2. CRONOLOGIA DO HUMANISMO
marcos históricos
1418 1527
Fernão Lopes Sá de Miranda
é nomeado guarda-mor da Torre do Tombo volta da Itália, trazendo novas formas literárias
4. CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL
humanismo
decadência do feudalismo;
fortalecimento da burguesia;
visão liberal, antropocêntrica e identificada com o mercantilismo;
impacto da Reforma Protestante na Igreja Católica;
retomada dos ideais da Antiguidade Clássica [Renascimento];
Portugal e Espanha são potências mercantilistas;
grandes navegações.
6. CONCEITOS
humanismo
o que é
humanismo é o nome dado ao período de transição da Idade Média para o Renascimento
principal característica
a principal característica do humanismo é o antropocentrismo
outras designações
pré-renascimento ou quatrocento
8. IDEAIS HUMANISTAS
humanismo
retomada da cultura antiga
imitação e estudo dos poetas greco-latinos caráter clássico
neoplatonismo
retomada das ideias do filósofo Platão distinção entre amor carnal e amor espiritual
crítica à hierarquia medieval
o homem reivindica uma posição de destaque não se aceita a ideia de destino outorgado
bifrontismo
teocentrismo medieval antropocentrismo renascentista
10. MUDANÇA DE VISÃO DE MUNDO
humanismo
TEOCENTRISMO MEDIEVAL ANTROPOCENTRISMO RENASCENTISTA
Deus é o centro e a medida de todas as coisas o homem é a medida de todas as coisas
geocentrismo heliocentrismo
conhecimento restrito à Igreja produção e difusão de conhecimento
valorização dos santos e mártires caráter clássico
consciência da transitoriedade da vida volta aos padrões culturais greco-romanos
busca da salvação da alma celebração do prazer de viver: Carpe diem
12. ESPÉCIES LITERÁRIAS
humanismo
poesia prosa teatro
poesia palaciana crônica histórica autos e farsas
13. Dom Afonso V, rei que fomentou a produção cultural humanista portuguesa
14. A POESIA PALACIANA
humanismo
composições coletivas feitas para serem apresentadas no Paço Real;
o amor – tema recorrente neste período – aparece menos idealizado;
poemas reunidos no Cancioneiro geral de Garcia Rezende;
uso da redondilha: caráter popular;
trova: uma ou duas estrofes, redondilha maior, rimas ABAB;
vilancete: mote [tema] seguido de glosas [comentários] de sete versos;
cantiga: mote e glosa, com repetição total ou parcial no fim da glosa;
esparsa: estrofe única de oito, nove ou dez versos hexassílabos.
15. CANTIGA
Francisco de Sousa
Acho que me deu Deus tudo
para mais meu padecer:
os olhos – para vos ver,
coração – para sofrer,
e língua para ser mudo.
Olhos com que vos olhasse,
coração que consentisse,
língua que me condenasse:
mas não já que me salvasse
de quantos males sentisse.
Assim que me deu Deus tudo
para mais meu padecer:
os olhos – para vos ver,
coração – para sofrer,
e língua – para ser mudo.
forma: uso do metro heptassílabo
lirismo amoroso: o amor aparece associado ao sofrimento [herança trovadoresca] + platonismo
recursos técnicos: rimas, versos redondilhos e uso da metonímia
16. Ó MEU BEM, POIS TE PARTISTE
Francisco de Sousa
Ó meu bem, pois te partiste
dante meus olhos coitado,
os ledos se farão triste,
os tristes desesperado
Triste vida sem prazer
me deixas com grã cuidado,
que por meu negro pecado
me vejo vivo morrer;
meu prazer me destruíste,
meu nojo será dobrado,
porque sou cativo, triste,
do meu bem desesperado.
vocabulário: dante [diante], ledos [alegres], grã [grande], nojo [sofrimento]
aspectos formais: uso da redondilha maior e da rima alternada
lirismo amoroso: proximidade da amada, platonismo [olhos], sofrimento amoroso
17. A CRÔNICA HISTÓRICA
humanismo
Fernão Lopes, cronista-mor do reino, registra a história de Portugal;
Crônica de El-Rei D. Pedro I;
Crônica de El-Rei D. Fernando;
Crônica de El-Rei D. João;
espírito humanista: o povo aparece como coadjuvante da história dos reis.
18. CRÔNICA DE EL-REI D. PEDRO I
fragmento
E morreo elRei Dom Pedro huuma segumda feira de madurgada, dezoito dias de janeiro da era
de mil e quatro cemtos e cimquo anos, avemdo dez annos e sete meses e viimte dias que
reinara, e quaremta e sete anos e nove meses e oito dias de sua hidade, e mandousse levar
aaquel moesteiro que dissemos, e lamçar em seu muimento, que esta jumto com o de Dona
Enes. E por quamto o Iffamte Dom Fernamdo seu primogenito filho nom era estomçe hi, foi
elRei deteudo e nom levado logo, ataa que o Iffamte veo, e aa quarta feira foi posto no
muimento. E diziam as gentes, que taaes dez annos numca ouve em Portugal, como estes que
reinara elRei Dom Pedro.
objetividade, impessoalidade, visão crítica, nacionalismo, fidelidade aos eventos relatados
19. O TEATRO DE GIL VICENTE
humanismo
peças representadas no Paço Real;
crítica aos comportamentos condenáveis e enaltecimento das virtudes;
seu alvo é o comportamento humano e não as instituições;
uso de alegorias [personagens representam comportamento/instituição];
autos pastoris, autos de moralidades e farsas.
uso das redondilhas: não adere à medida nova;
“castigat ridendo moris”.
21. AUTO DA BARCA DO INFERNO
fragmento
Onzeneiro Para onde caminhais?
Diabo Oh! Que má-hora venhais,
onzeneiro meu parente!
Como tardastes vós tanto?
Onzeneiro Mais quisera eu lá tardar.
Na safra do apanhar
me deu saturno quebranto.
Diabo Ora mui muito me espanto
não vos livrar o dinheiro.
Onzeneiro Nem tão só para o barqueiro
não me deixaram nem tanto.
Onzeneiro: empresta dinheiro a juros de 11%
a sátira: a personagem aparece ligada aos bens materiais, a quem o Diabo chama meu parente;
recursos técnicos: redondilha maior, rimas, crítica por intermédio da alegoria.