2. O BEM-AMADODias Gomes
Alfredo de Freitas DIAS GOMES;
Salvador, 19 de outubro de 1922 — São Paulo, 18
de maio de 1999;
Romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e
membro da Academia Brasileira de Letras.
Também conhecido pelo seu casamento com a
também escritora Jenete Stocco Emmer (Janete
Clair).
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o autor
4. O BEM-AMADODias Gomes
“... pertencerá à Lírica todo poema de extensão menor, na medida em
que se não cristalizem personagens nítidos e em que, ao contrário, uma
voz central — quase sempre um “Eu” — nele exprimir seu próprio estado
de alma. Fará parte da Épica toda obra — poema ou não — de extensão
maior, em que um narrador apresentar personagens envolvidos em
situações e eventos. Pertencerá à DRAMÁTICA toda obra dialogada em
que atuarem os próprios personagens sem serem, em geral,
apresentados por um narrador”. (ROSENFELD, Anatol. O teatro épico)
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gênero
5. O BEM-AMADODias Gomes
O gênero dramático é uma arte que consiste, entre outros
aspectos, na representação do real através da imitação - de
gestos, expressões, sentimentos, atitudes e situações, através de
linguagem não verbal e linguagem verbal, oral relacionados com
um determinado contexto situacional.
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gênero
6. O BEM-AMADODias Gomes
COMÉDIA (Grécia Antiga): No surgimento do teatro, na Grécia
antiga, a arte era representada, essencialmente, por duas
máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia.
Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de
tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmen-te de
homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens
inferiores (pessoas comuns da pólis).
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gênero
7. O BEM-AMADODias Gomes
COMÉDIA (dias atuais): Hoje a comédia encontra grande espaço
e importância enquanto forma de manifestação crítica em qualquer
esfera: política, social, econômica;
Encontra forte apoio no consumo de massa e é extremamente
apreciada por grande parte do público consumidor da indústria do
entretenimento;
Obviamente, nos textos de comédia o público será levado a rir
das situações apresentadas pelos atores.
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8. O BEM-AMADODias Gomes
Ridendo castigat mores;
A sátira política dentro da obra de Dias Gomes;
Farsa sociopolítica patológica (nas palavras do autor) - crítica,
sátira, denúncia -
A crítica aos homens e não às instituições;
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gênero
9. O BEM-AMADODias Gomes
A FARSA é um gênero teatral com o objetivo de fazer uma
caricatura e crítica à sociedade, geralmente num só ato;
DIVISÃO DA PEÇA: 1 ato em 9 quadros;
ATO: cada uma das partes em que se divide uma peça de teatro,
uma ópera, um balé etc;
QUADRO: subdivisão de um ato, caracterizada pela troca de
cenário.
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gênero
10. O BEM-AMADODias Gomes
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gênero
(Dermeval enche os dois copos. Eles bebem de um trago. Dermeval torna a
enchê-los. Enquanto isso, Moleza levanta-se com a sua característica lentidão,
aproxima-se do defunto, descobre-o)
MOLEZA – Coisa besta é a vida; ontem tava vivo, hoje tá morto. Que merda!
ZELÃO – Vem tomar um mata-bicho, Moleza.
MOLEZA – (Vai à venda) Como foi?
(Dermeval serve uma cachaça)
MESTRE AMBRÓSIO – A gente voltava da pescaria, hoje de manhã, eu mais
Zelão, encontramos ele estendido na praia, o cachorro lambendo a cara.
RUBRICA: Indica-
ção escrita de
como deve ser
executado um
trecho musical,
uma mudança de
cenário, um
movimento cêni-
co, uma fala, um
gesto do ator, etc.
12. O BEM-AMADODias Gomes
O Bem-Amado foi uma peça escrita por Dias Gomes (1922-1999) no ano de
1962 (primeira versão). O texto foi encenado no teatro profissional somente
oito anos mais tarde, por volta de 1970.
A escrita faz um perspicaz retrato e uma crítica social do funcionamento da
política brasileira. Sucupira, a cidade fictícia da trama, vem sendo
considerada por muitos como uma metáfora do Brasil.
Com uma redação permeada de muito humor, vemos no protagonista
Odorico Paraguaçu uma CARICATURA do típico político brasileiro.
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a peça
13. O BEM-AMADODias Gomes
O Bem-Amado foi uma peça escrita por Dias Gomes (1922-1999) no ano de
1962 (primeira versão). O texto foi encenado no teatro profissional somente
oito anos mais tarde, por volta de 1970.
A escrita faz um perspicaz retrato e uma crítica social do funcionamento da
política brasileira. Sucupira, a cidade fictícia da trama, vem sendo
considerada por muitos como uma metáfora do Brasil.
Com uma redação permeada de muito humor, vemos no protagonista
Odorico Paraguaçu uma CARICATURA do típico político brasileiro.
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a peça
16. O BEM-AMADODias Gomes
ODORICO Paraguaçu
Cheio de lábia, Odorico é descrito como um demagogo por
natureza.
O político é um oportunista falante e teatral, tem o poder do
convencimento.
É uma caricatura dos políticos brasileiros, um típico
representante do coronelismo.
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a peça
17. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
PAULO GRACINDO (1973) MARCO NANINI (2010)
18. O BEM-AMADODias Gomes
NECO Pedreira
Opositor de Odorico, jor-
nalista, o dono do jornal,
denuncia os abusos do
prefeito no pasquim A
Trombeta. Ele representa a
imprensa e o seu desejo de
investigação.
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a peça
CARLOS EDUARDO DOLABELLA (1973) e CAIO BLAT (2010)
19. O BEM-AMADODias Gomes
NECO Pedreira
(Entra Neco Pedreira. É o dono do jornaleco da cidade, A Trombeta. Jovem combativo,
algo esclarecido, afora uma certa dose de charlatanismo, é um indivíduo positivo, um
pouco acima da mentalidade da cidade. E a consciência disso lhe produz certa
frustração) [...]
DERMEVAL – (Larga a rede, vai servir a cachaça) Como vai a gazeta, Dr. Neco?
NECO – Mal, seu Dermeval, mal. Numa cidade atrasada, onde não há crimes,
desastres, roubos, onde nem mesmo as mulheres corneiam os maridos, como é
que pode haver imprensa?
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a peça
20. O BEM-AMADODias Gomes
DIRCEU Borboleta
Assessor do prefeito, que é seu padrinho de casamento;
Dirceu confia piamente em Odorico e chega a confessar a ele o
voto de castidade que fez antes de se casar;
Impulsionado pelo prefeito, ele vai tirar a limpo a história da traição
com o jornalista e acaba assassinando a própria esposa;
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a peça
21. O BEM-AMADODias Gomes
DIRCEU Borboleta
No final acaba assassi-
nando uma inocente e
indo parar na cadeia.
Dirceu é um retrato de um
inocente ingênuo e
facilmente manipulável.
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a peça
EMILIANO QUEIROZ (1973) e MATHEUS NACHTERGAELE (2010)
22. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
AS IRMÃS CAJAZEIRA
1973
DULCINÉA
Dorinha Duval
DOROTÉA
Ida Gomes
JUDICÉA (Juju)
Dirce Migliaccio
23. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
AS IRMÃS CAJAZEIRA
2010
DULCINÉA
Andréa Beltrão
DOROTÉA
Zezé Polessa
JUDICÉA (Juju)
Drica Moraes
24. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
DULCINÉA: É mulher de Dirceu e também amante do prefeito. A ingênua Dulcinéa
engravida e acaba causando um grande problema para Odorico. Como o marido
havia feito voto de castidade, rapidamente se saberia que ela praticou o adultério.
DOROTÉA: Professora do grupo escolar e uma espécie de ajudante de Odorico. É
apoiadora fiel do prefeito e fez campanha para que ele se elegesse. Dorotéia não
recebe salário há meses e vê a degradação da escola, ela sabe do desvio de verba
da educação para a construção do cemitério e ainda assim se mantém pacífica e ao
lado de Odorico. Dorotéia é a imagem de uma parcela do povo brasileiro, que sabe
dos desvios e se deixa enganar.
JUDICÉA (Juju): Sem grande importância na peça.
25. O BEM-AMADODias Gomes
ZECA DIABO
O TERROR DO NORDESTE. Tem o
olhar desconfiado, gestos lentos, como
cobra sempre preparada para dar o
bote. Veste um terno de brim claro,
sandálias de couro cru e chapéu de
vaqueiro. Mas, à primeira vista, não
justifica o medo que inspira. Fala macia,
delicado, e sua voz adocicada está em
completo contraste com a lenda.
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a peça
LIMA DUARTE (1973) e JOSÉ WILKER (2010)
26. O BEM-AMADODias Gomes
OUTROS PERSONAGENS
MORADORES DE SUCUPIRA
CHICO MOLEZA (coveiro)
DERMEVAL (dono da venda)
MESTRE AMBRÓSIO (pescador)
ZELÃO (pescador)
VIGÁRIO (representante da Igreja)
FORASTEIROS
ERNESTO (primo das Cajaeiras)
HILÁRIO CAJAZEIRA (tio)
Aparecem ainda personagens-tipo como a Velha
Beata
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a peça
28. O BEM-AMADODias Gomes
Sucupira, uma cidade a beira-mar muito pequena situada da
Bahia, vive da pesca e principalmente dos veranistas.
Trata-se de uma região carente, em Sucupira claramente não há
muitos recursos.
A narrativa começa quando um pescador chamado Mestre Leonel
morre e precisa ser transportado para a cidade vizinha porque em
Sucupira não há cemitério:
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resumo
29. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
MESTRE AMBRÓSIO – Bom-dia, Coronel. Fizemos uma parada rápida, pra
molhar a goela. Vamos ter que gramar três léguas.
ODORICO – Três léguas. Pra se enterrar um defunto é preciso andar três léguas.
DERMEVAL – Um vexame!
MOLEZA – Vexame pro defunto: ter que viajar tanto depois de morto.
ODORICO – É uma humilhação para a cidade, uma humilhação para todos nós,
que aqui nascemos e que aqui não podemos ser enterrados.
30. O BEM-AMADODias Gomes
O protagonista Odorico, um sujeito esperto e cheio de lábia, vê
na morte do pescador uma oportunidade de fazer campanha
política;
Odorico, então vereador, propõe a construção de um cemitério se
o eleitorado o levar ao cargo de prefeito;
Por fim, o político se elege e deseja realizar a sua maior promessa
de campanha: a construção do tal cemitério em Sucupira.
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resumo
31. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
ODORICO – Mas eu vou fazer. Os que votaram em mim para vereador
sabem que cumpro o que prometo. Prometi acabar com o futebol no
largo da Igreja e acabei. Prometi acabar com o namorismo e o sem-
vergonhismo atrás do Forte e acabei. Agora prometo acabar com essa
humilhação para nossa cidade, que é ter que pedir a outro município
licença pra enterrar lá quem morre aqui. E vou cumprir.
32. O BEM-AMADODias Gomes
Logo no início do SEGUNDO QUADRO, Odorico já foi eleito e é
o novo prefeito de Sucupira
Vemos, aos poucos, como Odorico tem uma personalidade
oportunista, que trava alianças com quem quer que seja para
conseguir aquilo que quer. Ele diz ao eleitorado, por exemplo:
E, quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da
extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o
prometido.
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33. O BEM-AMADODias Gomes
Paternalista, Odorico Paraguaçu é um retrato dos políticos brasileiros
populistas, que fazem acordos escusos segundo os seus próprios
interesses pessoais, desviam verbas, não medem os meios para alcançar
os fins;
Se na política Odorico não é lá muito ético, na vida pessoal então deixa
muito a desejar. A bela Dulcinéia é mulher de Dirceu, assessor do prefeito.
Odorico é, aliás, padrinho de casamento do casal.
No entanto, Odorico e Dulcinéia são amantes. A história dos dois (ou dos
três) corre em paralelo com a narrativa da construção do cemitério.
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resumo
34. O BEM-AMADODias Gomes
Depois de um ano, o cemitério finalmente fica pronto. Eis então
que surge o mais grave problema do prefeito: não há ninguém
para enterrar - e sem enterro não é possível inaugurar o
cemitério;
Vendo a obra fracassada de Odorico, os opositores preparam um
processo de impeachment. O principal opositor do prefeito é
Neco Pedreira.
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resumo
35. O BEM-AMADODias Gomes
Para salvar a sua própria
pele e permanecer com o
cargo que tanto almejava,
o prefeito precisa de toda
forma inaugurar o
cemitério.
Mas como, se em Sucupira
ninguém mor-re?
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resumo
36. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
DOROTÉA – Não há ninguém doente na cidade?
ODORICO – Em estado de dar esperança, parece que ninguém. Em
todo caso, mandei o coveiro fazer uma verificação.
DOROTÉA – Quase todo ano há́ sempre um veranista que morre
afogado.
ODORICO – Este ano o mar está que é uma lagoa. Nunca vi tanto
azar.
37. O BEM-AMADODias Gomes
Odorico cogita muitas soluções. Primeiro pensa em comprar
em Salvador um cadáver na Faculdade de Medicina, mas logo
desiste porque tem medo que a oposição descubra a origem do
corpo;
Os problemas do prefeito parecem resolvidos quando Juju, uma
aliada, avisa que o primo Ernesto virá da capital com uma
pneumonia galopante, desenganado pelos médicos. Odorico
respira aliviado e custeia a vinda do doente, na expectativa que
ele seja o primeiro morador do cemitério.
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38. O BEM-AMADODias Gomes
Felizmente (ou infelizmente
para prefeito), o doente se
cura. O cemitério segue,
portanto, vazio, assim como a
delegacia. Em Sucupira
ninguém morre e ninguém
comete crimes.
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39. O BEM-AMADODias Gomes
Odorico já se sentindo
pressionado pela falta de
defuntos tem a ideia de
mandar vir Zeca Diabo,
um jagunço, matador
profissional que era
natural de Sucupira, mas
tinha assassinado uma
família no passado.
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resumo
40. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
ZECA – Coronel Lidário mandou surrar um irmão meu, um menor de
catorze anos. O corneta tinha roubado um cavalo. Surraram ele até
matar.
MESTRE AMBRÓSIO – Seu prefeito sabe disso. Sabe que você
vingou seu irmão.
ZECA – Liquidei toda a raça do coronel. Ele, a mulher, três filhos e a
sogra de quebra.
ODORICO – Seis cadáveres. Seis enterros. Tempos de fartura!
41. O BEM-AMADODias Gomes
Não satisfeito em trazer um criminoso para o município, Odorico
ainda o nomeia para um alto posto da administração municipal:
Zeca Diabo torna-se Delegado de Polícia e ganha do prefeito
"carta branca pra sacudir a marreta".
Surpreendentemente, e para a desgraça de Odorico, Zeca se
regenera e não deseja mais matar ninguém.
O cemitério, portanto, continua vazio.
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resumo
42. O BEM-AMADODias Gomes
Dulcinéa engravida do amante Odorico, o que o deixa
desesperado.
Como Dirceu, marido de Dulcinéa, havia feito voto de castidade,
ele rapidamente descobriria o adultério.
Pressionado por todos os lados, Odorico inventa para Dirceu que
a mulher o trai com Neco, seu inimigo número um.
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43. O BEM-AMADODias Gomes
Para conseguir resolver o seu problema pessoal e político, ele
ainda empresta a sua arma para que Dirceu vá atrás de Neco;
Com o crime, o cemitério de Sucupira finalmente teria o seu
primeiro inquilino e o seu opositor estaria morto;
Quando Dirceu chega na redação para tirar satisfação com Neco,
acaba atirando acidentalmente na própria esposa, Dulcinéa, que
não resiste e morre;
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resumo
44. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
DIRCEU – (Entra, correndo, transtornado, sem óculos, com o revólver.) Me
escondam! Querem me linchar!
ODORICO – Espere, conte primeiro, que aconteceu?
DIRCEU – Não sei... os óculos caíram na hora... a vista escureceu... não vi nada...
mas acho que matei!
DOROTÉA - Matou quem?
ODORICO – Neco Pedreira? Aquele ativista dos maus costumes?
45. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
DIRCEU – Sei não... Me esconda! Eles querem me pegar!
ODORICO – Vá por aqui e saia pelos fundos. Pule o muro que dá pro quintal da
igreja. Fale com o Vigário que fui eu que mandei. Que ele esconda você lá.
DIRCEU – E se ele não quiser?
ODORICO – Diga que você acaba de prestar um grande serviço à municipalidade.
Espere, o revólver... (Toma o revólver.)
46. O BEM-AMADODias Gomes
Haveria então, finalmente, um enterro para se realizar em
Sucupira. Não era o morto desejado - Neco - mas ao menos o
local poderia ser inaugurado;
Tudo pronto para o evento até que Tio Hilário chega com uma
carta do pai da moça que foi assassinada. A tal carta pedia que as
três filhas fossem todas enterradas no mausoléu da família,
no Cemitério de Jaguatirica. E foi assim que Sucupira ficou
subitamente sem defuntos novamente, para desespero do
prefeito.
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resumo
47. O BEM-AMADODias Gomes
Odorico se nega a acatar o pedido do pai da falecida e não deixa o
corpo ser transportado;
Como o Delegado Zeca Diabo queria cumprir a determinação do
juiz para que o corpo de Dulcinéa fosse entregue à família,
Odorico o demite;
Odorico ameaça Zeca Diabo, lembrando-o de que ele havia
matado seis pessoas.
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48. O BEM-AMADODias Gomes
Zeca retruca o prefeito, dizendo que ele havia dado sua palavra de
que não entregaria o matador;
Odorico diz que sua palavra não vale nada. Não vai entregar o
corpo de Dulcinéa e ainda vai denunciar Zeca Diabo;
Zeca sai, ameaçando o prefeito;
O Vigário afirma que o juiz vai pedir reforços estaduais para tomar
o corpo da defunta.
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49. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
ODORICO – Que mande, que mande um batalhão. Melhor até, porque isso vai ferir os
brios da população. E aí, com o povo do meu lado, eu vou enterrar o defunto na marra.
VIGÁRIO – Bem, eu fiz o que pude para solucionar a questão pacificamente. Já que há
intransigência de parte a parte, eu me retiro para a minha igreja. Aguardarei lá a solução.
ODORICO – Julguei que o senhor estava comigo.
VIGÁRIO – Eu continuo, intimamente, com o senhor. Para efeitos exteriores, porém, acho
melhor aparentar uma certa neutralidade. Compreende, quando dois poderes se
digladiam, o Executivo e o Judiciário, é prudente que a Igreja não tome partido.
50. O BEM-AMADODias Gomes
Neco Pedreira procura Odorico, lhe
diz que entrevistou Dirceu
Borboleta e que sabe de todas as
tramoias do prefeito.
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resumo
51. O BEM-AMADODias Gomes
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a peça
ODORICO – Que foi que aquele borboletista lhe disse?
NECO – Tudo. Tudo como se passou. Você vai ler na minha gazeta.
(Neco mostra um exemplar do jornal.)
ODORICO – (Arrebata o jornal das mãos de Neco.) Isso é uma gazeta que se lava
e enxágua no calunismo. Que foi que você escreveu aí?
NECO – A mais pura verdade. Que foi você que mandou Dona Dulcinéa à redação
do jornal; foi você quem inventou que ela era minha amante; foi você quem
emprestou o revólver, foi você quem delatou Dirceu, depois de ter mandado ele se
esconder na igreja.
52. O BEM-AMADODias Gomes
Toda a população lê o exemplar de A trombeta;
Odorico tenta desqualificar a entrevista dizendo que Dirceu
Borboleta está “gira” (louco);
Mesmo assim, as pessoas que estavam na prefeitura vão
abandonando Odorico;
A única a ficar é Dorotéa. Odorico começa a tramar algo que
poderia lhe redimir perante a população. Até que...
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resumo
55. O BEM-AMADODias Gomes
HUMOR
O Bem-Amado é um livro conhecido pelo seu extremo senso de humor. A
graça está na maneira espontânea e desavergonhada como os
personagens se comunicam e na forma como a crítica social velada é feita.
Logo no início da peça, por exemplo, quando dois amigos queriam comentar
que mestre Leonel investia em todas as moças, um dos pescadores diz:
Quando era moço, de saia mesmo mestre Leonel só́ respeitava padre e santo
de andor.
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numor
56. O BEM-AMADODias Gomes
HUMOR
Outro momento de humor - para se ter ideia do tom da comédia de Dias
Gomes - acontece numa conversa de bar entre dois pescadores:
Quando ele viu aquele mulherão pela frente (Janaína), toda nua, mulher do
umbigo pra cima e peixe do umbigo pra baixo, perguntou: “Siá dona será́ que
vosmecê̂ não tem uma irmã̃ que seja ao contrário?”
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humor
57. O BEM-AMADODias Gomes
HUMOR
Há de se sublinhar o humor oriundo do discurso de Odorico Paraguaçu;
A fala do prefeito é grandiloquente, extremamente verborrágica, rebuscada,
e almeja uma pompa, sendo muitas vezes vazia em termos de conteúdo;
A sua fala é como o canto da sereia, que deseja seduzir os ouvidos os
marujos (nesse caso, dos eleitores).
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humor
58. O BEM-AMADODias Gomes
HUMOR
ODORICO – Vejam este pobre homem: viveu quase oitenta anos
neste lugar. Aqui nasceu, trabalhou, teve filhos, aqui terminou seus
dias. Nunca se afastou daqui. Agora, em estado de defuntice
compulsória, é obrigado a emigrar; pegam seu corpo e vão sepultar
em terra estranha, no meio de gente estranha.
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humor