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ANÁLISE DAANÁLISE DA
OBRAOBRA
“VIDAS SECAS” -“VIDAS SECAS” -ProfessoraProfessora
Camile BaccinCamile Baccin
Um drama sertanejoUm drama sertanejo
 Lá no sertão quem temLá no sertão quem tem
coragem pra suportarcoragem pra suportar
tem que viver pra tertem que viver pra ter
coragem pra suportarcoragem pra suportar
ou entãoou então
vai emboravai embora
vai pra longevai pra longe
e deixa tudoe deixa tudo
tudo que é nadatudo que é nada
nada pra viver (Gilberto Gil, “Coragem pra suportar”)nada pra viver (Gilberto Gil, “Coragem pra suportar”)
Contexto históricoContexto histórico
 Romance de 30 - RegionalistaRomance de 30 - Regionalista
 A secaA seca
 Segunda geração modernistaSegunda geração modernista
 O homem como produto do meioO homem como produto do meio
 Visão deterministaVisão determinista
 Crítica socialCrítica social
Estrutura:Estrutura:
 A obra não segue o esquema tradicional,nãoA obra não segue o esquema tradicional,não
há sequência narrativa;há sequência narrativa;
 Possui um estrutura fragmentada,circular: aPossui um estrutura fragmentada,circular: a
impossibilidade da vida contínua;impossibilidade da vida contínua;
 MudançaMudança ee Fuga:Fuga: início e fiminício e fim
 Foco narrativo: 3ª pessoa, narrador observadorFoco narrativo: 3ª pessoa, narrador observador
prismáticoprismático
 Discurso indireto livre,intervenção narrativaDiscurso indireto livre,intervenção narrativa
Ainda sobre aAinda sobre a
estrutura:estrutura:
 Tempo: o tempo psicológico se sobrepõeTempo: o tempo psicológico se sobrepõe
ao cronológicoao cronológico
 Fluxo de consciência, rememoração,Fluxo de consciência, rememoração,
intensificação do dramaintensificação do drama
 Espaço: é fundamental na obra, valendoEspaço: é fundamental na obra, valendo
até mesmo como uma ALEGORIAaté mesmo como uma ALEGORIA
PersonagensPersonagens
 FABIANO - vaqueiro nordestino, embrutecido,FABIANO - vaqueiro nordestino, embrutecido,
emite sons guturais e é animalizado;emite sons guturais e é animalizado;
 SINHA VITÓRIA – tem mais consciência dasSINHA VITÓRIA – tem mais consciência das
coisas, é menos agreste;coisas, é menos agreste;
 OS MENINOS – há uma despersonalizaçãoOS MENINOS – há uma despersonalização
das crianças: menino mais velho/ menino maisdas crianças: menino mais velho/ menino mais
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 BALEIA – antropomorfizada, humanizada, fazBALEIA – antropomorfizada, humanizada, faz
parte da famíliaparte da família
Os secundáriosOs secundários
importantes:importantes:
 Seu Tomás da Bolandeira – símbolo deSeu Tomás da Bolandeira – símbolo de
sabedoria, não aparece de forma direta;sabedoria, não aparece de forma direta;
 O soldado amarelo – opressor deO soldado amarelo – opressor de
Fabiano, símbolo despótico e deFabiano, símbolo despótico e de
humilhação;humilhação;
 O dono da fazenda – representa oO dono da fazenda – representa o
latifúndio e a imobilidade sociallatifúndio e a imobilidade social
TEMÁTICA SOCIALTEMÁTICA SOCIAL
 Regional e universalRegional e universal
 Psicológico e socialPsicológico e social
 Incomunicação e desumanização do serIncomunicação e desumanização do ser
 Desejo de participação social/ justiçaDesejo de participação social/ justiça
 Reforma agráriaReforma agrária
A fala ou a ausênciaA fala ou a ausência
 ““Ordinariamente a família falava pouco .Ordinariamente a família falava pouco .
e depois daquele desastre viviam todose depois daquele desastre viviam todos
calados,raramente soltavam palavrascalados,raramente soltavam palavras
curtas”.(pág.11)curtas”.(pág.11)
 ““[Fabiano] vivia longe dos homens, só se[Fabiano] vivia longe dos homens, só se
dava bem com os animais.[...]montado,dava bem com os animais.[...]montado,
confundia-se com o cavalo,grudava-se aconfundia-se com o cavalo,grudava-se a
ele. E falava uma linguagem cantada,ele. E falava uma linguagem cantada,
monossilábica e gutural”. (pág.19).monossilábica e gutural”. (pág.19).
SobreSobre FabianoFabiano
 Fabiano significa “indivíduo inofensivo; pobreFabiano significa “indivíduo inofensivo; pobre
diabo; indivíduo qualquer; desconhecido; semdiabo; indivíduo qualquer; desconhecido; sem
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Análise de Vidas Secas

  • 1. ANÁLISE DAANÁLISE DA OBRAOBRA “VIDAS SECAS” -“VIDAS SECAS” -ProfessoraProfessora Camile BaccinCamile Baccin
  • 2. Um drama sertanejoUm drama sertanejo  Lá no sertão quem temLá no sertão quem tem coragem pra suportarcoragem pra suportar tem que viver pra tertem que viver pra ter coragem pra suportarcoragem pra suportar ou entãoou então vai emboravai embora vai pra longevai pra longe e deixa tudoe deixa tudo tudo que é nadatudo que é nada nada pra viver (Gilberto Gil, “Coragem pra suportar”)nada pra viver (Gilberto Gil, “Coragem pra suportar”)
  • 3. Contexto históricoContexto histórico  Romance de 30 - RegionalistaRomance de 30 - Regionalista  A secaA seca  Segunda geração modernistaSegunda geração modernista  O homem como produto do meioO homem como produto do meio  Visão deterministaVisão determinista  Crítica socialCrítica social
  • 4.
  • 5. Estrutura:Estrutura:  A obra não segue o esquema tradicional,nãoA obra não segue o esquema tradicional,não há sequência narrativa;há sequência narrativa;  Possui um estrutura fragmentada,circular: aPossui um estrutura fragmentada,circular: a impossibilidade da vida contínua;impossibilidade da vida contínua;  MudançaMudança ee Fuga:Fuga: início e fiminício e fim  Foco narrativo: 3ª pessoa, narrador observadorFoco narrativo: 3ª pessoa, narrador observador prismáticoprismático  Discurso indireto livre,intervenção narrativaDiscurso indireto livre,intervenção narrativa
  • 6. Ainda sobre aAinda sobre a estrutura:estrutura:  Tempo: o tempo psicológico se sobrepõeTempo: o tempo psicológico se sobrepõe ao cronológicoao cronológico  Fluxo de consciência, rememoração,Fluxo de consciência, rememoração, intensificação do dramaintensificação do drama  Espaço: é fundamental na obra, valendoEspaço: é fundamental na obra, valendo até mesmo como uma ALEGORIAaté mesmo como uma ALEGORIA
  • 7. PersonagensPersonagens  FABIANO - vaqueiro nordestino, embrutecido,FABIANO - vaqueiro nordestino, embrutecido, emite sons guturais e é animalizado;emite sons guturais e é animalizado;  SINHA VITÓRIA – tem mais consciência dasSINHA VITÓRIA – tem mais consciência das coisas, é menos agreste;coisas, é menos agreste;  OS MENINOS – há uma despersonalizaçãoOS MENINOS – há uma despersonalização das crianças: menino mais velho/ menino maisdas crianças: menino mais velho/ menino mais novonovo  BALEIA – antropomorfizada, humanizada, fazBALEIA – antropomorfizada, humanizada, faz parte da famíliaparte da família
  • 8. Os secundáriosOs secundários importantes:importantes:  Seu Tomás da Bolandeira – símbolo deSeu Tomás da Bolandeira – símbolo de sabedoria, não aparece de forma direta;sabedoria, não aparece de forma direta;  O soldado amarelo – opressor deO soldado amarelo – opressor de Fabiano, símbolo despótico e deFabiano, símbolo despótico e de humilhação;humilhação;  O dono da fazenda – representa oO dono da fazenda – representa o latifúndio e a imobilidade sociallatifúndio e a imobilidade social
  • 9. TEMÁTICA SOCIALTEMÁTICA SOCIAL  Regional e universalRegional e universal  Psicológico e socialPsicológico e social  Incomunicação e desumanização do serIncomunicação e desumanização do ser  Desejo de participação social/ justiçaDesejo de participação social/ justiça  Reforma agráriaReforma agrária
  • 10. A fala ou a ausênciaA fala ou a ausência  ““Ordinariamente a família falava pouco .Ordinariamente a família falava pouco . e depois daquele desastre viviam todose depois daquele desastre viviam todos calados,raramente soltavam palavrascalados,raramente soltavam palavras curtas”.(pág.11)curtas”.(pág.11)  ““[Fabiano] vivia longe dos homens, só se[Fabiano] vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais.[...]montado,dava bem com os animais.[...]montado, confundia-se com o cavalo,grudava-se aconfundia-se com o cavalo,grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada,ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural”. (pág.19).monossilábica e gutural”. (pág.19).
  • 11. SobreSobre FabianoFabiano  Fabiano significa “indivíduo inofensivo; pobreFabiano significa “indivíduo inofensivo; pobre diabo; indivíduo qualquer; desconhecido; semdiabo; indivíduo qualquer; desconhecido; sem importância”.importância”.  ““Não, provavelmente não seria um homem:Não, provavelmente não seria um homem: seria aquilo mesmo a vida inteira,cabra,seria aquilo mesmo a vida inteira,cabra, governado pelos brancos, quase uma rês nagovernado pelos brancos, quase uma rês na fazenda alheia.”(pág. 24)fazenda alheia.”(pág. 24)  ““andava banzeiros, pesado, direitinho umandava banzeiros, pesado, direitinho um urubu” (pág. 51)urubu” (pág. 51)
  • 12. A estéticaA estética  O realismo de Graciliano não é orgânico nemO realismo de Graciliano não é orgânico nem espontâneo. É crítico. O ‘herói’ é sempre umespontâneo. É crítico. O ‘herói’ é sempre um problema: não aceita o mundo, nem os outros,problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo pelas distânciasnem a si mesmo. Sofrendo pelas distâncias que o separam da placenta familiar ou grupal,que o separam da placenta familiar ou grupal, introjeta o conflito numa conduta de extremaintrojeta o conflito numa conduta de extrema dureza, que é a sua única máscara possível. Edureza, que é a sua única máscara possível. E o romancista encontra no trato analítico dessao romancista encontra no trato analítico dessa máscara a melhor fórmula de fixar as tensõesmáscara a melhor fórmula de fixar as tensões sociais[...]”. ALFREDO BOSIsociais[...]”. ALFREDO BOSI
  • 13. Questão UFBA – 2ªQuestão UFBA – 2ª fasefase
  • 14.  QUESTÃO 1 -CIDADE DE DEUS —QUESTÃO 1 -CIDADE DE DEUS — filme de Fernando Meirelles.filme de Fernando Meirelles. Em um dos locais mais violentos do Rio deEm um dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, um jovem pobre e negroJaneiro, um jovem pobre e negro consegueconsegue escapar do mundo do crime, tornando-seescapar do mundo do crime, tornando-se fotógrafo profissionalfotógrafo profissional
  • 15.  II.II. Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia asComo não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia as  sílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som dos galhos que rangiamsílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som dos galhos que rangiam  na catinga, roçando-se. Agora tinha tido a idéia de aprender uma palavra, com certezana catinga, roçando-se. Agora tinha tido a idéia de aprender uma palavra, com certeza  importante porque figurava na conversa de sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmãoimportante porque figurava na conversa de sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmão  e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, mas o irmão se admiraria invejoso.e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, mas o irmão se admiraria invejoso.  —— Inferno, inferno.Inferno, inferno.  Não acreditava que um nome tão bonito servisse para designar coisa ruim. E resolveraNão acreditava que um nome tão bonito servisse para designar coisa ruim. E resolvera  discutir com sinha Vitória. Se ela houvesse dito que tinha ido ao inferno, bem. Sinha Vitóriadiscutir com sinha Vitória. Se ela houvesse dito que tinha ido ao inferno, bem. Sinha Vitória  impunha-se, autoridade visível e poderosa. Se houvesse feito menção de qualquerimpunha-se, autoridade visível e poderosa. Se houvesse feito menção de qualquer  autoridade invisível e mais poderosa, muito bem. Mas tentara convencê-lo dando-lhe umautoridade invisível e mais poderosa, muito bem. Mas tentara convencê-lo dando-lhe um  cocorote, e isto lhe parecia absurdo. Achava as pancadas naturais quando as pessoascocorote, e isto lhe parecia absurdo. Achava as pancadas naturais quando as pessoas  grandes se zangavam, pensava até que a zanga delas era a causa única dos cascudos egrandes se zangavam, pensava até que a zanga delas era a causa única dos cascudos e  puxavantes de orelhas. Esta convicção tornava-o desconfiado, fazia-o observar os paispuxavantes de orelhas. Esta convicção tornava-o desconfiado, fazia-o observar os pais  antes de se dirigir a eles.antes de se dirigir a eles.  RAMOS, Graciliano.RAMOS, Graciliano. Vidas secasVidas secas. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 59-60.. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 59-60.
  • 16.  Do ponto de vista social, não poderia ser maior a distância entreDo ponto de vista social, não poderia ser maior a distância entre os meninos do grupo de Zéos meninos do grupo de Zé Pequeno — Cidade de Deus — e os meninos da família dePequeno — Cidade de Deus — e os meninos da família de Fabiano — Vidas Secas. Em ambas as obras, eles são produtosFabiano — Vidas Secas. Em ambas as obras, eles são produtos de espaços e momentos históricos distintos.de espaços e momentos históricos distintos.  Justifique essa afirmação, apoiando o seu ponto de vista emJustifique essa afirmação, apoiando o seu ponto de vista em elementos das duas obras,demonstrando que elas representamelementos das duas obras,demonstrando que elas representam leituras distintas da realidade brasileira.UFBA / UFRB – 2007 – 2aleituras distintas da realidade brasileira.UFBA / UFRB – 2007 – 2a fase – Portuguêsfase – Português