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Humanismo
Humanismo é human ( faz referência ao ser humano).
Antropocentrismo é antropo (também faz referência ao ser
 humano).
                = “homem”
Human é radical latino
Antropo é radical grego

• Essas palavras significam no plano mais amplo da ciência e
  da cultura do fim da Idade Média, um afastamento em
  relação ao âmbito da religião (Teocentrismo) e um
  envolvimento com o homem e com a vida concreta.
Humanismo
    Idade Média x Renascimento
Política, Economia e Sociedade
• Feudalismo x Mercantilismo
• Nobreza x Burguesia
• Cavalaria x Marinha
Vida Cultural
• Religião x Ciência
• Espiritualismo x Materialismo
• Teocentrismo x Antropocentrismo
Contexto Histórico
•   Século XV
•   Fim da Idade Média
•   Teocentrismo ⇨ Antropocentrismo
•   Dualidade: Fé e Razão
•   Feudalismo ⇨ Absolutismo (Poder Real)
•   Mecenato
•   Consolidação do Estado Nacional Português
•   Transição da Idade Média para o Renascimento
Contexto Histórico
 Transformações na Europa:
     Aperfeiçoamento da imprensa,;
     Expansão marítima,;
     Invenção da bússola;
     Desenvolvimento do comércio (mercantilismo).
 A economia baseada na agricultura perde em importância para
  outras atividades.
 Surgimento da burguesia, nova classe social, composta por
  mercadores e comerciantes.
 O espírito medieval, baseado na hierarquia nobreza-clero-povo
  começa a desestruturar-se.
 O homem preso ao feudo e ao senhor feudal adquire nova
  consciência – percebe sua força criadora podendo descobrir,
  conquistar e transformar o Universo.
Os humanistas
• O homem valoriza o saber: consome mais livros,
  difunde novas ideias e volta sua atenção para a
  cultura de antigos gregos e latinos, porque identifica
  o espírito da época.
• Os humanistas:
   – Difundiam a ideia de que os valores e direitos de cada
     indivíduo deviam sobrepor-se à sociedade.
   – Viviam de muita reflexão e muito estudo (da vida).
   – Buscaram manuscritos e papiros e divulgaram os grandes
     pensadores gregos e romanos.
Os humanistas
• Os humanistas foram homens de grande emoção e
  capacidade de se indignar.
Martinho Lutero – não foi apenas o sábio que fez a
  primeira tradução completa da Bíblia, nem foi o só
  o homem que mudou a paisagem religiosa da Era
  Moderna, mais do que tudo ele era um humanista
  apaixonado, capaz de morrer por sua fé. No
  entanto,     era     muito    corajoso,     muito
  verdadeiro, muito sincero, por isso mesmo mais
  “humanista”.
Humanismo – Movimento Cultural
• Caráter inaugural – rompeu com a tradição da
  Idade Média e trouxe à luz a sabedoria da
  Antiguidade, por meio de trabalhos de erudição e
  pesquisa.
• Movimento cultural, praticou um ato de fé pela
  natureza humana. Fez do homem o objeto do
  conhecimento, reivindicando para ele uma
  posição de importância no Universo, sem negar o
  valor supremo de Deus.
Humanismo Literário (1434-1527)
      Humanismo: manifestações literárias
• Poesia palaciana – compilada em 1516, por
  Garcia de Resende – está registrada no
  Cancioneiro Geral;
• Prosa historiográfica (Crônicas), de Fernão
  Lopes;
• Teatro medieval e popular de Gil Vicente.
Humanismo Literário (1434-1527)
• Poesia Palaciana:
  – a tradição escrita (a medida velha)
• Crônica Histórica:
  – historiografia e literatura
• Teatro Popular:
  – sátira e moralização
Poesia Palaciana
• Ao contrário da poesia trovadoresca, que estava
  associada à musica e era cantada ou bailada (dançada) a
  poesia palaciana foi elaborada para ser lida e recitada nas
  cortes. Além disso havia maior diversidade de temas.
• Trata-se de uma poesia mais moderna.
• Por deixar de receber acompanhamento musical exige
  mais do poeta (tirar “som” da palavras).
• Vários autores: Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo
  Branco, Nuno Pereira, Fernão Pereira, Conde Vimioso,
  Aires Teles, Diogo Brandão, Gil Vicente, Sá de Miranda.
Poesia Palaciana
• Separação entre poesia e música;
• Versos redondilhos (medida velha); 5 ou 7 sílabas métricas
• Presença de um mote (tema, motivo) a ser desenvolvido na glosa
  (Obs.: cada estrofe da glosa corresponde a uma volta e deve
  retomar um ou mais versos do mote);
• Gosto pelo Paradoxo e pela Antítese;
• Lirismo amoroso: amor cortês, súplica mortal, coita;
• A mulher é carnal, adquire graças físicas e sensoriais, contrariando
  a maioria dos trovadores medievais.
• “Cousas de folgar e gentilezas”: composições frívolas, poesias de
  circunstâncias e exercícios de virtuosismo poético;
• Poemas satíricos (às vezes pornográficos).
Prosa do Humanismo
• Fernão Lopes – cronista - historiador tanto dos
  reis quanto dos movimentos populares.
• Investigação e pesquisa para documentar-se,
  aponta a interferência dos fatos econômicos no
  destino dos homens, a importância do povo como
  agente da História.
Prosa do Humanismo
Gil Vicente
• Teatro: gênero dramático
• Expressa sua fé, mas não esquece a razão:
    – Em nome da religiosidade,faz a crítica moral dos costumes e a sátira
       aos pecadores.
• Farsas: são peças cômicas de um só ato, com enredo curto e poucas
   personagens, extraídas do cotidiano.
• Autos: peças teatrais de assunto religioso ou profano; sério ou cômico.
   Os autos tinham a finalidade de divertir, de moralizar ou de difundir a fé
   cristã.
• Medievalismo e Classicismo; ambivalência
• Figuras cristãs e pagãs;
• Anjos, demônios e homens, mulheres reais;
• Linguagem culta da elite e linguagem dos camponeses e de pessoas
   desbocadas das ruas;
Prosa do Humanismo
Gil Vicente
• Personagens:
        A) Tipos: são generalizações ou estereótipos, que representam
uma classe social ou uma categoria profissional;elas não levam ao palco
problemas pessoais, mas questões comuns à coletividade.
        B) Personagens Alegóricas: são personificações de idéias ou
intuições. No Auto da Lusitânia temos Todo o Mundo e Ninguém
• As personagens não se sobressaem como indivíduos;
• São tipos que ilustram a sociedade da época com suas
   aspirações, seus vícios e seus dramas;
• Quase sempre, são designados pela ocupação que exercem ou por
   algum outro traço social;
• Reis,            fidalgos,         parvos,        beberrões         e
   alcoviteiras, judeus, ciganos, mouros, comerciantes, artesãos;
Prosa do Humanismo
Gil Vicente
• Personagens:
• A cada tipo de personagem, uma característica única:
• Fidalgo : orgulhoso
• Padre : sodomita
• Camponês : parvo
• Judeu : agiota
    – Crítica ao capitalismo comercial crescente
• Caracterização social: conservadorismo
Prosa do Humanismo
Gil Vicente
Auto da Barca do Inferno:

• Personagens:
• Diabo, Anjo
• Fidalgo, Onzeneiro, Sapateiro, Frade, Brízida Vaz, Corregedor,
  Procurador, Enforcado
• Judeu
• Joane, o Parvo
• Cavaleiros : salvos pelo merecimento pessoal: luta da cristandade
  contra o “infiel”
• Caracterização social: conservadorismo: valorização de ideais da
  Idade Média
O Teatro Popular de Gil
        Vicente

Arte: Transição e Contradição
          - Conteúdo
        - Personagem
            - Forma
Conteúdo: ridendo castiga mores (a
       rir se corrigem os costumes)
•   Medieval         •   Humanista
•   Religioso        •   Pagão
•   Moralista        •   Crítico e Caricatural
•   Catequista       •   Satírico
•   Místico          •   Cotidiano
•   Sagrado          •   Profano
Os Sete Pecados Capitais
•   Avareza
•   Ira
•   Gula
•   Luxúria
•   Preguiça
•   Soberba
•   Vaidade
A Tentação de Santo Antão - Hieronimos Bosch
O Jardim das Delícias - Hieronimos Bosch
Personagens: moralizar e
               satirizar
• Alegóricos           • Tipificados

-   Símbolos Morais    -   Tipos sociais
-   Universo Sagrado   -   Universo Cotidiano
-   Bem x Mal          -   Caricaturas Sociais
-   Moralização        -   Crítica Social
Forma: Pobreza e Riqueza
• Pobreza Cenográfica       • Riqueza Textual

- Ausência de Orientação    - Recursos Poéticos:
  de Cenas (Didascálias)      Drama em Versos

- Paralelismo entre Cenas   - Discursos Tipificados:
  (Repetição Estrutural)      Personagem x Fala

- Problemas de Seqüência    - Variedade Lingüística:
                              Línguas
Auto de Fé, 1490 – Pedro Berruguete



• Auto: peça de teatro
  curta
• Origem medieval
• Origem religiosa
• Escrita em medida
  velha
• Propósito Moralizante
Auto da Barca do Inferno: O
          Juízo Final
• 01 Cena Introdutória
• 10 Cenas simétricas          (cenas   de   mesma
  estrutura)
  -   Entrada da personagem
  -   Interlocução: Tipo Social x Diabo
  -   Interlocução: Tipo Social x Anjo
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O Diabo e seu Companheiro
• O Preparo da Barca
• Propagandeia-se a Barca
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O Fidalgo Dom Henrique
•   Vem com sua cadeira e com um pajem
•   Presunçoso e Orgulhoso
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•   Condenado
O Onzeneiro
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•   Faz parte da revolução mercantilista
•   Traz um bolsão de dinheiro (“vazio”)
•   Avarento e usurário
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•   Humilde e mendicante
•   Pobre e ingênuo
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•   Não tem malícia
•   Nada traz
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O Sapateiro
•   Artesão e comerciante
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O Frade e sua Amada Florência
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• Condena-se no que reprova
• Amante e Esporte Violento como vícios
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• Não lhe vale o hábito
• Condenado
Brízida Vaz, a Alcoviteira
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• Cafetina
• Prostituta
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  sexo
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O Judeu e seu Bode Expiatório
• O Judeu traz o Bode Expiatório
• Não faz parte da lógica do julgamento
• Não pode ser condenado: vale-se do Bode
• Não pode ser salvo: não crê no Cristo
• Condenado: vai amarrado atrás da Barca do
  Inferno
• Notar: preconceito
O Corregedor e o Juiz
•   Representantes da lei
•   Trazem os papéis, os processos mal julgados
•   Injustiça
•   Condenados
O Enforcado
• Suicida
• Traz a forca ainda no pescoço
• Cuidava adiantar a salvação e a vida eterna
  com o suicídio
• Alega ter sido enganado
• Condenado
Os Quatro Cavaleiros
•   Justificados pelo heroísmo e pela moral
•   Morreram pelo cristianismo: mártires
•   Não se atêm ao Diabo
•   Trazem a Cruz como trunfo
•   Salvos
Auto da Barca do Inferno

     Leia o texto integral
Exercícios:
1- Aponte pelo menos duas diferenças entre a Poesia Palaciana e o
Trovadorismo.


2-Pode-se dizer que o teatro de Gil Vicente comporta uma
   ambivalência de valores ideológicos. Explique em quê consiste
   essa ambivalência.


3-Como a salvação dos cavaleiros cruzados no final do Auto da
  Barca do Inferno pode dar indicações sobre o modelo de
  pensamento de Gil Vicente?

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O Juízo Final na Barca do Inferno

  • 1.
  • 2. Humanismo Humanismo é human ( faz referência ao ser humano). Antropocentrismo é antropo (também faz referência ao ser humano). = “homem” Human é radical latino Antropo é radical grego • Essas palavras significam no plano mais amplo da ciência e da cultura do fim da Idade Média, um afastamento em relação ao âmbito da religião (Teocentrismo) e um envolvimento com o homem e com a vida concreta.
  • 3. Humanismo Idade Média x Renascimento Política, Economia e Sociedade • Feudalismo x Mercantilismo • Nobreza x Burguesia • Cavalaria x Marinha Vida Cultural • Religião x Ciência • Espiritualismo x Materialismo • Teocentrismo x Antropocentrismo
  • 4. Contexto Histórico • Século XV • Fim da Idade Média • Teocentrismo ⇨ Antropocentrismo • Dualidade: Fé e Razão • Feudalismo ⇨ Absolutismo (Poder Real) • Mecenato • Consolidação do Estado Nacional Português • Transição da Idade Média para o Renascimento
  • 5. Contexto Histórico  Transformações na Europa:  Aperfeiçoamento da imprensa,;  Expansão marítima,;  Invenção da bússola;  Desenvolvimento do comércio (mercantilismo).  A economia baseada na agricultura perde em importância para outras atividades.  Surgimento da burguesia, nova classe social, composta por mercadores e comerciantes.  O espírito medieval, baseado na hierarquia nobreza-clero-povo começa a desestruturar-se.  O homem preso ao feudo e ao senhor feudal adquire nova consciência – percebe sua força criadora podendo descobrir, conquistar e transformar o Universo.
  • 6. Os humanistas • O homem valoriza o saber: consome mais livros, difunde novas ideias e volta sua atenção para a cultura de antigos gregos e latinos, porque identifica o espírito da época. • Os humanistas: – Difundiam a ideia de que os valores e direitos de cada indivíduo deviam sobrepor-se à sociedade. – Viviam de muita reflexão e muito estudo (da vida). – Buscaram manuscritos e papiros e divulgaram os grandes pensadores gregos e romanos.
  • 7. Os humanistas • Os humanistas foram homens de grande emoção e capacidade de se indignar. Martinho Lutero – não foi apenas o sábio que fez a primeira tradução completa da Bíblia, nem foi o só o homem que mudou a paisagem religiosa da Era Moderna, mais do que tudo ele era um humanista apaixonado, capaz de morrer por sua fé. No entanto, era muito corajoso, muito verdadeiro, muito sincero, por isso mesmo mais “humanista”.
  • 8. Humanismo – Movimento Cultural • Caráter inaugural – rompeu com a tradição da Idade Média e trouxe à luz a sabedoria da Antiguidade, por meio de trabalhos de erudição e pesquisa. • Movimento cultural, praticou um ato de fé pela natureza humana. Fez do homem o objeto do conhecimento, reivindicando para ele uma posição de importância no Universo, sem negar o valor supremo de Deus.
  • 9. Humanismo Literário (1434-1527) Humanismo: manifestações literárias • Poesia palaciana – compilada em 1516, por Garcia de Resende – está registrada no Cancioneiro Geral; • Prosa historiográfica (Crônicas), de Fernão Lopes; • Teatro medieval e popular de Gil Vicente.
  • 10. Humanismo Literário (1434-1527) • Poesia Palaciana: – a tradição escrita (a medida velha) • Crônica Histórica: – historiografia e literatura • Teatro Popular: – sátira e moralização
  • 11. Poesia Palaciana • Ao contrário da poesia trovadoresca, que estava associada à musica e era cantada ou bailada (dançada) a poesia palaciana foi elaborada para ser lida e recitada nas cortes. Além disso havia maior diversidade de temas. • Trata-se de uma poesia mais moderna. • Por deixar de receber acompanhamento musical exige mais do poeta (tirar “som” da palavras). • Vários autores: Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo Branco, Nuno Pereira, Fernão Pereira, Conde Vimioso, Aires Teles, Diogo Brandão, Gil Vicente, Sá de Miranda.
  • 12. Poesia Palaciana • Separação entre poesia e música; • Versos redondilhos (medida velha); 5 ou 7 sílabas métricas • Presença de um mote (tema, motivo) a ser desenvolvido na glosa (Obs.: cada estrofe da glosa corresponde a uma volta e deve retomar um ou mais versos do mote); • Gosto pelo Paradoxo e pela Antítese; • Lirismo amoroso: amor cortês, súplica mortal, coita; • A mulher é carnal, adquire graças físicas e sensoriais, contrariando a maioria dos trovadores medievais. • “Cousas de folgar e gentilezas”: composições frívolas, poesias de circunstâncias e exercícios de virtuosismo poético; • Poemas satíricos (às vezes pornográficos).
  • 13. Prosa do Humanismo • Fernão Lopes – cronista - historiador tanto dos reis quanto dos movimentos populares. • Investigação e pesquisa para documentar-se, aponta a interferência dos fatos econômicos no destino dos homens, a importância do povo como agente da História.
  • 14. Prosa do Humanismo Gil Vicente • Teatro: gênero dramático • Expressa sua fé, mas não esquece a razão: – Em nome da religiosidade,faz a crítica moral dos costumes e a sátira aos pecadores. • Farsas: são peças cômicas de um só ato, com enredo curto e poucas personagens, extraídas do cotidiano. • Autos: peças teatrais de assunto religioso ou profano; sério ou cômico. Os autos tinham a finalidade de divertir, de moralizar ou de difundir a fé cristã. • Medievalismo e Classicismo; ambivalência • Figuras cristãs e pagãs; • Anjos, demônios e homens, mulheres reais; • Linguagem culta da elite e linguagem dos camponeses e de pessoas desbocadas das ruas;
  • 15. Prosa do Humanismo Gil Vicente • Personagens: A) Tipos: são generalizações ou estereótipos, que representam uma classe social ou uma categoria profissional;elas não levam ao palco problemas pessoais, mas questões comuns à coletividade. B) Personagens Alegóricas: são personificações de idéias ou intuições. No Auto da Lusitânia temos Todo o Mundo e Ninguém • As personagens não se sobressaem como indivíduos; • São tipos que ilustram a sociedade da época com suas aspirações, seus vícios e seus dramas; • Quase sempre, são designados pela ocupação que exercem ou por algum outro traço social; • Reis, fidalgos, parvos, beberrões e alcoviteiras, judeus, ciganos, mouros, comerciantes, artesãos;
  • 16. Prosa do Humanismo Gil Vicente • Personagens: • A cada tipo de personagem, uma característica única: • Fidalgo : orgulhoso • Padre : sodomita • Camponês : parvo • Judeu : agiota – Crítica ao capitalismo comercial crescente • Caracterização social: conservadorismo
  • 17. Prosa do Humanismo Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: • Personagens: • Diabo, Anjo • Fidalgo, Onzeneiro, Sapateiro, Frade, Brízida Vaz, Corregedor, Procurador, Enforcado • Judeu • Joane, o Parvo • Cavaleiros : salvos pelo merecimento pessoal: luta da cristandade contra o “infiel” • Caracterização social: conservadorismo: valorização de ideais da Idade Média
  • 18. O Teatro Popular de Gil Vicente Arte: Transição e Contradição - Conteúdo - Personagem - Forma
  • 19. Conteúdo: ridendo castiga mores (a rir se corrigem os costumes) • Medieval • Humanista • Religioso • Pagão • Moralista • Crítico e Caricatural • Catequista • Satírico • Místico • Cotidiano • Sagrado • Profano
  • 20. Os Sete Pecados Capitais • Avareza • Ira • Gula • Luxúria • Preguiça • Soberba • Vaidade
  • 21. A Tentação de Santo Antão - Hieronimos Bosch
  • 22. O Jardim das Delícias - Hieronimos Bosch
  • 23. Personagens: moralizar e satirizar • Alegóricos • Tipificados - Símbolos Morais - Tipos sociais - Universo Sagrado - Universo Cotidiano - Bem x Mal - Caricaturas Sociais - Moralização - Crítica Social
  • 24. Forma: Pobreza e Riqueza • Pobreza Cenográfica • Riqueza Textual - Ausência de Orientação - Recursos Poéticos: de Cenas (Didascálias) Drama em Versos - Paralelismo entre Cenas - Discursos Tipificados: (Repetição Estrutural) Personagem x Fala - Problemas de Seqüência - Variedade Lingüística: Línguas
  • 25. Auto de Fé, 1490 – Pedro Berruguete • Auto: peça de teatro curta • Origem medieval • Origem religiosa • Escrita em medida velha • Propósito Moralizante
  • 26. Auto da Barca do Inferno: O Juízo Final • 01 Cena Introdutória • 10 Cenas simétricas (cenas de mesma estrutura) - Entrada da personagem - Interlocução: Tipo Social x Diabo - Interlocução: Tipo Social x Anjo - Sentença Final: Anjo - Embarque do Tipo Social: Salvação ou Punição
  • 27. O Diabo e seu Companheiro • O Preparo da Barca • Propagandeia-se a Barca • O clima é de feira
  • 28. O Fidalgo Dom Henrique • Vem com sua cadeira e com um pajem • Presunçoso e Orgulhoso • Confia, todavia, nas Orações • Condenado
  • 29. O Onzeneiro • Banqueiro • Novo tipo social: Burguês • Faz parte da revolução mercantilista • Traz um bolsão de dinheiro (“vazio”) • Avarento e usurário • Condenado
  • 30. O Parvo Joane • Humilde e mendicante • Pobre e ingênuo • Carece de tudo • Não tem malícia • Nada traz • Salvo • Converte-se em ajudante do anjo
  • 31. O Sapateiro • Artesão e comerciante • Larápio, roubava com a profissão • Trazia formas, sapatos e objetos da profissão • Morreu confessado • Condenado
  • 32. O Frade e sua Amada Florência • Hipócrita • Condena-se no que reprova • Amante e Esporte Violento como vícios • Traz a Amante e uma Roupa de Gladiador por debaixo do hábito religioso • Não lhe vale o hábito • Condenado
  • 33. Brízida Vaz, a Alcoviteira • Alcoviteira • Cafetina • Prostituta • Vende feitiços, enganos, poções, mentiras, sexo • Traz o Baú de Virgos: luxúria • Condenada
  • 34. O Judeu e seu Bode Expiatório • O Judeu traz o Bode Expiatório • Não faz parte da lógica do julgamento • Não pode ser condenado: vale-se do Bode • Não pode ser salvo: não crê no Cristo • Condenado: vai amarrado atrás da Barca do Inferno • Notar: preconceito
  • 35. O Corregedor e o Juiz • Representantes da lei • Trazem os papéis, os processos mal julgados • Injustiça • Condenados
  • 36. O Enforcado • Suicida • Traz a forca ainda no pescoço • Cuidava adiantar a salvação e a vida eterna com o suicídio • Alega ter sido enganado • Condenado
  • 37. Os Quatro Cavaleiros • Justificados pelo heroísmo e pela moral • Morreram pelo cristianismo: mártires • Não se atêm ao Diabo • Trazem a Cruz como trunfo • Salvos
  • 38. Auto da Barca do Inferno Leia o texto integral
  • 39. Exercícios: 1- Aponte pelo menos duas diferenças entre a Poesia Palaciana e o Trovadorismo. 2-Pode-se dizer que o teatro de Gil Vicente comporta uma ambivalência de valores ideológicos. Explique em quê consiste essa ambivalência. 3-Como a salvação dos cavaleiros cruzados no final do Auto da Barca do Inferno pode dar indicações sobre o modelo de pensamento de Gil Vicente?