8. Há duas espécies de artistas. Uma com-posta dos que vêm as coisas e em com-seqüência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mes-tre. (...) A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas re-beldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os pe-ríodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Es-trelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esque-cimento.
12. A Semana de Arte Moderna foi patrocinada pela elite financeira da sociedade paulistana. Prestaram-lhe sua cooperação nomes como Paulo Prado (na foto) , Alfredo Pujol, Oscar Rodrigues Alves, Numa de Oliveira, Alberto Penteado, René Thiollier, Antônio Prado Júnior, José Carlos de Macedo Soares, Martinho Prado, Armando Penteado e Edgard Conceição. É interessante assinalar que o Correio Paulistano , órgão do PRP (Partido Republicano Paulista), do qual Menotti del Picchia era o redator político, agasalha os “avanguardistas”, com o consentimento de Washington Luís, presidente do País. Realizou-se no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922, convertendo-se em escândalo público, exatamente o que os modernistas pretendiam provocar. Os preparativos
16. A primeira noite da Semana 13.fev.1922 — A Semana de Arte Moderna é inau-gurada no Teatro Munici-pal de São Paulo com palestra do escritor Graça Aranha, ilustrada por co-mentários musicais e poemas de Guilherme de Almeida. O primeiro dia corre sem tropeços. De-pois da longa e erudita fala de Aranha, um com-junto de câmara ocupa o palco para executar obras de Villa-Lobos.
17. A primeira noite da Semana Após o intervalo, Ronald de Carvalho discursa sobre pintura e escultura moder-nas. A platéia começa a se manifestar. Diante dos zurros do público, Ronald de Car-valho devolve: "Cada um fala com a voz que Deus lhe deu." O gran finale surge na forma de um recital de música comandado pelo maestro Ernani Braga.
18. A segunda noite da Semana 15.fev.1922 — A noite que celebrizou a semana começa com um discurso de Menotti del Picchia sobre romancistas contemporâneos, acompan-hado por leitura de poesias e números de dança. É aplau-dido. Mas, quando é anun-ciado Oswald de Andrade, começam as vaias e insultos na platéia, que só param quando sobe ao palco a aclamada pianista Guiomar Novaes.
19. Durante o intervalo, nas escadarias do Teatro Mu-nicipal, Mário de Andrade lê alguns trechos de seu livro A escrava que não é Isaura , uma espécie de manifesto das ideias modernistas. Nele, cons-tava o famoso texto “Prefácio interessantís-simo”. A segunda noite da Semana
20. A segunda noite da Semana Villa-Lobos se a-presenta no pal-co do Municipal apoiado em um guarda-chuva e calçando chine-los. Maestro Heitor Villa-Lobos
21. 17.fev.1922 — A última noite da programação é total-mente dedicada à música de Villa-Lobos. As vaias continuam até que a maio-ria pede silêncio para ouvir Villa-Lobos. Os instrumen-tistas tentam executar as peças incluídas no progra-ma apesar do barulho feito pelos espectadores e le-vam o recital até o fim. A terceira noite da Semana
30. Um dos cartazes da Semana, sati-rizando os grandes nomes da música, da literatura e da pintura. Carlos Gomes é um burro Chopin era tocador de berimbau Almeida Jr não pagava o padeiro Bernardelli é um fazedor de moringas Coelho Neto não lava os pés A irreverência dos modernistas
34. Vale ressaltar, que a Semana em si não teve grande importância em sua época, foi com o tempo que ganhou valor histórico ao projetar-se ideologicamente ao longo do século. Devido à falta de um ideário comum a todos os seus participantes, ela desdobrou-se em diversos movimentos diferentes, todos eles declarando levar adiante a sua herança. Desdobramentos da Semana
35. O Movimento Pau-Brasil foi lançado em 1924 por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral que apresentava uma posição primitivista , buscando uma poesia ingênua , de redescober-ta do Brasil e do mundo e que foi inspirada nos movimentos de vanguarda europeus, devido às viagens que Oswald fazia a Europa. Esse movimento foi levado ao público com o livro Pau-Brasil escrito por Oswald e ilustrado por Tarsila. Movimento Pau-Brasil Tarsila do Amaral
36. Apesar de Oswald ter um bom nível cultural, havia postergado os estudos por várias vezes para realizar essas viagens à Europa, o que tornou sua conclusão um tanto tardia. O movimento exaltava o progresso e a era presente, ao mesmo tempo em que combate à linguagem retórica e vazia.Convive dialeticamente o primitivo e o moderno, o nacional e o cosmopolita. Movimento Pau-Brasil
37. Liderado por Plínio Salgado (na imagem) , Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia, e tendo uma postura nacionalista , repudiava a cultura importada e tentava mostrar um Brasil grandioso . Entretanto, acabou por revelar uma visão reacionária, sobretudo através de Plínio Salgado, que viria a ser o principal líder do Integralismo, movimento político brasileiro de extrema direita baseado nos moldes fascistas. Movimento Verde-amarelo
38. O Manifesto Antropófago (ou Manifesto Antropofágico) foi escrito por Oswald de Andrade. Foi lido em 1928 para seus amigos na casa de Mário de Andrade. Foi publicado na Revista de Antropofagia , que ajudou a fundar com os amigos Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado. A antropofagia foi tematizada por Oswald nesse manifesto, mas também reapareceu outras vezes em sua obra. Em Marco Zero I (1943), romance de Oswald escrito sob influência do marxismo e da arte realista mexicana, surgiu o personagem Jack de São Cristóvão, relembrando a antropofagia e celebrando-a como uma saída para o problema de identidade brasileiro e mesmo como antídoto contra o imperialismo. Movimento Antropofágico
39. Movimento Antropofágico Baseado no Manifesto Antropófago escrito por Oswald, o movimento antropofágico brasileiro ti-nha por objetivo a deglutição (daí o caráter metafórico da palavra "antropofágico") da cultura do outro externo, como a norte americana e euro-peia e do outro interno, a cultura dos ame-ríndios, dos afrodescendentes, dos eurodescen-dentes, dos descendentes de orientais, ou seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada . Foi certamente um dos marcos do modernismo brasileiro.
43. As revistas Klaxon foi uma revista mensal de arte moderna que circulou em São Paulo de 15 de maio de 1922 a janeiro de 1923. Seu nome é derivado do termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. O principal propósito da revista foi servir de divulgação para o movimento modernista, e nela colaboraram nomes da fase heroica do Modernismo. Também destacam-se na revista a busca pelo atual; o culto ao progresso; a concepção de que a arte não deve ser uma cópia da realidade; aproveitamento das lições de uma nova arte em evidência, o cinema.
50. Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora. Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista . Exercício ENEM
51. O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em: a) “Pensem nas meninas / Cegas inexatas / Pensem nas mulheres / Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes) b) “Somos muitos severinos / iguais em tudo e na sina: / a de abrandar estas pedras / suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto) c) “O funcionário público / não cabe no poema / com seu salário de fome / sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar) d) “Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada. / À parte isso, tenho em mim todos os / sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa) e) “Os inocentes do Leblon / Não viram o navio entrar (...) / Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignoravam, / mas a areia é quente, e há um óleo suave / que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade) Exercício ENEM