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do estudanteNúm. 58 - ANO VII Mar – Abr /2018
Folhetim do estudante é uma
publicação de cunho cultural e
educacional com artigos e textos de
Professores, alunos, membros de
comunidades das Escolas Públicas
do Estado de SP e pensadores
humanistas.
Acesse o BLOG do folhetim
http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br
Sugestões e textos para:
prof.valter.gomes@gmail.com
Educação para
Transformação
O pensador francês Gilles
Lipovetsky, em conferência sobre
educação proferida no RJ, defendeu
um ensino que contemple tanto o
saber técnico quanto o
desenvolvimento pessoal e a
compreensão do mundo como único
caminho possível para lidar com os
problemas da atualidade, da ecologia
à violência.
- O conhecimento técnico é
necessário, mas devemos formar
seres humanos, e não somente
"pessoas úteis". Precisamos de uma
educação que leve em conta o
homem em sua globalidade, como
um cidadão, e não o veja apenas
como produtor e trabalhador. Para
isso, educação não pode ser tratada
como luxo. É uma exigência frente
aos desafios do século XXI.
Conhecido com o filósofo da
hipermodernidade, Lipovetsky
destacou quatro campos de estudos
que considera essenciais a essa
educação global e ao futuro do
ensino: o meio ambiente, a saúde, a
cultura geral e as artes. Sobre a
educação ambiental e ecológica,
destacou a necessidade de capacitar
indivíduos desde a infância para que
sejam agentes da preservação do
planeta.
- Os jovens agora em formação serão
os diretores das empresas que irão
organizar a vida urbana no futuro,
portanto, precisam estar
sensibilizados para respeitar nosso
ambiente natural. Para o planeta, não
há outra solução que o investimento
na formação da inteligência. E a
inteligência se forma na escola.
Lipovetsky defendeu, ainda, a
necessidade de uma instrução
generalista, que permita compor
repertório cultural e histórico e
compreender a sociedade onde se
está inserido. Ele ressaltou também a
importância do desenvolvimento da
capacidade de argumentação.
- O saber oferece autonomia aos
indivíduos. A cultura geral é
indispensável para elevar a
capacidade crítica dos jovens e
libertar seus espíritos, de maneira
que tenham ferramentas para colocar
as informações em perspectiva e
entender o presente. Não é só a
economia e o meio ambiente que
precisam de desenvolvimento
sustentável. É preciso pensar também
na sustentabilidade do indivíduo. É
imperativo lutar contra o
desequilíbrio existencial resultante
do consumo e da cultura do
divertimento ininterrupto. Estamos
em uma transição cultural para o
desenvolvimento de uma ecologia do
espírito.
Por fim, o filósofo refletiu sobre a
urgência dos investimentos no ensino
das artes, área ainda muito
desvalorizada na educação formal
que, segundo ele, pode garantir
melhorias na qualidade de vida,
aumentar o sentimento de cidadania
e promover a inclusão social.
- A educação artística é secundária
no nosso sistema atual, vista como
prazer, como algo desimportante.
Isso é um erro. A arte é aquilo que
pode restituir sentido para as nossas
ações, além de ser uma ferramenta
para reduzir a violência, ao permitir
a expressão da identidade e o
reconhecimento social. A sociedade
educativa global deve considerar o
desenvolvimento da estima pessoal,
o reconhecimento do outro e a
integração social. A arte promove
todas essas coisas. Não é só prazer,
tem função social importante. Gilles
Lipovetsky acredita que o
investimento no saber artístico é
necessário para que se corrija os
excessos da sociedade de consumo.
Destacou que o problema não é
consumir, mas entender o
consumismo como objetivo de vida.
- O consumo dá ao ideal humanista
uma imagem pobre e inaceitável. O
homem não é só consumidor, mas
um ser que pensa, que age, que crê,
que ajuda os outros. A sociedade do
amanhã deve oferecer às pessoas
outras ferramentas de sedução que
não as compras e as marcas.
Prof. Valter Gomes
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Folhetim
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do estudante ano VII Mar-Abr/2018
POESIS
Poemas Indígenas da
América
Amanhece
e as gotas de orvalho
na corola das flores
são as lágrimas
que a lua derramou
naquela noite.
É da tristeza da lua
que irrompe
a Fonte.
É na tristeza da lua
que muitos
matam sua sede.
(Quíchua)
O mar imenso
me põe em movimento
O mar imenso
me deixa à deriva
Balança comigo!
Como as algas nas pedras
na correnteza do rio
O arco do céu
me põe em movimento
O arco do céu
me deixa à deriva
Balança comigo!
Como as estrelas no céu
na correnteza do espaço
O vento sopra
atravessa minh’alma
O vento sopra
me põe em movimento
Por dentro, minha alma
balança comigo
e eu…
Eu estremeço de alegria!
(Inuíte)
Florinha em botão
Brilhas ao vento
como o pirilampo
e a tudo iluminas
como se fosse o sol,
florinha em botão.
Pairas no ar
como a andorinha,
e se falas, tudo se encanta,
ouvindo ao teu canto de
sabiá.
E és minha, florinha em
botão.
(Guarani)
Como devo seguir adiante?
Como as flores que
morrem?
Meu nome será Nada um
dia?
Nada deixarei sobre a terra?
Como as flores e as canções?
Como meu coração sofre
Florindo sobre a terra
Como tudo, será em vão?
(Asteca)
Prof. Valter Gomes
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folhetim
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do estudante ano VII Mar-Abr/2018
EDUCAÇÃO
Está disponível na
Internet a WDL, a
Biblioteca Digital
Mundial
Que presente da
UNESCO para a
Humanidade inteira!
O acervo inclui o
Hyakumanto Darani,
documento japonês
publicado em 764 e
considerado o primeiro
texto impresso da
história. O acesso é
gratuito e é possível
fazer buscas por
períodos históricos,
zonas geográficas, tipo
de documento e
instituição.
Milhares de documentos em
árabe, chinês, inglês, francês,
russo, espanhol e português estão
à disposição do público através da
Biblioteca Digital Mundial
(WDL, em sua sigla em inglês),
um projeto da Organização das
Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) em parceria com
outras 32 instituições.
De acordo com Abdelaziz Abid,
coordenador da iniciativa, a WDL
não é uma biblioteca comum
porque não tem em seu acervo
publicações atuais: “nosso acervo
tem valor patrimonial, para ajudar
a compreender melhor as culturas
do mundo.” Entre os documentos
mais antigos estão alguns códigos
pré-colombianos – uma
contribuição do México – e os
primeiros mapas da América,
desenhados por Diego Gutiérrez
para o rei da Espanha em 1562.
O acervo inclui o Hyakumanto
Darani, um documento japonês
publicado em 764 e considerado o
primeiro texto impresso da
história; trabalhos científicos
árabes que revelam o mistério da
álgebra, a Bíblia de Gutenberg e
fotos antigas da América Latina
provenientes da Biblioteca
Nacional do Brasil.
Mapa do Brasil feito
aproximadamente em 1631 por
Willem Blaeu (1571-1638).
Cada um destes itens da cultura
mundial é acompanhado por uma
breve explicação do seu conteúdo
e significado. Os documentos
foram digitalizados e
incorporados no idioma original,
mas as explicações aparecem em
sete línguas, incluindo o
português.
A biblioteca foi lançada com
1.200 documentos, mas foi
projetada para receber um número
ilimitado de textos, gravuras,
mapas, fotografias e ilustrações.
O acesso é gratuito e é possível
realizar buscas por períodos
históricos, zonas geográficas, tipo
de documento e instituição.
Acesse: WWW.WDL.ORG
EDUCAÇÃO QUE
TRANSFORMA!!!
Prof. Valter Gomes
folhetim
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do estudante ano VII Mar-Abr/2018
RESENHA
Minha Breve viagem
ao Marrocos
Quando eu era criança, sempre
que alguém queria dizer que um lugar era
muito longe, utilizava-se a frase “Pra lá
de Marraquexe”. Fiquei com a ideia de
que era um lugar do outro lado do
mundo.
Em janeiro deste ano (2018),
tive oportunidade de ir para a África e
permanecer alguns dias em Marrocos.
Havia pesquisado superficialmente a
história, os usos e costumes desse povo,
mas nada como ver pessoalmente e
refletir sobre valores.
Eu e minhas 3 amigas pegamos
o avião em Lisboa com destino a
Marraquexe. São duas horas de viagem.
Do alto, logo fiz uma análise
panorâmica. Pensei que iria ver muitos
camelos e dunas de areia... Que engano...
Esta cidade, que é a capital turística de
Marrocos, é como se fosse um oásis:
muita terra seca ao redor, pedras, areia,
cactos e muitos carros, motos e
bicicletas. As casas são construídas com
um barro vermelho alaranjado.
Ao chegarmos, fomos para um
Riad (Hotel) que reservamos
anteriormente. Por sinal o preço das
diárias desses estabelecimentos é bem
em conta e o padrão é excelente.
Riad Praça Jemaa el-Fna
A tarde passeamos pelos souks
(mercados, lojas de departamentos) na
praça Jemaa el-Fna e no entorno. Nesta
praça, muito movimentada, existem
encantadores de serpente, muitas
barracas de lanches e pessoas que
vendem seus produtos ao ar livre, como
meias, lenços, etc. Aproveitamos também
para fechar um pacote de 5 dias no
deserto.
No dia seguinte, na excursão de
Van, fomos para a almedina de
Marraquexe, a parte antiga, cercada de
muralhas. Em seguida fomos para Aït-
Ben-Haddou, uma cidade localizada
em Ouarzazate, conhecida como a
Hollywood marroquina. Neste local
foram filmados “O Gladiador”, “Indiana
Jones” e outros filmes.
Deserto de Zagora
Passamos por várias cidades
famosas como a cidade das Rosas e
pernoitamos próximo ao Vale do Dades.
Merzouga - Argélia no plano de fundo
Fomos também ao deserto do
Saara em Zagora e Merzouga (que faz
divisa com Argélia), permanecendo dois
dias em cada cidade, hospedados em
haima (tenda berbere). Para se chegar as
tendas o percurso é feito utilizando o
transporte com dromedários.
Deserto de Merzouga
O entardecer é maravilhoso, e a
noite céu fica forrado de estrelas. As
refeições são típicas. No almoço e jantar
come-se Tajine Marroquino e no café da
manhã muita pasta, azeitona, ovos e pão
marroquino. Durante o dia a temperatura
estava por volta dos vinte graus e a noite
dois graus negativos.
O que percebi estando no
deserto, é que não existe uma raça
berbere. Na verdade, existe a linguagem
berbere, que são inúmeros dialetos
praticados por várias etnias.
Haima (Tenda)
No deserto, alguns berberes são
nômades e outros se fixam em lugares
que oferecem condições de plantio,
todos, porém são fiéis as tradições
(tribais e familiares) e não abandonam
seus usos e costumes. Em algumas
cidades por onde passamos, berberes e
árabes convivem na mesma vila (porém
uma parte da vila é dos berberes e outra
dos árabes, mas a mesquita é a mesma,
pois a maioria é muçulmana).
Jantar berbere
Os berberes que vivem no
deserto usam celulares para se comunicar
(aqueles aparelhos bem rudimentares,
que não tem internet), mas não verifiquei
nenhum outro meio de comunicação.
Haima (tenda berbere)
A vida é muito diferente da
nossa. Sem correrias, sem os estresses do
mundo ocidentalizado, porém cada ser
humano tem suas dificuldades, suas
esperanças, sua individualidade e o
mínimo que devemos ter é o respeito
mútuo.
Profa. Marineia Trindade
E. E. Com. Miguel Maluhy
folhetim