo escolar, através
de novos autores, novas possibilidades da apresentação das disciplinas no chão
da escola, o docente necessita passar por transformações, que o conduzam a
reconhecer que o racismo também está na escola e permanece sendo silenciado
3
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. In: Formação de Professores:
identidade e saberes da docência.. São Paulo, Cortez, 1999.
por docentes, corpo administrativo-pedagógico a comunidade escolar e
discentes.
Por mais que a escola seja o local da igualdade, do direito e da
democracia (pelo menos na teoria), um dos grandes desafios dos docentes é
não deixar que permaneça a invisibilidade da criança preta no chão da escola. A
professora e pesquisadora Eliane Cavalleiro em seu livro “Do silêncio do lar ao
silêncio escolar” nos alerta para as atitudes de crianças não-negras e docentes
em sua grande maioria não-negros e que não “enxergam” as crianças pretas
como estudantes que possuem sua história, que para se reconhecer precisa se
“enxergar” nas gravuras, nos modelos de profissões, nas brincadeiras, nas
palavras utilizadas de forma positiva.
O que na maioria das vezes ocorre nas salas de aula é a construção de
uma “história única”, onde o preto ocupa o lugar do escravo, depois de liberto ele
passa a ser subalternizado, sua figura é marcada pela baixa escolarização, pela
favela, pela criminalidade e pela violência. E o questionamento é: que criança
vai querer ser/ter exemplos negativos para seguir? Qual é a criança que quando
crescer vai querer ser um indivíduo reconhecido na sociedade como marginal,
subalterno, violento, que possui um “cabelo ruim”, um nariz de “macaco”?
“Da Educação Infantil à Superior, é essencial conhecer e ressaltar o
protagonismo africano e afro-brasileiro na produção do conhecimento, como
Dandara, Acotirene, Milton Santos, João José Reis, Muniz Sodré, Conceição
Evaristo, Chiquinha da Silva, e relacionar esses exemplos positivos a cada um
de nossos estudantes negros”, aponta Eduardo Oliveira, professor de História e
Cultura Africana e Afro-brasileira na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Temos que mostrar como o racismo transforma diferença em
desigualdade para perpetuar privilégios. Se quisermos quebrar este ciclo,
precisamos compreender as origens do preconceito, nosso País e a produção
de conhecimento dentro das escolas e da Academia.
A formação pedagógica que recebemos na academia precisa ser
antirracista, independente de nossos discentes serem negros ou não-negros, o
professor Eduardo de Oliveira ainda acrescenta, “o racismo não se perpetua por
argumentos racionais, mas por uma percepção deturpada do outro. Por isso, é
preciso ler o corpo dos nossos estudantes com dignidade e respeito, e começar
a educá-los para ver as diferenças como oportunidade de enriquecimento de nós
todos. É ler o cabelo, a cor da pele, lábios e nariz sem uma caracterização
negativa, para inclusive aumentar a autoestima dos alunos”.
Se para os professores cabe atenção aos corpos e a valorização da
cultura africana, por parte dos gestores, cabe integrar e garantir a efetivação das
legislações sobre ensino de cultura e história africana no projeto político-
pedagógico da escola, tornando-as presente não só na sala de aula, mas
também nos espaços da administração, da merenda, da limpeza e segurança.
O professor Eduardo de Oliveira conclui, “é no cotidiano, no chão da
escola, que a gente pode ter uma ação transformadora, para que possamos
concretamente reconhecer os direitos de todos os cidadãos, particularmente de
negras e negros, que têm sido vilipendiados nos últimos 500 anos da nossa
história”,
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. [Videopalestra].
2010. 19m16s. Disponível em: https://www.geledes.org.br/chimamanda-adichie-
-o-perigo-de-uma-unica-historia/. Acesso: 14 mar. 2019.
ANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 2009.
BRASIL. Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 jan. 2003.
BRASIL. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais
Brasília: SECAD, 2006
CAVALLEIRO, E. S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito
e discriminação na educação infantil. 1998. 240 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São
Paulo, São Paulo,1998.
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. In:
Formação de Professores: identidade e saberes da docência.. São Paulo,
Cortez, 1999.

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Desafios da Inclusão Racial na Escola

  • 1. Relações étnico-raciais e o Cotidiano escolar: Um desafio e uma necessidade Por Ana Paula de Araujo Gomes Carvalho1 Conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e interações que constituem o seu dia a dia, apreendendo as forças que a impulsionam ou que a retêm, identificando as estruturas de poder e os modos de organização do trabalho escolar e compreendendo o papel e a atuação de cada sujeito.2 O cotidiano escolar é compreendido como a constituição de múltiplas determinações imersas no processo do ensino e aprendizagem que expressam as relações sociais. Investigar o cotidiano em movimento no tempo e espaço da escola possibilita compreender além dos fatos. Possibilita pesquisar as relações sociais e suas possibilidades. O Cotidiano escolar necessita ser pensado e vivido em seu dia a dia, pois as experiências de nossos estudantes ocorrem a todo momento, assim como sua inteiração social. Precisamos analisar e viver o cotidiano. Visto que, entre programas educacionais, rotinas de aprendizagem, alunos e professores existem características cotidianas que refletem a escola, que é plural. A escola inclui a diversidade de culturas, saberes e conhecimentos, pois são sujeitos diferentes que se relacionam neste espaço. Mas é neste espaço que infelizmente nos deparamos com preconceito, intolerância e racismo, que é reproduzido por muitos e muitas crianças desde a educação infantil até o ensino médio. Não podemos ignorar o contexto social no qual estamos inseridos, impregnado por conceitos discriminatórios e preconceituosos associados à população negra, ocasionando problemas nas relações interpessoais, sintoma de uma sociedade que se apresenta a cada dia mais intolerante e antidemocrática, muitas vezes transparecendo ódio e utilizando violência. É de conhecimento da sociedade em geral e dos educadores que o Brasil precisa reinventar a sua história. Construir uma nação mais justa com oportunidades iguais para todos independentes do grupo étnico, raça e condições sociais. Com base nessa necessidade foi instituída a Lei 10.639/2003 1 Professora de História das Redes Públicas Estadual e Municipal em Japeri e Nova Iguaçu, Especialista em História da África e Mestre em Relações Étnico-raciais. 2 ANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 2009.
  • 2. que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Diante deste contexto a escola na atualidade tem como desafio a inclusão das diferentes pessoas, seja no âmbito das relações, seja no atendimento das necessidades individuais e coletiva. Neste sentido, faz-se necessário que todos os envolvidos com a educação estejam preparados para vivenciar no cotidiano das instituições de ensino alternativas de práticas que ajudem a formar seres humanos mais solidários e que saibam conviver com as diferenças. E é neste ambiente que nós docentes vivemos a maior parte do nosso dia, de nossa semana. Quais são as possibilidades que hoje temos, como professores, e quais os sonhos que nutrimos dentro dos nossos espaços escolares? O que estruturam nossas crises e o saber que mediamos? Como abordar questões incômodas e tão sofridas como o racismo? O cotidiano escolar como está estruturado hoje dá conta das demandas antirracistas que é urgente que coloquemos em prática para que a escola não seja mais um campo de ódio e intolerância? "Ao profissional da educação cabe o processo de humanização da sociedade, pois essa é a função primordial da educação, e seu principal desafio a inserção do homem no convívio social". (Pimenta,2002).3 Se faz necessário utilizar estratégias para estimular atitudes mais inclusivas e o respeito às diferenças, destacam-se debates, brincadeiras, contação de histórias com bonecos, o reconhecimento de situações discriminatórias, bem como a incorporação de narrativas que tragam os negros como protagonistas. Mas a ação mais urgente é discutir e modificar o currículo escolar, através de novos autores, novas possibilidades da apresentação das disciplinas no chão da escola, o docente necessita passar por transformações, que o conduzam a reconhecer que o racismo também está na escola e permanece sendo silenciado 3 PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. In: Formação de Professores: identidade e saberes da docência.. São Paulo, Cortez, 1999.
  • 3. por docentes, corpo administrativo-pedagógico a comunidade escolar e discentes. Por mais que a escola seja o local da igualdade, do direito e da democracia (pelo menos na teoria), um dos grandes desafios dos docentes é não deixar que permaneça a invisibilidade da criança preta no chão da escola. A professora e pesquisadora Eliane Cavalleiro em seu livro “Do silêncio do lar ao silêncio escolar” nos alerta para as atitudes de crianças não-negras e docentes em sua grande maioria não-negros e que não “enxergam” as crianças pretas como estudantes que possuem sua história, que para se reconhecer precisa se “enxergar” nas gravuras, nos modelos de profissões, nas brincadeiras, nas palavras utilizadas de forma positiva. O que na maioria das vezes ocorre nas salas de aula é a construção de uma “história única”, onde o preto ocupa o lugar do escravo, depois de liberto ele passa a ser subalternizado, sua figura é marcada pela baixa escolarização, pela favela, pela criminalidade e pela violência. E o questionamento é: que criança vai querer ser/ter exemplos negativos para seguir? Qual é a criança que quando crescer vai querer ser um indivíduo reconhecido na sociedade como marginal, subalterno, violento, que possui um “cabelo ruim”, um nariz de “macaco”? “Da Educação Infantil à Superior, é essencial conhecer e ressaltar o protagonismo africano e afro-brasileiro na produção do conhecimento, como Dandara, Acotirene, Milton Santos, João José Reis, Muniz Sodré, Conceição Evaristo, Chiquinha da Silva, e relacionar esses exemplos positivos a cada um de nossos estudantes negros”, aponta Eduardo Oliveira, professor de História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Temos que mostrar como o racismo transforma diferença em desigualdade para perpetuar privilégios. Se quisermos quebrar este ciclo, precisamos compreender as origens do preconceito, nosso País e a produção de conhecimento dentro das escolas e da Academia. A formação pedagógica que recebemos na academia precisa ser antirracista, independente de nossos discentes serem negros ou não-negros, o professor Eduardo de Oliveira ainda acrescenta, “o racismo não se perpetua por argumentos racionais, mas por uma percepção deturpada do outro. Por isso, é
  • 4. preciso ler o corpo dos nossos estudantes com dignidade e respeito, e começar a educá-los para ver as diferenças como oportunidade de enriquecimento de nós todos. É ler o cabelo, a cor da pele, lábios e nariz sem uma caracterização negativa, para inclusive aumentar a autoestima dos alunos”. Se para os professores cabe atenção aos corpos e a valorização da cultura africana, por parte dos gestores, cabe integrar e garantir a efetivação das legislações sobre ensino de cultura e história africana no projeto político- pedagógico da escola, tornando-as presente não só na sala de aula, mas também nos espaços da administração, da merenda, da limpeza e segurança. O professor Eduardo de Oliveira conclui, “é no cotidiano, no chão da escola, que a gente pode ter uma ação transformadora, para que possamos concretamente reconhecer os direitos de todos os cidadãos, particularmente de negras e negros, que têm sido vilipendiados nos últimos 500 anos da nossa história”, Referências ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. [Videopalestra]. 2010. 19m16s. Disponível em: https://www.geledes.org.br/chimamanda-adichie- -o-perigo-de-uma-unica-historia/. Acesso: 14 mar. 2019. ANDRÉ, M. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 2009. BRASIL. Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 jan. 2003. BRASIL. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais Brasília: SECAD, 2006 CAVALLEIRO, E. S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 1998. 240 f. Dissertação (Mestrado em
  • 5. Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo,1998. PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. In: Formação de Professores: identidade e saberes da docência.. São Paulo, Cortez, 1999.